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OS
ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ
Capítulo
20
ESTUDO
Apesar da
verdadeira gnosis ser obtida em
meditação profunda, pois é a percepção direta da verdade, a
dedicação ao estudo é enfatizada em todas as tradições religiosas,
inclusive no cristianismo. Para algumas ordens monásticas, por quase
quinze séculos, até o final da Idade Média, o estudo era a primeira
etapa de uma prática espiritual conhecida como lectio
divina, leitura divina, que podia levar à contemplação. Os monges
liam ou, mais freqüentemente, ouviam a leitura de passagens da escritura,
procurando envolver a mente e o corpo no exercício, por meio da
repetição labial das palavras. A seguir meditavam sobre o significado
mais profundo do texto e, quando seu coração fosse tocado por algum
aspecto da Graça Divina, passavam para a etapa da ?oração afetiva?.
Com a aquietação dessas reflexões e movimentos de devoção, o monge
era levado ao que era chamado de estado de ?descanso na presença de
Deus,? sendo esse estado conhecido também como contemplação.[1]
A busca do
conhecimento é uma das práticas da ioga oriental, conhecida como jnana ioga. O termo sânscrito jnana
abarca tanto o conceito de conhecimento como de sabedoria,
eqüivalendo ao termo grego gnosis tão
utilizado em nossa tradição. Nas palavras de um estudioso da matéria:
?O que é conhecido como ?jnana
ioga? trata do saber científico e intelectual relativo às grandes
questões concernentes à Vida e àquilo que com a Vida se correlaciona --
os Enigmas do Universo.?[2]
O estudo de
assuntos espirituais tem quatro objetivos principais: facilitar o
aprendizado do conhecimento acumulado por outros buscadores, criar uma
vibração favorável para a busca interior, desenvolver a mente e
favorecer o desenvolvimento da intuição.
Ao longo dos
séculos, milhares de pesquisadores avançaram as fronteiras do
conhecimento humano. Boa parte desse conhecimento ficou registrada em
livros, sendo que verdadeiros tesouros de sabedoria contidos em
manuscritos antigos foram queimados pela ignorância fanática de certas
pessoas ou instituições. A Igreja Romana tem um pesado débito para com
a humanidade nesse particular, com quase dois milênios de sistemática
destruição ou seqüestro de livros e manuscritos que reputava
heréticos. Atualmente, porém, a Igreja Romana vem procurando redimir-se
nesse particular, tanto por iniciativa de alguns prelados e certas
congregações como pela própria hierarquia superior, haja vista as
iniciativas ecumênicas dos Concílios Vaticano I e II. No Brasil, por
exemplo, foram publicados inúmeros clássicos que por muitos anos
permaneceram segregados do público, como por exemplo as obras não-expurgadas
de místicos como Teresa de Ávila e João da Cruz, ?Prática da
Presença de Deus? do Irmão Lourenço?, as obras anônimas:
?Relatos de um Peregrino Russo,? ?A Nuvem do Não-Saber,? e tantos
outros tesouros escondidos de nossa tradição.
O estudo do
acervo acumulado pelos pesquisadores de todos os tempos permite ao
buscador inteirar-se, de forma relativamente rápida, do estado atual do
conhecimento sobre o cristianismo esotérico. No caso dos que estão
procurando trilhar o Caminho da Perfeição, a literatura existente
possibilita razoavelmente bem ao aspirante o conhecimento da experiência
e das práticas de outros buscadores que conseguiram superar as barreiras
e entrar não só na via iluminativa, mas em particular na via unitiva. O estudo
sério dos livros dos grandes místicos de nossa tradição, como Teresa
de Ávila, João da Cruz, Meister Ekhart, Tauler, Suso, Jean de Ruysbroeck,
Jacob Boehme, e tantos outros, permite que o verdadeiro buscador se
transporte pela imaginação ao ambiente desses místicos e, assim,
procure sintonizar-se com a metodologia utilizada e as conquistas obtidas
por esses grandes representantes da tradição cristã.
Numa alegoria
sobre a importância do estudo na tradição cabalista, um erudito
escreve: ?A casca, a clara e a
gema formam um ovo perfeito. A casca protege a clara e a gema, e a gema
alimenta mais do que a clara; e quando a clara tiver sumido, a gema, na
forma de pássaro emplumado, irrompe através da casca e em breve se eleva
sobre o ar. Então, o estático torna-se dinâmico; o material, o
espiritual. Se a casca é o princípio exotérico e a gema o esotérico, o
que então é a clara? A clara é o alimento da segunda, a sabedoria
acumulada do mundo centrando-se ao redor do mistério do crescimento que
cada indivíduo deve absorver antes que possa quebrar a casca. A
transmutação, por intermédio da gema, da clara na avezinha é o segredo
dos segredos de toda a filosofia cabalística.?[3]
Mas a leitura
não é unicamente uma fonte de conhecimento. Todo indivíduo que se
debruça sobre uma obra séria a respeito de assuntos espirituais sabe,
por experiência própria, que, durante o período de estudo, cria-se uma
vibração sutil que tende a elevar os pensamentos para o alto. Como a
vida espiritual é uma questão de mudança vibratória, em que a
atenção do aspirante é redirecionada das vibrações grosseiras para as
vibrações elevadas, o estudo presta-se maravilhosamente bem a esse
propósito.
Isso explica
por que Clemente de Alexandria dizia que o conhecimento revelado não é
para todos, devendo ser adquirido com esforço pelo buscador: ?As maiores dádivas são acumuladas para aqueles que pela
providência de Deus estão prontos para elas ? a fundação da fé,
entusiasmo pela reta conduta, um anseio pela verdade, um impulso para a
investigação, são os indícios do conhecimento revelado. Numa palavra,
ele concede o ponto de partida da salvação. Aqueles que são
genuinamente nutridos pelas palavras da verdade tomam o viático da vida
eterna e acham seu caminho para o céu.?[4]
Várias
ordens religiosas e monásticas recomendam que seus membros reservem algum
tempo, todos os dias, para o estudo. Essa prática parece criar novos
condicionamentos, proporcionando uma profunda satisfação aos que se
dedicam regularmente à leitura. Muitos instrutores sugerem que os
buscadores espirituais leiam antes de dormir pelo menos uma ou duas
páginas de um livro de cabeceira, para criar uma vibração apropriada.
Essa vibração é capaz de estabelecer a tônica das experiências da
alma durante o sono, quando esta deixa para trás sua pesada vestimenta de
carne e pode voar mais alto em seu envoltório astro-mental.
Está implícito que no ?Caminho da Perfeição? o homem deve
desenvolver ao máximo todo o seu potencial. É sabido que o potencial da
mente humana é bastante subtilizado. Os cientistas estimam que o homem
comum usa menos de 10% da capacidade de seu cérebro, a contraparte
material da mente. Portanto, o exercício intelectual inerente ao estudo
contribui para o progressivo desenvolvimento da mente, tanto concreta como
abstrata. Esse desenvolvimento será extremamente útil, mais tarde,
quando o contato interior for estabelecido, capacitando o indivíduo a
interpretar as instruções simbólicas que vier a receber.
O estudo
também pode favorecer o desenvolvimento da intuição. Muitos estudiosos
já tiveram a experiência de insights
intuitivos durante o estudo dos assuntos em que estavam profundamente
empenhados. Essas percepções são bastante comuns a cientistas,
pesquisadores, filósofos e mesmos poetas e artistas, sendo o resultado do
mergulho profundo nas questões a que se dedicam, pois quando a mente
está totalmente concentrada, num determinado momento consegue ser
transcendida alcançando-se, assim, o plano intuitivo da verdade
pura.
O estudo é
especialmente útil para o desenvolvimento da mente quando é efetuado com
espírito crítico. O estudioso deve procurar pensar com o autor,
submetendo os argumentos à lógica. Mais importante ainda é analisar as
premissas sobre as quais a tese está fundamentada. Quando esses
critérios de análise crítica são seguidos, o estudante estará
invariavelmente desenvolvendo sua capacidade cerebral e mental com o
estudo. Ademais, estará passando o material estudado pelo crivo da
razão, podendo, assim, encampar e assumir como seu aquilo que passar no
teste. Nas recomendações de Paulo encontramos: ?Discerni tudo e ficai com o que é bom? (1 Ts 5:21). Esse era,
também, o procedimento recomendado pelo Buda para todos os que lessem as
escrituras sagradas e ouvissem seus ensinamentos.
O discípulo
que almeja entrar no círculo interno de Jesus, deve procurar estudar
também o esoterismo, porque dessa forma estará abrindo novas
perspectivas para o entendimento de sua natureza interior e do processo
evolutivo.
O estudo do
esoterismo, ou ocultismo como é conhecido por muitos, tem como escopo o
estudo das energias e das forças, das suas fontes e dos seus efeitos, à
medida que elas agem através de diferentes canais ou agentes
dispensadores, produzindo mudanças em consciência e, portanto, na forma.[5]
O homem é o criador. Forças e energias agem através do mecanismo
humano, quer ele saiba ou não, quer faça um esforço para dirigi-las ou
não. Efeitos são produzidos, alguns bons e outros maus, em sua vida, nos
seus veículos e no seu ambiente. O estudo dessas forças e da forma de
orientá-las para propósitos construtivos terá que ser empreendido pelo
discípulo quando ele estiver devidamente preparado.
Uma das
fontes do esoterismo cristão é o Apocalipse atribuído a João. Uma
passagem a respeito do livro da vida parece convidar-nos a partilhar da
experiência nele relatada:
?A voz do céu que eu tinha ouvido tornou então a falar-me: ?Vai, toma o livrinho aberto da mão do Anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra?. Fui, pois, ao Anjo e lhe pedi que me entregasse o livrinho. Ele então me disse: ?Toma-o e devora-o; ele te amargará o estômago, mas em tua boca será doce como mel?. Tomei o livrinho da mão do Anjo e o devorei: na boca era doce como mel; quando o engoli, porém, meu estômago se tornou amargo? (Ap 10:8-10).
[1] Vide Thomas Keating, Open Mind Open Heart (N.Y.: The Continuum Publishing Co., 1997), pg. 20.
[2]
Yogue Ramacharaca, Jnana-Yoga. Yoga da Sabedoria (S.P.: Editora Pensamento, 1974), pg.
9.
[3]
J.F.C. Fuller, The Secret Wisdom
of the Qabalah, citado por G. Hodson em The Hidden Wisdom in the Holy Bible (Adyar, Índia, The Theosophical
Publishing House, 1963), vol. I,
pg. xiv.
[4]
Stromateis,
op.cit., pg. 25.
[5]
Outra definição de ocultismo é sugerida por Annie Besant em Ocultismo,
semi-ocultismo e pseudo-ocultismo (Brasília: Editora Teosófica,
1996), pg. 15; para ela ocultismo é ?o
estudo de todas as energias que, advindas do centro espiritual, atuam
nos mundos ao nosso redor.?
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