Terapias
Corporais
A
Busca da Saúde Integral por Métodos Naturais
Palestra
Pública proferida em 24 de julho de 1998 na Loja Teosófica Liberdade
por Claudio Witte, terapeuta corporal.
Eu estou acostumado mais a dar aulas para
pessoas que já atuam na área, ou que estão iniciando
um estudo na área de terapias corporais. Não é o caso
de vocês, que querem, provavelmente, uma idéia bem
geral. Então vou começar falando um pouco sobre o tema.
A saúde por métodos naturais, terapias corporais.
Terapias corporais pode ser muito abrangente. Qualquer
modalidade que seja voltada a trabalhar com o corpo pode
ser considerada uma terapia corporal. Ginástica,
alongamentos, Yoga. No meu caso específico, me interesso
pelas terapias manuais, ou seja, as terapias corporais
que utilizam um recurso natural que é a mão, como
instrumento. Nisso você tem uma gama enorme também de
técnicas, de modalidades. Qualquer forma de massagem é
uma terapia manual. Se restringirmos só à massagem já
fica também uma coisa bastante extensa para se falar de
cada uma delas.
Essas terapias manuais eu chamo de quiroterapias.
"Quiro" do grego, quer dizer "mão",
e terapia é tratamento. Toda modalidade de tratamento
que usa a mão como instrumento de cura pode ser
considerada uma quiroterapia.
Eu queria fazer um apanhado sobre o conceito de saúde
antes de entrar um pouco mais sobre as quiroterapias.
A Organização Mundial de Saúde OMS
propõe uma definição e isso, se não me engano,
foi por volta de 1948 da saúde como sendo um
estado de bem-estar físico, emocional, econômico, bem
abrangente, e não só a simples ausência de doenças.
Então você pode pensar que existem muitos meios.
Qualquer meio que estivermos usando, até para melhorar
as finanças de alguém, estará voltado para um certo
tipo de saúde. Se estivermos trabalhando com o
desempenho de alguém no trabalho, também pode ser
considerado, por essa definição, como um trabalho
voltado para a saúde.
(vai para a lousa)
Existe um... A gente pode representar de várias
formas, mas eu gosto de representar a saúde como um
triângulo eqüilátero, cada lado do triângulo
representando um fator. É interessante [o fato de a loja
adotar o tema] ecologia no próximo ciclo [de palestras]
porque o nome que eu utilizo para este triângulo é
"Triângulo Ecológico da Saúde". Já explico
o por que. Porque o três fatores envolvidos na
construção desse triângulo se interrelacionam o tempo
todo. Então qualquer atividade feita num fator vai
responder num outro, vai ter inter-relações o tempo
todo. Por isso é "ecológico". É o
equilíbrio de todos os fatores.
Existe um fator que é o fator estrutural. Existe um
fator mental. E existe um outro fator, o terceiro, para
fechar o triângulo, bioquímico. A maioria porque
é uma representação útil, mas não perfeita
das formas de tratamento, de terapias, podem ser
enquadradas dentro do triângulo em qualquer um desses
lados.
Quando eu pensar na medicina alopática, que usa
medicamentos para conseguir um efeito dentro do corpo,
estamos entrando aqui, no fator bioquímico. Se pensarmos
nas dietas, na alimentação, na dietoterapia, ele entra
aqui através do que você está pondo para
dentro, para construir o seu corpo, você está atuando
na saúde através desse lado.
Estrutura é onde eu me enquadro. Eu trabalho com
terapias manuais voltadas para este fator aqui,
estrutural. Terapias manuais podem ser usadas inclusive
para os outros, e têm inter-relações com os outros.
Mas eu trabalho bem aqui. Todas as formas de tratamento
que se voltam para a estrutura do corpo humano entram
neste fator. Massagem, quiroprática - que é o ajuste da
coluna Rolfing, a Ioga, a Hatha Ioga entra aqui.
E o outro fator é o fator mental. Todas as formas de
abordagem que envolvem a mente, ou a parte psíquica da
pessoa, vão atuar aqui. Então você tem aqui outra
forma de Ioga, a Raja Ioga. Você tem aqui as várias
modalidades de psicoterapias. Você tem a Programação
Neurolingüística, que eu enquadro aqui.
Isso não quer dizer que você está atuando só aqui.
Eu mesmo trabalho aqui mas faço "pescarias"
ali, que vocês vão entender daqui a pouco como.
Eu trabalho aqui, no estrutural, com uma mescla de
técnicas, que são a quiroprática, ou quiropatia, as
massagens e com uma técnica específica que é a
mioterapia de pontos-gatilho. "Mio" quer dizer
músculo, então mioterapia é uma forma de tratamento de
músculos através de uma entidade chamada ponto-gatilho,
que são os responsáveis por muitas das ocorrências de
dor no corpo.
A grande maioria das dores vem da área estrutural, do
corpo. O sistema muscular, nosso sistema locomotor, é
uma grande fonte de dor, de desconforto. Então eu decidi
trabalhar aqui, quinze anos atrás, pegar por essa parte
e trabalhar o corpo, e eu acredito que trabalhando o
corpo a gente consegue criar condições em que várias
outras atividades nossas podem ser melhoradas e
aprimoradas. Certa vez eu vi numa entrevista um monge,
acho que tibetano ou budista que dizia "quando a
barriga ronca, difícil meditar". Quando o corpo
dói, é impossível meditar. Então tratando o corpo a
gente abre caminho para outras coisas.
Se vocês pensarem que o corpo pode não ter assim um
grande "glamour" nessa parte de músculos, de
esqueleto. Nenhum grande glamour, até mesmo na nossa
medicina, porque quando se fala em órgãos, cirurgia,
nossa é uma coisa fantástica! E o corpo que está toda
hora presente, a gente até deixa meio de lado, não
presta muita atenção. Mas precisamos pensar que ele é
o nosso principal instrumento de interação com o mundo.
Sem o nosso corpo a gente não faz nada. A gente não
toca instrumento, a gente não se relaciona com outras
pessoas, a gente não pode nem vir aqui, eu para falar
com vocês, e vocês aqui para me ouvirem, se não
poderem usar o corpo corretamente.
Esses pontos-gatilho são coisas que aparecem em uma
entidade, o termo é médico, ponto-gatilho, é uma coisa
que acontece no corpo, no músculo principalmente, quando
você sobrecarrega um músculo. Se ficou sentado muito
tempo numa determinada posição, devido à sua
profissão, quem trabalha com documentos e fica horas e
horas examinando documentos, como na advocacia, fica com
a cabeça pendida para a frente, fica sustentando o peso
da cabeça (...) lendo documentos e os processos todos
com a cabeça fora de uma posição de equilíbrio,
usando a musculatura dos ombros e das costas. Uma hora
cansa. Duas horas, mais. Agora, há quantos anos a pessoa
está naquela atividade? Muitos. Então isso vai se
somando, e toda vez que você sobrecarrega um músculo
você cria um ponto sensível, um ponto-gatilho. Todos
nós temos. Estar vivo é a condição básica para
conseguir coletar pontos-gatilho durante nossas
atividades. Com a prática de esportes, acidentes que o
indivíduo já sofreu, a forma como a gente nasceu, tudo
isso produz pontos-gatilho.
Às vezes um parto muito rápido, em que as
contrações do útero foram muito intensas podem criar
pontos-gatilho na cabeça ou no rosto. Meu filho, por
exemplo, teve a clavícula quebrada no ato do parto. No
momento da saída uma contração pegou o ombro dele e
trincou sua clavícula. Existem substâncias que são
dadas para a mulher em trabalho de parto com a finalidade
de acelerar e intensificar as contrações, e que vão no
soro assim que ela entra no hospital.
Certas doenças também produzem. Uma gripe muito
forte em que você tenha tossido muito tempo pode criar
pontos-gatilho em vários músculos usados para tossir.
Querem ver? A maioria talvez tenha um que é fácil de
localizar. Peguem o dedo indicador e coloquem aqui, na
têmpora, como se estivesse apontando uma arma, e
apertem. Vejo que alguns já sentiram. Esse é um ponto
bastante comum. Para localizar outro ponto apoiem o
antebraço sobre o braço da poltrona, e com o polegar ou
o nódulo de um dedo dobrado apertem nesta região
próxima à dobra do cotovelo, sobre os músculos que se
dirigem para a mão. Certas pessoas nem precisam fazer
muita força e já sentem que dói muito. Isso se deve ao
fato de que fazemos muitas coisas com as mãos, como
escrever, trabalhar e em muitas tarefas de nossa
interação com o mundo. Tudo o que é muito usado pode
ficar sobrecarregado, como no caso desses músculos, e
criar esses pontos. Este ponto do antebraço, inclusive,
é um ponto bastante comum em pessoas que trabalham com
massagem, como é o meu caso, ou em pessoas que trabalham
com computadores, em donas de casa que torcem roupa ou
esfregam realizando movimentos repetitivos. Esses
esforços podem produzir pontos-gatilho e eles podem
estar na origem da chamada "tendinite".
(apontando para Carlos Eduardo)
Esse é um que eu trato de vez em quando porque fica
no computador muito tempo.
Em atividades nas quais você está sempre repetindo
os mesmos movimentos pode haver dificuldade para se
livrar de um ponto-gatilho. Isso porque ele vai estar
sendo instalado de novo e de novo. Aí é preciso fazer
um controle.
Mas e se o ponto foi causado no músculo por um
acidente? Você caiu, torceu, e provavelmente não vai se
repetir o evento causador, e então você pode se livrar
dele para sempre. A gente pode fazer uma lista enorme
dessas dores que sentimos no dia-a-dia e a grande maioria
dela tem sua origem nos pontos-gatilho. As demais já
são questões médicas. Tumores, aneurismas e muitas
outras causas internas devem ser examinadas e tratadas
por médicos. Mas as terapias corporais podem dar conta
de boa parte do restante usando técnicas específicas de
localização, pressão, e depois alongamento do músculo
para eliminar essas dores. Desde dores de cabeça até
aquelas desagradáveis cãibras na sola do pé. De ponta
a ponta.
A quiroprática é uma outra técnica de ajuste.
Às vezes a gente faz um movimento brusco, ou uma
postura errada e repetitiva, e tira levemente uma
articulação do lugar. Em especial na coluna vertebral.
Se uma das vértebras não está bem posicionada e não
movimenta adequadamente, ela pode criar uma pressão que
fica ...?... um nervo, e aí pode produzir dor ou uma
disfunção de movimento, por exemplo. Nesse caso você
localiza, corrige e depois faz o ajuste. É o que muita
gente chama de estalo ou tranco. Existem várias maneiras
de fazer. Pode ser brusco, forte, como em certas linhas
orientais, ou bastante suave como propõem certas linhas
americanas e francesas. Ao final reservaremos um tempo
para uma demonstração do estalo.
Eu disse que essas técnicas entram no fator
estrutural da saúde. Mas não podemos esquecer que para
um efeito terapêutico ser produzido e mantido ele
precisa encontrar resposta também nos outros dois
fatores. Por isso chamamos esse triângulo de ecológico,
pois ele vai estar interferindo nos outros. Então, por
exemplo, se eu estou trabalhando com as minhas técnicas
no fator estrutura, durante o tempo de tratamento eu
tenho de ver se estou tendo algum efeito nos demais. No
bioquímico é difícil de olhar, pois eu precisaria de
exames de laboratório. (...) Mas no mental eu posso
observar alterações. Uma mudança de atitude, por
exemplo. A pessoa extremamente nervosa que de repente
após eu tocar aqui, na estrutura, passa a ficar mais
calma. Um pouco mais de controle sobre si mesmo no
dia-a-dia. Isso significa que estará havendo alguma
influência no fator mental.
É muito comum pessoas virem para um trabalho de
terapia corporal porque não quiseram entrar numa
psicoterapia. (...) Muita gente pensa que psicoterapia é
para quem tem problemas psicológicos sérios, que
precisa ser um desequilibrado mental. E diz: "não,
eu não preciso disso, eu não vou para o
psicólogo". "Então faça alguma coisa para
você ficar mais calmo, para você trabalhar essa
irritação toda. Porquê você não vai num massagista,
então?" "tá bom...". Então o cara vem,
vai lá, procura um massagista, pega uma recomendação,
chega até o meu consultório e eu começo a trabalhar
com ele.
O cara chega duro, todo enrijecido, as costas é uma
placa. No primeiro questionário eu vou levantando o que
dói, o que está acontecendo. "Eu vim fazer
massagem porque eu sou um cara tenso". "Dói
alguma parte do corpo?". "Não, não sinto dor,
não sinto nada".
Bom, começo a trabalhar e as costas parecem realmente
uma pia de mármore. Vai trabalhando, vai trabalhando,
com algumas sessões isso vai variar de pessoa
para pessoa, quantas aquela "pia" que
era uma placa só ela desmonta, um monte de pedrinhas,
parece que ela quebra mesmo. Aí você não tem mais uma
coisa inteiriça, mas um monte de nodos. A sensação é
a de que você tem pedrinhas debaixo da pele. Os
japoneses têm até nome para isso. Eles chamam de
Katakore, quando é no ombro, que quer dizer
"pedrinha no ombro".
E nessa fase a pessoa começa a sentir um pouco de
dor. Às vezes forte. E ela pode achar que é o trabalho
de terapia corporal que está produzindo isso nela, mas
não é. Aquela dor ela já sentiu antes. Antes de ficar
duro como uma laje, ele já passou por um período em que
tinha vários pontos de tensão, e depois ficou
enrijecido daquele jeito.
Normalmente nesse ponto a começa a se alterar um
pouquinho o fator mental, também. A pessoa pode sentir
que está fluindo a emoção. Pode ser raiva, pode ser
algum medo que ela congelou no seu corpo durante um
período da sua vida. A pessoa pode achar que não está
mexendo com a sua parte mental quando está trabalhando
no corpo, mas está, porque mente e corpo formam um
sistema só.
Aqui eu gosto de fazer um pequeno plágio: Einstein
disse que energia e matéria são a mesma coisa. Matéria
é energia mais condensada. Mente e corpo é a mesma
coisa. São a mesma substância, só que o corpo é a
mente mais condensada. Por isso o que se passa lá por
dentro da gente sempre vai se refletir no corpo.
Então não importa o caminho que você siga para
tratar. Se entrar pelo mental, vai haver interação com
o corpo. Se entrar pelo estrutural, vai haver uma
interferência no mental, também. Então eu
"pesco" um pouquinho aqui (apontando para a
palavra "mental"). Não é a minha área de
abordagem principal, mas eu vou "pescando".
Pessoas que chegam com um torcicolo "quando é
que começou?". "Acordei com ele, segunda-feira
de manhã". É lógico que vou perguntar o que foi
que ele fez no final de semana. Quero saber se jogou, se
praticou algum esporte, se fez alguma extravagância
física, se fez três horas de musculação ou alguma
coisa no gênero. "Não, não, nada disso, eu não
fiz nada que possa ter causado isso.". Aí
normalmente eu arrisco um palpite: "você não está
discutindo um ponto de vista com alguém, no trabalho, na
família". "É, como é que você sabe?".
É porque eu estou pescando.
Geralmente quando a pessoa cria um torcicolo e parece
que não existe uma causa física para aquilo ter
surgido, ela está representando algo que está
acontecendo na vida dela. No caso do pescoço
especificamente é idéias. Toda articulação do nosso
corpo tem uma representação mental que é
"flexibilidade". No caso do pescoço é
flexibilidade de idéias. Se a pessoa está emperrada num
ponto de vista, discutindo um ponto de vista com alguém,
se está sendo inflexível nesse campo, o corpo está
representando isso com o torcicolo. Ou se a pessoa
começa a desenvolver um problema de pés... para que
servem nossos pés? Para ir em frente na vida. Às vezes
confrontando uma mudança de rumos em sua vida, uma
pessoa pode estar a tal ponto com medo do que pode
ocorrer dali para diante, que ela representa isso com um
problema de pés. Pode ser uma torcedura ou uma dor que
veio "do nada". De repente começou a doer.
Então eu faço "pescarias" aqui, no fator
mental, que me ajudam a descobrir porque a pessoa criou
aquele estado. E aí eu entro com essas técnicas que
mexem no estrutural.
Outro recurso que eu uso é que quando eu trabalho no
fator estrutural e não estou tendo o efeito que espero,
a pessoa não está melhorando, eu suponho que alguma
coisa esteja impedindo que isso aqui vá para a frente.
Eu busco no fator mental e muitas vezes descubro alguma
coisinha que faz com que ela, se conscientizando do que
acontece nesta esfera (mental), ela libera aqui
(estrutural).
Um caso bastante curioso:
Eu estava atendendo certa vez um médico, que tinha
uma curvatura de coluna, uma escoliose. Tinha a coluna em
"s" razoavelmente acentuada, mas que não era
uma deformação. Era como uma serpente, quando vista de
trás. E ele tinha dor no ombro, e também,
principalmente, na área lombar, aqui em baixo. Eu vinha
trabalhando com ele, que sentia alívio, mas eu não
ficava satisfeito com o rendimento, que podia ser maior.
Numa das sessões, após dois meses de trabalho, eu
comecei o trabalho normalmente, pelas costas, com uma
massagem espalhando um creme utilizado para fazer
massagem e as costas dele, que eram bastante
encurvadas para o alto (além da curvatura em
"s"), subitamente se aplanaram. Após dois
meses sem grandes resultados, alguma coisa havia
acontecido, e eu precisava descobrir o que.
Eu sabia que ele estava em trabalho de psicoterapia.
Intuitivamente eu perguntei a ele se estava tratando de
algum assunto em especial com o psicoterapeuta.
"Estou tratando de raiva", foi o que ele
respondeu. "Estou mandando um monte de gente para
fora de minha cabeça. Gente que já saiu de minha vida,
mas que ainda está na minha cabeça". O
interessante é que a área superior das costas
normalmente tem relação com raiva, que normalmente
encurva as costas, como num boxeador que se prepara para
dar seus golpes. Era uma boa pista para eu trabalhar a
área lombar, mais abaixo, onde não estava obtendo
resultado algum.
A área lombar tem relação com sentimentos de
insegurança, de medo e de sexualidade. Por isso eu
perguntei a ele se sentia medo de alguma coisa.
"Tenho medo de algumas doenças," ele disse.
Então perguntei quais doenças. Ele revelou medo de
câncer de próstata, de rim, de intestino, todos
delimitados pela área lombar. Eu expliquei para ele o
meu interesse em pesquisar a relação de seus medos com
a área lombar, citando comparativamente o que ocorrera
na área superior das costas com a percepção da raiva.
Ele ouviu com atenção e depois me disse "Eu tenho
um problema sexual".
Quando ele tinha relações sexuais com sua noiva,
sentia-se aflito e tinha pressa em terminar. O mesmo não
acontecia quando ele buscava relações sexuais com
outras parceiras. Era só.
O trabalho continuou e ele se lembrou de mais alguma
coisa, que na verdade ele estava guardando dentro de si
havia muitos anos, e ele já nem tinha mais consciência
disso. Ele tivera um relacionamento, no qual já havia
firmado compromisso de casamento, e a sua parceira
engravidou. E os dois ficaram por algum tempo
questionando a possibilidade de interromper a gravidez
com um aborto provocado. Ela se decidiu pelo aborto, mas
ele achou arriscado, e a convenceu a levar a gravidez
até o final. Pouco antes do parto, em conversa com a
médica que cuidaria do parto, ele explicou que, na sua
avaliação, seria recomendável uma cesariana, pois a
criança estava bem desenvolvida e o quadril da moça era
estreito. A médica, a pedido da própria paciente,
insistiu em manter o parto normal. No entanto ele estava
certo, embora fosse médico legista, e houve
complicações sérias no parto e nem mesmo uma cesariana
de emergência foi capaz de salvar a criança.
Parecia claro o que acontecera com ele. Como ele havia
feito uma avaliação que estava certa, mas ele não
insistiu no seu ponto de vista, sentia-se culpado do
ocorrido. Toda vez que ele saía com alguém cujo
comprometimento era sério, alguma coisa se acendia em
sua mente para impedir que a história se repetisse. Ele
se sentia culpado, mas não pensava mais nisso, que
estava num circuito muito inconsciente. O mesmo não
acontecia quando ele saía com alguém com quem não
tivesse vínculos afetivos.
O assunto estava tão fora de sua consciência que ele
nem sequer tinha tocado nele com seu psicoterapeuta.
Recomendei que ele o fizesse e interrompi a sessão.
Quando ele retornou, na semana seguinte, após falar
sobre seu problema com o terapeuta, observei que já era
possível obter resposta de movimento na região lombar,
e então pude ajustar sua coluna como eu queria.
Este caso ilustra a forma complexa pela qual o fator
mental e o estrutural podem estar interrelacionados. As
coisas podem não ocorrer de forma tão dramática. Uma
pessoa pode, por exemplo, perceber que "começou a
sonhar mais" após os trabalhos corporais. Às vezes
podem sentir alterações emocionais, sentindo-se tristes
durante algumas semanas.
Final da primeira parte da fita
(...)
[Alguém pergunta se a terapia corporal pode resolver
problemas de diabetes]
(...)
...aqui no tronco, chamada toráxica, T11, T12, saem
nervos que vão para o pâncreas. Se o problema for que a
pessoa teve uma queda, um problema de postura prolongada
que desalinhou essa vértebra, e criou pressão nesse
nervo, esse nervo aqui vais estar mandando informações
incorretas, prejudicadas, entre o cérebro e o pâncreas.
Isso vai afetar a função dele. Com essa interferência
ele pode produzir, por exemplo, menos insulina do que
deveria. Ou pode ocorrer o inverso, dependendo do tipo de
adulteração da informação.
Neste caso, a terapia corporal resolve. Ajusta-se as
vértebras com uma manobra e o fluxo de informações
passa do cérebro para o pâncreas sem interferências. E
ele volta a funcionar com normalidade.
Porém, se o problema for do próprio pâncreas, os
ajustes das vértebras não vão alterar o quadro da
doença. Trata-se aí de um problema médico. A causa
pode ser hereditária ou não, de acordo com várias
interpretações médicas sobre o assunto.
Isso ficou muito claro para mim numa experiência
pessoal. Quando eu ainda estava estudando as terapias
corporais.
Meu pai sofria de uma gastrite, que estava tratando
com um médico, já havia dois meses, tomando
medicamentos.
Um dia ele deu uma travada na parte baixa da coluna.
Meu pai é forte, e eu estava ainda iniciando nesse tipo
de terapia. Eu não conseguia ajustar a parte de baixo de
sua coluna, e então o levei ao meu professor. Ao
examinar sua coluna, ele perguntou para o meu pai se ele
não tinha algo errado com seu estômago. Havia um
desajuste na sexta toráxica que estava interferindo com
o seu estômago, e medicamento nenhum resolveria aquela
gastrite. Duas horas depois não havia mais azia ou
gastrite.
A mesma gastrite retornou em outra ocasião quando seu
veículo foi atingido por um outro, por trás, produzindo
um forte tranco em sua coluna que desajustou novamente a
mesma vértebra.
No caso da diabetes, se a causa for mecânica, por
desajuste de vértebras, pode ser resolvido com as
manobras da terapia corporal.
É preciso pesquisar. O trabalho sobre as vértebras,
que veio a se chamar quiroprática, já era usado na
antigüidade. Hipócrates, considerado o pai da medicina,
escreveu que se deve procurar a razão das doenças em
primeiro lugar na coluna.
A quiroprática, na sua versão moderna, surgiu nos
Estados Unidos, em 1895, com um curador chamado Palmer.
Ele não era médico, mas apenas um curador (healer).
Ele tratava por vários métodos naturais, inclusive
magnetoterapia, - que na época estava sendo bastante
pesquisada e divulgada por causa de um europeu chamado
Anton Mesmer, criador do mesmerismo. Um dia, quando
aplicava magnetoterapia no pescoço de um zelador, Palmer
percebeu que havia uma vértebra deslocada, e decidiu
colocá-la no lugar. Conseguiu dar um estalido e o
zelador sentiu-se imediatamente melhor, tendo
desaparecido a dor que o afligia. Nos dias subseqüentes
ele repetiu as manobras e notou que uma surdez que esse
zelador manifestava parecia estar regredindo, pois não
precisava mais gritar quando falava com ele. Observando e
tirando suas conclusões, pesquisando até mesmo entre os
índios americanos, que tinham práticas de cura desse
tipo, Palmer começou a criar um conhecimento mais
científico sobre essas manobras, o que originou a escola
chamada de quiroprática.
Adair Professor, o senhor conhece um
palestrante chamado Edson Hiroshi?
Sim, conheço.
Ele é muito amigo de um professor quiroprático.
Quando eu fiz um curso de agricultura natural com o Edson
Hiroshi, ele me levou e eu fiz quiroprática com ele.
Aprendi quiroprática. Então eu usei muito, até agora
eu uso, com a minha família. Às vezes eu acerto, às
vezes não acerto...
Foi bom você ter tocado nisso. Isso pode ser a
habilidade... o contato que você tem, e desenvolveu ao
longo do tempo. Mas às vezes você faz um ajuste e não
melhora o quanto você achou que deveria melhorar. Ou
até melhora por um tempo determinado e volta. Aí é que
entra a minha abordagem corporal...
...Eu fiz essa magnetoterapia também. Fiz diversos
cursinhos...
Na Índia é muito comum...
... magnetoterapia, radiônica, psicotrônica,
quiroprática, e esse curso com o Edson Hiroshi. Eu fiz
há uns oito anos atrás. E então eu em mim mesma não
vou fazer. E a minha família não sabe fazer. Eu tinha
até esquecido disso, mas, como eu tenho uma saúde muito
boa, graças a Deus, (...) nunca fiquei doente. Agora, de
uns tempos para cá apareceu em mim um sintoma assim:
alfinetadinhas nos pés, só do tornozelo para baixo, e
nas mãos, só quando eu deito e quando estou cansada.
Pontinhas de agulhas nos dedos. Eu faço uma massagem, ou
meu marido, e passa um pouquinho mas aí começa de novo.
Agora, tem temporadas em que desaparece. Fui num médico
normal, num posto, e ele falou que desconfia que o meu
problema é de coluna. Como não é a área dele, ele
não fez nada e não receitou nada.
Aqui, se você for pensar dentro da quiroprática,
pode haver duas áreas interferindo com isso. Uma delas
é a base do pescoço, porque é daqui que saem os
grandes nervos que vão para os braços e para as mãos.
Eles podem, se existir interferência, produzir
formigamento, perda de força, dor inclusive pelo braço,
tendinite, problema de pulso, etc. Outra área que
comandaria isso seria essa parte lombar, baixa, que tem
enervações que vão até o pé.
Pode ser alguma coisa bem mais simples que isso.
Normalmente os formigamentos em extremidades, ou pés e
mãos frios, podem ser resultado de uma tensão muscular
alta.
(voz masculina) Pode ser má circulação,
também?...
Má circulação por causa de uma tensão muscular.
(...) Procure então se lembrar se esses períodos em que
você tem o problema coincidem com períodos em que há
muita agitação, de stress mesmo.
Conforme a posição em que a gente coloca o
braço, pendurado assim, passa. Quando eu coloco assim
(para cima), dói. Isso me atrapalha muito porque eu
gosto de ler, e quando eu pego o livro assim, com o
braço levantado, já começa a agulhadinha no dedo.
Isso é uma pista que me faz pensar que não seja do
nervo, mas sim da circulação. Então aí estariam
envolvidos mais os músculos. As vezes eles (os médicos)
não acham o problema, porque não é exatamente a área
de que eles se ocupam.
(...)
Dá para imaginar que seja a musculatura muito tensa,
e isso você trabalha com massagem, ou com alongamento,
ou até mesmo a ioga, que podem regular essa contração
excessiva do músculo, e melhorar o fluxo do sangue. Uma
contração muscular também comprime os vasos
sangüíneos que estão dentro do músculo, impedindo que
o sangue circule direito.
Carlo Corabi Pode ser também um problema
ósseo, decorrente de desenvolvimento de artrite, ...
Pode, pode. É tudo uma questão de se pesquisar
direito.
Carlo outro ponto, é só uma dúvida... Se
a gente está falando de impulsos nervosos, inclusive
toda a musculatura funciona assim através da
transferência de carga elétrica, não é? Dentro dessa
quiroprática não há uma interpretação em termos
energéticos? Eu digo no caso de situação, de fluxo
energético, se isso está...
Energéticos, você quer dizer em termos de impulsos
nervosos?
Sim.
Acontece que esse é o fundamento da quiroprática.
Você tem o cérebro, de onde sai a medula e as várias
raízes que vão distribuir os impulsos nervosos para
cada célula do corpo. Não importa onde ela esteja, ela
estará conectada com o cérebro. Então qualquer
bloqueio neste fluxo, os grandes bloqueios, que
geralmente acontecem aqui, na região da coluna, porque
é onde tem mais articulações. Cada vértebra é um
tijolinho com quatro articulações, duas para cima e
duas para baixo, que pode interferir com essa
enervação. Estaria acontecendo exatamente isso: a
corrente de impulsos elétricos estaria sendo modificada
ou impedida. Modificada no sentido de que faria o órgão
trabalhar mais do que deveria, ou menos do que deveria.
No exemplo que eu dei do meu pai, da gastrite, o
estômago estaria sendo forçado a produzir os ácidos
digestivos mesmo quando não precisaria. (...) O sujeito
tem uma hipofunção ou uma hiperfunção naquele
determinado órgão.
Esse é o conceito básico da quiroprática. Essa
transmissão de sinais, em que qualquer interferência
produz modificação nele.
Fernando Gramaccini Na medicina chinesa
existe uma relação entre emoções e órgãos. Quando
um órgão é atingido ele manda todo esse caminho de
volta, que você está falando, pelos terminais nervosos
até ali na coluna, e de lá para o cérebro, ou não, no
caso das emoções. Por exemplo, a pessoa tem uma forte
tristeza, pode ter até uma diabetes como foi dito ali.
Isso traria algum reflexo na coluna, ou no sistema
muscular?
Sim. Poderia acontecer. No caso específico que você
deu, tristeza, na medicina chinesa tristeza está
relacionada sabe com que órgão?
Pulmão?
Pulmão. Geralmente grandes perdas, que envolvem uma
grande dose de tristeza, podem desenvolver uma pneumonia.
Você pode ter um órgão afetado através de uma
emoção, (isso dentro da perspectiva da medicina
chinesa) produzindo uma disfunção, e dessa forma,
produzindo impulsos irregulares, poderia estar criando
uma sobrecarga de impulsos na junção daquela raiz
nervosa que está entrando na medula. Aqui provocando uma
irritação que poderia até criar um desposicionamento,
uma disfunção de movimento daquela vértebra.
Fernando Se você corrigir isso pela
quiroprática, não necessariamente você corrige o
problema da tristeza...
Aliviaria, mas não corrigiria.
... porque a causa tinha que ser trabalhada
psicologicamente.
Porque acho que aí a abordagem principal teria que
ser no fator mental do triângulo. No exemplo, em que se
desenvolveu uma pneumonia, a primeira coisa a fazer é
olhar pelo lado do bioquímico mesmo. Ir a um médico
para tratar da condição da pneumonia, que pode ser
grave, pode levar a óbito. Depois, para que ela possa
melhorar, é preciso trabalhar esse lado mental também.
Neste caso trabalhar a estrutura seria apenas um
paliativo, que ajudaria, mas que duvido que melhorasse
significativamente.
Fernando - Mas se você manusear o corpo de uma
pessoa, voc6e pode levantar todos os problemas que ela
tem, ou avaliar em linhas gerais?
Existem técnicas que permitem isso. Gostei da sua
pista. Vou aproveitar para dar uma outra passada geral no
assunto.
Abordagens corporais podem entrar por três vias, tal
como eu classifico para meu uso. Há a abordagem
médico-fisioterápica, que é onde eu desenvolvo o meu
trabalho principalmente, com corpo, músculo e
articulação. Existe a abordagem energética
(naturalmente pela orientação apenas de quem está
trabalhando), como é o caso da medicina oriental.
Fernando - Seria o caso da acupuntura?
Acupuntura, - vamos ficar na abordagem da terapia
corporal shiatsu, do-in, heiki, talvez. São
abordagens que se direcionam a manusear a condição
energética da pessoa. Como a acupuntura vai regular
fluxos energéticos, não necessariamente os impulsos
nervosos, que vão além daquela concepção de Yin/Yang.
Fernando - Mas tem interferência no impulso
nervoso?
Tem. Inclusive você pode tratar várias coisas com a
acupuntura. A gama de tratamentos é muito grande.
E uma outra abordagem, que é onde eu queria chegar
quando você falou das emoções, é a transformacional.
Ela visa mais o mental, para trabalhar principalmente a
conexão psico-física. É aquela inter-relação que
existe entre a mente e o corpo, psiquê e soma. Existem
técnicas voltadas para isso, que vão trabalhando o
corpo e, através do que vão encontrando, as partes mais
rígidas e encouraçadas, vão tentando trazer à tona
emoções ou traumas.
Exemplos dessa área você tem na bio-energética. Tem
uma linha de trabalho bem corporal que costuma disparar
muitas reações emocionais, que é o Rolfing. E tem
várias outras.
Fernando - ... e só terminando, eu gostaria de
perguntar se no caso, quando você vai pela sua linha, o
problema das couraças ... de Reich, que a bioenergética
... quer dizer, quando você mexe só no físico,
necessariamente você não desfaz a couraça?
Eu falei que essa abordagem , é uma conceituação
que eu uso, essa divisão em três abordagens, é só
para dizer qual é a orientação principal da pessoa. Na
minha orientação principal é aqui
médico-fisioterápica. Mas eu vou estar mexendo aqui com
certeza (energética e transformacional). O exemplo que
eu dei do médico que foi trabalhando um trauma de culpa
que aflorou ao longo da terapia, me fez até receber um
recado da mãe do paciente, que reclamou que estava tendo
que refazer as barras de todas as suas calças, pois o
desvio que eliminamos deixava uma de suas pernas mais
curta que a outra.
Fernando Só que no outro caso seria mais de
auto-conhecimento psicológico...
Aqui também. Voltar-se para dentro, por isso é que
eu chamo de transformacional. Voltar-se para dentro e
explorar o seu próprio interior. (...) Criando
modificações desse aspecto, mudanças da estrutura
também. Com essa divisão eu só quero determinar qual
é a porta de entrada que estamos usando.
Pergunta - Pessoas que sentem dor de cabeça podem
procurar esse tratamento?
Podem. 95% das dores de cabeça têm origem na
musculatura, dos ombros, pescoço e dessa capa de
revestimento da cabeça, com os músculos da face e do
couro cabeludo. Podem estar vindo de mais longe, também.
É por isso que eu misturo a quiroprática com a teoria
dos pontos-gatilho. Você pode ter um desarranjo na parte
baixa, lombar, e a sua coluna, ao tentar consertar isso
pode terminar causando pressão aqui em cima. Você vai
ter irritação numa enervação alta, por causa da
posição forçada, afetando os músculos e disparando a
dor de cabeça.
Os outros 5% são problemas médicos. A simples
manipulação do corpo, externamente, não vai atuar
sobre estes casos.
É sempre bom que a pessoa vá primeiro fazer um bom
exame médico, para saber o que exatamente ela tem. Às
vezes você não deve nem entrar com nenhum trabalho
corporal, porque você pode piorar a coisa. Certa vez,
por exemplo, uma pessoa me ligou dizendo que tinha uma
forte dor nas costas, dificultando seus movimentos.
Quando eu perguntei quando havia começado a dor, me
respondeu que foi quando caiu do telhado. A queda poderia
ter trincado um osso - uma vértebra, por exemplo. Se eu
entrasse com a quiroprática, num ajuste lombar, eu
poderia estar transformando um trincado numa fratura.
É sempre bom passar pelo médico. Nos Estados Unidos
raramente um terapeuta corporal inicia um trabalho com
alguém que não tenha feito uma bateria de exames
médicos antes. Aqui isto não acontece com freqüência,
o que acontece é que uma pessoa, quando chega para uma
terapia corporal, já fez todo o circuito médico. Já
fez exame radiográfico, tomografia, ressonância, e
quando chega ao terapeuta corporal já traz um volume
imenso de exames. Conhecendo esse quadro trazido pelos
exames, o terapeuta já se orienta sobre o que pode ser
feito e sobre o que deve ser evitado.
Uma dor nas costas, por exemplo, pode ter origem numa
vesícula. Uma vesícula com um cálculo. Pode ser que
exista uma irritação aqui e a dor se espalha por essa
área. Mexendo com massagem, com quiroprática, pode até
aliviar, mas não vai ser satisfatório enquanto não
resolver aquele problema, que é o cálculo da vesícula.
Isso vale até mesmo para técnicas que trabalham com
os reflexos a reflexologia dos pés, em que cada
areazinha dos pés representa uma parte de nosso corpo
há uma técnica dentro da terapia corporal que
vai manipulando só essas áreas do pé para produzir
efeitos dentro do organismo. Tenho uma amiga que é
especialista nisso, e ela estava trabalhando a avó dela
na sola do pé. A área que representa a vesícula estava
muito dolorida. Um exame médico revelou uma pedra imensa
na vesícula, que exigiria uma cirurgia para sua
extração. Se ela tivesse insistido na manipulação, o
impulso poderia fazer com que a vesícula tentasse
expulsar o que estava fazendo mal para ela, o que no caso
implicaria provavelmente num entupimento do canal de
saída da bílis, o que traria conseqüências muito mais
graves para a paciente.
(...)
Pergunta - ... É natural, quando você entra muito
para dentro de si mesmo, a respiração cessa...
Ela se altera. Eu não sei se cessa. Nunca vi um caso
desses. Mas se cessar com certeza a pessoa sai do estado
de introspecção, mas a respiração sempre muda quando
a gente muda o nosso estado de consciência. (...) Quando
você está mais voltado para si memso, especialmente
para os sentimentos, a respiração fica mais ampla,
lenta, e mais baixa. É mais ventral. E aí a pessoa tem
até uma certa dificuldade para falar, porque ela está
tão mergulhada no sentimento que ela não articula muito
bem as palavras. A palavra é um domínio de outro
nível. É mais do auditivo e do visual. E o sentimento
não tem palavras. É difícil. Você já tentou
descrever um sentimento com palavras? Se não for um
poeta, vai ser difícil.
Rose Mary - Eu queria saber se no seu trabalho você
também trabalha com os canais de energia que a gente
tem, o que você pode falar sobre isso?
Não é a minha abordagem. Essa abordagem ficaria
aqui, na energética. Eu estudei a acupuntura, que
cheguei a praticar um pouco, antes de terminar o meu
curso de terapia corporal. Eu havia estudado por dois
anos numa escola de técnicas de reabilitação, onde se
aprendia a fazer massagem, duas modalidades de massagem,
e uma delas era o shiatsu, que usa os conceitos dos
pontos de acupuntura e dos fluxos de energia nos
meridianos. Depois eu vima conhecer a quiroprática e
acabei, aos poucos, sem intenção premeditada, seguindo
por esse caminho médico-fisioterápico.
De vez em quando eu penso nessas relações, mas
acabei me afastando desse estudo, no meu trabalho. De
brincadeira eu digo que meu sadismo me permite que eu
esprema, aperte, estale as pessoas, mas não chega ao
ponto de me permitir espetá-las.
Mas se você pudesse sentir essa energia, se ela
está Yin ou Yang, isso não facilitaria o seu trabalho?
Facilitaria. Eu conheço pessoas que fazem uma
abordagem mista entre a quiroprática e a parte
energética. (...)
Esta transcrição foi gentilmente cedida pela presidência da
Loja Teosófica Liberdade - São Paulo -
SP. Clique neste link para visitá-la!