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OS
ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ
Capítulo
25
PRÁTICA DAS VIRTUDES
Humildade
O
desenvolvimento da humildade é especialmente importante para os
discípulos que começam a fazer progresso no Caminho. Essas pessoas,
tendo passado por purificações rigorosas, efetuado renúncias penosas,
estudado longas horas e praticado regularmente a meditação, sentem, com
razão, que já fizeram algum progresso ao deixar para trás suas
fraquezas mais grosseiras. Além disso, seus estudos e meditações
possibilitam um maior entendimento das verdades eternas. Essas são, no
entanto, as circunstâncias favoráveis, o solo fértil, para o
crescimento do orgulho, a pior erva daninha no jardim de virtudes do
discípulo.[1]
O orgulho
exacerba o sentimento de separatividade. O orgulhoso julga-se melhor do
que os outros, por isso sente-se superior aos demais. Quando está
acometido desse desequilíbrio de percepção da realidade, o orgulhoso
torna-se vítima da vaidade, procurando todas as oportunidades para
mostrar o conhecimento adquirido e as suas supostas virtudes. É dito que
o orgulho já fez tropeçar muitos discípulos avançados, que não só
caíram, mas que se juntaram aos Irmãos da Mão Esquerda, tendo condenado
suas almas a um infortúnio indescritível. Por isso é dito que: ?Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes? (Tg 4:6).
O buscador
intelectual que, com o tempo, passa a ser conhecido como erudito ou
especialista, sendo cortejado e constantemente solicitado a dar
orientação espiritual, proferir palestras e escrever sobre assuntos de
natureza espiritual, é vítima fácil do orgulho. São esses e todos
aqueles que recebem dons especiais, tais como vidência, clariaudiência
ou cura, os que devem ficar especialmente atentos às palavras do Mestre:
?Àquele a quem muito se deu, muito será pedido, e a quem muito se
houver confiado, mais será reclamado? (Lc 12:48). Portanto, os que
já fizeram algum avanço num determinado aspecto da busca, em vez de
sentirem-se orgulhosos, deveriam humildemente verificar se estão fazendo
jus aos dons que receberam da Providência Divina.[2]
Segundo um
velho adágio, ?os loucos se
precipitam onde os anjos temem entrar,? por isso pode-se ver o
quanto o desenvolvimento da verdadeira humildade é ajudado pelo
discernimento. Enquanto o orgulhoso tende a olhar para baixo e se comparar
com os que estão em situação inferior em termos de realização, o
humilde prefere olhar para cima, procurando perceber como ainda está
distante dos irmãos mais velhos da humanidade que alcançaram a
perfeição. Se fizermos isso com honestidade, veremos que a distância
que nos separa dos Mestres é muitíssimo maior do que a que nos separa
dos nossos desafortunados irmãos menos preparados prisioneiros da
sensualidade e da maldade, que servem como referência para nossos
sentimentos de grandeza.
Se estudarmos
a vida dos grandes seres, veremos que eles nunca demonstram orgulho,
empáfia ou intolerância. A verdadeira grandeza de seu caráter vem
acompanhada de uma humildade e mansidão naturais, pois o Mestre sabe que
toda virtude vem de Deus, do Pai que habita em nosso interior e para o
qual servimos de instrumento para a manifestação divina. Lao Tsê já
dizia a esse respeito: ?A
virtude suprema é como a água. A água e a virtude são benfazejas a
milhares de criaturas. Elas ocupam os lugares mais baixos, que os homens
detestam. Ocupam-se onde ninguém quer permanecer.?[3]
Estamos
falando, porém, da verdadeira humildade, que implica na habilidade de
discernir aquelas áreas em que estamos melhor preparados para ajudar
nossos irmãos e aquelas em que não temos esta capacitação. Muitos
aspirantes, inclusive certos religiosos, entregam-se à falsa humildade
quando, com suas fanáticas e desequilibradas asceses castigam o corpo e
humilham a personalidade, demonstrando com isto orgulho de ser mais
humildes de que seus outros irmãos mais comedidos na virtude.
A humildade
é uma das virtudes favoritas da tradição cristã em geral e das ordens
religiosas em particular.[4]
Numa das ordens monásticas mais antigas e mais influentes no mundo
católico, a beneditina, fundada por S. Bento no final do século V e
inspirada na experiência de S. Pacômio, o organizador das comunidades
cenobitas do século IV, das quais se originaram várias ordens
monásticas posteriores, as regras de conduta eram bem rigorosas no que
tange a humildade. Os graus de humildade preconizados pela ordem são
apresentados a seguir, de forma resumida, usando na medida do possível as
palavras de seu manual.
?(1)
Pondo sempre o monge diante dos olhos o temor a Deus, evite,
absolutamente, qualquer esquecimento e esteja, ao contrário, sempre
lembrando de tudo o que Deus ordenou. (2) Não amando a própria vontade,
não se deleite o monge em realizar os seus desejos, mas imite nas ações
aquela palavra do Senhor: ?Não vim fazer a minha vontade, mas a daquele
que me enviou? (Jo 6:38). (3) Por amor de Deus, submeta-se o monge, com
inteira obediência, ao superior. (4) No exercício dessa mesma
obediência, abrace o monge a paciência de ânimo sereno nas coisas duras
e adversas mesmo que se lhe tenham dirigido injúrias. (5) Não esconda o
monge ao seu abade os maus pensamentos que lhe vêm ao coração ou o que
de mal tenha cometido ocultamente. (6) Esteja o monge contente com o que
há de mais vil e com a situação mais extrema, e em tudo que lhe seja
ordenado fazer se considere mau e indigno operário. (7) O monge se diga
inferior e mais vil que todos, não só com a boca, mas também o creia no
íntimo pulsar do coração. (8) Só faça o monge o que lhe exortam a
regra comum do mosteiro e os exemplos de seus maiores. (9) Negue o falar
à sua língua, entregando-se ao silêncio, nada diga, até que seja
interrogado. (10) Não seja o monge fácil e pronto ao riso. (11) Quando
falar, faça-o suavemente e sem riso, humildemente e com gravidade, com
poucas e razoáveis palavras e não em alta voz. (12) Não só no
coração tenha o monge a humildade, mas a deixe transparecer sempre, no
próprio corpo; quer esteja sentado, andando ou em pé, tenha sempre a
cabeça inclinada, os olhos fixos no chão, considerando-se a cada momento
culpado de seus pecados.?[5]
Na literatura
dos padres da igreja primitiva, preservada no compêndio conhecido como Philokalia,[6]
há inúmeras referências à humildade, destacando-se uma passagem de St.
Hesychios, o Padre.
?Como
a humildade é por natureza algo que enobrece, algo que é amado por Deus,
que destrói em nós quase tudo que é mal e odioso a Ele, por essa razão
ela é difícil de ser atingida. Ainda que seja possível encontrarmos
alguém que de alguma forma pratique muitas virtudes, dificilmente
descobriremos o odor de humildade nele, não importa o quanto procuremos.
A humildade é algo que só pode ser adquirido com muita diligência. Na
verdade, as Escrituras referem-se ao diabo como ?imundo? porque desde
o princípio ele rejeitou a humildade e assumiu a arrogância.
?Se
estamos preocupados com a nossa salvação, há muitas coisas que o
intelecto pode fazer para nos assegurar essa dádiva abençoada da
humildade. Por exemplo, podemos lembrar-nos dos pecados que cometemos por
palavra, ação e pensamento. A verdadeira humildade também é realizada
pela nossa meditação diária sobre as realizações de nossos irmãos,
pela exaltação de suas superioridades naturais e pela comparação de
nossos dons com os deles. Quando o intelecto percebe dessa forma como
somos destituídos de mérito e como estamos longe da perfeição de
nossos irmãos, passaremos a nos considerar como pó e cinza, e não como
homens, mas como um tipo de cão vadio, com mais defeitos sob todos os
aspectos e inferior a todos os homens na terra.?[7]
Para ser verdadeiramente humilde, o homem deve renunciar ao que considera
mais valioso, ou seja, às suas conquistas interiores. Assim fazendo, ele
renuncia os louros das vitórias passadas e vive com afinco no presente,
com os olhos fixos na meta de perfeição indicada para o futuro. E como a
essência da perfeição é a consciência da unidade, sabemos que ela
não pode ser alcançada enquanto o discípulo tiver algum resquício de
sentimento de separatividade, ou seja, de orgulho. Portanto, a humildade
afasta as negatividades do coração assim como uma lâmpada dispersa a
escuridão de uma sala.
Uma forma efetiva de promover a humildade é creditar todas as nossas realizações ao Mestre, ao Cristo interior, de quem recebemos inspiração para a realização das tarefas mais sublimes e importantes em nossa vida. Qualquer que seja a habilidade pessoal de que mais nos orgulhemos, ela nada mais é do que uma pálida manifestação da criatividade do Eu Superior. Se agradecermos o Mestre por esse dom estaremos nos conscientizando de que nada mais somos do que um canal para a expressão da energia criativa do Cristo, a quem todo o sucesso em nossa vida deve ser creditado.[8] Por isso Jesus dizia: ?Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas? (Mt 11:29).
[1] Vide A Different Christianity, op.cit., pg. 189.
[2]
?Sê humilde se queres
adquirir sabedoria; sê mais humilde ainda quando a tiveres adquirido.
Sê como o oceano que recebe todos os rios e riachos. A calma imensa
do oceano não se perturba, recebe-os e não os sente.? A Voz do Silêncio, op.cit., pg. 91.
[3]
Lao Tsê, O Livro do Caminho
Perfeito (Tao Tê Ching), (S.P.: Pensamento)
[4]
Em Imitação de Cristo é
dito: ?Deus protege e livra ao
humilde; ama-o e consola-o; inclina-se para ele; dá-lhe abundantes
graças e, depois do abatimento, eleva-o à glória, descobre-lhe seus
segredos e, com doçura, a si o atrai e convida.? Op.cit., pg.
114.
[5]
Claude Jean-Nesmy, São Bento e a vida monástica (RJ: Livraria Agir Editora, 1962),
pg. 132-37.
[6] Palmer, Sherrard & Ware (tr. e ed.), The Philokalia (Londres: faber and faber, 1979), 5 vol.
[7] The Philokalia, op.cit., Vol I, pg. 173-74.
[8]
No livro Imitação de Cristo
esta prática é formulada da seguinte forma: ?Considera cada coisa de per si como derivada do sumo bem; e, por isso,
tudo se deve atribuir a mim (Cristo), como à sua origem. De mim, como
fonte perene, o pequeno e o grande, o rico e o pobre tiram água viva;
e os que me servem recebem graça sobre graça.? Op.cit., pg.
198.
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