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HUI-YUAN

"Volta e esquece teus sentimentos de reverência:
vive sem pensar, sem saber.
As Três Luminárias - sol, lua e estrelas - escondem sua luz,
e a miríade de imagens do mundo fenomênico têm um só aspecto.
Pátios e goteiras são construídos interna e ocultamente,
e ninguém pode medir o caminho de volta...
Reflete o Vazio e responde ao simples,
então a morada da Sabedoria será acolhedora.
Cultiva profundamente o refúgio místico,
e à noite, pensa em deixar teu espírito perambular.
Quando, no fim de nossas vidas, encontrarmos Buda,
então daremos ao sofrimento adeus para sempre".

Inscrição em uma imagem de Buda HUI-YUAN

Kumarajiva chegou em Ch'ang-an depois de ser forçado a permanecer em Ku-tsang por dezesseis anos. Sabendo que lhe restavam poucos anos para empreender a tarefa que havia estabelecido para si mesmo, a de traduzir as escrituras e textos Budistas para o chinês, ele focalizou a maior parte de sua atenção neste objetivo. A despeito de seu interesse em todos os aspectos da vida e pensamento Budistas, ele concentrou-se na obra para a qual só ele estava preparado, deixando outras linhas de trabalho para aqueles que pudessem seguí-las. Deste modo, ele prosseguiu um aspecto do trabalho desenvolvido por Tao-an, que havia estabelecido um centro de tradução na capital "bárbara". Tao-an também havia trabalhado para disseminar o 'buddhadharma' pela China. Muitos de seus discípulos continuaram a fazê-lo depois de sua morte, e Tao-an teve sorte de que seu principal discípulo, Hui-yuan, era tão notavelmente qualificado para espalhar os ensinamentos como Kumarajiva o era para traduzir os textos. Hui-yuan complementou Kumarajiva, e juntos eles viram, que a dedicação de Tao-an a todo o âmbito da tradição Budista dera grandes frutos.

Hui-yuan nasceu em 334 dC em Yen-man, na província Shansi, no norte. Seus ancestrais haviam atingido altos cargos no estado chinês, mas uma geração de invasores estrangeiros e lutas internas havia reduzido a família de Hui-yuan a um nível de pobreza comum entre as classes uma vez privilegiadas. Uma vez que havia pouca esperança de melhorar as condições da família em Shansi, ele prontamente obteve a aprovação familiar para acompanhar um tio até Hsu-ch'ang e Lo-yanhg, onde ele poderia estudar os clássicos Confucianos e entrar no 'cursum honorum' que levava a uma posição respeitável na aristocracia administrativa. Seu brilhantismo, gravidade e donaire eram tais que ainda adolescente ele já era considerado versado nos 'Seis Clássicos' Confucianos e mestre emergente do 'tao chia', o caminho para o Tao, como ensinado por Lao Tzu e Chuang-Tzu. A despeito de ter-se tornado um respeitado erudito Confuciano, ele acabou achando este objetivo fácil demais de atingir, e foi atraído cada vez mais para o 'hsuan hsueh', o 'ensinamento obscuro' exemplificado arquetipicamente no primeiro capítulo do 'Tao Te Ching'. Hui-yuan juntou-se a um grupo de eruditos de sua época que duvidavam da eficácia do 'li chiao' - a quintessência da propriedade e a chave para o estado Confuciano na ausência da atenção concentrada na realidade numenal. Contudo, ele descobriu que uma das implicações do ensinamento obscuro apontava para a retirada do mundo e suas atividades frenéticas, e ele considerou isso atraente.

Embora a idéia da vida como erudito em retiro e contemplação afetasse profundamente Hui-yuan, ele considerou que o interminável estado de guerra entre os reinos e principados chineses do norte e do sul impediriam seu regresso direto para casa, e em vez de arriscar indevidamente sua vida, ele tomou rumo norte para as montanhas T'ai-hang, um refúgio relativamente sereno para monges e eruditos que haviam fugido de Lo-yang e Yeh. Acompanhado por Hui-ch'ih, seu irmão mais jovem, ele planejou viajar através da cadeia de montanhas até um ponto próximo de Yen-man, e de lá tomou o caminho mais curta para sua terra natal. Tao-an havia construído um mosteiro no Monte Heng nas montanhas T'ai-hang, e Hui-yuan seguiu rumo para lá, pois ele oferecia um porto seguro em uma viagem arriscada. Uma vez lá, foi-lhe natural ouvir os discursos de Tao-an, um monge que havia adotado uma religião estrangeira e suas práticas igualmente estrangeiras. O impacto em Hui-yuan foi extraordinário e decisivo. De acordo com seu biógrafo,

"Assim que Hui-yuan viu Tao-an, encheu-se de reverência, pensando 'Ele é verdadeiramente o meu Mestre!'. Mais tarde, quando ele ouviu os discursos de Tao-an sobre o 'prajnaparamita', subitamente despertou para a Verdade, e disse com um suspiro: 'o Confucionismo, o Taoísmo e as outras Nove Escolas de filosofia não passam de ninharia'. Então, junto com seu irmão mais moço, lançou fora o prendedor e o laço do cabelo, confiou sua vida ao Buda e se tornou um discípulo".

O interesse de Hui-yuan no ensinamento obscuro o havia preparado para os ensinamentos de Tao-an. Eles apontavam simultaneamente para as mais elevadas realidades numenais e para a importância fundamental da meditação como método 'par excellence' para a alquimia da realização. Hui-yuan, com seu irmão, entrou na comunidade monástica quando estava com vinte e um anos, e permaneceu como o discipulo impecável e fiel de Tao-an durante vinte e cinco anos. Embora pobre, ele devotou-se ao estudo dia e noite, impressionando tanto os outros discípulos que eles se comoveram a ponto de servirem-no em suas necessidades básicas. Quando T'an-yi forneceu velas para os estudos noturnos de Hui-yuan, Tao-an observou "Tu realmente reconheces a dignidade de um homem". Dentro de um ano foi permitido a Hui-yuan discursar sobre as escrituras, e uma vez ouviu-se Tao-an dizer "Se o Caminho há de ser transmitido para as terras orientais - isso depende de Hui-yuan".

Em 364 Tao-an deslocou seu grande corpo de discípulos do Monte Heng porque as guerras na região ameaçavam a segurança do local. Quando se tornou claro que uma comunidade de centenas de monges não poderia se estabelecer nem encontrar refúgio em meio a este conflito, Tao-an enviou diferentes grupos para regiões distantes a fim de disseminarem as doutrinas de Buda. Ele próprio estabeleceu-se por fim em Hsiang-yang, um ponto estratégico na rota entre Lo-yang e Ch'ang-an. Lá ele construiu um mosteiro ao pé do Monte Tartaruga, atraindo monges e noviços e recebendo generoso apoio de patronos. Hui-yuan tornou-se o líder da comunidade e assumiu missões religiosas e diplomáticas em nome de seu mestre. O interesse de Tao-an por traduções acuradas das escrituras foi emparelhado à sua dedicação em estabelecer uma comunidade monástica adequada e duradoura. O grande Mosteiro T'an-ch'i ssu na Montanha Tartaruga deu-lhe a oportunidade de fazê-lo, e Hui-yuan era seu principal auxiliar no desenvolvimento deste aspecto da sua missão. Ele supervisionava os assuntos cotidianos da comunidade monástica, cuidava dos monges e refinou os rituais que eram praticados lá.

Hui-yuan estava constantemente ao lado de Tao-an durante os dezesseis anos que passou em Hsiang-yang. Durante este período, Tao-an recitava o 'Fang kuang po-jo ching', uma escritura Prajnaparamita, e discursava sobre ele duas vezes por ano. Hui-yuan assimilava cada aspecto deste estudo intensivo e também seguia um curso rigoroso de 'dhyana', meditação. Ele proferiu seu famoso voto diante de Maitreya e viu que os princípios monásticos de Tao-an eram praticados. Eles concordavam que o método 'ko-i' de tradução, no qual as concepções Budistas eram traduzidas em termos Confucianos e Taoístas, era inadequado e indesejável, mas Hui-yuan valeu-se de seu profundo conhecimento dos textos Taoístas para ilustrar pontos da doutrina e prática quando discursava para aqueles que não tinham familiaridade com os Ensinamentos de Buda. Uma vez Hui-yuan estava proferindo um discurso sobre o Prajnaparamita quando um ouvinte questionou suas concepções. Depois que um debate polido mas rigoroso falhou em produzir uma conciliação filosófica, Hui-yuan tirou uma analogia dos escritos de Chuang-Tzu e seu oponente de imediato entendeu e aceitou a posição de Hui-yuan. Deste momento em diante, Tao-an permitiu que Hui-yuan fizesse uso dos Clássicos chineses para auxiliar as doutrinas Budistas. Embora o 'ko-i' fosse abandonado, a filosofia comparada foi aceita como uma ajuda para o entendimento. Dada a convicção de Tao-an de que o pensamento Budista devia ser expresso em uma linguagem estritamente adequada à expressão de suas sutilezas, esta concessão revelou sua completa confiança na percepção de Hui- yuan e em sua capacidade de ensinar outros.

Hui-yuan seguia seu mestre na fusão da ênfase Hinayana sobre a meditação ('dhyana') com a ênfase Mahayana na sabedoria transcendental ('prajnaparamita'). Ao passo que Tao-an não distinguia entre estas duas grandes escolas, Hui-yuan o fazia. Ele ensinava que a percepção da Realidade última não poderia ser obtida só com o esforço intelectual ou ético, ou mesmo com a combinação de ambos. Antes, a percepção seria o resultado da persistente 'dhyana', que quando seguida rigorosamente, aos poucos transforma a natureza da busca intelectual e dá significado mais maior profundo à vida ética. Para Hui-yuan, o Hinayana exemplificava o método cardeal para o atingimento da meta apresentada nas escrituras Mahayana. Ele seguia o grande mestre Hinayana An Shih-kao, que declarara que "Dhyana é o timoneiro do navio do Mahayana, o caminho que leva para além da barreira que delimitava o Nirvana", assim como mais tarde ele seguiria as doutrinas do mestre Mahayana Kumarajiva.

Quando Fu Chien atacou Hsiang-yang em 378, o governador proibiu que Tao-an deixasse a cidade, em parte porque ele era um "tesouro", e talvez porque ele pensasse que a presença do monge impediria a invasão. Tao-an, percebendo que Fu Chien mais provavelmente conquistaria a cidade e o levaria para Ch'ang-an, decidiu enviar seu discípulo amadurecido para climas mais seguros, onde ele pudesse disseminar o 'buddhadharma'. Tao-an despendeu meticulosos cuidados nas intruções que deu a cada discípulo que partia, exceto por não dizer nada para Hui-yuan. À medida que os outros deixavam a comunidade, Hui-yuan apresentou-se diante de seu mestre e disse: "Só eu não recebi nenhuma instrução. Temo que eu não seja digno como os outros". Sem um instante de pausa, Tao-an replicou : "Há alguma necessidade de preocupação a respeito de alguém como tu?" Logo antes da queda de Hsiang-yang, Hui-yuan partiu com seu irmão e um grupo de discípulos em direção ao sul. Tao-an foi chamado para Ch'ang-an, onde iniciou suas brilhantes atividades tradutoras, e procurou trazer Kumarajiva para a capital. Hui-yuan por fim estabeleceu-se no Monte Lu, primeiro no Mosteiro Lung-ch'uan ssu, e mais tarde em seu próprio retiro. Tao-an e Hui-yuan jamais se viram novamente.

Lu-shan era uma montanha de extraordinária beleza e penetrante tranqüilidade, e era considerada o lar de um 'naga' indiano que produzia chuva quando invocado adequadamente. Para a surpresa de Hui-yuan, um velho companheiro e antigo discípulo de Tao-an era abade do Hsi Lin ssu, o Mosteiro da Floresta Ocidental, no flanco norte do Monte Lu. Hui-yuan encontrou ali um lar adequado, onde exercia seus excelentes poderes de persuasão para assegurar doações de patronos aristocráticos para a construção de um complexo vizinho, que ele denominou Tung Lin ssu, o Mosteiro da Floresta Oriental. Além de construir celas para monges e um grande salão de encontros, ele erigiu o Po-jo t'ai, Pavilhão Prajna, para meditação, e a Fo ying k'u, Gruta da Sombra de Buda, em imitação de uma gruta natural na Ásia Central onde a sombra do Buda podia ser vista em circunstâncias especiais. Ele também criou um pacífico retiro para meditação onde as nuvens chegavam junto ao topo das árvores. "Cada ponto", registrou um visitante, "visto pelo olho ou trilhado pelo pé era cheio de pureza espiritual e majestade de atmosfera". Uma vez construído o Tung Lin ssu, ele residiu lá pelo resto de sua vida. Seu retiro do mundo, que consistia em jamais ultrapassar o limite assinalado pelo Hu shi, Riacho do Tigre, não impediu que ele exercesse profunda influência nos assuntos de sua época.

Mal havia construído o novo centro monástico, chegaram ao Monte Lu as notícias da morte de Tao-an e do colapso do reino de Fu Chien. O caos que prevalecia no norte fortaleceu as convicções de Hui-yuan de que o fundamento do pensamento e prárica Budistas é 'dhyana', meditação. Assim como os estudos do Prajnaparamita passaram a ser essenciais no seu mosteiro, do mesmo modo 'dhyana' se tornou o principal modo de prática. Hui-yuan combinava um rigor absoluto com uma memorável afetuosidade e compaixão, de modo que os monges viam nele o exemplo da vida espiritual. Sua comunidade se tornou o ideal encarnado, em cujos termos os centros Budistas em toda a China eram medidos e julgados.

Quando o imperador Hsiao-wu foi morto por sua amante em 396, o príncipe herdeiro, doente mental, se tornou o imperador An. Dentro de um ano grandes facções ganharam poder em várias partes do império e buscavam tomar também o trono imperial. Yin Chung-k'an, que venerava Hui-yuan, era imensamente poderoso, mas, colhido em meio ao desastre geral, foi derrotado por Huan Hsuan. Quando Huan Hsuan marchou para além do Monte Lu em sua rota para atacar Yin Chung-k'an, ele ordenou que lhe trouxessem Hui-yuan, mas o monge recusou-se a quebrar seu voto de não passar além do Riacho do Tigre. Quando os conselheiros de Huan Hsuan sugeriram que ele tratasse com rigor um monge que ousara desobedecer seu comando e mesmo havia aconselhado seu inimigo, Huan Hsuan escolheu visitar Hui-yuan em seu próprio território. Em vez de repreender o monge, a Huan Hsuan foi dito que vivesse em paz e deixasse os outros fazer o mesmo. Embora Huan Hsuan jamais viesse a respeitar a tradição Budista, ele de fato honrou Hui-yuan convidando-o a juntar-se à sua corte. Hui-yuan replicou:

"A evanescência de uma glória 'sintonizada com os tempos', no sentido mundano, está gravada em meu próprio coração... Tudo o que faço é aderir constantemente à regra do Buda".

A despeito de sua clara recusa em sancionar as ambições de Huan Hsuan, Hui-yuan permaneceu em estreito contato com esse senhor guerreiro, e freqüentemente interferia em seus assuntos sempre que eles envolviam os monges.

Em 402 Huan Hsuan emitiu uma ordem requerendo o exame de todos os monges. Aqueles que não atendessem aos seus critérios estritos seriam forçados a voltar à vida mundana. Huan Hsuan insistia que os monges verdadeiros deviam ser capazes de expor as escrituras plena e acuradamente, e deviam também residir permanentemente em uma comunidade monástica apropriada, que aderisse a um código de conduta reconhecido, ou senão viver a vida de eremita. Embora este edito parecesse razoável, Hui-yuan sabia que era um artifício planejado pára esvaziar o 'Sangha', e ele argumentou com sucesso em prol do relaxamento de sua aplicação. De fato, o Monte Lu foi inteiramente isentado do exame, e Hui-yuan buscou impedir tratamentos injustos em outros lugares. Huan Hsuan também procurou forçar os moges a prestarem obediência aos reis, assinalando que Lao Tzu comparava os governantes ao céu, á terra e ao Tao, os 'três grandes'. Quando outros tentaram sem sucesso refutar este argumento, Hui-yuan escreveu uma longa resposta, concordando com a interpretação de Huan Hsuan sobre Lao Tzu, mas distinguindo entre Budistas leigos e monges. Os primeiros, estando no mundo, deviam prestar obediência como sua parte na sustentação da ordem mundial. Os monges, contudo, não são do mundo, e não deviam ser obrigados por seus governantes e hábitos. Este debate - polido, vigoroso e mais do que irônico - continuou até 404, quando Huan Hsuan declarou-se imperador e exilou An para uma residência perto do Monte Lu. Antes de receber a obediência que buscara, ele subitamente desistiu de sua reivindicação, louvando a sinceridade dos monges e proibindo qualquer oficial de exigir dos monges os sinais públicos de respeito .

Mesmo enquanto engajado em um sério debate público que influenciaria a posição dos monges Budistas na China ao longo de séculos, Hui-yuan concentrou-se em assuntos profundamente espirituais. Em 402 ele reuniu cento e vinte e três discípulos diante de uma imagem de Amitabha, onde eles proferiram um voto de nascer no Paraíso Ocodental, a Terra Pura de Amitabha. A lenda afirma que este grupo constituiu uma Sociedade do Lótus Branco, o protótipo de todas as escolas da Terra Pura. Embora tal apreciação possa não ser exatamente precisa, o voto coletivo de Hui-yuan diante de Amitabha trouxe uma dimensão vital de devoção para a prática da meditação e ao estudo das escrituras. 'Prajna', 'dhyana', e 'bhakti' formavam o cerne de sua comunidade. Assim como ele foi um dos pioneiros de todas as práticas 'dhyana' na China, do mesmo modo ele às vezes é chamado de o primeiro patriarca das escolas da Terra Pura.

Mal Kumarajiva havia entrado em Ch'ang-an, Hui-yuan escreveu-lhe dando boas vindas e encorajando-o a continuar a obra de tradução de Tao-an. Quando chegou no Monte Lu o rumor de que Kumarajiva cogitava a possibilidade de voltar à Ásia Central, Hui-yuan compôs um eloqüente apelo para que ele ficasse. Ele também fez a Kumarajiva diversas perguntas e recebeu respostas detalhadas. Ele se admirava sobre a natureza do 'dharmakaya', perguntando como ele poderia ser se toda a causalidade havia cessado, e ele explorou a distinção entre o 'arhat' e o 'bodhisattva'. Ele também buscou reconciliar a teoria dos 'dharmas', elementos da existência, com a doutrina do 'shunyata', o vazio. A despeito de sua idade avançada, ele deliciou-se em aprender o que quer que Kumarajiva tivesse para ensinar. Ao mesmo tempo, quando Buddhbhadra, um Sarvastivadin, encontrou Ch'ang-an inabitável, Hui-yuan acolheu-o calorosamente no Monte Lu e ajudou-o a disseminar a prática da meditação por uma vasta área ao sul do Rio Yang-tze.

Retirado do mundo, mas ao mesmo tempo envolvido em numerosos assuntos seculares, Hui-yuan não obstante encontrava tempo para escrever. Uma vez que muitas pessoas versadas no pensamento Confuciano e Taoísta consideravam obscura a doutrina do 'karma', ele concentrou-se em sua explicação.

"O 'karma' tem três tipos de resposta: primeiro, na vida presente; segundo, na próxima vida; e terceiro, nas vidas subseqüentes... A razão pela qual surgem diversas concepções está no fato de que a literatura do mundo considera uma só existência como o limite e não entende o que vai além desta existência única".

Para Hui-yuan, os três mundos estão envolvidos em um fluxo incessante e portanto constituem a arena do mal e do sofrimento. O 'nirvana', porque é imutável, é a liberdade em relação a ambos. Ele pode ser atingido porque em seu cerne a alma não é afetada pelas condições em que se envolve.

"A alma responde perfeitamente e não tem um mestre. Ela é extremamente misteriosa e não tem nome. Move-se em resposta às coisas, e atua nos destinos individuais, mas ela mesma não é uma coisa. Assim, a coisa pode mudar, mas a alma não perece. Ela está ligada a destinos individuais, mas não é limitada por eles, de modo que não se esgota quando o destino chega a um fim. Porque tem sentimentos, pode ser obnubilada pelas coisas. Porque tem inteligência, pode procurar um destino individual..."

"A transmissão do fogo para uma acha de lenha é como a da alma para o corpo. A transmissão do fogo para outro pedaço de lenha é como a da alma para um novo corpo... Uma pessoa iludida, vendo o corpo destruir-se em uma vida, presume que a alma e os sentimentos também perecem com ele, como se o fogo fosse extinto para sempre quando termina de queimar um pedaço de madeira".

Quando Hui-yuan morreu, em 416, ele foi lamentado em toda a China. Orador brilhante, que podia usar o ensinamento obscuro da metafísica Taoísta para elucidar as doutrinas Prajnaparamita, um estadista monástico, que corajosamente enfrentou futuros imperadores, e a espinha dorsal do 'Sangha' chinês, ele era o Budista mais eminente de seu tempo. Combinando meditação, estudo e devoção em um modo de vida regido por princípios, ele deu início a um impulso que alimentaria todos os aspectos do ensino e práticas Budistas durante milênios. Hsieh Ling-yun, um devoto leigo, compôs um encômio ao seu mestre, contrastando sua vida ilustre à dor causada pelo seu passamento. Comparando Hui-yuan ao 'buddhadharma', ele escreveu:

"Quando a Grande Verdade se estabeleceu aqui,
As pessoas em torno ao trono reuniram-se como dragões.
Quando ela veio para cá inspecionar sua morada,
os templos do espírito, inchando, se ergueram...
Quando inumeráveis excelências se reúnem,
sua harmoniosa virtude transcende ganho e perda...

Os ventos sopram através do bambu e do cipreste,
as nuvens sobrevoam penhascos e cumes.
Rios e vales estão como que chorando,
e as montanhas e florestas mudaram seus rostos."




Autor: Elton Hall
Tradução: Um Colaborador
Revisão: Osmar de Carvalho
Fonte: www.theosophy.org



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