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O SIMBOLISMO DO HÁBITO RELIGIOSO

Como as práticas religiosas despertam o interesse de muitos que buscam a espiritualidade, pode ser proveitoso refletir sobre a vida do religioso. Sua fraternidade e caridade, suas austeridades, seus estudos, suas meditações e suas orações são exemplos de práticas espirituais vistas como importantes pelo público. Portanto, em adição ao interesse a tudo que envolve uma religião, sua doutrina, seus livros, seus símbolos e suas práticas, pode-se incluir o dia a dia do monge.

A veste comumente usada por um monge é conhecida como hábito religioso. O aspecto dessa roupa pode lembrar uma capa ou manto e ter um capuz capaz de ocultar-lhe a cabeça. Há variações na forma e na cor da indumentária, sendo frequente, no ocidente, o uso da cor preta. A despeito da diversidade do hábito, essas vestes em geral são reconhecidas facilmente como pertencentes a um religioso e à sua ordem ou escola monástica. Mas como o hábito, enquanto vestes, pode nos inspirar?

O hábito religioso naturalmente impressiona tanto o próprio monge quanto o devoto, em diferentes graus e modos. A simples visão da indumentária sacerdotal pode evocar pensamentos e sentimentos salutares. A devoção a uma causa nobre, a vontade de melhorar enquanto ser humano, o impulso para a prática do bem e da caridade são apenas algumas metas que podem ser trazidas à mente mediante um cenário inspirador no qual as vestes ali presentes ajudam a compor.

A força do indumentário, portanto, é sobretudo simbólica. É desse modo que a arte, as práticas, as cerimônias e os textos abordados no ambiente em que se busca a espiritualização se revestem de um caráter eminentemente místico, metafísico. Nesse sentido, o hábito religioso também pode ser fonte de reflexão. Assim sendo, pode-se listar ideias que emergem na meditação sobre as vestes típicas do monge ou monja.

A veste religiosa envolve o devoto, identificando-o, acolhendo-o. Assim como o tecido protege o corpo do frio, preservando-lhe o calor, o hábito simboliza a proteção da natureza espiritual que subjaz a toda criatura. Assim como a proteção nasce da concretização dos atos virtuosos, nas ações, nos pensamentos e nos sentimentos, o hábito acompanha o monge em todos os seus movimentos, pois é sua própria roupagem. É um tipo de “nuvem testemunha”, da qual fala São Paulo. Logo, as atitudes o protegem tal como o hábito religioso.

A veste monástica induz a interiorização e a uma atitude inspirada. Sob seu abrigo, o ser é levado a olhar para si mesmo. Afinal, o tecido reduz o alcance do meio exterior sobre os olhos. “Os olhos não se cansam de ver”, diz Eclesiastes. E, é sabido, o autoconhecimento é a chave do aperfeiçoamento com vistas à espiritualidade. Essa necessidade do exercício da auto-observação como ferramenta de progresso pessoal tem sido enfatizada pelos mais diversos pensadores da causa humana. Simbolicamente, sugerem o uso de um hábito pessoal imaginário que pode ser cultivado pela meditação.

O devoto que observa o sacerdote totalmente envolto em seu hábito religioso também é convidado à introspecção. Vendo as vestes marcadas pela simplicidade, sem fantasias, o fiel se concentra nas palavras e nos atos do monge. A discrição, exemplificada no respeitável manto, é impactante à vista, principalmente para os observadores que têm “olhos de ver”, no dizer bíblico. Mergulhando no hábito religioso, o ser mergulha em si mesmo para melhor reconhecer o divino nas outras pessoas.

Por fazer parte do contexto religioso, a roupa sacerdotal nos remete de modo reflexo à ideia de que essencialmente somos de natureza espiritual. Talvez por isso o ditado popular de que o hábito faz o monge. É desse modo que a silhueta das vestes assume um caráter de aura extrafísica. Uma aura de reverência e respeito por algo muito além do próprio monge, mas algo que é por ele representado. Assim como ele representa o além, nós mesmos nos projetamos no religioso e nele nos espelhamos: mas não nos reproduzimos numa personalidade, pois ela está oculta e anônima sob as vestes, mas num ideal ali imaginado.

O hábito religioso ofusca a personalidade, conferindo ao “eu” um caráter universal e altruísta. Enfim, quem é o monge por debaixo do capuz? Não se sabe, mas podemos deduzir o significado do conjunto. Abraçados pela manta, os monges se igualam perante a espiritualidade. De joelhos ou prostrados perante a Natureza, se nivelam ainda mais entre si. Renunciam aos holofotes e se tornam um todo coletivo. São indistinguíveis entre si. Transmitem o mesmo ideal porque o que se vê é o mesmo que se quer representar: uma vida maior que a personalidade e oculta à retina mundana. Nesse sentido, é um antídoto ao egoísmo e ao orgulho. É humilde e ponderado.

Esse hábito religioso tende a limitar a influência dos sentidos e favorecer a sensibilidade interna, a espiritual. No primeiro caso, o monge pode filtrar o que vem do ambiente e também selecionar o que buscar nele. É amorosamente sensível à necessidade do próximo, mas rigoroso contra seus próprios caprichos, não se deixando dominar por esses últimos. A vigilância e o discernimento são potencializados pela concentração e pela autoanálise. O tecido do hábito religioso simboliza uma camada adicional de pele, um revestimento figurado capaz de facilitar o bem e refrear o mal, em todos os sentidos.

Mas de onde vêm os monges encapuzados? De toda parte, dos lugares de sempre. Dessa ou daquela religião, família, etnia, país, do campo ou da cidade, todos se encontram sob as mesmas vestes e compartilham os mesmos ideais e objetivos. Eles se igualam por fora como se nivelam por dentro, já que interiormente têm os mesmos órgãos: coração, pulmões e demais vísceras, iguais em número e sob os mesmos princípios biológicos. O que está por debaixo, ou seja, as vísceras, tem sua contraparte no que está por cima, quer dizer, no hábito religioso. Seja de onde for, o manto apaga as fronteiras, é símbolo de igualdade e de unidade, tal como as vísceras.

O monge é a pessoa mais livre do mundo. E o hábito religioso o atesta. Já tem uma roupa definida, simples, mas carregada de significado espiritual. Se um uniforme precisa ser funcional, como o de um socorrista, p. ex., o do sacerdote também o é. Frugal, rústico, de cor natural, tem uma estética que ajuda a liberar a mente e o foco para voos altos. Dizem que Einstein só dispunha de um modelo de roupa, por um motivo prosaico: eximir-se da preocupação sobre o que usar. Moderando o que vem do mundo exterior, o hábito ajuda a liberar a realidade interior.

As cores do hábito religioso variam amplamente entre as religiões e ordens. Segundo C.W. Leadbeater, a cor preta, p. ex., comum nas vestes monásticas, simboliza esotericamente o domínio do espírito sobre a matéria. Significa, portanto, autocontrole e plena moderação espiritual com vistas à libertação dos grilhões que nos induzem ao erro. Em física, a cor negra é o absorvedor ideal, não refletindo as demais cores. Alegoricamente, de fato, o poder de absorção e de autodomínio se equivalem em suas respectivas dimensões. Portanto, além da forma, a diversidade de cores das vestes aponta para um rico simbolismo cromático.

Em várias culturas, os representantes do sagrado, sejam pajés, xamãs ou monges, revestem-se de formas e cores distintivas em suas vestes. O cocar de penas coloridas ou o capuz do monge são exemplos dessa diversidade. Além disso, é comum que símbolos religiosos, como as imagens de santos ou devas, sejam cobertos por mantos, constituindo uma espécie de aura, visível a todos. A coroa ou auréola, para Leadbeater, representam, no misticismo oriental, centros de força situados na cabeça. Artisticamente, podem também representar o pensamento iluminado.

O simbolismo do hábito religioso se destaca especialmente em obras de arte como a da estátua de Giordano Bruno em Campo de’ Fiori (Campo das Flores), Roma, de 1889. O frade dominicano, filósofo e místico da renascença foi executado pela Inquisição em 1600, mas seu legado é eterno. Naquela imagem as vestes se destacam e evocam a força do filósofo diante da ignorância humana, a qual é a fonte da brutalidade e da violência. Aquela obra nos remete à sabedoria, à fé e à coragem de um pensador que, mesmo sob ameaça de morte, não renegou suas convicções nem as ciências nas quais acreditava.

Por fim, usei a expressão “hábito religioso” para designar as vestes monásticas ou sacerdotais. Entretanto, se aplicarmos o outro significado da palavra hábito e considerarmos “hábito religioso” como a repetição de um comportamento altivo capaz de nos religar à divindade onipresente, teremos uma reflexão igualmente válida. Revestidos de bons hábitos poderemos aspirar a um mundo melhor, mais fraterno e mais justo. Assim, todo homem de bem porta um hábito religioso invisível tão digno quanto as vestes sagradas visíveis, um lembrete simbólico da aura em purificação idealizada.

AUTOR: F.G., colaborador da LEVIR



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