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OS
ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ
Outro grande
mito cosmológico da tradição cristã é o mito de Sophia. A versão mais
conhecida é a de Valentino, a qual sobreviveu apenas nas citações
encontradas nas obras de seus detratores, pois nenhum documento diretamente
atribuído a Valentino parece ser conhecido. Esses textos foram destruídos
por ordem da Igreja Romana ao longo dos séculos de perseguição aos escritos
e autores gnósticos. Outra versão pouco conhecida encontra-se no texto
denominado Pistis Sophia agora
comentado.
O documento,
originalmente escrito em grego, e tido como perdido, foi guardado pela providência
divina numa tradução para o copto, o dialeto do sul do Egito em princípios
de nossa era. O manuscrito foi levado para a Inglaterra por volta de 1772, mas
somente em meados do século XIX o texto foi traduzido para o latim[2]
e, no final daquele século e início do século XX, para línguas vivas européias.
As melhores versões para o inglês foram produzidas por G.R.S. Mead[3]
e Violet MacDermot.[4]
Apesar da
tradição oral confirmar a importância daquele documento contendo instruções
reservadas ministradas por Jesus a seus discípulos, após seu retorno dos
mortos, ele teve relativamente pouco impacto no mundo cristão e mesmo em seus
círculos esotéricos, devido ao caráter extremamente velado da linguagem com
que foi escrito, que dificultava sobremaneira o seu estudo por aqueles que não
dispunham das chaves para a sua interpretação. Essa dificuldade foi em
grande parte superada com a publicação da versão brasileira do livro,[5]
que contém em sua introdução uma interpretação do mito, e mais de 400
notas explicativas, baseadas principalmente em anotações pouco conhecidas de
Blavatsky.[6]
A decodificação da linguagem simbólica apresentada na versão brasileira
permite que os profundos ensinamentos desse maravilhoso mito possam ser melhor
compreendidos.
O manuscrito
descreve a Ascensão de Jesus como um evento iniciático, e nele são
apresentadas interpretações reservadas de vários aforismos e parábolas do
Mestre proferidos durante seu ministério público, destacando-se a importância
dos mistérios, ou sacramentos. Mas é principalmente na narração do mito de
Sophia que reside seu valor inestimável para a tradição cristã.
O mito de
Sophia é a descrição simbólica da longa peregrinação da alma através de
muitas encarnações na Terra até retornar ao seu lugar de origem. Ao
despertar para a realidade de sua fonte divina, a alma volta-se ansiosa para a
Luz do Alto, para Deus. A narrativa culmina com a revelação de que o destino
de todas as almas é o retorno ao aconchego da Casa do Pai, como indicado na
Parábola do Filho Pródigo e no Hino da Pérola.
Esse mito
evidencia-se como a mais completa apresentação cosmogônica da tradição
ocidental, com reveladores insights
sobre as relações entre os diferentes níveis da manifestação do inefável
e os princípios constituintes do ser humano.
Os princípios
de que trata são os fundamentos da psicologia moderna apresentada, dois milênios
depois, por Jung. Pistis Sophia (P.S.), a heroína da estória, simboliza a
alma, a unidade de consciência da natureza inferior do homem, enquanto Jesus,
o par de P.S., simboliza a natureza superior que, no devido tempo, intervém
como o salvador da alma. O processo de salvação ocorre por meio de uma série
de ?arrependimentos? e invocações de P.S., em que ela se lamenta sobre
as aflições que lhe são causadas por várias entidades que a perseguem para
retirar a sua luz. Dentre essas entidades destacam-se o Autocentrado e sua
emanação, o ?poder com aparência de leão? e os ?regentes? dos eons.
Esses seres são os verdadeiros inimigos da alma: o Autocentrado é a
personalidade vaidosa, egoísta e presunçosa do homem; o poder com cara de leão
é o egoísmo; os regentes dos eons são os desejos e as paixões que
constantemente afligem a alma. Portanto, os perseguidores de P.S., os senhores
das trevas, não são entidades exógenas mas sim aspectos internos do homem,
o seu lado sombra.
O papel
central dos ?arrependimentos? no processo de salvação de P.S. torna-se
claro quando se verifica que o termo original traduzido por arrependimento vem
da palavra grega metanoia, termo que originalmente significava mudança de estado
mental ou dos conteúdos mentais que, por sua vez, leva ao arrependimento.
Portanto, o longo processo de salvação de P.S. é a progressiva transformação
dos estados mentais do homem, que possibilita sua libertação do caos, que
ocorre simultaneamente com a apoteótica ascensão de Jesus ao Alto. Assim, a
salvação da natureza inferior do homem é coincidente com a glorificação
de sua natureza superior, simbolizada pelo Mestre. As diferentes etapas da
salvação de P.S. são apresentadas em correspondência com as cinco grandes
Iniciações, indicando as expansões de consciência por que passa a alma,
incluindo sua iluminação e a dolorosa ?noite escura da alma?, até sua
libertação final da matéria. Curiosamente, essa fórmula para a libertação,
a transformação da mente, é a mesma exposta na doutrina budista, indicando
que os ensinamentos esotéricos dos grandes Mestres parecem originar-se de uma
fonte única de sabedoria.
A cosmogonia
de P.S. distingue claramente duas etapas: a não-manifestação e a manifestação.
A entidade suprema, a fonte de tudo o que existe, visível e invisível,
permanece não-manifesta, sendo chamada de Inefável, aquele ou aquilo sobre
quem nada pode ser dito, pois está infinitamente além de qualquer concepção
pelo homem. Quando o Inefável decide manifestar-se no processo de
auto-expressão, emana de si diferentes entidades em cinco planos básicos de
manifestação. Nesse sentido, a cosmologia de P.S. apresenta um estreito
paralelo com a Vedanta e a Teosofia.
Cada um
daqueles planos básicos está divido em três regiões: direita, meio e
esquerda. Na região da direita, ou superior, manifestam-se entidades idealizadoras, isso é criadoras de arquétipos; na região do meio
encontram-se as entidades nutridoras
que provêm os meios; e na da esquerda, ou região inferior, estão os
agentes, ou executores, das funções do plano. Seus papéis parecem ser
respectivamente o de Pai, Mãe e Filho, ou seja, a semente, a terra que nutre
e o fruto.
O lugar de
origem de Pistis Sophia é o plano intermediário, chamado de Plano Psíquico,
equivalente ao Plano Mental Concreto, onde se situa a unidade de consciência
(a alma) do homem encarnado. Ela cai no caos, subentendido como o estado de
perturbação da mente, sendo perseguida pelos regentes dos eons, que são os
desejos, as emoções e paixões do plano astral. Seu salvador é Jesus, sua
contraparte, que simboliza a natureza tríplice do Eu Superior do homem.
O método de
instrução do Salvador objetiva a transformação do homem a partir de seu
interior, de dentro para fora. Por isso não são enfatizados os ensinamentos
tradicionais de valores morais, geralmente usados para promover o ajuste da
personalidade de fora para dentro. O próprio nome Pistis Sophia transmite a chave para o entendimento do processo. Pistis,
o fator fundamental da jornada espiritual, significa fé, a fé primordial da
alma em sua natureza divina, confirmada após seu despertar espiritual pelo
conhecimento interior, a gnosis. Sophia, por sua vez, quer dizer Sabedoria, o objetivo final da
peregrinação da alma, a sabedoria dos dois mundos, visível e invisível.
Após a entoação
de cada ?arrependimento? de P.S., um dos discípulos oferece,
alternadamente, a ?interpretação? desse arrependimento, que se baseia
nas mesmas idéias contidas nos Salmos de Davi e nas Odes de Salomão. Há aí
mais uma indicação de que os ensinamentos transformadores sempre estiveram
disponíveis em todas as tradições, inclusive na dos profetas, da qual Jesus
foi o maior representante.
O ensinamento de Jesus procura despertar o homem para a realidade de sua origem divina e de sua missão na Terra. Visto sob esse ângulo, o texto poderia ser interpretado como um ?mapa do tesouro?, indicando a rota da grande jornada da alma e os principais acidentes geográficos do caminho, assinalando ainda as precauções a serem adotadas pelos peregrinos divinos.
[1]
Este anexo é uma adaptação de um artigo de Edilson A. Pedrosa e Raul
Branco intitulado Pistis Sophia. Os
ensinamentos internos de Jesus, publicado pela revista TheoSophia, edição
de junho de 1998.
[2]
Schwartze, M.G., Pistis Sophia: opus gnosticum Valentino adiudicatum e codice manuscripto
coptico Londinensi descriptum (Berlin: J. Petermann, 1851)
[3] Mead, G.R.S., Pistis Sophia: A Gnostic Miscellany (London: J.M. Watkins, 1921)
[4] MacDermot, Violet, Pistis Sophia (Leiden, The Netherlands: E.J. Brill, 1978)
[5]
Branco, Raul, Pistis Sophia, Os Mistérios de Jesus (R.J.: Bertrand Brasil, 1997)
[6]
Blavatsky, H.P., ?H.P.B.?s Commentary on the Pistis Sophia?, Collected
Writings, vol. 13, pg. 1-81.
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