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SAINT-MARTIN, LOUIS CLAUDE DE

Louis Claude, Conde de Saint-Martin (18 de janeiro de 1743 - 13 de outubro de 1803) levou uma vida pacífica e impecável em meio ao holocausto da Revolução Francesa. Ele era um verdadeiro Teosofista e um Adepto. Sua época testemunhou a opressão, degradação e desintegração humanas em um grau que tornou a muitos cínicos e niilistas. Saint-Martin calmamente chamou a atenção para o 'ministério do homem', sua natureza imortal e destino divino, exemplificando em sua própria vida o fato de que podemos perceber verdades eternas no caos temporal.

Nascido em Amboise, na Touraine, sua vida inicial é desconhecida. A tradição sugere que em torno dos 15 anos ele tenha encontrado o Conde de Saint-Germain, que havia estabelecido residência no castelo de Chambord, a poucos quilômetros de Amboise. Depois de estudar jurisprudência, Saint-Martin se tornou o Advogado do Rei na Alta Corte de Tours, mas seu interesse nas raízes da justiça humana diminuiu sua tolerância para com as tecnicalidades jurídicas. Ele apelou a seu influente amigo, o Duque de Choiseul, para que o ajudasse em obter outra posição, e em 1766 ele se tornou lugar-tenente  no Regimento de Foix, aquartelado em Bordeaux. Então, em 1767, ele encontrou Don Martinez Pasquales, um Rosacruz, fundador de uma ordem Maçônica e estudante da Kabbalah.

Pasquales fundou sua ordem em Paris e estabeleceu uma escola oculta em Bordeaux chamada de Ordem dos Cohens Eleitos, à qual juntou-se Saint-Martin em 1768. Profundamente impressiondo pela presença de seu professor e por suas doutrinas, Saint-Martin renunciou à sua carreira militar em 1771. A sua seriedade de propósito e devoção ao seu professor elevaram-no à testa da escola, quando Pasquales teve de viajar para Santo Domingo, nas Índias Ocidentais. Embora a escola ensinasse os mais elevados princípios éticos, seu interesse em poderes ocultos práticos assustou Saint-Martin, que os considerava perigosamente prematuros para o progresso espiritual de seus membros, mesmo que entre eles estivessem o Conde d'Hauterive, o Abade Fournier, o Marquês de la Croix e provavelmente Cazotte. Saint-Martin viajou entre Bordeaux, Paris e Lyons numa tentativa de refundar a escola em bases espirituais mais firmes. Quando Pasquales morreu em Port-au-Prince, em 1774, Saint-Martin mudou-se para Lyons e estabeleceu um rito Maçônico secreto chamado "Rito Retificado de Saint-Martin", em um esforço para reviver a Maçonaria oculta como um bastião contra o crescente materialismo dos Enciclopedistas.

No mesmo ano, Saint-Martin começou sua primeira obra importante, Sobre os Erros e a Verdade, que foi publicada em 1775 sob o pseudônimo de 'un philosophe inconnu'. Nenhum de seus escritos levaria seu nome real senão depois de sua morte. Nesta obra, Saint-Martin combateu a tese de Boulanger de que a religião surgira do medo do homem primitivo ante as catástrofes naturais. A verdade, insistia Saint-Martin, é que "No primeiro olhar que o homem lançar para si mesmo, ele perceberá sem dificuldade que deve haver uma ciência ou lei evidente para sua própria natureza".

"A opressiva desgraça do homem não é que ele seja ignorante a respeito da verdade, mas que ele conceba mal sua natureza. Quantos erros e sofrimentos teriam sido poupados se, longe de procurar a verdade nos fenômenos da natureza material, tivéssemos resolvido descer para dentro de nós mesmos e tivéssemos procurado explicar as coisas materiais através do homem, e não o homem através das coisas materiais - se, fortalecidos pela coragem e paciência, tivéssemos preservado na calma de nossa imaginação a descoberta desta luz que nós todos desejamos com tanto ardor".

A lei de nosso ser é encontrada na natureza e no exercício da vontade humana - a chave para os mistérios tanto do homem como da natureza - pois a própria vontade prova a realidade de uma Causa inteligente ativa que é a fonte de todas as leis.

A tendência para dar mais atenção aos fenômenos externos do que à natureza interna gera uma confusão e desarranjo do pensamento, onde a aspiração humana pode vir a parecer um absurdo em meio a um universo aparentemente indiferente. Daí surge o mal. "O bem é, para cada ser, a plenitude de sua lei própria, e o mal é aquilo que se lhe opõe". O mal jamais pode obscurecer total ou permamentemente o bem, pois o mal é um desarranjo que pressupõe uma ordem ontológica anterior, e no máximo pode retardar o cumprimento da lei do ser. "Assim fica evidente que nenhuma igualdade de poder ou antigüidade pode ser atribuída a estes dois princípios". O mal é a desarmonia que surge na vontade humana através do apego aos fenômenos externos. Qualquer bem que seja entendido somente nos termos relativos a um mal correspondente não é um bem, em seu sentido maior. A vontade deve ser redirecionada para um bem universalmente concebido como harmonia e unidade de ser, e para fazermos isso começamos aceitando a responsabilidade por nosso estado atual.

"Quando descemos para dentro de nós mesmos, percebemos claramente que uma das primeiras leis da justiça universal é uma proporção exata entre a natureza da penalidade e da ofensa, e isto é cumprido pela subjugação do ofensor para que execute atos que se emparelhem àqueles que ele executou criminalmente, sendo por isso opostos àquela lei que ele abandonou".

Através de um reconhecimento consciente da unidade de todo o ser na lei da vontade humana, o homem pode vir a lembrar que ele entrou no mundo com uma alta missão, e que a intoxicação com os fenômenos causou-lhe seu esquecimento. O homem é "o único ser na ordem natural que não é obrigado a seguir sempre o mesmo caminho", e que pode devolver a si mesmo e a toda a natureza a um estado paradisíaco.

Depois de viajar pela Itália e estabelecer-se em Versalhes, ele publicou em 1778 sua Tabela Natural de Correspondências que Existem entre Deus, o Homem e o Universo. É uma extensão de seu primeiro trabalho, e detalha as relações e analogias que postulou entre os vários níveis do ser. Através de um entendimento adequado das correlações, a vontade pode elevar o homem a estados superiores de unidade autoconsciente. O esforço deve ser empreendido num espírito de renúncia e auto-sacrifício. De outra forma não conseguiremos deixar de ficar fascinados pelas relatividades grosseiras que nos prendem em um estado decaído. As correlações podem ser entendidas matematicamente, embora este método seja o mais difícil, porque é o mais preciso. A queda do homem pode ser encontrada  no movimento de 4 para 9. "A proporção do mal contra o bem aqui embaixo é numericamente como 9 para 1, em intensidade como 0 para 1, e em duração como 7 para 1". Mas o divino não é sujeito a cálculo e portanto é eternamente incognoscível.

"Como seria possível para o homem sujeitar aos seus cálculos a Divindade e fixar seu número primário? Para conhecer um número primário é preciso pelo menos ter uma de suas alíquotas. Se tentássemos representar a imensidão do Poder Divino, suponhamos que enchêssemos um livro, ou mesmo o universo inteiro, com números, não teríamos nem assim atingido a primeira alíquota, uma vez que poderíamos sempre acrescentar novos números, isto é, encontrar sempre novas virtudes neste Ser".

Depois de publicado este trabalho, Saint-Martin viajou entre Paris, (onde Mesmer há pouco recebera grande atenção) e Lyons, e fez uma misteriosa visita à Rússia. Embora a escola de Pasquales fechasse em 1778, muitos de seus membros ajudaram a fundar os Filaletos parisienses, um ramo da Loja dos Amigos Reunidos, e tanto Saint-Martin como Cagliostro foram em 1784 convidados a se associar. Cagliostro aceitou, na esperança de purificar a Loja de suas tendências fenomenísticas. Saint-Martin recusou, por causa de seus interesses psíquicos, embora muitas vezes ele tenha se encontrado com membros cujas convicções eram primariamente espirituais. Ele se juntou a Cagliostro, Mesmer e Saint-Germain na Convenção Maçônica de Wilhelmsbad em 1782, e na Convenção de Paris em 1785.

Em 1787 ele viajou para Londres, onde encontrou-se com Herschel, Lord Beauchamp e com o príncipe russo Galitzin, que provavelmente era um membro da 'Loja do Norte' de Cagliostro. Ele estudou os escritos de William Law sobre Jacob Boehme e os escritos místicos de Jane Lead. Com o Príncipe Galitzin, viajou para Roma, onde Cagliostro estava aprisionado pela Inquisição. Lá o Príncipe confidenciou para Fortia d'Urban: "Só sou realmente um homem depois de ter conhecido Saint-Martin".

Saint-Martin estabeleceu residência em Strassbourg por três anos, aprendendo alemão a fim de estudar em detalhe as obras de Boehme. Ele se tornou amigo do Chevalier de Silferhielm, um sobrinho de Swedenborg, e interessou-se pelas obras do vidente. Em 1790 ele publicou O Homem de Aspiração, uma salmodia sobre a tentativa da alma de atingir seu Espírito-fonte. No ano seguinte ele voltou para Amboise para cuidar de seu pai moribundo.

Em 1792 ele publicou dois trabalhos: Ecce Homo, e O Homem Novo. O primeiro é uma instrução contra a inclinação para maravilhas inferiores como os fenômenos espíritas. O último é uma discussão sobre o princípio mais interno do homem. "Toda a Bíblia", escreveu ele, "tem só o homem como seu objeto, e o homem é sua tradução melhor e mais completa". Cada homem traz em si uma Palavra, da qual sua vida deveria ser uma manifestação. Cada alma, de certo modo, é um pensamento divino, e à medida que se aprende a ler este pensamento e traduzí-lo em cada pensamento e ato, estas capacidades se tornam a base da renovação e regeneração espirituais. A prometida Nova Jerusalém está no coração de todo homem".

Também em 1792 ele começou sua famosa correspondência teosófica com Kirchberger, Barão de Liebestorf, Membro do Conselho Soberano da República de Berna. Saint-Martin delineou os interesses que tinha em mente quando publicou estes três últimos trabalhos.

"Esta Palavra interior, quando se desenvolve em nós, influencia e ativa todos os poderes dos segundos, terceiros, quartos, etc, e os faz produzir suas formas... cada espírito produz sua própria forma, de acordo com a essência de seu pensamento; mas digo que há imitações que tentam arremedar os verdadeiros. Além disso há tudo o que o astral pode misturar... e verás mais do que nunca quão verdadeiramente este centro é nosso único porto seguro, nossa única fortaleza".

Ele estava em Paris, durante o sangrento combate de 10 de agosto de 1792. "As ruas perto da casa em que eu estava eram um campo de batalha". Não obstante, Saint-Martin tratou dos feridos e cruzou as linhas de batalha para cuidar de sua irmã. Ele testemunhou horrores perpetrados em nome da 'Liberdade, Igualdade, Fraternidade', um lema que ele mesma havia cunhado, mas mesmo assim permanecia sempre otimista.

Mais tarde ele foi eleito membro da assembléia departamental em Amboise, e nos anos seguintes ele escreveria alguns breves tratados interpretando os eventos da Revolução no contexto das capacidades morais e destino espiritual do homem. Ele afirmava que a base legítima da ordem social é um governo teocrático que emane de uma consciência de e alinhamento com o centro espiritual do homem.

Em 1800 ele publicou O Espírito das Coisas, seguido em 1802 por sua obra-prima de síntese filosófica, O Ministério do Homem-Espírito. Ele também publicou algumas traduções de Boehme.

Em 1803 ele sentiu seu fim aproximar-se e disse ao Monsieur Gence: "Estou pronto. As sementes que tentei plantar frutificarão". Ele retirou-se para a residência do Conde Lenoir la Roche, em Aunay, e morreu tranqüilamente em 13 de outubro.

O Homem-Espírito exorta o homem a exercitar suas capacidades espirituais e a desenvolver radicalmente sua natureza interna. A Natureza geme debaixo da carga que o homem colocou sobre ela através de sua própria queda de seu verdadeiro lugar no esquema do ser harmonioso. "Não digas mais que o universo está em seu leito de morte", pois "tu mesmo és, portanto, a sua tumba". "injeta rapidamente, por todos os seu canais, o elixir incorruptível; é para que o ressuscites".

"Quanto mais observarmos a natureza melhor reconheceremos que se ela tem seus momentos de tristeza, também tem os de alegria, e só podemos descobrí-los e apreciá-los. Ela é consciente de uma vida secreta circulando em todas as suas veias, e através de nós como seu órgão ela espera os sons daquela melodia que a sustenta, e oferece ao inimigo uma barreira intransponível. Ela procura em nós o fogo vivo que se irradia daquela música, e que por nossa meditação é como bálsamo salvífico para todas as suas feridas. É mesmo verdade que, de certo modo, é só o homem terrestre que considera a Natureza silente e ameaçadora; pois para o homem de aspiração tudo nela canta, tudo profetiza sua libertação em cânticos sublimes. Portanto, devemos ser conscientes de que tudo no homem deve cantar para cooperar naquela emancipação, de modo que todos os homens na terra possam ser capazes de dizer conosco que na Natureza tudo canta".

Para cantar junto, o homem deve sacrificar os elementos falsamente preciosos de si mesmo que são produto da identificação com as formas externas antes do que com as internas e com o Centro interno. Para devolver o Logos à sua posição correta no homem, cada um deve perceber sua própria imortalidade. Esta percepção é possível porque agimos a partir dela inconscientemente ao longo de todas as nossas vidas.

"Um modo de estabelecer pelo menos o índice de nossa imortalidade é perceber como, em todos os sentidos, o homem aqui embaixo caminha diariamente à beira do túmulo, e só pode ser por algum instinto de sua imortalidade que ele procura elevar-se acima deste perigo, vivendo como se ele não existisse".

A recusa em removermos nossa cegueira em relação à nossa verdadeira natureza ameaça destruir-nos. Devemos passar a experimentar a energia afirmativamente vital no centro de nossa consciência da morte, pois isso nos mostrará que precisamos nos engajar conscientemente em uma regeneração espiritual ativa. "Se não sentimos nossa morte espiritual, como poderíamos sonhar em invocar a vida?" A morte física é somente uma fase transitória que pode nos levar a uma vida mais vasta:

"A morte é meramente o abandono de uma aparência, ou antes o abandono de um nada. Resta depois uma ilusão a menos entre o homem e a verdade. Os homens comuns acreditam que temem a morte, mas é da vida que eles têm medo... O homem sábio que está convencido de que este mundo é só uma cópia do mundo invisível deve se alegrar e não se entristecer quando chega o tempo de conhecer o original, porque é uma verdade geral que os originais sejam preferíveis às cópias... A morte é a seta que todos os homens disparam, mas o ângulo de queda sendo igual ao ângulo de ascensão, eles se vêem após a morte no seu antigo nível, seja alto ou baixo".

Nosso débito para com o homem e a natureza é pago através do serviço auto-sacrificado que é o cultivo do amor para com todas as criaturas. "Como prova que de estamos regenerados, devemos regenerar tudo em nosso redor".

"O próprio universo é como um grande templo, os astros são suas luminárias, a terra é seu altar, todos os seres corpóreos são seus sacrificadores ardentes, e o homem, o sacerdote do Eterno, oferece os sacrifícios".

Saint-Martin era um amante da humanidade porque sabia que os homens são melhores do que aparentam. Por mais obscurecido que esteja por circunstâncias degradantes, o homem é o centro solar do universo espiritual, o pivô na Natureza manifesta. Sua gentileza sublime e sua confiança absoluta se baseavam em sua convicção de que "Deus é um paraíso fixo; o homem deveria ser um paraíso em movimento". E ele exemplificava os aforismas que expressam o movimento do homem verdadeiro:


"Sem desejo, apenas obediente.

Sem idéias que não sejam uma comunicação sagrada.

sem palavras que não sejam um decreto soberano.

Sem atos que não sejam um desenvolvimento e uma extensão do poder vivificante da Palavra".

A DIVINA VOZ

Forças vulcânicas, em seus abismos comprimidas,

Rochas e torrentes impedem todo repouso,

mas a chama ardente as lambe e subjuga -

Usa, oh homem tímido, forças assim!

Um poder constante dirige para romper a cadeia,

para quebrar a grade, e assim ganhares liberdade;

elas são inertes, não resistem à tua força,

enfim voarás acima de seus destroços!

Quando o relâmpago instantâneo aparece antes do ribombo do trovão,

toda a abóbada celeste se revela,

e ele se manifesta ao ar como mestre;

uma igual obra é a tua, distingue aqui o teu símbolo.

Ah, eu te precipitei das alturas estreladas,

Assim tu, que mergulhaste empós da luz cadente,

refulgindo ao tocar na terra,

com tal choque voltarás ao teu céu primeiro.

O homem é o sentido secreto de tudo o que parece;

para que as outras doutrinas sejam apenas sonhos fúteis,

que a Natureza siga seu rumo, livre de toda contenda,

enquanto seu grande arco é mostrado por seu astro diurno.

Preparado para leis mais vastas, reinará o homem,

tendo a terra como trono, coroado de estrelas.

O mundo universal seu império espera,

que com régia corte restaure seu antigo estado.

LOUIS CLAUDE DE SAINT-MARTIN




Autor: Elton Hall
Tradução: Um Colaborador
Revisão: Osmar de Carvalho
Fonte: www.theosophy.org



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