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HAKUIN
HAKUIN


"Todos os seres vêm dos primeiros Buddhas.


É como água e gelo:
Sem água, nada de gelo;


Fora dos seres vivos, nada de Buddhas.
Não sabendo que está perto, eles procuram longe.
Que pena.
Como aquele que no meio da água grita de sede;
Como uma criança rica perdida no meio dos pobres;
O motivo de nosso circular pelos seis mundos
é que estamos nas escuras sendas da ignorância.
Trilhando senda escura sobre senda escura,
quando escaparemos do nascimento-e-morte?"

'Zazen wasan'

HAKUIN

Kioto, com seus templos magníficos, foi virtualmente arrasada até o chão durante as guerras Onin, no final do século XV. Embora os templos fossem restaurados - uma herança que hoje  é apreciada em todo o mundo - os estabelecimentos Budistas foram severamente danificados. As escolas Zen, sempre menos dependentes das instituições centralizadas do que outras escolas Budistas, se disseminaram pelo interior do país, ganhando o coração e mente dos senhores locais e da nobreza provincial, embora largamente despercebidas pelos grandes templos. A paz nacional imposta pelo regime Tokugawa no início do século XVII envolveu o patrocínio do estado e o controle das instituições Budistas. Esta dependência política tendeu a encorajar um declínio generalizado na busca espiritual séria, alimentando pesquisas intelectuais em vez da meditação. O Zen era mais resistente do que as outras tradições, mas ele também sofreu uma perda em seu propósito unidirecionado. Contudo, quando o governo Tokugawa deslocou a capital de Kioto para Edo (agora Tóquio), o Zen Rinzai transferiu seu apelo da antiga aristocracia para a grande população. Bankei direcionou este caminho, espalhando o pensamento Budista em toda parte, embora ainda falhando em dar ao Zen Rinzai uma missão clara. Em 1680 um monge poderia escrever que dezenove das vinte e quatro escolas Zen haviam desaparecido do Japão. Hakuin, um monge Rinzai, decidiu reverter o declínio do Zen ao mesmo tempo em que pregava ao público leigo.

Hakuin nasceu de uma família comum na cidade de Hara, na província de Suruga, em 25 de dezembro de 1685. Chamado de Iwajiro por seus pais, ele os acompanhava ao templo local, que pertencia à escola Nichiren. Sua evidente inteligência era aumentada por uma notável memória, e na idade de quatro anos ele sabia trezentas canções locais de cor. Logo depois, ele já podia dar relatos precisos dos discursos que ouvia. Ainda muito jovem, ele ficou profundamente chocado e perturbado por um sermão sobre os oito infernos ardentes, e saiu para fora do templo. Com o tempo, porém, sua confusão se transformou em um profundo desejo de conhecer a verdade, e ele por fim persuadiu seus pais a permitirem-lhe seguir um modo de vida religioso. Com quatorze anos ele entrou no Templo Shoinji da escola Rinzai, e recebeu a ordenação preliminar em 15 de março de 1699. Com um nome novo, Ekaku, ele começou estudos disciplinados, que incluíam viajar de templo em templo para ouvir sacerdotes afamados e honrados discursarem sobre a senda da iluminação Budista. Suas viagens foram interrompidas pela morte de sua mãe em 1706, e ele entrou em um período em que perdeu as esperanças na eficácia da 'buddhavachana', a Palavra de Buddha. Durante esta época negra ele aprendeu muito sobre o estilo literário do renomado poeta Ba-o e usou, com bons frutos, mais tarde na vida, o que obtivera.

Em 1808 ele foi estudar em um templo em Takata, província de Echigo, e depois mudou-se para Iiyama, na província Shinano, onde encontrou um sacerdote idoso de nome Etan. Embora Etan tratasse Hakuin asperamente e com aparente indiferença, Hakuin fora atraído pelo caráter de Etan e pela sutil radiância em torno de todo o seu ser, e assim ficou em seu templo. Um dia, depois de meses de tratamento rude, Hakuin estava fazendo seus passeios em Iiyama, quando sua mente foi desperta por uma maravilhosa percepção do Caminho. Ele ficou tão absorvido em seu luminoso pensamento que não percebeu que ficara plantado diante da porta, depois de o mestre lhe ordenar seguir em frente. Não ouvindo os apelos desesperados de seu mestre, continuou parado até que o homem lhe jogasse em cima um pincel de escrever. Diversos passantes quiseram ajudá-lo, mas ele só cruzou as mãos e riu. Quando recuperou os sentidos, voltou ao templo. Etan viu-o chegando e disse "O que te aconteceu?". Hakuin explicou o que havia ocorrido e Etan ficou satisfeito. "Agora", advertiu, "tu deves tomar os votos e não se contentar com tua atual conquista. Daqui por diante teus estudos deverão ser mais profundos do que nunca, e tua vida será mais laboriosa".

Hakuin, agora conhecido por este nome, seguiu o conselho de seu professor, mas logo foi chamado para auxiliar seu primeiro instrutor, cuja saúde fraquejava. Voltando para um templo perto de sua casa em Hara, ele cuidou de seu professor e também assumiu austeridades enquanto estudava a 'História do Penhasco Azul', que consistia de 'koans' e comentários, e o 'Sutra Diamante'. Depois de alguns meses sua saúde também se deteriorou, e ele teve de lutar muito e por muito tempo para recuperá-la. Ele estudou esta doença - que ele chamou de 'doença Zen' - por um longo tempo. Embora seus sintomas fossem aqueles que acompanham um colapso geral e poderiam mesmo ser tomados erroneamente por uma crise nervosa, Hakuin reconheceu que era uma reação a sérias e prolongadas tentativas de meditar. No 'Yasan Kanna', Hakuin descreveu como ele foi para junto de um velho monge que vivia em uma caverna remota no retiro montanhês. Ao ouvir sobre os sintomas, o monge disse "Tua meditação tem sido excessiva e teu ascetismo muito estrito". Dizendo que as três artes médicas - acupuntura, moxabustão e remédios - não poderiam efetur uma cura, ensinou a Hakuin cuidar de seu corpo. Consultando os únicos livros que tinha em sua gruta - o 'Chung-yung' ou 'Grande Caminho' de Confúcio, o 'Tao te Ching' de Lao Tzu, e o 'Sutra Diamante' - ele mostrou como o corpo deveria ser cuidado adequadamente e sem preocupação. Quando o corpo está equilibrado na nutrição e eliminação, na atividade desperta e no sono profundo, ele defenderá a si mesmo e não atrapalhará a prática da meditação.

Em acréscimo a uma dieta e descanso balanceados, o velho monge ensinou Hakuin como fazer uso do sono. Primeiro de tudo, a pessoa deveria se deitar e relaxar, com as pernas juntas, e permitir que a energia flua para o espaço abaixo da............. Imaginando o corpo ser Amida (Amitabha, em sânscrito), a morada e paraíso original da pessoa, ele deveria perguntar o que ele pode lhe ensinar. Tal reflexão o encherá de energia restauradora, o sono será profundo e harmônico, e a vida desperta subseqüente poderá ser vigorosa e atenta. Hakuin explicou mais tarde para seus próprios discípulos que em tais práticas a pessoa está engendrando um elixir da vida que não é externo, mas antes um processo interior de energia dirigida e harmonia cultivada. Este elixir, o movimento do coração interno para o espaço abaixo do............., rejuvenesce o corpo e clarifica a mente, com proveito para a meditação e crescimento espiritual. Ao contrário de outros  professores Zen, Hakuin advogava procurarmos por uma vida longa, mas unicamente no intuito de aperfeiçoar a meditação e o serviço do Bodhisattva. A verdadeira origem da doença Zen é a busca espiritual por si mesmo. Quando a pessoa abandona esta falsa noção, os ritmos naturais do corpo se manterão sozinhos e sustentarão a sua meditação e outras práticas.

Uma vez recuperado, Hakuin retomou seus estudos e viagens. Nesta altura ele começou a instruir outros e ganhou alguns discípulos. Sua inclinação era por retirar-se para as montanhas, como o velho monge que lhe ensinara o segredo da saúde, e decidiu se tornar um eremita. Logo antes de iniciar sua vida isolada, recebeu um chamdo urgente de seu pai moribundo. Voltando para Hara, cuidou de seu pai até a morte. Então estabeleceu residência no Templo Shoinji, onde primeiro iniciara a procurar a emancipação. O templo havia caído em extremo abandono. A água corria através do teto sempre que chovia e o mato crescia nos jardins. Embora pudesse tê-lo restaurado e expandido para uma grande estrutura, uma vez que sua fama agora atraía muitas pessoas ricas e poderosas, ele só fez os reparos necessários e nada mais. Antes, ele alegremente insistia na vida de pobreza tão bem conhecida da congregação do templo.

Permanecendo nas condições mais pobres por anos, ele seguia três linhas de atividade distintas, mas relacionadas. Primeiro de tudo, ele ensinava e ajudava os camponeses de Hara e das regiões em torno. Ele não lhes dava instrução estrita na meditação, preferindo enfatizar a possibilidade de engajamento em qualquer atividade - cozinha, varrer o chão, lavar, arrumar, costurar - com uma abordagem meditativa. Em acréscimo ao ensino da meditação em ação, ele escrevia e contava histórias edificantes de moralidade cotidiana, freqüentemente citando literatura e estilos seculares. Em segundo, ele guiava os monges em um curso de estudos estritamente disciplinado, baseando firmemente a meditação na retidão moral e desenvolvendo um método preciso de estudo do 'koan', que ele imaginava ser essencial. Nem indolência nem diversões literárias eram permitidas, que poderiam dissipar os esforços dos monges de realizarem uma completa revolução da consciência. Em terceiro, ele mantinha calorosas relações com os monges, monjas e nobres de todo o país. Escrevendo freqüentemente para eles, ele falava corajosamente às pessoas em lugares elevados sobre a decadência da época e a necessidade de autodisciplina e meditação. Talvez porque não buscasse nada deles em termos de ganho material, ele aceitava suas contribuições espontâneas sem má-vontade. Na verdade ele apoiou generosamente a publicação de seus poemas, sermões, cartas e histórias, que entraram na honrada literatura do pensamento Budista japonês. Além disso, ele cultivava uma forma simples e comovente de caligrafia e pintura que reorientou de modo permanente a arte Zen, e sobrevivem muitos de seus trabalhos de pincel. Por quase quarenta anos ele trabalhou em benefício de outros no Templo Shoinji, invariavelmente surpreendendo os visitantes com sua energia e entusiasmo. Ele tornou-se estimado pelos seus paroquianos e sobressaiu-se aos seus monges. Quando morreu, em 18 de janeiro de 1769, deixou um legado e uma linhagem que tornou o Rinzai uma força dominante no Japão que permanece até hoje.

A busca espiritual de Hakuin foi alimentada por um desejo de conhecer a Verdade. Quando primeiro ouviu falar dos infernos ardentes, seu profundo choque não resultou em medo ou culpa, mas em um impiulso constante para entender todo o Ensinamento. Não satisfeito com a simples aceitação da visão de outros, ele buscava assimilá-las na mente e no coração de modo que sua consciência e ação as encarnasse em cada momento. Quando errava pelo zelo excessivo, como quando caiu doente com o 'mal da meditação', ele usava o que aprendia para corrigir-se e guiar outros. Aceitando a concepção de que a 'face original', a iluminação primordial, está potencialmente presente em todos os seres, perguntou como ele poderia viver conscientemente e a todo momento naquele estado de consciência universal. Porque a iluminação não é algo que a pessoa ganha o conquista, uma vez que está sempre presente, quando isso é percebido a iluminação é súbita. Mas uma vez que é necessária muita preparação para obter essa possibilidade de consciência, o caminho é gradual e, se alguém o segue com toda a energia, sistemático. Na 'Explicação dos Quatro Conhecimentos do Budado', Hakuin escreveu:

"Quando o estudante acumulou esforços no estudo e na investigação e a natureza iluminada aparece subitamente, de imediato ele percebe a essência da realidade interna; quando uma forma de conhecimento é atualizada, todas são atualizadas. Mas se a pessoa atinge o estágio do Budado sem passar pelos degraus e estágios, se ela não cultiva a prática gradualmente, é impossível realizar a onisciência, o conhecimento independente, e a derradeira grande iluminação".

De acordo com Hakuin, a realização ocorre "quando a mente discriminativa é subitamente despedaçada" e a consciência iluminada aparece. Uma vez que a pessoa então experimenta o universo como luz ilimitada, esta consciência é chamada de conhecimento do espelho perfeito. É a transmutação do 'alayavijnana', o depósito universal da consciência que é também o depósito de toda ação e potencial kármicos, em consciência ativa. Simultânea a esta transmutação é o reconhecimento de que os seis domínios dos sentidos, que incluem a atividade do pensamento discursivo, são a própria natureza iluminada da pessoa, e este é o conhecimento da igualdade. O discernimento das coisas à luz do conhecimento real é chamado de conhecimento analítico sutil, porque penetra no cerne de toda verdade. Vendo toda atividade, voluntária e reflexiva, como harmoniosa em relação à natureza da realidade, ela é chamada de conhecimento da realização. A percepção interior verdadeira é a realização destes quatro tipos de conhecimento de uma só vez. Mas, advertia Hakuin, nem mesmo sua realização é suficiente.

"Mesmo se tua percepção da realidade é autêntica, quando teu poder de percepção interior é fraco, não consegues ultrapassar as barreiras das ações habituais. A menos que teu conhecimento da diferenciação seja claro, não podes beneficiar os seres sencientes de acordo com os seus potenciais. Portanto deves conhecer a estrada essencial do cultivo prático gradual".

Sem desafiar diretamente a publicação da iluminação, que se havia ligado ao sistema institucional de conferir-se o 'inka' ou certificado de iluminação, Hakuin resolveu a antiga disputa entre a iluminação gradual e a súbita.

O 'satori', quando autêntico, é sempre iluminação genuína. Como tal, é total, abrangendo as quatro formas de conhecimento, e súbito, no sentido que não é a última de uma série de degraus (nada mais do que a infinitude é o último passo da série, ou a onisciência é a última expansão da consciência limitada). O 'satori' é iluminação e é completo quanto ao seu âmbito. Não obstante, ele só reflete um grau de força a respeito da vida no mundo da ilusão, e a não ser que seja fortalecido pela prática espiritual, moral e mental, não pode ser traduzido em uma experiência universalmente benéfica que ajude a todos os outros em direção à mesma meta. Este é o motivo pelo qual os próprios mestres de Hakuin haviam-no instado a se esforçar mais arduamente depois de obter a percepção interior, de modo que ela pudesse ser aprofundada, fortalecida e melhor traduzida em cada pensamento, sentimento, palavra e ato. Para Hakuin, a meditação real começa depois que é obtido algum grau de percepção interior, e a meditação depende do aprofundamento das bases morais da vida na pessoa.

Hakuin ensinava que a meditação pode e deveria ocorrer em todos os níveis da conscientização espiritual. Não pode ser meramente um assunto para a sala de meditação, horários determinados ou posturas especiais. Ao passo que há um lugar importante para a meditação formal na vida de um aspirante, a meditação deve também penetrar todos os aspectos da vida pessoal até que se torne um modo de vida. Isto só pode acontecer em uma vida propícia a ela, e assim é necessário seguir a lei moral como ensinada pelo Buddha. Um correlato natural deste cuidado psico-espiritual da alma é o cuidado pelo corpo. O Zen de Hakuin é tão radical como qualquer outro ensino Zen, procurando nada menos do que a total ruptura dos padrões de consciência samsárica, mas a vida que ele advogava é preeminentemente integrada. Seus sermões, poemas e discursos, todos refletem esta tríplice preocupação, mas ele variava a ênfase de acordo com a audiência. Quando escrevia para nobres e governantes, ele enfatizava a necessidade de um estado mental meditativo a todo momento. Quando falava para camponeses e povo comum, ele sublinhava a importância de uma vida de princípios como base para o crescimento espiritual. E quando encorajava os monges, ele freqüentemente lhes recordava que uma abordagem de senso comum em relação à saúde e ao bem-estar é de auxílio para a meditação. Sua preocupação era que as pessoas não procurassem nem a iluminação nem os ganhos mundanos só para si: o entendimento verdadeiro inclui a consciência de que a iluminação é para todos. O ideal do Bodhisattva era tão parte do pensamento de Hakuin que ele não sentia necessidade de mencioná-lo muito amiúde.

Por exemplo, quando Hakuin escreveu para o Senhor Nabeshima, governador da província de Settsu, em 1748, ele começou afirmando que a 'doença da meditação' surgia nos monges como resultado de suas motivações. Na verdade, eles lutavam poderosamente com 'koans' e passavam longas horas em meditação. Estas práticas, juntamente com as austeridades que as acompahavam, eram rigorosas, á claro, mas não eram a causa da 'debilidade Zen'. Antes, era devido à busca da iluminação para si mesmos - talvez sem sabê-lo - que eles engendravam tensões mentais intoleráveis que se refletiam na debilitação física. Ele advogava a prática da 'naikan', a meditação na vida diária e a contemplação de seus benefícios terapêuticos. Tal concentração, seja ao contemplar um 'koan' ou capinando um campo, não é em prol de um 'eu' que não possui existência real, mas sim pela libertação das exigências ilusórias que o 'eu' impõe sobre a pessoa e sobre os outros. A percepção interior inclui a destruição da distinção entre o 'eu' e o 'outro' ao mesmo tempo que mantém a necessária consciência da diferenciação requerida para servir as várias necessidades das pessoas em toda parte. O que ele chamava de abordagem quietista da meditação - sentar-se em reclusão longe das atividades do mundo - acarreta um risco maior de ser minada pela motivação egoísta do que a abordagem ativa, na qual a meditação é a orientação fundamental de todas as atividades da pessoa.

"Não estou lhes dizendo para descartarem completamente a meditação quietista e procurarem especificamente por um tipo de atividade no qual desenvolver sua prática. O que é mais digno de respeito é a pura meditação 'koan', que nem conhece nem é consciente dos dois aspectos, o quieto e o ativo. Este é o porquê de ter sido dito que o verdadeiro monge praticante caminha mas não sabe que caminha, senta mas não sabe que está sentado".

Antes do que sucumbir àquele estado de consciência que reconhece a pessoa estar ativa com o adicional da meditação, ou estar sentada com a meditação inclusa, a pessoa deveria estar em meditação, com o sentar ou o estar ativo sendo reflexos dela.

Ao guiar monges que haviam voluntariamente se consagrado à busca exclusiva da iluminação, Hakuin fez uso dos 'koans'. Embora existissem livros de 'koans', ele fez sua própria coleção dos que se adequavam aos seus métodos. Para ele, um 'koan' servia para diversos usos. Além de oferecer o potencial para a percepção interior, ele treinava a mente para libertar-se de modos convencionais de pensamento, e auxiliava a consciência pessoal perceber o elo vital entre a consciência iluminada e os atos particularizados - um tipo de exemplo vivo na consciência da mensagem espiritual do 'Sutra Diamante'. Para estes fins, Hakuin acrescentou breves comentários aos 'koans' que utilizava, não como soluções, mas como pensamentos que poderiam ajudar o discípulo. Um destes 'koans' diz:

"Uma vez havia um velho homem que perguntou a um erudito Budista: 'As notas que explicam um texto sacro e as notas sobre as notas, qual tem o significado mais amplo?'

"O erudito respondeu: 'As últimas explicam as notas e as notas explicam o texto'.

" 'O que', perguntou o velho, 'o texto explica?'

"O erudito ficou em silêncio".

Hakuin acrescentou: "O sol se ergue no leste e se põe no oeste".

O triplo interesse de Hakuin na meditação, moralidade e bem-estar se refletia em uma tolerância atípica para com outros instrutores e escolas de pensamento. Embora estivesse convencido que sua forma de Zen era básica, ele não rejeitava outras abordagens. Ele, contudo, insistia que meramente o sentar em meditação formal ou simplesmente o envolver-se em atividade são em si insuficientes para fazer a ruptura em direção à iluminação. E ele acreditava firmemente que a recitação e fé na 'Terra Pura' eram degradações do 'buddhadharma', o Ensinamento do Buddha. Nem a fé nem o anelo podem alterar fundamentalmente a condição humana, pois a vontade deve ser direcionada, não para escapar em algum reino espiritual ideal, mas para a própria realização. A recitação, o estudo, a reflexão, os ritos sacros e as atividades seculares eram todas permissíveis dentro desta concepção, porque qualquer uma pode ser um ponto de apoio para a meditação que, quando baseada em uma vida espiritualmente integrada, pode levar á percepção interior. Aqueles que desejaram e receberam este conselho e orientação vieram de várias tradições Budistas, e mesmo aqueles versados nos ideais Taoístas e Confucianos se beneficiaram de seu Ensinamento. Como ele escreveu em seu poema sobre a meditação 'Zazen wasan',

" 'Dana', 'shila' e as outras perfeições,

a recitação do Nome, o arrependimento, a disciplina,

e a miríade de outras ações corretas,

tudo reverte à prática da meditação.

...

"O portão se abre, e causa e efeito são um só;

O caminho é reto - não dois, ou três.

Tomando como forma a forma do forma-nenhuma,

indo ou voltando, ele está sempre em casa.

Tomando como pensamento o pensamento do pensamento-nenhum,

cantando e dançando, tudo é a voz da Verdade.

Largo é o céu do 'samadhi' ilimitado,

radiante é a lua cheia da quádrupla sabedoria.

O que falta ser buscado?

O 'nirvana' é claro diante dele,

este mesmo lugar é o paraíso do Lótus,

este mesmo corpo é o Buddha".

O coração de Hakuin está com o povo comum, profundamente envolvido na luta diária pela existência e oprimido com as exigências da terra e das estações. Eles possuíam, acreditava, uma receptividade pura e uma capacidade não reconhecida para a aspiração. Trabalhando com eles, ele exemplificou a vida de serviço que ele sentia ser a alma do Caminho do Buddha. Em seu 'Tsuji dangi' (Um Sermão sobre o Caminho), ele proferiu seu grande apelo:

"Assim, eu quero que vocês agora ouçam a este esplêndido e silencioso som ou ruído de uma só mão - ouçam 'o som da música da não-existência ecoando pelo vale do Completo Vazio'.

"isto é tudo o que eu tenho a dizer a vocês por hoje. Voltem amanhã e ouçam novamente. Recuperem o seu tesouro! Recuperem o seu tesouro!"




Autor: Elton Hall
Tradução: Um Colaborador
Revisão: Osmar de Carvalho
Fonte: www.theosophy.org



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