"O sábio fala assim: a alma,
tendo uma vida dupla, uma em conjunção com o corpo, mas a outra separada de todo
corpo; quando estamos despertos empregamos, na maior parte, a vida que é comum
com o corpo, exceto quando nos separamos inteiramente dele através de energias
puramente intelectuais e dianoéticas. Mas quando dormimos, somos como que
perfeitamente livres de certas limitações, e usamos uma vida separada da
geração".
JÂMBLICO
A contínua erosão da sabedoria
antiga aumentou exponencialmente pelo mundo Mediterrâneo durante o século III. A
história registrada pode revelar sintomas e quantificar resultados, mas não
pode mostrar as cadeias de causação para além do véu obscurecedor da
pré-história. Os segredos do Egito e da Babilônia estavam declinando já no
tempo de Homero, cujos épicos sugerem uma desconexão entre as correntes
vivificantes dos Mistérios e a sociedade emergente da pólis helenística. Platão
procurou preservar a santidade da doutrina secreta mesmo quando infundiu sua
corrente em uma nova concepção do homem. Alexandre, que conquistara territórios
inimagináveis para a mente macedônia, falhou em realizar seu sonho de um reino
justo onde as pessoas estariam unidas por uma visão universal da humanidade
antes do que separadas por lealdades paroquianas a raça, cultura e costumes. Não
obstante, ele fundou centros, como Alexandria no Egito, que puderam preservar e
transmitir a herança da humanidade. Cleópatra pode ser vista menos como uma
voluptuosa com astúcia política e mais como uma devota da sabedoria espiritual
de Ísis, e que esperava salvaguardá-la introduzindo um sangue rejuvenescedor na
débil dinastia Ptolomaica. Roma acolheu as culturas da Grécia e do Oriente em
seus fóruns, mas não fez nada para cultivá-las ou sustentá-las. A despeito de
uma galáxia de instrutores iluminados, de Pitágoras e Platão até Amônio e
Plotino, a igreja Cristã emergiu em um mundo dividido por sectarismo,
superstição e salvacionismo. Como Orígenes havia temido, a asa dogmática e
literal da igreja destruiu sistematicamente as antigas verdades, mesmo quando
assimilava os absurdos psíquicos e sobrenaturalísticos do paganismo decadente.
Reformulando os ensinamentos
Pitagóricos, Platão deu um impulso vital ao pensamento filosófico e à ação
ética que inspirou tanto a Academia como o Stoa, e legou um senso de proporção
à escola Cética. Amônio Sacas deu um fundamento universal para todas as
religiões e filosofias, profundo o bastante para estimular a ressurgência da
tradição Pitagórico-Platônica através de Plotino, e para alimentar os
ensinamentos internos do Cristianismo nascente através de Orígenes. Embora
lutasse com coragem espiritual e claridade moral, Orígenes perdeu a batalha
pela alma da igreja, mas transmitiu uma corrente que durante séculos acendeu a
centelha intuitiva da gnose em indivíduos esparsos. Plotino estabeleceu-se em
Roma e reuniu ao seu redor uma galáxia de homens e mulheres notáveis, que
passaram a tocha da verdade e a luz da filosofia para a última Academia
Platônica e para muitas gerações de buscadores. Plotino deixou uma metafísica
sistemática que alimentou a psicologia noética e a prática ética; Amélio da
Toscana defendeu as idéias de seu mestre entre escolas de pensamento
poderosamente competitivas; e Porfírio elaborou em detalhe elegante as implicações
éticas das doutrinas de Plotino. Porém, foi Jâmblico quem percebeu claramente a
significância vital da filosofia eclética para a magia, teurgia e
autotransformação.
Jâmblico nasceu em torno de 250
dC em Calcis, na Coele-Síria, e nada se sabe de sua infância e juventude. Ele
já era culto e maduro quando ouviu pela primeira vez as palestras de Anatólio,
um discípulo de Porfírio. Completamente vencido diante dos ensinamentos
Neoplatônicos de Plotino e seus sucessores, Jâmblico viajou para Roma para estudar
com o próprio Porfírio. Por fim ele voltou à Síria, mais provavelmente para
Calcis, e formou uma escola de discípulos que estudou a filosofia Pitagórica,
expôs a teurgia espiritual de Jâmblico e revitalizou a Academia. Jâmblico não
meramente transmitiu os ensinamentos de seus augustos predecessores; ele
refinou suas doutrinas em todos os níveis e estendeu-as para áreas até então
deixadas no silêncio. Reconhecendo que os ensinamentos filosóficos de Pitágoras
e Platão eram baseados em uma percepção do e interesse no destino de cada ser
humano, Jâmblico entendeu que a natureza e as propriedades da alma,
necessariamente ocultas pelo véu da 'persona', deviam ser cultivadas
conscientemente. Isso requeria a ordenação da vida da pessoa em relação aos
outros seres humanos, ao ambiente social e natural, e ao universo como um todo.
Para Jâmblico, eram essenciais o pensamento e ação éticos derivados de
princípíos universais. Também é necessário conhecer os poderes da alma, suas
conexões orgânicas com forças superiores e inferiores e seus potenciais para
comando e canalização destas energias. Isso requer a teurgia. Assim como a
conduta pode ser mal direcionada quando baseada em princípios ambíguos ou
inconsistentes, as operações teúrgicas podem ser perigosas quando conduzidas
inadequadamente. A incessante purificação da consciência é um pré-requisito
para a atividade filosófica ou evolução autoconsciente da alma, conduzindo ao
conhecimento preciso e por fim à gnose luminosa, através do umbral da
iniciação.
Jâmblico escreveu Vida de
Pitágoras para ilustrar a natureza da busca filosófica através de seu maior
exemplo, e também uma largamente lida Exortação à Filosofia. Sua Theologumena
Arithmeticae discutia a complexa base matemática da estrutura e dinâmica do
cosmo, e a este ele acrescentou dois tratados, agora perdidos, sobre a
geometria da ética. Em seu Protrepticus ele valeu-se de Platão,
Aristóteles e dos Pitagóricos para demonstrar a importância do entendimento
filosófico abstrato para a aventura humana. Seus comentários, perdidos, sobre Os
Oráculos Caldeus, composto por Juliano, o Babilônio, a partir de fontes
antigas, explicava os princípios da operação teúrgica, ao passo que seu ensaio Sobre
os Demônios, advertia contra toda sorte de intercurso com eles.
Algum tempo depois de Jâmblico
ter voltado para a Síria, Porfírio preocupou-se que os ensinamentos cristalinos
de Plotino pudessem ser misturados com a superstição e a taumaturgia degradada
prevalecente no Mediterrâneo oriental. Evitando criticar diretamente seu melhor
discípulo, cuja pureza de vida e bom conselho já haviam ganho a admiração de
filósofos e pensadores desde Roma até a Ásia Menor, Porfírio disfarçou suas
dúvidas sob forma de uma carta para um vidente egípcio conhecido como Anebo. Com
a mesma circunspecção e deferência, Jâmblico respondeu extensamente em um
tratado ficticiamente provindo da mão de Abammon, o professor de Anebo. Ao
mesmo tempo que admitia a autoridade na matéria da teurgia, Jâmblico
aconselhava:
"Ignora se o interlocutor é de caráter inferior ou superior, mas atenta
para o que é dito, para estimular prontamente a tua mente para descobrir se o
que é dito é verdadeiro ou falso".
O persuasivo e cuidadoso
arrazoado de Jâmblico, junto com seu notável conhecimento da magia antiga,
obteve a aprovação de Porfírio para o lugar que Jâmblico assinalara para a
teurgia na vida filosófica. Assim como Porfírio havia interpretado os mitos
clássicos à luz da razão filosófica, do mesmo modo Jâmblico penetrou na
essência da teurgia Oriental, lançando as fundações para um frutífero casmento
entre a filosofia rigorosa e a religião reflexiva. Seu sucesso na reunião
destas correntes de pensamento afins em uma harmonia consistente, projetou-o
como o primeiro filósofo escolástico, mas o espírito em que ele trabalhou
distinguiu-o dos eruditos posteriores que procuraram sistematizar a teologia
Cristã. O seu Sobre os Mistérios Egípcios permanece como a realização
perene de um homem que entendeu tanto os requisitos da mente como as
necessidades da alma.
Jâmblico encontrou em Teodoro de
Ásino, Sópater de Apaméia, que foi executado no reinado de Constantino, e
Edésio da Capadócia, discípulos dignos para continuar sua obra. O Imperador
Juliano, que tentou reviver as antigas religiões e escolas de filosofia sob uma
política de liberdade religiosa universal, nasceu na época em que Jâmblico morreu (em torno de 326 dC). Quando Juliano começou a estudar filosofia, ele
procurou por Edésio, em Pérgamo, mas o idoso mestre aconselhou-o a estudar com
os seus discípulos Eusébio de Mindo e Crisâncio de Sardes. Por fim ele se
tornou aluno do grande Máximo de Éfeso, sobre quem Eunápio escreveu: "Nem
mesmo os mais experientes arriscam contradizê-lo numa discussão; eles cedem a
ele em silêncio, como se fosse ele um oráculo, tão grande era o encanto que
estava em seus lábios". Mas a reforma religiosa foi abortada pela morte
trágica de Juliano, depois de apenas três anos de governo, e pela violência da
igreja na destruição das alternativas existentes em prol de seu dogmatismo
estreito. Contudo, os ensinamentos de Jâmblico, refulgiram grandemente em
Proclo, o brilhante sucessor de Siriano na Academia Ateniense, até que suas
portas fossem fechadas permanentemente pelo edito de Justiniano.
Jâmblico percebeu a tendência
geral de degradar concepções exaltadas pela discussão delas através da
comparação e contraste. A Primeira Hipóstase de Plotino, o Um acima de tudo,
havia sido assimilada em algum grau pela Segunda Hipóstase, o Intelecto, na
escola de Porfírio. Jâmblico opôs-se ao que ele via como uma tendência em
direção a um monismo mal-colocado, colocando o Um como além e acima do
Intelecto. Do mesmo modo, ele ensinava que a alma é uma Hipóstase
autosubsistente, inferior ao e dependente do Intelecto. Tendo restaurado uma
perspectiva estritamente Plotiniana, ele ousadamente afirmou o que Plotino
havia apenas sugerido: que existe um princípio supremo além mesmo do Um, que
pode ser chamado de Inefável.
"Antes de verdadeiramente
existirem seres e princípios universais, existe uma Deidade, anterior ao
primeiro Deus e regente, imóvel e residindo na solidão de Sua própria
unidade".
O universo, incluindo todas as
forças inteligentes e vitais dentro dele, emana por etapas ontológicas a partir
do Um. Jâmblico, consciente de que nada na natureza surge por saltos, mas antes
por desdobramento gradual, não estava satisfeito em falar das Três Hipóstases,
mesmo quando as duas últimas eram subdivididas em tríades. Ele procurou discernir a derradeira gradação ontológica através da qual o Um se
torna muitos nos vários níveis.
A preocupação em traçar tão
precisamente quanto possível as conexões entre cada desdobramentop hipostático,
delineando assim a escada de contemplação que a alma aspirante deve subir,
levou-o a modificar ou resituar alguns princípios Neoplatônicos. Aceitando as
doutrinas compatíveis de que, de acordo com a tradição Platônica, tudo está em
tudo e, de acordo com a doutrina Hermética, o particular é um microcosmo do
macrocosmo, Jâmblico acrescentou que enquanto cada entidade particular reflete dentro
de si o todo da realidade, o faz apenas de um modo consoante à sua própria
natureza. Cada entidade é portanto uma parte do todo e uma unidade em si mesma.
A tríade hipostática é refletida em tudo, incluindo o que quer que recaia
dentro de qualquer Hipóstase em si mesma. Jâmblico viu a necessidade de apontar
para o Inefável além de todas as Hipóstases. O Intelecto é uno, mas
inteligível como um objeto de pensamento, e intelectual como um ato de pensar. Isto
significa que o objeto de pensamento precede os atos particulares de pensar, as
formas ideais são anteriores às mentes que as percebem, e portanto as
distinções lógicas implicam representações ontológicas. Antes de ambas está o
intelecto como um reflexo do Um, e lá fundem-se a lógica e a ontologia. Tudo o
que pode ser dito existir verdadeiramente o faz de três maneiras. Como a matriz
ideal, é o que Platão chamava de Forma, na qual participavam as coisas. Representada,
é tanto a classe como os seus integrantes, pois eles participam da matriz
ideal. Mas é também 'imparticipável', transcendendo todas as relações com os
níveis inferiores do ser. Esta dinâmica estrutura triuna da existência
manifesta separa as coisas em ordens apropriadas (taxis), séries (seira)
e números (plethos), e também as mantêm unidas. Enquanto que a separação
produz extremos, como o particular imparticipável e representado eles são
sempre ligados pela lei do meio; neste exemplo, pela matriz ideal. Esta lei se
aplica a todos os níveis do ser, cada nível unido o nível acima e o nível abaixo,
e com cada nível reunindo os particulares de cada nível dado.
Embora a lógica e ontologia de
Jâmblico pudessem parecer desnecessariamente complexas e mesmo áridas, são
poderosas ferramentas para a autotransformação. Cada Hipóstase expressa a totalidade
do ser, e assim a realidade lógica da Primeira Hipóstase se torna a verdade
psicológica da Terceira (Alma) e a fisiologia do mundo material. Cada nível de
realidade contém, como que através de irradiação, os princípios dinâmicos
inteligentes dos níveis superiores. Assim os seres podem descer para níveis
cada vez mais heterogêneos através destes reflexos, e podem ascender a níveis
superiores ativando os princípios superiores dentro do nível que é deles. Jâmblico,
escrevendo como o preceptor egípcio Abammon, oferece um exemplo de descida em
uma discussão do ensinamento de Hermes:
"Ele coloca o deus Emeph (Kneph?) antes e como um líder dos deuses
celestiais. E ele diz que este deus é um intelecto, ele mesmo percebendo
intelectualmente a si mesmo e convertendo as intelecções para si mesmo. Mas
antes disto, ele coloca o indivisível Um, que ele diz ser o primeiro paradigma,
e que ele denomina Eicton. Neste também está contido aquilo que é o primeiro
intelectivo, e o primeiro inteligível, e que deve ser adorado somente através
do silêncio... O intelecto demiurgo, que é o custódio da verdade e da
sabedoria, descendo à geração, e conduzindo o poder da razão oculta para a luz,
é chamado Amon na língua egípcia; mas em conseqüência de aperfeiçoar todas as
coisas com veracidade e artifício, ele é chamado Ptha... E também até onde ele
é efetivo no bem é chamado Osíris".
A alma também é um elo entre a
inteligência pura, que é impessoal e universal, e o mundo sensível. Contendo
todas as forças inteligentes da realidade, os logoi de tudo o que
existe, a alma é o exemplo (paradeigmatikos) em relação à natureza
material e a imagem (eikonikos) da Hipóstase intelectual. Assim os
poderes reflexivos e executivos da alma são ligados e ambos trabalham
diretamente pelo bem do mundo. A filosofia é crucial para a capacidade da alma
em se tornar uma imagem precisa dos reinos transcendentais de maior unidade,
manifesta-se em ação como harmonia e em pensamento como beatitude, e a ética é
fundamental para a habilidade da alma de ser um paradigma da natureza que
contribuia para o bem de todos os seres. Para Jâmblico, falar da descida e
subida da alma é como falar da aurora e do ocaso, o que é conveniente, mas,
falando estritamente, impreciso. Nada pode se mover para fora de sua ordem e nível
de ser. Mas pode obscurecer a radiação numinosa em si mesma e deste modo pode
'cair', enfraquecendo toda a ordem; ou pode esforçar-se para refletir aquela
radiação mais completamente, e aspirando, restabelece toda a ordem. Aplicado à
antropologia de Jâmblico, isto significa que cada alma tem sua própria
peregrinação, mas seu destino é causalmente ligado ao destino de todas as
outras almas e todos os seres. Portanto a ética não pode ser divorciada da
teurgia.
As miríades de níveis de ser,
matematicamente estruturados e ontologicamente inter-relacionados, correspondem
às hierarquias de deuses, desde o completamente inefável até as hostes de
espíritos da natureza. A teurgia lida com a transformação da natureza através
da autotransformação, vista como a interação de inteligências envolvendo ritos,
sacrifícios e invocações. A sabedoria é magia, embora nem toda magia seja
sabedoria, e este é o motivo pelo qual quem deseja comungar com o Divino deve
cultivar em si mesmo a filosofia, o amor à sabedoria, e não simplesmente o amor
à magia. Qualquer sacrifício ou ritual oferecido aos deuses é eficaz, mas uma
vez que o universo é uma geometria viva, cada som, número, cor e ação
corresponde a alguma ordem de seres inteligentes. A natureza do sacrifício e o
estado da mente com que se oferece determina o deus que ele invoca. A pessoa
deve ter mente e coração puros, bem como deve possuir conhecimento, se não
deseja atrair um demônio ou espírito elemental. Daí que "devemos ser muito
cautelosos para que não ofereçamos nenhuma oferenda indigna ou estranha aos
deuses". Poderes considerados remotos pelos homens comuns podem ser
obtidos, como demonstrou Pitágoras e era acreditado pelo próprio Jâmblico. É
desastroso procurá-los por si mesmos, "pois sempre na ordem teúrgica as naturezas
secundárias são invocadas através das primárias", e isto requer verdadeiro
conhecimento espiritual. Essencial para toda atividade sacrifícial é a prece. A
prece coletiva, ou a meditação no Divino, podem levar ao contato com a
divindade. A comunhão consensual, transcendentdo a fala e o conceito, invoca os
dons dos deuses. Mas "o selo da união inefável com os deuses" leva a
alma a repousar na Deidade.
"O primeiro pertence à
iluminação; o segundo, a uma comunhão de operação; mas através da energia do
terceiro, recebemos um perfeita plenitude de fogo divino.
"Isto é a consumação da
busca filosófica e da questão religiosa, é o nascimento da sabedoria e da
magia.
"Aqui a contemplação da
verdade e a posse da ciência intelectual serão encontradas. Um conhecimento dos
deuses é acompanhado por um conhecimento de e uma alquimização de nós
mesmos".
Assim o aspirante à sabedoria
entra naquele estado de existência transcendental experimentado por todos
durante o sono e depois esquecido, mas agora (experimentado) na vida desperta e
com plena consciência. Esta purificação da alma permite à pessoa atravessar o
estado pós-morte simbolizado pelo Hades e por fim obter libertação do
renascimento compulsório. Almas obscuras são iludidas no Hades e logo renascem
na Terrra.
Embora Jãmblico fosse calunidado
pela igreja como instrutor das superstições Pagãs e esquecido por uma tradição
filosófica que preferiu ignorar o significado espiritual da teurgia, aqueles
que o estudaram chegaram a conclusões diferentes. Proclo e outros chamaram-no
'divino', e o imperador Juliano escreveu que ele tinha uma mente igual à de
Platão. Como todos daquela linha de instrutores da qual ele veio, o pensamento
sutil e vida disciplinada de Jâmblico serviram para emitir uma mensagem simples
para a humanidade:
"O contínuo exercício da
prece cultiva o vigor de nosso intelecto e torna os receptáculos da alma muito
mais capazes para as comunicações dos deuses. Igualmente é a chave divina que
abre aos homens a porta para os deuses e nos acostuma aos esplêndidos rios de
luz superna. Em um curto período ela aperfeiçoa nossos recessos mais íntimos, e
os dispõe para o abraço inefável e o contato com os deuses, e não desiste até
que nos leva ao topo de tudo".
"O espírito é o mestre, a
imaginação é o instrumento, e o corpo é o material plástico. A imaginação é o
poder pelo qual a vontade forma entidades siderais a partir dos
pensamentos"
PARACELSO