| AQUI PARA SE ASSOCIAR! |
HOME | TEOSOFIA | PALESTRAS | ASTROLOGIA | NUMEROLOGIA | MAÇONARIA | CRISTIANISMO | ESOTERICA.FM | MEMBROS |
OS
ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ
ANEXO
1
EXERCÍCIOS
E PRÁTICAS ESPIRITUAIS
Práticas preparatórias
O trabalho de autotransformação do devoto é grandemente facilitado por hábitos
salutares especialmente direcionados para a vida espiritual. Como cada ser
humano é uma experiência única da manifestação de Deus, não existe um
padrão, em seus mínimos detalhes, igualmente apropriado para todas as
pessoas. Existem, porém, alguns marcos referenciais, dentre os quais cada
indivíduo pode fazer suas adaptações levando em consideração suas
circunstâncias de vida e necessidades específicas em cada estágio da senda.
As sugestões apresentadas a seguir devem ser entendidas como um exemplo possível
dessas práticas e não como uma fórmula rígida e necessária para todos os
casos.
Um atleta que
se disponha a participar de uma competição olímpica sabe de antemão que
deverá se submeter a um rigoroso programa de treinamento, por vários anos,
para ter chance de ser bem sucedido. O seguidor de Jesus deve saber
antecipadamente que seu ideal requer um programa de treinamento mais exigente
do que o dos atletas olímpicos. A diferença é que o vigor físico essencial
para os atletas esportivos não é um fator limitativo para os atletas
espirituais. Para esses, as exigências de concentração e disciplina
interior requerem outras capacidades que não as físicas.
Todo indivíduo voltado para a vida espiritual costuma rezar e meditar. Ainda que as orações e meditações estabeleçam a tônica da vida espiritual, o grau de realização espiritual da pessoa, na maior parte dos casos, dependerá das outras práticas durante o dia. Como um verdadeiro atleta espiritual o buscador deve usar todas as oportunidades e todo seu tempo disponível para o treinamento espiritual. Tudo deve ser feito com amor. O trabalho doméstico e profissional é a nossa oportunidade para contribuir de alguma forma para o grande plano de Deus. Por isso devemos procurar fazer tudo da melhor maneira possível, lembrando o ditado popular: ?Tudo o que merece ser feito, merece ser bem feito,? porém, sem apego ao fruto das ações. Quando isso ocorre, tornamo-nos agentes da manifestação do bom, do belo e do justo no mundo, não importa se nossos deveres são importantes ou modestos.
A ginástica
espiritual começa ao despertar. A primeira coisa a fazer é orar com todo
fervor, agradecendo a Deus pela dádiva de mais um dia de vida com tantas
oportunidades para o aprendizado e o serviço aos nossos semelhantes.
Devemos agradecer a Deus pelas inumeráveis graças de toda natureza
que Ele nos proporciona diariamente através da ação dos agentes da providência
divina. Todas as coisas que nos cercam e que usufruímos foram feitas pelo
esforço de centenas ou mesmo de milhares de outras pessoas utilizando os
frutos da natureza. Enviemos a essas pessoas desconhecidas e à natureza, que
é a expressão física de Deus no mundo, o nosso agradecimento. Agradeçamos,
também, pelos revezes e pelas dificuldades que possamos enfrentar durante o
dia, pois estes acontecimentos desagradáveis serão ocasiões para
aprendermos lições importantes para nosso progresso, como ensinou o Apóstolo
Paulo: ?Por tudo daí graças, pois
esta é a vontade de Deus a vosso respeito? (1 Ts 5:18).
Devemos nos comprometer a procurar fazer tudo ao longo do dia da melhor
maneira possível, com amor e de acordo com a verdade, dedicando todas ações
ao Pai misericordioso. Agindo como criadores conscientes de um campo vibratório
elevado, devemos afirmar ao final da oração algo como: ?Minha natureza
essencial é de luz, paz e amor. Para que eu possa manifestar plenamente essa
natureza, procurarei agir sempre de acordo com a verdade, com compaixão, paciência
e humildade.? Esse compromisso deveria ser renovado várias vezes ao dia, ou
pelo menos ao meio dia, ao final da tarde e antes de dormir.
Devemos
dedicar todas tarefas e atividades de nossa vida diária a Deus. Com isso
daremos um grande impulso em nossa vida espiritual, pois, a partir de então,
nossas atividades, não importa se singelas ou grandiosas, serão
transformadas em oração, em lembrança de Deus e em dádivas ao Pai. Isso
significa, na prática, que logo ao acordarmos, depois de nossa prece matinal,
ao sairmos da cama, dedicamos nosso dia a Deus, ao efetuarmos nossa higiene
matinal, dedicamos isso a Deus, ao tomarmos o café da manhã, dedicamos isso
a Deus. Esta rotina deve continuar ao longo do dia, ao caminharmos, ao
tomarmos o transporte para ir ao trabalho, escola ou compras, ao nos
engajarmos numa conversa, ao executarmos nosso trabalho, ao lermos um livro,
ao vermos um filme, etc.
O amor deve
tornar-se a mola mestra a impulsionar as atitudes de nossa vida. A atitude
amorosa não deve ser somente uma consideração teórica, mas um fato na vida
diária. Ao dar ?bom dia? ou ?boa tarde,? procuremos colocar em nossas
palavras uma forte e genuína intenção que as pessoas realmente tenham um
bom dia ou boa tarde, em vez de falarmos mecanicamente. Quando abraçarmos uma
pessoa deveremos procurar envolvê-la mentalmente com uma aura de luz ou o
sentimento de nosso amor, desejando de todo coração que ela seja feliz.
Procuremos transmitir amor dando atenção e compreensão, sendo verdadeiros e
evitando as falsidades usuais de nossa sociedade. Procuremos ajudar estendendo
nossa genuína cooperação e evitando prejudicar os outros. A empatia e a
cooperação são fundamentais para nos tornarmos um verdadeiro canal do amor
divino. Quanto mais deixarmos o amor de Deus fluir através do nosso ser para
os outros, mais o amor se fará presente em nossa vida.
Todo
momento em que estivermos preocupados com o tempo, procurando saber que horas
são, devemos fazer a seguinte afirmação: ?Como o tempo passa! Não quero
mais perder tempo! Doravante quero cumprir a vontade de Deus e não a
minha.? Quanto mais repetirmos essa afirmação, procurando fazê-la com
convicção, maior efeito transformador ela terá em nossa vida. É
importante, porém, que esse exercício, como todas as práticas espirituais,
seja feito de forma natural e sem nenhuma compulsão, para assim facilitar a
passagem do fluxo natural da energia divina, com serenidade e harmonia. Esse
exercício nos levará, naturalmente, a procurar determinar qual a vontade de
Deus em nossa vida.
Antes de
dormir, devemos buscar uma vibração elevada para influenciar nossos sonhos e
atividades fora do corpo físico. A leitura de uma ou duas páginas de um bom
livro de natureza espiritual é uma excelente forma de induzir essa vibração
elevada. Finalmente, devemos fazer uma prece fervorosa agradecendo a Deus por
todas as dádivas do dia, pedindo força e inspiração para superar nossas
fraquezas. Como o sono eqüivale a uma morte temporária, podemos aproveitar
esse momento anterior ao sono para reiterarmos total confiança no Pai
misericordioso, entregando nossa vida em Suas mãos e repetindo as palavras de
Jesus: ?em todas as coisas e a todo momento seja
feita a Tua Vontade, Pai, e não a minha.?
A meditação
é o exercício central de toda prática espiritual. As quatro práticas
meditativas apresentadas ao final deste anexo são especialmente úteis. Duas
estão relacionadas entre si: a ?meditação para conhecimento de si
mesmo? e a ?meditação para a purificação.? Provavelmente são as
mais necessárias para o devoto na primeira etapa da vida espiritual. Conhecer
as negatividades e superá-las é o verdadeiro objetivo de toda a ascese e
essas duas meditações são de muita ajuda nesse particular. Para as pessoas
que se dedicam a trabalhos de natureza criativa ou estão procurando respostas
para questões específicas, a meditação analítica é extremamente útil
para obter novos vislumbres sobre o tema que está sendo estudado.
A maior parte
das pessoas que meditam acham que o melhor momento para esse exercício é
cedo pela manhã. Dentre as razões para essa preferência podemos mencionar o
fato que, de manhã cedo, as pessoas estão mais serenas e descansadas e
existe menos barulho externo e interno para interferir na concentração.
Aqueles que deixam a meditação para o final da tarde ou para a noite
defrontam-se, seguidamente, com outras demandas inesperadas que exigem mais de
seu tempo e, às vezes, acabam ficando sem meditar naquele dia. Mesmo quando
conseguem meditar verificam que o cansaço afeta seu rendimento. Se você acha
que sua rotina matinal é muito apertada para dedicar de dez a vinte minutos
para a meditação antes de sair de casa, eis uma excelente oportunidade para
fazer um ?sacrifício?: levante-se um pouco mais cedo para serenar a mente
e tente comunicar-se com Deus através da meditação.
Meditação para o conhecimento de si mesmo.
Essa prática envolve os três níveis de consciência, ou ?eus,?
que formam o homem integral: o eu consciente adulto, o eu inferior e o Eu
Superior. A meditação é conduzida pelo eu consciente adulto, que é o nosso
nível de consciência usual. Começamos assumindo um compromisso inabalável
com a verdade procurando conhecer todas as negatividades e imagens de nossa
natureza inferior. Como essa informação está quase toda escondida no
inconsciente, devemos invocar o Eu Superior, o Cristo interior, que tudo sabe
e tudo pode, para ajudar-nos a obtê-la. Devemos ter paciência para aguardar
a resposta, que pode chegar durante o período mesmo da meditação ou,
durante o dia, em ocasiões e de formas inesperadas. Os padrões repetitivos
de comportamento e, principalmente, de nossas reações emocionais,
identificados no exercício sobre a revisão diária, servirão como ponto de
partida para esse processo de recuperação do material inconsciente.
A primeira
etapa é simplesmente a identificação das máscaras e das negatividades de
nossa natureza inferior, o nosso lado criança, que não amadureceu e abriga
inúmeros ressentimentos. Não devemos nos apavorar com nosso lado sombra, os
aspectos negativos e destrutivos do ser primitivo que ainda existe escondido
em nós. Essa natureza obscura é encontrada em todo ser humano até que ele
atinja a iluminação. Devemos ter a mesma compaixão e paciência para com
nossa criança interior que o Mestre tem para conosco. A identificação de
nossas negatividades demanda muita paciência e determinação, pois ao longo
de nossa vida sempre procuramos reprimir estes sentimentos e atitudes
destrutivas.
A segunda
etapa do processo é a exploração da razão por trás dessas negatividades,
o entendimento das causas que nos levaram a adotar esse tipo de comportamento.
As causas, geralmente estão escondidas em nossa infância.
A terceira
etapa é a analise dos efeitos que as negatividades têm em nossa vida.
Devemos verificar até que ponto elas são de caráter destrutivo, para nós e
para as pessoas ao nosso redor. Essa constatação de como criamos um ambiente
destrutivo e infeliz requer muita coragem de nossa parte, pois o nosso
mecanismo de defesa sempre foi culpar os outros, as circunstâncias ou o
destino por nossos problemas e sofrimentos. Essa é a prova cabal de nossa
maturidade: a aceitação da responsabilidade pela criação de nossa vida,
pelas nossas atitudes interiores e pensamentos que moldam o mundo exterior que
nos cerca.
A
etapa final do processo demanda muito amor, sabedoria e, mais uma vez, paciência
e determinação. Essa etapa, extremamente delicada, é a reeducação de
nossa criança interior. A ajuda do Mestre em nosso coração é indispensável.
Precisamos invocar o Cristo interior, com sua ilimitada compaixão e
sabedoria, para nos instruir sobre como trilhar o caminho estreito que evita
tanto a repressão como a complacência com nossas negatividades. Teremos que
reeducar e disciplinar nossa criança interior com amor e firmeza, e isso
levará algum tempo. Mas, com fé é determinação, conseguiremos
progressivamente reintegrar nossa natureza inferior ao nosso consciente e, à
medida que formos fazendo progresso, teremos a agradável surpresa de
constatar que estamos trazendo também para o nosso consciente o Cristo
interior, que há muito tempo aguarda pacientemente ser convidado a
compartilhar da nossa vida.
Meditação da purificação.
Um dos métodos
mais efetivos de promover a purificação de nossos veículos é invocar os três
aspectos do Divino - Verdade, Amor e Poder - em nossa meditação. Após
visualizarmos o Cristo interior brilhando em nosso coração, devemos invocar
seus poderes para purificar os instrumentos de nossa personalidade pelos quais
ele se manifesta no mundo. Pedimos primeiramente que a Verdade, como Luz,
torne visível as falsas imagens e negatividades de nossa natureza inferior.
Quando as respostas forem obtidas, devemos passar à segunda fase, invocando o
fogo do Amor divino para que ele envolva a nossa natureza inferior,
incinerando todas as falsidades e transmutando nossas negatividades em
qualidades superiores. Nessa etapa algumas pessoas sentem calor em seu coração.
A última etapa é invocarmos o poder da Vontade divina, que atua como som, o
Verbo de Deus. Devemos imaginar que nos entregamos inteiramente à Vontade
divina, enquanto sentimos a repetição do mantra AMÉM ressoando do âmago de
nosso coração, simbolizando ?Seja feita a Vontade de Deus em mim.?
Meditação de preparação para a morte.
Essa meditação
promove a purificação, a renúncia e o desenvolvimento do discernimento.
Deveria ser feita por um período mínimo de uma semana e máximo de um mês,
para tomarmos consciência das verdadeiras prioridades de nossa vida. A partir
de então, seria útil efetuá-la uma vez por mês, digamos, no dia de nosso
aniversário, para simbolizar nosso compromisso de renascermos
espiritualmente, e sempre que sentirmos que as demandas da vida material estão
causando uma diminuição excessiva do tempo e energia dedicados à vida
espiritual.
A prática
consiste em analisarmos que mudanças deveríamos realizar em nossas vidas se
soubéssemos que só temos mais doze meses de vida. Não sabemos, na verdade,
se teremos ainda doze horas, dias, semanas, meses ou anos de vida. O que
importa é a aceitação da morte do corpo físico, como inevitável,
assumindo que tivemos a grande Graça divina de um aviso prévio para
organizarmos nossas vidas. Nesse particular devemos nos lembrar das palavras
de Jesus: ?Vigiai, portanto, porque não
sabeis nem o dia nem a hora? (Mt 25:13).
Alguns
instrutores de nossa tradição recomendam uma prática bem mais radical: ?Feliz
quem sempre traz diante dos olhos a hora da morte e se dispõe, cada dia, a
morrer. Pela manhã pensa que não chegarás à noite; e à noite não contes
chegar ao dia seguinte. Por isso está sempre prevenido e vive de tal modo,
que a morte nunca te encontre desapercebido?.[1]
Devemos
procurar, o mais rapidamente possível, por fim aos nossos ressentimentos,
terminar inimizades e criar relacionamentos fraternos. O perdão sincero a
nossos desafetos é essencial para que possamos merecer também o perdão de
Deus na hora do acerto de contas.
Uma
vez tenhamos reorganizado os aspectos mais óbvios de nossas pendências e
negatividades, assumindo o firme compromisso de colocar em prática as decisões
tomadas durante a meditação, começa a etapa verdadeiramente espiritual do
exercício. Devemos analisar nossas rotinas, nossos valores e, principalmente,
nossas motivações. Nesse ponto o discernimento é importantíssimo para
identificar o que nos ajuda na vida espiritual e o que, dentre nossos
afazeres, é meramente mundano, ou seja, aquelas atividades da personalidade
egoísta apegada às coisas do mundo. O discernimento também será preciso
para estabelecermos as devidas prioridades dentre as atividades a serem
realizadas nos ?doze meses que nos restam.? O objetivo mais importante a
ser perseguido nesse período de vida renovada é a expressão constante e
sincera do amor. Com isso estaremos estabelecendo a vibração divina que nos
acompanhará até o outro lado do véu.
Essa meditação,
se realizada com seriedade durante um mês, mudará radicalmente a nossa vida.
Nossa fé na bondade, justiça e sabedoria divinas será consolidada. Nosso
amor a Deus e a todas as expressões divinas, incluindo os seres humanos,
aumentará exponencialmente. A purificação de nossas negatividades e o
desapego de tudo o que é impermanente ocorrerá naturalmente. Nossa vontade
de seguir o chamado do alto se tornará mais firme, sendo expressa com
determinação em todas as circunstâncias de nossas vidas. Em suma, a aceitação
da inevitabilidade da morte e nossa preparação nesse sentido será para nós
uma ressurreição. Nasceremos de novo e estaremos, então, em condição de
dizer: ?Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim? (Gl
2:20).
Meditação do silêncio -- contemplação.
O método é
bastante simples e visa promover o silêncio interior. Primeiramente
escolhemos uma palavra simples, a qual damos um valor sagrado como símbolo de
nosso consentimento à presença e ação de Deus em nosso interior. Essa
palavra deve tocar o nosso coração com um significado ou aspecto divino,
como Luz, Paz, Silêncio, Amor, Senhor, Jesus, Pai, etc. Sentados
confortavelmente com a coluna ereta, em lugar tranqüilo, devemos procurar o
total silêncio interior, na câmara secreta onde Jesus disse que se encontra
?o Pai em segredo.?
Quando
percebermos pensamentos aflorando em nossa mente, enunciamos mentalmente, de
forma lenta e suave, a nossa palavra sagrada; isto deve ser repetido cada vez
que percebemos pensamentos em nossa consciência. Para algumas pessoas, pode
ser mais proveitoso simplesmente voltar a atenção para a presença de Deus
do que a repetição da palavra sagrada.
O termo
?pensamento? é usado para englobar toda percepção incluindo as percepções
dos sentidos, sentimentos, imagens, memórias, reflexões ou comentários.
Qualquer que seja o ?pensamento? devemos retornar sempre, gentilmente,
para a palavra sagrada; esta é a única atividade que iniciamos durante a
meditação do silêncio, também chamada de oração de centralização.
Mesmo que aparentes percepções ou idéias interessantes possam aflorar
durante o exercício contemplativo, elas não devem ser elaboradas, mas
simplesmente deixadas passar, voltando-se ao silêncio mental. O período mínimo
para esse exercício contemplativo é de vinte minutos, sendo o ideal dois períodos
por dia.
Uma técnica
muito útil usada em quase todas as tradições é a revisão diária. Nesse
exercício a pessoa faz uma revisão do dia, procurando identificar os
momentos em que cometeu falhas e aqueles em que agiu com acerto. A revisão não
deve ser usada como desculpa para massacrar a personalidade por seus erros,
pois nesse caso a prática seria abandonada rapidamente. Não se trata de
alimentar sentimentos de culpa por nossas fraquezas, mas de nos
conscientizarmos de nossas falhas. A prática da revisão deve ser vista como
a atividade de um jardineiro que procura identificar as ervas daninhas para
arrancá-las, mas sem prejudicar as plantinhas ainda débeis de nossas
virtudes, que precisam de cuidado e paciência para poder crescer.
O caminho da
perfeição, como o próprio nome diz, tem como meta a perfeição: ?Portanto,
deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito? (Mt 5:48).
Para que essa perfeição possa ser alcançada um dia, devemos nos comprometer
a suprimir todos os defeitos de nosso caráter. Para isso, devemos em primeiro
lugar identificá-los. Essa identificação não é um mero exercício
intelectual, feita de uma vez para sempre. Ela precisa ser efetuada todos os
dias, para constatarmos se estamos fazendo progresso ou se continuamos
patinando em boas intenções, mas sem a devida determinação para agir,
quando necessário, no sentido de cortar o mal pela raiz, a fim de evitar que
ele mostre a sua cabeça de novo e de novo.
Mas, se a
raiz de nossos defeitos está no inconsciente, como poderemos identificar
aquilo que não estamos conscientes? Esse é o grande desafio e a razão
porque as pessoas têm tanta dificuldade para se modificar. Porém, apesar de
não estarmos conscientes das causas de nossos condicionamentos, podemos
identificar os efeitos que eles têm em nossa vida. É por isso que o processo
de revisão deve ser entendido como a primeira e importantíssima etapa no
processo de transformação. Devemos procurar anotar, de forma bem resumida,
todos os eventos que de uma forma ou de outra causaram desarmonia e nossa reação
a essas situações. Devemos escrever da forma mais resumida possível o fato,
anotando ao final o sentimento que o fato evocou. Isso deve ser feito
mesmo que não possamos compreender de imediato a razão de nossos sentimentos
desarmônicos.
O propósito
dessa revisão por escrito é possibilitar que nossas anotações, depois de
algum tempo, lancem luz sobre os padrões de comportamento que se repetem.
Esses sentimentos ou eventos infelizes são uma indicação clara de que
existe uma causa interior, um condicionamento que cria uma vibração que
atrai, como se fosse um imã, essas circunstâncias exteriores, sendo isso
conseqüência da lei de causa e efeito. Esses padrões repetitivos são a
pista para uma análise das imagens que condicionam nosso comportamento e
causam desarmonias, trazendo como conseqüência a infelicidade. Portanto, a
revisão escrita é o primeiro e indispensável passo para o processo de
autoconhecimento que possibilita a superação de nossos defeitos.
Observador desapegado.
Uma técnica
recomendada em muitas tradições para o efetivo conhecimento de si mesmo,
consiste na prática do ?observador desapegado.? Ao longo do dia, a nossa
consciência deveria passar a funcionar em dois níveis: a personalidade,
atuando com plena atenção, enquanto a alma agiria como um observador
desapegado do nosso comportamento e motivações. Isso pode parecer utópico,
além de nossa capacidade de realização. Porém, é uma técnica factível e
de grande impacto na vida espiritual. O observador desapegado simplesmente
observa, ao contrário da personalidade, que alterna suas reações aos atos
da natureza inferior com condenação ou vergonha, quando não vira as costas
ou racionaliza, considerando inevitáveis aquelas ações. Ainda que isso
possa parecer inócuo, na verdade essa observação, quando o observador está
isento de raiva ou de vergonha, é extremamente útil. Por um lado, a observação
sistemática de todos os aspectos do comportamento da personalidade faz com
que toda uma gama de reações anteriormente inconscientes ou semi-conscientes
passem a ser percebidas pela nossa consciência e tornem-se passíveis de
serem trabalhadas. Por outro lado, o processo de observação torna claro para
o indivíduo que a natureza inferior que ele tanto teme não é seu verdadeiro
eu ou, pelo menos, não é todo o seu ser. Essa constatação advém da não-identificação
da natureza última do ser com aquilo que está sendo observado e a conseqüente
identificação com o observador, que é um aspecto de sua natureza superior.
Sabemos
intelectualmente que Deus é imanente, está em todas as coisas. No entanto,
devemos procurar transformar esse conhecimento mental numa realidade em nossa
vida diária. Podemos fazer isso procurando ver Deus em todas as coisas. Isso
é relativamente fácil quando vemos um por de sol, olhamos o céu estrelado,
contemplamos uma flor, o embate das ondas nas pedras, o trabalho das formigas
e das abelhas e tantas outras maravilhas da natureza. Porém, devemos fazer um
esforço adicional para ver a Deus em tudo. Cada vez que olhamos para os inúmeros
artefatos de nossa civilização moderna, carros, computadores, telefones,
televisão, etc., devemos ver a criatividade de Deus manifestando-se através
de um de seus agentes na Terra, o homem. Tudo o que vemos, inclusive os
processos da natureza, como o nascimento e a morte, a alimentação e a
eliminação, o dia e a noite, tudo é uma expressão da sabedoria divina, que
devemos apreciar como tal. Com isso, estaremos cada vez mais perto de Deus, em
sintonia com o Alto e protegidos das influências nefastas da materialidade.
Outra forma de exercitar a lembrança de Deus é deixar que o nosso ser de luz, o Cristo interior, acompanhe-nos conscientemente durante o dia. É importante enfatizar o aspecto de estarmos consciente dessa participação de Cristo em nossa vida, porque, na realidade ele está sempre conosco, quer estejamos consciente ou não, quer o invoquemos ou não. O Deus interior não só está conosco, mas Ele é a essência de nosso ser. O que é importante para a vida espiritual é desenvolvermos a consciência da participação de Cristo em nossa vida, procurando viver não só com Cristo, mas como Cristo, pois essa é a nossa meta. Podemos promover essa conscientização repetindo de todo coração as palavras de Paulo: ?Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim? (Gl 2:20). Podemos, também, invocar o Mestre para que ele nos acompanhe ao longo do dia, procurando pensar o que ele faria em cada situação com que nos defrontamos. Quando aparecem problemas este é o momento de pedirmos a ajuda de Cristo, para agirmos com amor e sabedoria.
[1]
Imitação de Cristo,
op.cit., pg. 87.
| |||||||||||
|
|||||||||||
WWW.LEVIR.COM.BR © 1996-2024 - LOJA ESOTÉRICA VIRTUAL - FALE CONOSCO: levir@levir.com.br - whatsapp: 11-99608-1994 |