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O PODER TRANSFORMADOR
DO CRISTIANISMO PRIMITIVO

Raul Branco


Convite para um diálogo

 

 

Marcelo Barros[1]

 

Todo livro é um diálogo entre quem escreve e quem lê. Este é, especialmente, um exercício espiritual de diálogo porque, nele, o autor dialoga com o cristianismo primitivo, fala aos cristãos de hoje e, ao mesmo tempo, reinterpreta essas tradições a partir de uma sensibilidade espiritual mais ampla, independentemente de pertencer ou não a qualquer religião instituída.

Prefaciar um livro é referendá-lo e aceitar ser para o autor como um paraninfo que o introduz em um novo círculo de relações. Estritamente falando, o professor Raul Branco não precisaria disso. É um intelectual e pesquisador muito conhecido em todo o Brasil. Grande conferencista, já trabalhou na ONU e teve o encargo de representar a ONU e o governo brasileiro em diversas conferências internacionais. Sua formação em Economia serve de esteio prático para sua busca interior mais profunda, o que faz dele, hoje, um dos expoentes da Sociedade Teosófica no Brasil. Ali, cada semana, ele coordena um grupo de estudos sobre o Cristianismo Primitivo. Estudou a fundo os fenômenos do Esoterismo e tem como enfoque das suas pesquisas as religiões comparadas. Além disso, é autor consagrado. Livros anteriores seus, como ?Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã? (Editora Pensamento, 1999) e ?Pistis Sophia. Os Mistérios de Jesus? (Bertrand Brasil, 1997) já nos preparam para o banquete de erudição e síntese espiritual que é este seu novo livro: ?O Poder Transformador do Cristianismo Primitivo?.

O primeiro capítulo se centra sobre a ?simplicidade e a diversidade do cristianismo primitivo?. De fato, até, ao menos, o século II, as comunidades ligadas ao ?movimento de Jesus? pertenciam a culturas bem diversas. Isso faz com que o cristianismo que aparece refletido no chamado ?Evangelho de Mateus? seja bastante diferente do que era vivido pelas comunidades paulinas e mais ainda pelos círculos joaninos. Alguém prefere mesmo falar em ?cristianismos primitivos? no plural. Essa diversidade em nada impediu que se mantivesse uma unidade fundamental. Cipriano de Cartago, pastor no século III, dizia: ?A unidade abole as separações, mas respeita as diferenças e com elas se enriquece?.

O professor Raul discorre bem sobre essas veredas e, depois, como alguém que, afetuosamente, nos toma pela mão, nos conduz aos ?ensinamentos do cristianismo primitivo?, centrando a atenção especial na proposta espiritual do Cristo aos seus discípulos.

Quem está habituado a ler os estudos sobre as primeiras gerações cristãs, oriundos de meios ligados à Teologia da Libertação achará este livro por demais diferente e mesmo divergente das interpretações de especialistas que fizeram pós-doutorado na matéria aqui no Brasil, como Eduardo Hoornaert, em estudos como ?A Memória do Povo Cristão?, ?O Movimento de Jesus? e ?Cristãos da Terceira Geração?, mesmo se em alguns princípios e conclusões coincidem, como a crítica ao cristianismo imperial nascido a partir da influência do imperador Constantino no século IV.

A época compreendida neste livro como sendo ?cristianismo primitivo? estende-se pelos primeiros séculos, sem atender tanto a diferenças que existiram de uma geração a outra. Para o objetivo desse estudo, isso não tem importância. Aqui o ponto de partida metodológico não é o de um estudo estritamente histórico. Por isso, a abordagem muda e nos conduz a conclusões diferentes. Tais resultados não se contradizem, mas se completam. Nos últimos 25 anos, os estudos dos textos neotestamentários, ao menos nos ambientes de Igrejas cristãs no Brasil, têm sido sempre feitos a partir do contexto histórico. Estudam-se as comunidades e movimentos que estão por trás dos textos e a partir daí se interpreta mesmo o que o Jesus dos Evangelhos diz (que nem sempre é o Jesus histórico). Raul se debruça sobre os textos a partir de seu conhecimento dos círculos esotéricos. Já vários autores cristãos e não cristãos escreveram sobre a dimensão mística e mesmo esotérica presentes em alguns grupos e textos do cristianismo primitivo e como isso foi posteriormente esquecido ou mesmo censurado. Agora, nestas páginas do Raul, este veio espiritual é novamente valorizado e vem enriquecer nossa forma de abordar os textos antigos.

Para mim, que trabalho no diálogo entre as diferentes tradições espirituais e desenvolvo uma Teologia do Pluralismo cultural e religioso, alguns trechos deste livro me recordam a teologia de Raimundo Panikkar. Por exemplo, a insistência em sublinhar o ?Cristo interior?, ?Cristo em nós? como essa presença divina que vai muito além da tradição cristã e se encontra em qualquer outro caminho espiritual. Desculpem-me de citar um de seus textos: ?Os cristãos têm razão de falar do Cristo e não somente de Deus, porque Deus não se fecha em si mesmo e sobre ele mesmo. Volta-se para a humanidade e para o mundo com os quais quer entrar em comunhão. É isso que significa o termo ?Cristo?. Cristo é absolutamente único e universal ?símbolo vivo para a totalidade da realidade, humana, divina, cósmica. Está no centro de tudo o que existe. É o ponto de cristalização, de crescimento e reunião de Deus, da humanidade e de todo o cosmos em seu conjunto. É a ação histórica da divina Providência que inspira a humanidade por diferentes caminhos e conduz a vida humana à sua plenitude?. O mesmo Cristo que tomou forma e corpo em Jesus de Nazaré pôde tomar corpo sob outros nomes ainda: Rama, Krishna, Purusha, Tathagata, etc. Jesus tem lugar em uma série de incorporações do mesmo Cristo. ?Jesus é o Cristo, mas o Cristo não é somente Jesus?[2].

Ao ler ?O poder transformador do Cristianismo Primitivo?, você vai compreender ainda melhor essa verdade. Quem saboreia estas páginas, mais do que nunca concordará: da fé e do sagrado, ninguém pode ser mais do que amante que se põe a serviço. Do que é divino, não há título de propriedade. Só acesso gratuito para toda busca que engravida o coração.

Os cristãos mais habituados à ?reta interpretação da doutrina? estranharão, uma vez ou outra, algumas intuições e não concordarão com certas conclusões. Acho isso positivo e fecundo. Tome como um exercício espiritual escutar uma interpretação diferente da sua fé. Para mim, foi muito enriquecedor, conhecer essa abordagem da minha tradição por alguém que, de certa forma, a estuda ?de fora? ou, ao menos, não a partir da Igreja.

Este novo livro do Raul é um presente de amor para você que o lê e para todo mundo que busca a Paz através do diálogo e da superação das intransigências, discriminações e fundamentalismos. Espero que, ao terminar de saboreá-lo, você possa confirmar o que, em 1969, o monge beneditino Thomas Merton disse na conferência inter-religiosa entre monges cristãos e budistas em Calcutá: ?O nível mais profundo da comunicação não é a comunicação, mas a comunhão. Ela é sem palavras. Ela está além das palavras, além dos discursos, além dos conceitos. Neste grupo, não estamos descobrindo uma unidade nova. Descobrimos uma unidade antiga. Queridos irmãos e irmãs, nós já somos Um. Mas imaginamos não ser. O que temos de reencontrar é nossa unidade original. Apenas, temos de ser o que já somos?[3].

 

 

 

 


 

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