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OS
ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ
Capítulo
25
PRÁTICA DAS VIRTUDES
Caridade
A sabedoria
antiga já pregava que ?Quem faz
caridade ao pobre empresta a Deus? (Pr 19:17). No entanto, a
caridade é muito mais do que a prática comum de doar roupas velhas e
sobras de comida aos pobres. A verdadeira caridade envolve tanto o ato da
doação como a intenção. A doação pode abranger vários níveis. É
mais fácil, para a maior parte das pessoas, dar coisas materiais. Porém,
subindo na escala de valores, algo ainda mais importante no sentido
espiritual é a consideração, a atenção e a compreensão que todos os
indivíduos desejam ardentemente, sejam pobres ou ricos. A caridade mais
elevada, no entanto, é a doação do conhecimento espiritual, que
possibilita às pessoas engajarem-se no processo de salvação, ou de
libertação do sofrimento, como dizem os orientais.
Do ponto de
vista espiritual, mais importante do que o objeto da doação é o estado
de espírito e a motivação com que a fazemos.[1]
Os budistas investigaram profundamente essa questão e dizem: ?O
objeto que damos não é a doação real -- ele é apenas o meio da
doação. A atividade real de doar é a forte decisão de dar livremente
sem avareza. Desta maneira, mesmo se nada possuímos, podemos praticar a
doação, porque esta atividade depende de nosso estado mental, não do
objeto que é doado.?[2]
Devemos, portanto, desenvolver a atitude interior de generosidade e de
amor fraternal para com todos os seres, para que, com o tempo, essa
atitude interior se manifeste naturalmente no exterior, em nossa vida
diária. Assim, mesmo que tenhamos sérias limitações materiais podemos
ser grandes doadores, por meio da consideração demonstrada e da
dedicação de nosso tempo e atenção aos problemas dos outros.
A doação do
conhecimento espiritual pode ter um enorme impacto na vida das pessoas.
Não nos referimos aqui às pregações e atividades missionárias de
algumas ordens religiosas. Não é possível enfiar a Verdade goela abaixo
das pessoas. A pregação mais efetiva dos ensinamentos do Mestre deve ser
a vida exemplar do próprio pregador, o que naturalmente leva as pessoas
que convivem com ele a querer saber mais sobre suas práticas espirituais.
Dois exemplos recentes de indivíduos que exerceram enorme influência
sobre um grande número de pessoas de religiões diferentes da sua são a
Madre Teresa de Calcutá e o Dalai Lama.
Existe, no
entanto, uma tendência nas pessoas recém-engajadas no caminho
espiritual, decorrente do deslumbramento proporcionado pelos novos
horizontes que começam a descortinar, de tentar convencer as demais a
aderir às suas idéias. Pior ainda são os religiosos que, incapazes de
praticar as virtudes e efetuar as transformações que são seus deveres
primordiais, exigem dos outros aquilo que eles mesmos não conseguem
cumprir.
O livre
arbítrio deve ser sempre respeitado. Podemos colocar a verdade à
disposição dos outros, mas não podemos forçá-los a adotá-la. O
exemplo dos mestres budistas pode ser útil. Suas regras exigem que só
façam a exposição de qualquer ensinamento do Dharma
(conjunto de ensinamentos do Buda) quando solicitados. Eles estão sempre
à disposição, mas o postulante deve mostrar o seu interesse,
solicitando a instrução.
A caridade é
uma expressão prática do amor divino. A pessoa caridosa deve ser como o
Sol, que não discrimina entre justos e pecadores, derramando seus raios
sobre todos, doando luz e calor a todos os seres. Assim, nossa caridade
deve ser abrangente e nunca restritiva, como fazem alguns que não
contribuem para certas obras de caridade porque são conduzidas por essa
ou aquela seita diferente da sua.
Na tradição
cristã, em que pese a tentativa posterior dos teólogos de dar primazia
à fé, ou melhor, à crença, a caridade era considerada como a maior
virtude. Isso foi dito claramente por Paulo em seu memorável hino à
caridade, contido na Primeira Epístola aos Coríntios. Vale a pena
lembrar que no original grego, a palavra usada por Paulo era agape
(agaph), que significa amor, mais tarde traduzida para o latim como caritas.
A caridade, portanto, deve ser entendida como amor em ação:
Ainda
que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse
caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda
que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de
toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar
montanhas; se não tivesse caridade, eu nada seria. Ainda que eu
distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu
corpo às chamas, se não tivesse caridade, isso nada me adiantaria. A
caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se
ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura
o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se
alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta... Agora, portanto, permanecem fé,
esperança e caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a
caridade. (1 Co 13:1-7, 13)
A caridade,
portanto, é a disposição de espírito de fazer tudo com amor. Essa
intenção de doação, normalmente dirigida para o exterior, para o
benefício das pessoas que nos cercam, deve traduzir a verdadeira
expressão de nosso amor a Deus. Essa é a caridade que o Mestre e seu
Apóstolo nos ensinaram com o exemplo de suas vidas, e que devemos
procurar seguir. Se formos honestos conosco mesmos constataremos que não
possuímos o verdadeiro amor, ou caridade, de que fala Paulo. Essa
constatação, em lugar de nos desencorajar, deve ser motivo de
inspiração para que alcancemos a meta do verdadeiro altruísmo.
A prática da compaixão suscita níveis mais elevados de realização espiritual quando o praticante doa-se de todo coração ao objeto de sua ação, passando a compartilhar os sentimentos e a dor daqueles a quem ajuda. Esse é um dos estados mais refinados da prática do amor. No Sermão da Montanha encontramos: ?Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia?. Nessa, como nas outras Beatitudes, Jesus nos alerta para o significado mais profundo de uma ética baseada no amor e regida pela lei do retorno. Esse ensinamento já havia sido enunciado no Antigo Testamento: ?Quem faz caridade ao pobre empresta a Iahweh, e ele dará a sua recompensa? (Pr 19:17). Misericórdia é, por um lado, a disposição para perdoar e, também, a manifestação de compaixão que surge da compreensão da fragilidade e da ignorância humana que nos permite relevar os insultos e injustiças recebidos. Uma atitude crítica e intolerante é incompatível com a compaixão. Quando permitimos a suspeita e a dúvida se assenhorarem de nossos processos mentais, alimentamos nossas tendências negativas. Com isso deixamos de ser caridosos pois estamos imputando más intenções ao nosso próximo.[3]
[1]
?Sem caridade, de nada vale a
obra exterior; tudo porém, que dela procede, por insignificante e
desprezível que seja, torna-se proveitoso; porque Deus não olha
tanto para as ações, como para a intenção com que as fazemos.?
Imitação de Cristo, op.cit.,
pg. 53.
[2]
A Senda Graduada para a
Libertação, op.cit.,
pg. 65-66.
[3] Vide The Mystical Christ, op.cit., pg. 169-171.
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