"O arrependimento é o início
da Filosofia, é a evitação de todas as palavras e ações tolas, e o primeiro
passo para uma vida que não será mais sujeita a arrependimento... Só sabe
reverenciar aquele que nunca confunde a dignidade daqueles que honra, que
oferece a si mesmo primeiro como sacrifício puro, que torna sua alma a imagem
da Deidade e que prepara sua mente como um templo digno de receber a luz
divina".
HIÉROCLES
O 'Mouseion' alexandrino, fundado
e protegido pela dinastia Ptolomaica no Egito, surgiu da antiga idéia grega dos
'mouseia', templos de conhecimento dedicados às Musas e centrados no estudo da
literatura e das artes. A Academia de Platão fundiu esta concepção com o
paradigma Pìtagórico de uma ordem consagrada ao aprendizado e aplicação prática
das verdades secretas. O Liceu Aristotélico encorajou o estudo sério em um
contexto largamente secular e forneceu um modelo para o 'Mouseion' alexandrino.
Como o Museu se desenvolveu juntamente com o Serapeu e outros centros públicos
sob o patrocínio dos Ptolomeus, por sua vez ele se tornou o modelo para os
romanos, bizantinos, e mais tarde, para as universidades renascentistas. A
ciência foi acrescentada aos estudos tradicionais do Museu, e com o tempo
surgiu uma escola de filosofia. Com Hipácia, a Academia alexandrina emergiu
como um centro por direito próprio, uma contraparte digna da grande Academia
ateniense. Inspirada por Amônio Sacas e devota da tradição Neoplatônica de
Plotino, Porfírio e Jâmblico, a Academia se tornou um farol fulgurante cujo
brilho perdurou por séculos depois de seu próprio desaparecimento,
influenciando as culturas bizantina, islâmica e renascentista. Mas com o
assassinato de Hipácia em 415 dC, a criatividade Neoplatônica em Alexandria definitivamente
terminou. As flutuações da história, contudo, invocam a canalização de
diferentes poderes de caráter em épocas diferentes e formas novas de virtude à
medida que as circunstâncias se modificam. À medida que o Cristianismo se
expandia para todas as arenas sociais, políticas, intelectuais e religiosas,
compelindo à conformidade com seus pontos de vista, a Academia ateniense
retirou-se da vida política e recusou-se a comprometer suas concepções
metafísicas, preferindo o exílio em vez da confrontação. A Academia alexandrina
reconheceu que a batalha metafísica, assumida brilhantemente por Amônio fora da
igreja e por Orígenes dentro dela, e culminando nos ensinamentos de Hipácia,
estava perdida por algum tempo na história mediterrânea. Mas a escola permaneceu
na vida pública e tentou melhorar a tosca prática Cristã com o bálsamo curativo
da ética Platônica. Para atingir este objetivo, a escola precisava de alguém
que pudesse formular doutrinas judiciosamente, permanecer silente a respeito
dos assuntos sagrados que não deviam ser sujeitos ao ridículo ou à profanação,
e exemplificar a sensibilidade ética e a integridade moral que permanecessem
como um testemunho em um mundo mudando radicalmente. A escola encontrou seu
campeão em Hiérocles.
Enquanto Hipácia ensinava os
princípios universais do Neoplatonismo em Alexandria, Plutarco ocupava a
cátedra ateniense dos 'Diadochoi Platonikoi', 'os sucessores de Platão', como o
primeiro Neoplatônico notável da Academia. Trazendo para a escola os
ensinamentos de Jâmblico, Plutarco transformou-os ligando-os à tradição de
Porfírio, Plotino e Amônio. Em acréscimo a esta decisão crítica, Plutarco
viu-se abençoado com três discípulos excepcionais. Siriano cuidou dele até sua
morte em 431, e provou-se um digno sucessor, leal ao espírito de seu mestre.
Proclo foi um estudante tão excepcional que Plutarco renunciou à sua merecida
aposentadoria para prepará-lo para suceder a Siriano na cátedra. Hiérocles de
Alexandria não apresentava nem o profundo entendimento filosófico de Siriano
nem a penetrante criatividade intelectual de Proclo, mas possuía uma
integridade ética pristina e uma calma coragem interna que o recomendaram à
atenção cuidadosa de Plutarco. Mesmo as características gerais da vida de
Hiérocles são desconhecidas, embora autores antigos concordem que ele nasceu em
Hillarima, na Cária, e foi criado em Alexandria. Como um jovem homem já
amadurecido, foi para Atenas para estudar filosofia, pois sua experiência
pessoal dos sistemas religiosos e filosóficos rivais em Alexandria convenceu-o
de que devia aderir ao que então era chamado de 'antiga religião'.
O assassinato de Hipácia
precipitou uma crise na escola de Alexandria. Ela havia recusado desenvolver um
curso permanente, preferindo treinar discípulos para que se aventurassem no
mundo e oferecessem seu conhecimento e percepção interior para os outros. Uma
vez que ela estava com boa saúde e no auge de seus poderes filosóficos, não
havia surgido nenhum sucessor espiritual. Aqueles de seu círculo no tempo de
sua morte eram jovens, inexperientes ou temerosos demais para assumir a
liderança da escola neste grave período. Sinésio, que o poderia ter feito com
dignidade e credibilidade, era também bispo da Pentápolis, e morreu no mesmo
ano. Assim coube à escola ateniense proteger a sucessão em Alexandria. Dadas
estas circunstâncias, parece que Plutarco ponderou sua decisão solenemente.
Siriano já tinha idade avançada e Proclo ainda não havia chegado em Atenas.
Hiérocles era de Alexandria, tinha a fortaleza moral e mental necessárias para
uma tarefa difícil e estava desejoso de levantar a tocha da verdade em frente
ao perigo físico. Plutarco indicou-o sucessor de Hipácia. A história não
registra a pungente partida de Atenas, as preocupações secretas do mestre ou os
pensamentos hesitantes do discípulo, mas uma vez tomada a decisão, jamais por
um momento sequer ela foi obscurecida durante a vida de Hiérocles.
Entre 415 e 450 Hiérocles ocupou
a liderança em Alexandria. Poucos detalhes sobreviveram do olvido que
historiadores críticos impuseram aos remanescentes das antigas tradições
filosóficas, mas eles testemunham sua sagacidade e seu sofrimento. Olimpiodoro
escreveu que muitos dos bens da escola foram roubados em diferentes ocasiões
durante este período. A despeito de seus esforços de viver em paz com a
comunidade Cristã, ele foi uma vez exilado para Constantinopla, onde um
magistrado o flagelou por alguma comparação supostamente depreciativa entre o
Cristianismo e as 'antigas' doutrinas. Como discípulo de Plutarco, ele procurava
harmonizar os ensinamentos de Platão e Aristóteles. Enquanto que Siriano
sustentava que o pensamento Aristotélico era uma pedra de tropeço para a
filosofia Pitagórico-Platônica, Hiérocles ensinava que Amônio Sacas havia
demonstrado a unidade substancial das duas escolas. Antes do que escrever
tratados metafísicos ou tentar uma integração sistemática do pensamento
Neoplatônico como havia feito Proclo, Hiérocles concentrou-se na preservação do
espírito da escola em Alexandria. Ele escreveu ensaios consoladores para amigos
e seguidores, e uma obra sobre a providência e o destino, mas tudo isso se
perdeu, e ele produziu ainda um comentário cuidadosamente composto sobre os
'Carmina Aurea', os 'Versos Dourados' de Pitágoras. Baseado em uma linguagem
atraente para a sensibilidade ética e aspiração moral, ele tocou uma corda
responsiva nos seres humanos, a despeito de suas filiações religiosas. O
'Comentário' permeneceu popular por toda a Idade Média até a Renascença,
preservando para a posteridade a súmula do ensinamento Pitagórico sobre a arte
de viver, assim como a síntese Neoplatônica da filosofia e do misticismo.
Para Hiérocles, assim como para
Platão, a filosofia é um processo autoconsciente de crescimento a longo prazo
em direção à maturidade espiritual e ética.
"A filosofia é a purificação
e o aperfeiçoamento da natureza humana; sua purificação, porque a filosofia a
liberta da temeridade e da loucura que provém da matéria, e porque a filosofia
desvincula seus afetos do corpo mortal; e seu aperfeiçoamento, porque a
filosofia a faz recuperar sua felicidade original restaurando-a à semelhança da
Deidade".
Hiérocles indicava Platão como
"o mais excelente mestre da doutrina de Pitágoras" e os 'Versos
Dourados' como a suprema consumação da filosofia, "pois eles contêm os
preceitos universais para todas as filosofias assim como para a vida ativa e a
contemplativa". Uma vez que os 'Versos Dourados' iniciam com as palavras
"Em primeiro lugar venera os Deuses Imortais, já que foram estabelecidos e
ordenados pela Lei", Hiérocles escolheu permanecer tão mudo como os
Pitagóricos a respeito da Deidade não-manifesta, referindo-se apenas aquele Ser
Intelectual como o demiurgo criador de tudo o que se desdobra em manifestação.
Sua atividade é a Lei divina, que é refletida perfeitamente nos deuses imortais
que presidem sobre o cosmo. Como imagens imutáveis do Divino, eles merecem a
mais alta reverência, sendo as primeiras das essências inteligentes das quais a
alma humana é a última. A alma humana é assim um deus mortal, no que ela
experimenta a morte não por deixar de ser, mas por perder seu bem-estar.
"Pois a morte de uma
Essência racional é a ignorância e a impiedade que acarretam desordens e a
revolta das paixões. A ignorância do bem necessariamente a mergulha na escravidão
do mal - uma escravidão de onde é impossível ser redimida exceto pelo retorno
ao conhecimento da Deidade, o que é feito pela memória e pela faculdade da
reminiscência".
Entre os extremos dos deuses
imortais e mortais, há duas classes de seres inteligentes ou essências
racionais, os "Heróis que são cheios de bondade e luz" e os
"Daimons Terrestres", que representam graus de conhecimento divino e
também são chamados de anjos. A ordem cósmica constituída pelos deuses imortais
é a Lei.
"A Lei é a Inteligência que
criou todas as coisas; é a Inteligência Divina pela qual tudo foi produzido
desde a eternidade e que igualmente tudo preserva eternamente".
A ordem cósmica como um todo pode
ser vista como a emocionante imagem da Deidade, e a alma humana espelha a ordem
cósmica até onde ela é ordenada. Os verdadeiros filósofos ensinam que "a
Deidade não tem morada melhor na Terra do que em uma alma pura", e o
Oráculo de Delfos disse "Eu resido com menos prazer nos céus resplendentes
do que nas almas dos homens piedosos".
Os Pitagóricos enfatizavam a
reverência pelo juramento secreto que faziam. Sem revelar o conteúdo deste voto
de mistério, Hiérocles sugere sua significância fundamental dizendo que é a
observância da Lei divina. Os votos proferidos na vida pública são sombras
destes juramento original, a ação contínua que liga todas as almas juntas entre
si e ao Divino. É o "compromisso da eternidade", e seus reflexos
terrestres são os compromissos no tempo. Disto segue-se que a pessoa deve
honrar pai e mãe, respeitar a humanidade e ser amigo dos virtuosos. De acordo
com a psicologia moral dos 'Versos Dourados', a virtude é corroída pelas
paixões, especialmente a gula, preguiça, luxúria e ira. Hiérocles via nesta
seqüência uma profunda psicopatologia da natureza humana. A gula causa a
indolência que reforça a tendência a desejos insaciáveis que só podem resultar
em raiva. "Acima de tudo, respeita a ti mesmo", aconselhavam os
Pitagóricos.
"Se adquirires o hábito do
auto-respeito, sempre terás à mão um guardião fiel a quem respeitarás e que
jamais te abandonará, mas ficará sempre à vista... Não temos nossas almas, isto
é, nós mesmos, como testemunhas?... Quem pensa que as más ações são indignas de
si insensivelmente se familiariza com a virtude".
A ausência do poder da virtude
constitui o vício. Quando isso ocorre na faculdade racional do homem, é tolice,
quando ocorre na parte irascível, é covardia. O vício na sede do desejo é
intemperança e avareza, e a injustiça é o vício que então penetra todos os
aspectos da natureza humana. Só a sabedoria prática cura a tolice, assim como a
coragem, a temperança ('sophrosyne') e a justiça removem os outros vícios. As
virtudes são poderes efetivos, não técnicas para o pensamento e ação ou meras regras
de comportamento.
"As virtudes originalmente
se irradiam do Espírito Divino e se difundem na Alma Racional. Elas constituem
sua forma, sua perfeição e toda a sua felicidade. Da alma estas virtudes
brilham com um raio refletido para dentro deste ser insensível - quero dizer o
corpo mortal - por uma comunicação secreta e oculta com o intuito de que tudo o
que for acrescentado à essência racional possa ser cheio de beleza, decência e
ordem".
O cultivo da virtude cresce com o
autoconhecimento, pois a virtude depende se um julgamento consistente. Assim o
"respeita a ti mesmo" implica o "conhece a ti mesmo", e isso
é conseguido através do desempenho do dever. "A observância de nossos
deveres é somente a exata e inviolável observância da justiça".
A justiça é penetrante e igual em
todo o mundo, pois o cosmo está embebido de inteligência. "Se não houvesse
Providência não poderia haver ordem no mundo; esta ordem pode ser chamada de
destino". A injustiça, a falta de proporção e equilíbrio, aparece no mundo
por causa das vontades dos seres. A alma que vê a necessidade de ordem
escolherá livremente esta necessidade racional. Uma alma obscurecida pelos
acréscimos agregados através da paixão indisciplinada não escolherá sabiamente,
e assim a injustiça visível que aparece no mundo é exatamente proporcional ao
mérito variável de cada criatura. Mesmo o desejo de saciar as paixões estimula
os poderes criativos da alma e demonstra, embora de um modo invertido, a
semelhança da alma com o Divino e portanto sua imortalidade. A racionalidade
escravizada pelo vício é sofisma e racionalização, mas isso não justifica o
repúdio da razão, pois o raciocínio de uma alma virtuosa "que recuperou
todo o seu fulgor e lustro" confere conhecimento.
"Não é só das virtudes
morais que o homem de conhecimento retirará sua tranqüilidade e constância, mas
da confiança que ele tem em sua própria força para este tipo de combate... O
corpo não é tu, é seu; e todas as coisas externas não são nem tu nem tuas, mas
pertencem a algo que é teu - o teu corpo".
A consubstancialidade da alma
humana com a manifestação dinâmica da Deidade é o fundamento da confiaça, e a
base do conhecimento é a virtude. Não é necessário uma fé cega nos mandamentos
inexplicáveis provindos de alguma fonte divina, pois "obedecer à boa razão
e obedecer a Deus são a mesma coisa". O discernimento da diferença entre
alma e corpo liberta a pessoa da excitação das paixões geradas pela falsa
identificação com a forma e permite à alma cuidar apropriadamente de seu
instrumento, e os 'Versos Dourados' fornecem as linhas mestras para o
tratamento adequado do corpo.
O homem interno, porém, é
prejudicado por tudo o que seja contrário à razão correta, à Lei divina ou à
semelhança da Deidade. O cuidado adequado do homem interno consiste no
auto-estudo e na meditação. Pitágoras incitava seus discípulos a revisarem suas
ações do dia três vezes antes de dormir para descobrir o que haviam feito, o
que omitiram e o que foi mal feito. "Com este método", ensinava
Hiérocles, "todo o rumo de nossa vida será ordenado de acordo com os
preceitos que foram estabelecidos para nós". O auto-estudo torna o homem
bom, mas a meditação vai além da razão, até o cerne espiritual do ser,
"tende a fazer o homem se tornar Deus". Assim ensinam os 'Versos
Dourados':
"Pratica integralmente todas
estas coisas: também medita sobre elas; tu deverias amá-las com todo teu
coração. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina.
"Eu juro-o por Aquele que
transmitiu às nossas almas a Sagrada 'Tetraktys', a Fonte da Natureza, cujo
curso é eterno".
Para Hiérocles, a 'Tetraktys' é a
Deidade, a fonte da Ordem Eterna. Hiérocles, como todos os discípulos de
Pitágoras, não revelou o significado secreto da 'Tetraktys', mas ofereceu
sugestões intrigantes.
"O poder do dez é quatro;
pois antes que cheguemos a uma década completa e perfeita descobrimos todas as
virtudes e toda a perfeição do dez no quatro. Somando todos os números de um a
quatro, o todo perfaz dez. Quatro é uma média aritmética entre um e sete, e
este número é três, sendo o quatro mais do que um assim como o sete é mais do
que quatro.
"Os poderes e propriedades
da unidade e do setenário são muito grandes e excelentes, pois a unidade como
princípio de todos os números contém em si o poderes de todos. O sete, sendo
virgem e não possuindo mãe, ostenta em segundo lugar a virtude e perfeição da
unidade, porque não é engendrado por nenhum número dentro do intervalo de dez,
nem produz nenhum número dentro daquele intervalo... Além disso, há quatro
faculdades que julgam as coisas - o entendimento, o conhecimento, a opinião e o
bom senso.
"Em uma palavra, a
'Ttetraktys' contém e liga juntos todos os inícios, os elementos, os números,
as estações, as eras, as sociedades e comunidades... A divina 'Tetraktys' foi
explicada integralmente como sendo os limites que prescrevemos para para nós
mesmos respeitar".
A meditação sobre a 'Tetraktys'
dá percepção interior sobre a estrutura arquetípica da ordem cósmica e indica
sua aplicação na psicologia noética.
Usando os 'Versos Dourados' como
um guia para a vida diária, um sumário filosófico para o exercício da mente, e
um manual místico para a meditação regular, a pessoa pode vir a experimentar as
verdades aparentemente paradoxais de que o universo é ordenado com precisão e é
absolutamente justo, ao mesmo tempo que os seres humanos são livres para agir
como imaginarem ser o melhor, embora tenham de enfrentar as conseqüências de
todas as ações. "Tu saberás", ensinam os 'Versos', "que os
homens preparam para si mesmos suas próprias más-sortes, voluntariamente e por
sua livre escolha". Esta é uma doutrina de profunda esperança espiritual,
pois os 'Versos' acrescentam: "Mas toma coragem, a raça dos homens é
divina. A Natureza Sagrada lhes revela os Mistérios mais ocultos". Rodeado
por clérigos hostis e mesmo fanáticos, forçado a falar das doutrinas de Hipácia
e Amônio Sacas de modo discreto e em linguagem velada, Hiérocles não obstante
preservou os ensinamentos da escola para aqueles das gerações subseqüentes que
poderiam procurar a teurgia da autotransformação no incansável serviço da
verdade espiritual.
"Assim tu vês que o objetivo da filosofia Pitagórica é que possamos ganhar asas para voar alto até o Bem divino, até que no fim, na hora
da morte, deixando na terra este corpo mortal, e liberando-nos desta natureza
corruptível, possamos ser preparados para a viagem celestial, como campeões nos
sagrados combates da filosofia, pois então retornaremos para nossa antiga terra
natal e seremos deificados até onde for possível para homens se tornarem
deuses... não sendo permitido para ninguém ser adotado na classe dos deuses,
salvo aquele que adquiriu para sua alma a virtude e a verdade, e pureza para a
sua carruagem espiritual".