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A TRADIÇÃO DOS SINOS

O badalar de um sino pode salvar uma alma. Essa é uma versão adaptada do ditado popular que diz: um grito pode salvar uma boiada. Em ambos os casos, o som assume um caráter especial de salvação e socorro. A diferença é que o primeiro caso diz respeito à essência humana e o segundo aos animais como um todo. Mas como o toque do sino do templo pode salvar uma alma?

Os fiéis desenvolvem uma relação afetiva com sua religião. Normalmente há simpatia e veneração pelas coisas associadas ao seu credo: sua história, sua doutrina e seus templos. As pessoas que nutrem tais sentimentos evocam em si os melhores pensamentos e disposições ao se depararem com elementos ligados à sua religião. Como o uso de sinos ou instrumentos afins são comuns em templos religiosos, como os católicos e budistas, os sons por eles emitidos tem uma acolhida especial entre os devotos. É natural, portanto, que tais sons não passem desapercebidos a seus corações e mentes.

Há diversas tradições ligadas ao som dos sinos. É comum que eles sejam tocados nos templos e igrejas em circunstâncias como a alvorada, o vesperal, as celebrações e os festivais, dentre outros eventos significativos. São momentos chaves em que o ideal religioso pode se manifestar pela emissão e recepção do sinal sonoro na comunidade. Em qualquer situação, o badalar do sino fala alto pela igreja, o chamado sob a forma de grito, e alcança as pessoas num raio considerável. É o toque simples que dispensa palavras e discursos. Na verdade, esse som deve despertar no ouvinte divinas recordações e disposições, ativando o melhor em si mesmo. É uma energia contagiante.

Uma vez estabelecida a conexão entre o ouvinte e a igreja através do som que se esparge, um conjunto de reações deve surgir entre aquelas almas. Ao nascer do sol, o toque da alvorada deve lembrar ao fiel da necessidade de cultivar os melhores pensamentos desde seu despertar matinal. A mensagem de amor, caridade e compaixão chega até ele codificada pelos soar do sino religioso. O bem em cada um é chamado à vida pelo alerta sonoro. O fim de uma noite de repouso e o início de um novo dia de atividades em muito se beneficia da mensagem de espiritualização em forma de vibrações. O despertador nervoso dos compromissos materiais contrasta com o despertador espiritual que soa do santuário dia e noite. É assim que se lança luz sobre o estudo e o trabalho.

No outro extremo, o toque do vesperal simboliza o recolhimento do ser em harmonia com o sol que se põe no horizonte. A chegada da penumbra noturna deve inspirar nas pessoas o recolhimento no seio familiar e a reflexão por mais um dia de oportunidades. Em adição, a introspeção do repouso que se aproxima é também um momento de preparo para um sono saudável, sem pesadelo, e de planejamento para um proveitoso dia que se seguirá. A propósito, o sono não representa apenas o refazimento do corpo, mas também uma oportunidade para a alma. É assim que ao fim do dia o sino soa do ponto mais alto da igreja num misto de gratidão por mais um dia vivido e de esperança para o dia seguinte. Afinal, o chamado e o preparo noturno para o repouso são tão importantes quanto a convocação da manhã à ação útil.

O sino também soa para as celebrações. O encontro de religiosos e fiéis no templo é um evento especial para cada participante e para a comunidade em geral. Como seres sociais, as pessoas são convidadas à assembleia religiosa assim como outros ambientes, como o trabalho e a escola o fazem. Entretanto, a reunião religiosa deve ser dedicada especialmente ao estudo e à prática da fraternidade. A leitura, o discurso, o sermão e as práticas do templo são formas de fortalecer o bem, a fé e promover a paz e o progresso na comunidade. Nesses eventos o ser é lembrado de sua origem divina primordial e de suas ligações cósmicas, com a Natureza e com seus semelhantes, os quais caminham lado a lado, com origens e destinos comuns. Os sinos, mais uma vez, chamam para a celebração da espiritualidade em seu sentido mais amplo e coletivo.

Em datas especiais, os sinos oferecem mensagens de renovação, de júbilo, de alegria, de bom ânimo e de motivação. Nessas ocasiões o badalar do sino chama a todos ao engajamento em prol de uma lembrança salutar, seja recordando a biografia de alguém extraordinário, de um mestre ou discípulo, de um acontecimento importante ou de um aspecto da sua doutrina religiosa. Seja como for, o som repercute alhures levando um convite de natureza positiva em prol de uma causa nobre. O som ecoa pela comunidade, unindo-a em torno de um ideal superior. O chamado retira o foco do egoísmo ordinário e convida as pessoas ao altruísmo. As comemorações representam oportunidades de encontros e reforço dos laços fraternais, são momentos de dedicação coletiva onde uma egrégora benigna é formada com a participação de todos e em prol de todos. Assim, o sino rege a formação de uma atmosfera de bênçãos e de cura holística.

Os benefícios da música em geral são bem conhecidos e estabelecidos. A musicoterapia, inclusive, compõe o leque de recursos à disposição da saúde humana, física e psíquica. De fato, o som tem um poder extraordinário. As notas musicais e os atributos sonoros, quando adequadamente ordenados e executados, podem criar melodias que afetam o corpo e a alma. Essa influência, portanto, pode ser direcionada positivamente a favor da saúde física e espiritual. A ciência do som é reconhecida desde a antiguidade e esteve presente em templos, nos palácios, em choupanas ou nos campos de batalha. Sacerdotes e fiéis, reis e súditos, camponeses e soldados, muitos já lhe provaram a influência. E não poderia ser diferente entre santos e pecadores, reforçando a fé dos primeiros e curando a alma destes últimos. É um agente de purificação.

O som pode guiar um peregrino. Ao ouvir o chamado do sino em movimento, o viajor saberá nortear sua jornada e localizar sua comunidade afim. A música do sino deve ser um guia confiável para o devoto que busca acolhimento e os benefícios da vida coletiva. Seguindo o chamado sonoro, ele caminha pela trilha esculpida pelas gerações em direção ao templo onde poderá se envolver, servir e participar da vida comunitária. Nesse convívio, poderá aprender com o exemplo alheio, com o caráter educativo da vida religiosa, e exercitar suas qualidades pessoais junto às demais pessoas lá presentes. Aprenderá humildemente com os mais experientes e exercitará a paciência e o perdão com os demais que lhe cruzarem o caminho e assim o exigirem. De um ou ouro modo, o sino que o guia nunca lhe fará esquecer seus deveres enquanto filho do cosmos.

A batida do sino, por ação do sineiro, pode soar ao ouvinte como a sua voz da consciência. Uma vez membro da comunidade, o peregrino contará com um frequente alerta para seu despertar. E, como vista acima, em momentos estratégicos de seu cotidiano e de sua vida. O badalar do sino acordará seu Eu profundo e superior, se lhe houver sensibilidade suficiente, e manterá sua personalidade sob a vigília da consciência. Quanto mais esforçado e purificado, quanto mais capacitado, maior será sua sensibilidade ao som e mais intensa sua resposta interior ao chamado. Parafraseando as escrituras, quem tiver ouvidos espirituais para ouvir, ouvirá. O convite estará sempre franqueado, cabendo-lhe apenas a recepção e a ação.

Os menos sensíveis ao chamado da espiritualidade devem se aproximar cada vez mais do santuário a fim de poder melhor ouvir o som que clama no deserto da vida. Por outro lado, os mais sensíveis podem ir alhures e ainda assim manter sua conexão com o som que vem de longe. Ao fim e ao cabo ambos recebem e oferecem aquilo que está ao seu alcance, em maior ou menor grau, conforme seu momento evolutivo. O primeiro se fortalece na proximidade do templo, enquanto o segundo expande sua experiência e traz conhecimento. Mas ambos, cada um a seu modo, expandem sua consciência.

O sino que toca enaltece o mundo invisível. Disse Aristóteles, em sua obra De Anima (Sobre a Alma): “na medida em que o senso comum considera o ar como o vazio, é compreensível, então, que se diga ser o vazio aquilo que faz ouvir”. Isso porque, fisicamente, o som se propaga no ar. Assim, como se sabe, tanto essas ondas quanto o ar são invisíveis ao olho humano, embora seus efeitos se tornem visíveis em contato com a água, por exemplo. Portanto, ao ouvir, o ouvinte na verdade exercita a atenção ao que está além da visão ordinária. E, como disse Buda, “a maioria das coisas são invisíveis”, inclusive as mais importantes. Não por acaso o átomo e a realidade material última são invisíveis. E a alma invisível é o que nos faz humanos. Por isso, após a atenção, o passo seguinte para o buscador acessar o invisível fundamental é a meditação ou reflexão inspirada pelo significado da mensagem do sinal sonoro.

A ciência que estuda os sinos é a campanologia. Segundo ela, o sino é um instrumento sonoro de percussão do tipo isófono, ou seja, aquele cujo som é provocado pela vibração de seu próprio corpo, a exemplo do xilofone, do prato e do triângulo, dentre outros. A mensagem metafórica que o sino transmite aqui é a de autonomia, autodeterminação monádica e engajamento produtivo. Assim, o ser é alertado que cada um faz vibrar a si mesmo e irradiar ondas invisíveis, mas cujo efeito cedo ou tarde se observará no além.

Em geral, o sino é formado por diferentes partes: a coroa, o ombro, a cintura, a borda sonante, a boca e o badalo. Este último tem um formato de pêndulo, fica suspenso no interior do sino e é responsável por percutir internamente o sino, produzindo o som característico. Sua massa é proporcional à massa total do sino. Por sua vez, a boca é a abertura inferior e larga do sino, tendo logo acima a borda ou arco sonante, onde atua a cabeça do badalo, seguida pela cintura e pelo ombro do sino, um estreitamento superior que culmina na coroa do sino, sua parte mais elevada e geralmente decorada, a qual serve como ponto de fixação. Os sinos geralmente são feitos de uma liga de bronze e sua fabricação obedece a aspectos técnicos e, no caso da igreja católica, a um ritual religioso. Em ambos os casos se tem tradições antigas e princípios que se mantêm há séculos.

O toque dos sinos depende do movimento interior do badalo, que vai de um lado para o outro. Portanto, o martelo do badalo vai de uma extremidade a outra ciclicamente. Preso na sua extremidade superior, a parte inferior do badalo oscila látero-lateralmente. É exatamente o choque do badalo nas paredes laterais do sino que o faz soar. Ele usa o impulso de um extremo para alcançar o extremo oposto. Assim, cada polo representa uma metade da dualidade da manifestação. Polos positivo e negativo, vida e morte, alto e baixo, masculino e feminino, dia e noite, marés alta e baixa, espírito e matéria, e assim por diante. Independentemente dos polos, o sino é uma unidade, é uno.

Os tambores, e seus sons graves, de baixa frequência, são geralmente usados para fins marciais, militares ou para a música em geral. Já o sino, com seus sons agudos, ou seja, de alta frequência, são muito usados por instituições religiosas, mas também para sinalização, alertas, localização e na música. O uso litúrgico dos sinos é bastante difundido, sendo que algumas religiões, como a Igreja Católica, possuem regras e normas para o seu uso: é a Instrução da Sagrada Congregação dos Ritos Sobre a Música Sacra e a Sagrada Liturgia. Por outro lado, as reuniões da Loja teosófica já contaram com sino de mesa, também conhecido como campainha. Eram usados para marcar o início e o fim da meditação de abertura dos trabalhos entre os presentes à Loja.

Segundo a Encyclopedia of Hinduism, os indianos acreditam que o som dos sinos atrai os deuses e afasta os demônios. Em adição, ajuda a preparar a mente para o cultivo de bons pensamentos e descarte dos maus pensamentos. Ele é considerado um dos oito símbolos auspiciosos. Ele simboliza o nadabrahman ou O Ser Absoluto concebido como som. Simbolicamente, diz-se que a deusa Sarasvati reside na língua Dele, Brahma na Sua face, Rudra no sino e Vasuki sobre Seu tronco. Seu corpo inteiro representa a divindade do tempo. O som do sino, por sua vez, simboliza a sílaba sagrada OM e é usado em várias cerimônias religiosas. Porém, os sinos não são meros objetos ritualísticos, mas agem ativamente na dissipação da escuridão, da ignorância e do mal.

Por fim, o som emitido pelo sino pode influenciar poderosamente a pessoa suscetível, aquele que dispõe de audição espiritual. É, portanto, um instrumento externo potencial aliado para aquele que busca a espiritualidade. De dentro para fora, é uma ferramenta do sineiro interior que vê na torre de vigia. E se formos tentados a caracterizar o som como uma mera ilusão, cabe lembrar que a ficção às vezes é a melhor forma de acessar uma realidade subjacente. Além do mais, diante dos benefícios, deveríamos trabalhar em prol da tradição dos sinos enquanto instrumentos religiosos e devocionais.

AUTOR: F.G., colaborador da LEVIR


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