Panfletos de Adyar " n° 199
SANKARACHARYA
O Filósofo e Místico
Kasinath Tryambak Telang
Com uma
Nota de Annie Besant, Presidente da Sociedade Teosófica 1907-1933
Impresso
em Julho de 1935 por The Theosophical Publishing House Adyar, Madras, Índia
Prefácio
KASINATH TRYAMBAK TELANG, o falecido Juiz da Corte Suprema de
Bombaim, um profundo estudioso, um verdadeiro patriota, e um filantropo de largo
coração, era simpatizante do trabalho da Sociedade Teosófica e amigo dos
Fundadores, Madame H. Blavatsky e Cel. H.S.Olcott. Ele nasceu em 1850 de uma
alta família da casta Sarasvata Gauda Brãhmana, e foi educado em Bombaim na
Elphinstone High School e no Elphinstone College. Foi um arguto estudioso da
literatura, filosofia e economia política inglesa e se tornou um consumado
orador e escritor. Foi um proficiente erudito do Sânscrito e um volume do
Sacred Books of the East contendo admiráveis traduções do
Bhagavad-gitã, Sanat-sujãtya e Anugita, permanece em seu crédito e
passará à posteridade como um monumento ao seu profundo conhecimento. Suas
eruditas contribuições ao Indian Antiquary e seu Gleanings from
Mahratta Chronicles são cheios de notas e sugestões instrutivas. Foi durante
algum tempo Presidente do Ramo de Bombaim da Royal Asiatic
Society.
Em 1871
ele leu diante da Student"s Literary and Scientific Society um trabalho
muito interessante sobre Samkaracharya; tinha além disso outras notas e
materiais valiosos sobre aquele obscuro personagem que, com aquele trabalho,
foram resgatados do esquecimento pelo Cel. Olcott e publicados em 1879 no The
Theosophist (vol. I, pps. 71, 89 e 203). O ensaio é admirável e contém
valiosa informação, e sua publicação nesta forma permanente será, espero,
apreciada.
T.P.H.
Nota
Do
ponto de vista oculto o primeiro Sri Samkaracharya foi um Ser muito acima de
nossa raça, um dos Três Kumaras imediatamente abaixo do Grande Iniciador,
mencionados na Doutrina Secreta, e na mais estreita relação com Ele. Ele
pertence à humanidade de S"ukra, não à de nossa Terra. Ele encarnou cerca de
oitenta anos depois do passamento de Gautama, o Senhor Buddha " um fato que é
historicamente registrado só nos arquivos de Dvaraka Math. Algumas alusões sobre
Ele podem ser encontradas no terceiro volume de The Secret Doctrine (A Doutrina Secreta), mas
estão muito confusas e talvez intencionalmente contraditórias; serão encontradas
na seção sobre "O Mistério de Buddha".
Annie Besant
Referências serão encontradas em:
The
Age of Sri Sankaracharya, do Pandit N. Bhashyacharya
Sri
Sankarachary's Date and Doctrine, no Esoteric Writings de T.Subba Row,
e
The
Mystery of Buddha, no terceiro volume de The Secret Doctrine de
H.P.Blavatsky
*
Eu bem
poderia apresentar os múltiplos compromissos de uma atarefada vida profissional
e literária como uma desculpa, por não atender ao pedido de relatar brevemente
no The Theosophist os incidentes da ilustre carreira de Samkaracarya.
Mas eu sou, primeiro e enfim, um Hindu, e minhas simpatias e humilde cooperação
são devotadas ao estímulo de todos os legítimos esforços de elucidar a história
da Índia ou melhorar a condição intelectual de meus concidadãos. Desde seus
primeiros tempos, o estudo da filosofia e da metafísica tem sido estimado e
encorajado neste país, e, muito acima de todos os outros nomes em sua história,
estão escritos aqueles de nossos conterrâneos que desejaram auxiliar os homens a
pensar mais claramente sobre os assuntos abordados naquelas categorias, seja por
seus escritos, discursos ou exemplo. A vida que é abordada neste trabalho, é a
vida de um dos maiores homens que já apareceram na Índia. Se considerarmos sejam
suas habilidades naturais, sua altruística devoção à causa da religião, seja a
influência de exerceu sobre seus concidadãos, este esplêndido asceta facilmente
se sobressai.
Tão
encantador, de fato, é todo o seu entorno, que não nos surpreendemos com a
admiração que um povo maravilhado que evemerizou-o como uma encarnação da
Deidade. Nossa ignóbil natureza humana parece estar sempre tão consciente de sua
própria fraqueza e imperfeição quanto é inclinada a deificar quem quer que
personifique suas mais elevadas aspirações; embora mantendo-o no plano humano
faz os outros homens parecerem mais insignificantes e menores pelo
contraste.
Os
biógrafos de Samkaracarya apoteosam seu herói, como o fazem os de Alexandre e
Cícero, e os de Apollonius, Jesus e Maomé. Fazem seu advento ser pressagiado por
uma visão celestial " do Maha-Deva a seu pai, S"iva-guru " e recheiam sua
carreira de milagres, que nenhuma teoria de desenvolvimento interior ou psíquico
pode explicar. Uma posteridade complacente pode facilmente relevar estes
embelezamentos piedosos como um fruto de uma exuberante parcialidade, pois,
depois de tudo isso ser eliminado, a verdadeira grandeza do pandit, filósofo e
místico só nos é ainda mais nitidamente revelada.
Infelizmente não dispomos dos dados que nos capacitem precisar a
época na qual este grande instrutor floresceu. Alguns colocam-no no segundo
século antes, outros o trazem até o décimo século depois de Cristo. A maioria
dos estudiosos modernos concorda em localizá-lo no oitavo século da era Cristã:
e, uma vez que corrobora esta opinião a autoridade conjunta de Wilson,
Colebrooke, Ram Mohan Roy, Yajnesvara Sastri, e do Prof. Jayanarayana
Tarkapancanana, o editor bengali do Samkara-vijaya de Ananda-giri, e
como se fosse menos importante, depois de tudo, saber quando ele ensinou, do que
o que ele ensinou e fez, podemos bem aceitar esta decisão sem questionamento.
Tampouco seu local de nascimento pode ser determinado com certeza. Do mesmo modo
que sete cidades competem pela honra de ter produzido um Homero, cinco biógrafos
assinalam sua natividade em cinco diferentes localidades. A cidade comumente
favorecida é S"rngeri (Vide as anotações do Pandit K.V. Rama-savami, pg. 4, e o
mapa no final do livro), mas uma passagem do S"iva-rahasya, citada no
Kavi-caritra, indica uma cidade no distrito de Kerala, chamada
Sasala-grama; (Kavi-caritra, pg. 3, linha 17). A vida de Samkaracarya
por Ananda-giri nomeia Cidambara-pura (pp. 9 e 19. Pode ser acrescentado que eu
tenho sérias dúvidas sobre se o Samkara-vijaya, publicado em Calcutá, é
realmente um trabalho de Ananda-giri, o discípulo de Samkara); Madhava indica
Kalati (Madhavacarya, II, 3); e por fim, Yajvnesvara S"astri, em seu
Arya-vidya-sudhakara, nos fala que Samkaracarya viu a luz pela primeira
vez em Kalpi (pg. 226).
Mesmo
se não acreditarmos nas histórias dos portentos e maravilhas que se diz terem
ocorrido nos reinos animal e vegetal ao seu nascimento " como o congraçamento de
feras usualmente hostis entre si, a incomum transparência dos rios, e a emanação
sobrenatural de fragrâncias por árvores e plantas, nem na alegria dos
Upanishads, nem nos jubilosos peãs de toda a milícia celeste; mesmo assim
temos por certo de que nosso herói, em tenra idade, demonstrou a mais
maravilhosa precocidade. Em seu primeiro ano aprendeu o alfabeto e a linguagem
Sânscrita; aos dois, aprendeu a ler; aos três, estudou os Kavyas e
Puranas " e compreendeu muitos trechos por intuição (Madhava, IV,
1-3). Ananda-giri, menos circunstancial, meramente assinala que Samkara se
tornou fluente no Prákrito, Maghadi e Sânscrito já em sua Saisava,
infância.
Tendo
estudado o Itihasa, os Puranas, o Maha-bharata, os
Smritis e os Sastras, Samkara, em seu sétimo ano, deixou seu
professor e voltou para casa. Madhava narra que a mãe de seu herói, sendo um dia
vencida pela debilidade resultante das austeridades que praticara antes de seu
nascimento, para propiciar os deuses e fazê-los atender sua súplica por um
filho, e também pelo tórrido calor do Sol, desfaleceu: Samkara, vendo-a
desmaiada, não só a trouxe de volta à consciência mas ainda fez com que o rio
transbordasse, arrefecendo o ar para ela, uma circunstância que obviamente
espalhou até muito longe sua fama de taumaturgo. O Rei de Kerala, em vão lhe
oferecendo presentes de ouro e elefantes através de seu ministro, veio em pessoa
prestar-lhe reverência e, revelando-lhe seu desejo por um filho que fosse como
ele próprio, foi tornado feliz pelo sábio, que ensinou privadamente ao rei os
ritos que deveriam ser executados em tais casos. Não devo perder a oportunidade
de apontar, de passagem, as duas coisas implicadas nesta peça biográfica, quais
sejam, de que era acreditado que a progênie poderia ser induzida pela recitação
de mantras (Madhava, V, I. Compare com Ananda-giri, pg. 11) e a
execução de ritos cerimoniais, e que o segredo nunca é ensinado publicamente,
mas transmitido privadamente de adepto para discípulo (Madhava, V, 59).
Não pretendo demorar sobre estes fatos, mas deixo-os para serem trabalhados por
nossos novos amigos, os Teosofistas, a quem o lado místico da natureza oferece
maior apelo.
Na
mesma altura, o grande sábio Agastya, visitando Samkara com outros sábios,
profetizou à sua mãe que ele morreria com a idade de 32 anos. Sentindo que este
mundo é todo uma espetáculo passageiro, este menino de oito anos determinou-se a
abraçar a vida de um santo Samnyasin, mas sua mãe objetou, seu orgulho materno
indubitavelmente desejando que seu filho, por sua vez, gerasse um filho para
herdar sua própria grandeza de alma e mente. Entretanto, a determinação do jovem
não seria abalada, e o consentimento materno foi obtido, como nos dizem os
biógrafos, com a produção de um milagre (Madhava, V, 87. Nenhum dos
detalhes de Madhava são encontrados em Ananda-giri, onde só temos duas linhas
sobre este assunto, p. 17). Banhando-se num rio certo dia, seu pé foi abocanhado
por um crocodilo. Ele gritou tão alto que sua mãe correu até o local, e
sendo-lhe dito que o crocodilo não livraria seu pé antes que ela concordasse que
seu filho se tornasse um asceta, sentiu-se coagida a dar o consentimento.
Samkaracarya então saiu do rio e confiou-a aos cuidados de parentes e amigos, e
prometendo-lhe que voltaria sempre que ela tivesse necessidade de sua presença,
tomou rumo e iniciou a carreira para a qual ele tinha tão poderosamente uma
inclinação natural.
Como se
guiado por alguma irresistível atração magnética para certo lugar, Samkara
viajou por diversos dias, através de florestas, sobre montes, por entre cidades
e atravessando rios, mas, todo o tempo inconsciente de tudo e esquecido dos
homens e feras que encontrava pelo caminho, e chegou à caverna em um monte nas
margens do Narmada, onde Govinda Yati havia estabelecido sua ermida. Depois das
preliminares usuais, o sábio aceitou o jovem como discípulo e lhe ensinou
Brahman através das quatro grandes sentenças: O conhecimento é Brahman; Esta
alma é Brahman; Tu és Aquele; e Eu sou Brahman. É relatado por Madhava, que
imediatamente depois de ter entrado no discipulado, um dia quando seu guru
estava absorto em contemplação, ou, como diríamos, Dharana, ao pronunciar certos
versos místicos, Samkara operou o milagre de acalmar uma furiosa tempestade de
chuva acompanhada de terríveis relâmpagos e trovões. Ao retornar à consciência
das coisas externas, sabendo o que seu ilustre discípulo havia feito, Govinda
Natha transbordou de felicidade, pois este exato evento havia-lhe sido previsto
por Vyasa em um sacrifício celebrado muito antes pelo sábio Atri. Concedendo sua
bênção sobre Samkara, recomendou-lhe que fosse a Benares e recebesse a bênção
da Deidade.
Por
teu feito glorioso Então passa, e começa A salvar a
humanidade
Assim
admoestado, Samkara seguiu para Benares, onde, depois de uma residência de
alguns meses, diz-se que recebeu seu primeiro discípulo, Sanandana " o mesmo que
depois foi celebrado como seu grande favorito, sob o título de Padma-pada.
Confesso uma dúvida sobre a precisão desta data, ainda que eu cite esta
circunstância do livro de Madhava (Madhava, V, 53-61), pois parece
impossível que Samkara tivesse iniciado a tomar discípulos em uma idade tão
precoce como a que ele, segundo o próprio Madhava, devia ter atingido então.
Entretanto, seja como for, Padma-pada foi devidamente aceito como discípulo em
Benares e lá muitos dos outros se juntaram a eles.
Em seu
décimo segundo ano, Samkara mudou-se para Badari, nas margens do Ganges, onde
ele compôs sua obra-prima, o comentário sobre os Brahma-sutras. Aqui
também ele escreveu o comentário sobre os Upanishads, sobre o
Baghavad-gita, sobre o Nrsrmha-tapani (chamado assim por Madhava),
e sobre o Sanat-sujatiya, entre outros trabalhos. Então ele ensinou seu
grande comentário a seus numerosos discípulos, mas sempre reservando seus
maravilhosos poderes de exposição para Padma-pada. Isto excitou a inveja no
coração dos outros discípulos, e para dissipá-la, Samkara, estando certa vez na
margem do rio que passava por sua casa, chamou Padma-pada para vir diretamente
da outra margem até ele. Este obedeceu e destemidamente caminhou sobre a
superfície das águas, que produziam um lótus a cada passo que ele dava. Foi
nesta ocasião que o nome de Padma-pada lhe foi dado por Samkara, ao abraçá-lo
em reconhecimento de sua entusiástica devoção.
Ao
ensinar seus discípulos, o jovem mestre não hesitava em fazer adversários entre
os homens letrados que tinham posições distintas da dele, mas ele sempre saía
vitorioso. Segundo Madhava, ele retirava as armas com que combatia seus
poderosos oponentes de um vasto arsenal de conhecimento Védico. Ficamos
assombrados com uma descrição de uma querela de oito dias entre ele próprio e
Vyasa, que lhe apareceu sob o disfarce de um idoso Brahmana, mas cuja identidade
foi intuitivamente reconhecida, ao menos por Padma-pada. O biógrafo nos fala que
o espírito de Vyasa, em seu disfarce como Brahamana, propôs-lhe um milhar de
objeções ao grande Bhasya sobre os Brahma-sutras, as quais foram
todas triunfalmente refutadas, e que ao final concedeu um prolongamento de
dezesseis anos ao período de vida que ele deveria viver, e após pedir-lhe que
empreendesse uma refutação de todos os outros sistemas filosóficos em voga,
abençoou-o e desapareceu.
Depois
disto, Samkara partiu para Prayaga à porocura de Bhatta Kuramila, para
pedir-lhe que escrevesse varttikas sobre seu Bhasya, mas
encontrou-o prestes a empreender a auto-cremação, em desgosto com o mundo.
Tentando inutilmente fazê-lo reconsiderar sua determinação, Samkara foi não
obstante autorizado a apresentar seus comentários, os quais Kumarila elogiou
vivamente; e depois deste ter completado seu ato de auto-imolação, Samkara
passou a Mahismati, a cidade onde Kumarila lhe havia informado que encontraria
Mandana Mis"ra, que realizaria o trabalho que Samkara lhe havia solicitado.
Chegando ao lugar, foi conduzido à casa do sábio por pardais, miraculosamente
dotados de linguagem humana, e capazes de discutir as mais intrincadas questões
filosóficas. Encontrando a casa, achou-a fechada, de modo que para obter acesso
teve de elevar-se no ar e entrar, como um deus ex-machina, no salão de
Mandana. Uma animada, e a princípio mesmo áspera, discussão seguiu-se entre o
hospedeiro e seu convidado inesperado e não bem-vindo, os dois finalmente
decidindo fazer a esposa de Mandava arbitrar entre eles. Mas ela, tendo outros
afazeres, deu a cada um uma guirlanda, estipulando que deveria ser considerado
vencido aquele cuja guirlanda secasse. Não quero tentar, no tempo e espaço que
tenho à disposição, sequer a epitomizar este maravilhoso debate, mas recomendo o
leitor a Madhava (VIII, 58-130) para detalhes, acrescentando que eles merecem
detido estudo. Samkara venceu, e vencendo, sob os termos do debate, chamou seu
antagonista de discípulo e instou-o a abandonar a vida doméstica e tornar-se um
asceta. Ele consentiu, e a esposa, que era uma encarnação de Sarasvati, como nos
é dito, partiu para o outro mundo. Mas antes de partir, foi impedida por
Samkara, que desejava debater também com ela. Então começou a segunda
discussão, mas as prontas respostas dele a todas as questões que lhe eram
apresentadas venceram Sarasvati, como podemos agora chamá-la, até que ela
enveredou por uma via com a qual Samkara era totalmente desfamiliarizado, Ela
lhe propôs uma questão sobre a Ciência do Amor. Obviamente ele foi incapaz de
responder imediatamente, tendo sido um Samnyasin e um celibatário por toda sua
vida; então ele pediu um adiamento de um mês, e, tendo-lhe sido concedido,
deixou Mahismati.
A
questão de Sarasvati sobre a verdadeira natureza do Amor necessitava de
resposta, mesmo que ele fosse dez vezes um Yogin ou Samnyasin. Assim, Samkara
viajou para encontrar os meios de aprender a verdade. Enquanto andava com seus
discípulos, encontrou o cadáver de certo rei chamado Arnaruka (ou Arnta-pura),
ao oeste da cidade de Mandan Mis"ra, de acordo com Ananda-giri
(Ananda-giri, pg. 224), jazendo ao pé de uma árvore na floresta, e
rodeado de homens e mulheres que lamentavam sua morte. Tirando partido desta
oportunidade, Samkara confiou seu próprio corpo ao cuidado de seus discípulos e
fez com que sua alma entrasse no cadáver do rei. A suposta ressurreição que se
seguiu deliciou o povo, e o Rei Samkara foi levado em triunfo da floresta da
morte para o trono da realeza [Este
incidente é muito importante para passar sem comentários editoriais. O poder do
Yogin de deixar seu próprio corpo e entrar no de outra pessoa e animá-lo, mesmo
que confirmado por Patanjali e incluído entre os Poderes de Krsna, é
desacreditado por jovens indianos europeizados. Bastante natural, pois já que os
biólogos ocidentais negam uma alma ao homem, é uma proposição impensável a eles
que a alma do yogin possa entrar no corpo de outra pessoa. Que uma tal descrença
irracional deva prevalecer entre os discípulos das Escolas Européias é razão
suficiente para que um esforço seja feito para reviver na Índia aquelas escolas
de Psicologia nas quais os jovens Arianos fossem instruídos sobre as leis
ocultas do homem e da natureza. Nós, que pelo menos temos alguma modesta
familiaridade com a ciência moderna, não hesitamos em afirmar nossa fé de que
esta transmigração temporária de almas seja possível. Podemos mesmo ir mais
longe e dizer que este fenômeno foi experimentalmente provado para nós em Nova
York, entre outros lugares. E, uma vez que seríamos os últimos a exigir que tão
maravilhosa asserção fosse aceita sobre o testemunho não comprovado de quem quer
que seja, instamos nossos leitores para que primeiro estudem a Literatura
Ariana, e então derivem de uma experiência pessoal as evidências corroborantes.
O resultado deve inevitavelmente satisfazer todo o pesquisador honesto de que
Patanjali e Samkaracarya conheciam os segredos de nosso ser, e que Tyndall,
Carpenter e Huxley, não. " NE, The Theosophist (H.P.B)]. |