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A DOUTRINA DO CORAÇÃO

"Aprende a discernir o verdadeiro do falso, o efêmero do perene. Aprende, acima de tudo, a separar o conhecimento da Cabeça da sabedoria da Alma, a Doutrina do 'Olho' da do 'Coração' ".

A Voz do Silêncio

Extratos de Cartas Hindus com um Prefácio

The Theosophical Publishing HouseAdyar, Madras

PREFÁCIO

Sob o título de A DOUTRINA DO CORAÇÃO publicamos aqui uma série de documentos, consistindo principalmente de extratos de cartas recebidas de amigos indianos. Elas não são apresentadas como sendo de alguma "autoridade", mas meramente por conterem pensamentos que alguns de nós consideraram úteis e que desejamos compartilhar com outros. Elas são dirigidas apenas para aqueles que estão procurando resolutamente viver a Vida Superior, e são endereçadas especialmente àqueles que sabem que esta vida conduz a uma entrada definitiva na Senda do Discipulado sob a orientação daqueles Grandes Seres que a trilharam no passado, e que permanecem na Terra para ajudar os outros a trilhá-la por sua vez. Os pensamentos destas cartas são pensamentos que pertencem a todas as religiões, mas a forma e sentimento são indianos. A devoção é daquele tipo nobre e intenso conhecido no Oriente como Bhakti - a devoção que entrega a pessoa inteira e incondicionalmente a Deus e ao Homem Divino através de quem Deus se manifesta na carne ao devoto. Esta Bhakti não encontrou em parte alguma expressão mais perfeita do que no Hinduísmo, e os autores destas cartas são hindus, acostumados com a riqueza luxuriante do sânscrito, e colocam o inglês [idioma original do livro - NT], mais áspero, em alguma débil harmonia com a suavidade poética de sua língua materna. A fria e reservada dignidade do anglo-saxão e sua reticência emocional são completamente estranhas à efusão de sentimento religioso que emana do coração oriental tão naturalmente como o canto da cotovia. Aqui e ali, no Ocidente, encontramos um verdadeiro Bhakta (devoto), como São Tomás à Kempis, Santa Teresa, São João da Cruz, São Francisco de Assis, Santa Elizabeth da Hungria. Mas em sua maioria, o sentimento religioso no Ocidente, por mais profundo e verdadeiro que seja, tende ao silêncio e busca ocultar-se. Para aqueles que evitam a expressão do sentimento religioso estas cartas não terão valor, e não são dirigidas a eles.

Passemos agora a considerar um dos mais marcados contrastes da Vida Superior. Todos nós reconhecemos o fato de que o Ocultismo nos faz exigências de caráter que requerem certo isolamento e uma rígida autodisciplina. Tanto da parte de nossa muito amada e venerada Instrutora, Helena Blavatsky, como da parte das tradições da Vida Oculta, aprendemos que a renúncia e o férreo autocontrole são requisitos para aquele que há de passar pelos portões do Templo. O Bhagavad-Gitâ constantemente reitera o ensinamento da indiferença à dor e ao prazer, do perfeito equilíbrio sob todas as circunstâncias, sem o que nenhum Yoga verdadeiro é possível. Esta faceta da Vida Oculta é reconhecida em teoria por todos, e alguns estão obedientemente lutando para se modelarem à sua semelhança. A outra faceta da Vida Oculta é abordada na Voz do Silêncio [de Helena Blavatsky - NT], e consiste naquela simpatia para com tudo o que sente, naquela rápida resposta a todas as necessidades humanas, a perfeita expressão daquilo que deu o nome de "Mestres da Compaixão" para Aqueles a quem servimos. É para isto, em seu aspecto prático e cotidiano, que estas cartas dirigem nossos pensamentos, e é isto o que mais negligenciamos em nossas vidas, por mais que sua beleza, em sua perfeição, possa tocar nossos corações.

O verdadeiro Ocultista, ao mesmo que tempo que para si mesmo é o mais severo dos juizes, o mais rígido dos feitores, é para todos ao seu redor o mais compreensivo dos amigos, o mais gentil dos auxiliares. Conseguir esta gentileza e poder de simpatia deveria, assim, ser o desejo de cada um de nós, e isso só pode ser obtido pela incansável prática desta gentileza e simpatia para com tudo, sem exceção, que nos rodeia. Cada futuro Ocultista deveria ser a pessoa, em sua própria casa e círculo, para quem todos mais prontamente acorrem quando na tristeza, na ansiedade, no pecado - certos que estão da sua simpatia, e de sua ajuda. A pessoa mais desinteressante, a mais bruta, a mais estúpida, a mais repelente, deveriam ver nele pelo menos um amigo. Todo anseio em busca de uma vida melhor, cada desejo nascente em direção ao serviço altruísta, toda vontade recém-formada de viver mais nobremente, deveria encontrar nele alguém pronto a encorajar e fortalecer, de modo que todo germe de bem possa começar a crescer sob a calorosa e estimulante presença de sua natureza amorosa.

Atingir tal poder de serviço é uma questão de autotreinamento na vida diária. Primeiro precisamos reconhecer que o EU em todos é um só, de modo que em cada pessoa com quem entramos em contato devemos ignorar tudo o que é desagradável na casca exterior, e reconhecer o EU entronizado no coração. A próxima coisa a notar - em sentimento, não só em teoria - é que o EU está tentando se expressar através dos invólucros que o obstruem, e que a natureza interna é toda adorável, e é distorcida para nós pelos envoltórios que a contêm. Então deveríamos nos identificar com aquele EU, que na verdade é nós mesmos em sua essência, e cooperar com ele em sua luta contra os elementos inferiores que sufocam sua expressão. E uma vez que temos de agir para com nosso irmão através de nossa própria natureza inferior, o único caminho de ajudar eficazmente é ver as coisas como aquele irmão as vê, com suas limitações, seus preconceitos, sua visão distorcida; e vendo-as assim, e sendo afetados por elas em nossa natureza inferior, ajudá-lo do seu modo e não do nosso, pois só assim se pode prestar um auxílio real. Aqui entra o treinamento Oculto. Nós aprendemos a nos retirar de nossa natureza inferior, a sentir seus sentimentos sem sermos afetados por eles, e deste modo, ao mesmo tempo que experimentamos emocionalmente, julgamos com o intelecto.

Devemos usar este método quando ajudarmos nosso irmão, e ao mesmo tempo que sentimos como ele sente, como uma corda afinada ecoa a nota de sua vizinha, devemos usar nosso "eu" desapegado para julgar, para aconselhar, para estimular, mas sempre usando-o de modo que nosso irmão esteja consciente de que é a sua própria natureza superior que está expressando a si mesma através de nossos lábios. Devemos desejar compartilhar o nosso melhor; a vida do Espírito não é guardar, mas dar. Freqüentemente o nosso "melhor" seria indesejável para aquele a quem tentamos ajudar, assim como a poesia refinada não é atraente para a criança pequena; então devemos dar o melhor que ele possa assimilar, guardando o restante, não porque somos ciumentos, mas porque ele ainda não o requer.

Exatamente assim é que os Mestres da Compaixão ajudam a nós, que somos para Eles como crianças, e de modo semelhante devemos procurar ajudar aqueles que são mais jovens do que nós na vida do Espírito. Nem esqueçamos que a pessoa que sucede estar conosco em qualquer momento é a pessoa que o Mestre nos deu para servirmos naquele momento. Se por descuido, por impaciência, por indiferença, falhamos em ajudá-la, teremos falhado na nossa obra de nosso Mestre. Amiúde nos desviamos de nosso dever imediato nos absorvendo em outro trabalho, falhando em entender que a ajuda da alma humana enviada a nós é o nosso trabalho para aquele momento; e precisamos nos lembrar deste perigo, o mais sutil porque o dever é usado para mascarar o dever, e uma falha de percepção é uma falha na realização. Não devemos nos atar a nenhum trabalho específico; de fato sempre trabalhando, mas com a alma livre e "atenta", pronta para captar o mais leve sussurro d'Ele, que pode precisar de nós o serviço para com algum desvalido que Ele, através de nós, quer ajudar. A severidade para com o eu inferior, mencionada acima, é um requisito para este serviço de ajuda, pois só aquele que não se importa consigo mesmo, que para si mesmo é indiferente à dor ou ao prazer, é suficientemente livre para conceder perfeita simpatia para com os outros. Não precisando de nada, ele pode dar tudo. Sem nenhum amor por si mesmo, ele se torna o amor encarnado para os outros. No Ocultismo, o livro da vida é aquele para o qual voltamos nossa atenção principal. Estudamos outros livros meramente a fim de que possamos viver. Pois o estudo, mesmo de obras Ocultas, é um meio para a espiritualidade somente se estamos tentando viver a Vida Oculta; é a vida e não o conhecimento, é o coração purificado e não o coração saciado, o que nos conduz aos pés do Mestre. A palavra "devoção" é a chave para todo o verdadeiro progresso na vida espiritual. Se, trabalhando, procuramos o crescimento do movimento espiritual e não o sucesso gratificante, o serviço dos Mestres e não nossa própria satisfação, não podemos nos desencorajar por falhas temporárias, nem pelas nuvens sombrias e mortalidade que possamos experimentar em nossa própria vida interior. Servir por amor ao serviço, e não pelo prazer que temos no servir, assinala um nítido passo à frente, pois então começamos a adquirir aquele equilíbrio que nos capacita servir tão contentes no fracasso como no sucesso, tanto na treva interna como na luz interna. Quando conseguimos dominar a personalidade a ponto de sentirmos verdadeiro prazer no desempenho do trabalho para o Mestre mesmo quando isso é doloroso para a natureza inferior, o próximo passo é fazermos isso tão amorosa e plenamente mesmo quando este prazer desaparece e toda a alegria e luz são obscurecidas. De outra forma, no serviço dos Grandes Seres, podemos estar servindo a nós mesmos - servindo pelo que ganhamos d'Eles, em vez de fazê-lo puramente por causa do amor. Até onde durar esta sutil forma de autogratificação estamos correndo o risco de nos desviarmos do serviço, se as trevas perduram ao nosso redor, e se sentimos em nosso íntimo a morte e a desesperança. É nesta noite do espírito que o serviço mais nobre é prestado, e as últimas amarras do eu inferior são rompidas. Enfatizamos a devoção deste modo porque vemos em toda parte que aspirantes estão correndo risco, e que o progresso da obra do Mestre é atrapalhado, pela predominância do eu pessoal. Aqui está nosso inimigo, aqui é o nosso campo de peleja. Uma vez tendo percebido isso, o aspirante deveria dar boas-vindas a tudo o que em sua vida diária arranca uma lasca de sua personalidade, e deveria ser grato a todas as "pessoas desagradáveis" que pisam em seus dedos e ofendem sua sensibilidade e desmerecem o seu amor-próprio. Elas são os seus melhores amigos, seus mais valiosos auxiliares, e jamais deveriam ser consideradas senão com gratidão pelo serviço que prestam atacando nosso mais perigoso inimigo. Encarando assim a vida cotidiana, ela se torna uma escola de Ocultismo, e começamos a aprender aquele perfeito equilíbrio que é necessário nos caminhos mais altos do discipulado, antes que um conhecimento maior, e portanto um maior poder, possa ser colocado em nossas mãos. Onde não há um calmo autodomínio, uma indiferença para com assuntos pessoais, uma devoção serena ao serviço dos outros, não há verdadeiro Ocultismo, nem verdadeiramente vida espiritual. O psiquismo inferior não requer nenhuma destas qualidades, e é portanto avidamente procurado pelos pseudo-Ocultistas; mas a Loja Branca as requer de seus postulantes, e fazem de sua aquisição a pré-condição para a entrada no Pátio dos Neófitos. Que o anelo de todo aspirante seja, portanto, treinar-se para que possa servir, praticar a rígida autodisciplina para que quando o Mestre olhar dentro de seu coração não possa encontrar mancha alguma. Então ele o tomará pela mão e o guiará para diante.

Annie Besant

NOTA DO TRADUTOR

Como as cartas que constituem este livro tiveram um destinatário original feminino, Annie Besant, obviamente sua tradução deveria refletir isso. Entretanto, como o assunto é impessoal e nesta apresentação é dirigido a todos, homens e mulheres, e como em português o masculino é a forma natural de construir a concordância nominal e verbal genéricas, optamos por traduzir este material sempre na forma masculina.

A DOUTRINA DO CORAÇÃO

Os desastres se acumulam sobre a cabeça do homem que ancora sua fé na parafernália externa antes do que na paz da vida interior, que não depende do modo de vida exterior. De fato, quanto mais desfavoráveis as circunstâncias e maior o sacrifício envolvido por viver em meio a elas, mais perto a pessoa chega da meta final pela própria natureza das provas que ela tem de vencer. Não é sábio, portanto, se deixar atrair demais por quaisquer manifestações externas de vida religiosa, pois tudo o que existe no plano da matéria é efêmero e ilusório, e deve conduzir ao desapontamento. Quem quer que seja atraído poderosamente para qualquer modo de vida externo tem de aprender cedo ou tarde a relativa insignificância de todas as coisas exteriores. E quanto antes a pessoa passar pelas experiências impostas pelo Karma passado, melhor para ela. Realmente não é agradável sentir que subitamente se nos retiram o próprio chão, mas a taça que cura a tolice é sempre amarga, e deve ser tomada se a doença há de ser erradicada. Quando a brisa gentil que vem dos Seus Pés de Lótus sopra sobre a alma, então se sabe que os piores ambientes externos não são poderosos o bastante para desmerecer a música que, dentro, encanta.

Assim como o europeu que é atraído para ao Ocultismo se sente mais perto dos Grandes Seres quando chega à Índia, o indiano sente o mesmo quando sobe as escarpas de sua nevado Himavat. E mesmo assim isso é pura ilusão, pois não se chega aos Senhores da Pureza através de locomoção física, mas fazendo-nos mais puros e fortes através do constante sofrimento em benefício do mundo. Quanto à ignorância do pobre mundo iludido a respeito de nossos venerados Senhores, lembro das palavras: "O sibilar da serpente faz mal maior ao sublime Himavat do que a morte ou abuso infligidos pelo mundo contra qualquer um de nós".

Uma vez isto admitido, como deverá sê-lo por todos os que têm algum conhecimento de Ocultismo, que existem miríades de agentes invisíveis constantemente tomando parte nos assuntos humanos, elementais e elementares de todos os graus impingindo todo tipo de ilusões e farsas de todos os aspectos, assim como membros da Loja Negra que se deliciam em enganar e iludir os devotos da verdadeira sabedoria, devemos também reconhecer que a Natureza, em sua grande misericórdia e absoluta justiça, deve ter concedido ao homem alguma faculdade para discernir entre as vozes destes habitantes aéreos e a dos Mestres. E suponho que todos concordarão que a razão, a intuição e a consciência são nossas mais elevadas faculdades, os únicos meios pelos quais podemos separar o verdadeiro do falso, o bem do mal, o certo do errado. Sendo assim, segue-se que tudo o que falhe em iluminar a razão e satisfazer os mais altos apelos da natureza moral jamais deveria ser considerado como uma comunicação dos Mestres.

Também deve ser lembrado que os Mestres são Mestres da Sabedoria e Compaixão, que Suas palavras iluminam e expandem, e jamais confundem e embaraçam a mente; elas acalmam, e não perturbam; elevam, e não degradam. Eles jamais usam métodos que atrofiam e paralisam a razão e a intuição. Qual seria o resultado inevitável se estes Senhores do Amor e da Luz forçassem sobre os Seus discípulos comunicações tão revoltantes para a razão como para o senso ético? A credulidade cega tomaria o lugar da fé inteligente, a paralisia moral o lugar do crescimento espiritual, e os Neófitos seriam deixados completamente desvalidos, sem nada para guiá-los, constantemente à mercê de qualquer fada brincalhona, e ainda pior, de qualquer Dugpa [feiticeiro - NT] vicioso.

É este o destino do discipulado? Pode ser este o caminho do Amor e da Sabedoria? Não imagino que qualquer homem razoável possa acreditar nisso durante um minuto sequer, embora possa ser lançado sobre ele algum encanto por um momento, que possa obrigá-lo a engolir os piores absurdos.

Entre as muitas dúvidas lançadas na mente do discípulo para causar-lhe preocupação é a de se a fraqueza física pode ser um entrave ao progresso espiritual. O processo de assimilação de alimento espiritual não envolve nenhuma drenagem de energias físicas, e o progresso espiritual pode prosseguir enquanto o corpo padece. É uma completa falácia, devida à falta de conhecimento e equilíbrio, supor que a tortura e maceração do corpo o torne responsivo a experiências espirituais. É fazendo o que melhor serve ao propósito dos Santos Seres que se faz o progresso constante e verdadeiro. Quando chega o tempo adequado para que experiências espirituais sejam impressas na consciência cerebral, o corpo não é capaz de impedi-las. O pequeno obstáculo que pode ser levantado pelo corpo pode ser afastado em um instante. É uma ilusão supor que qualquer esforço físico possa promover o progresso espiritual um só passo que seja. O modo de nos aproximarmos d'Eles é fazermos o que melhor cumpra Sua vontade, e feito isso, nada mais precisa ser feito.

Parece-me que há uma doçura peculiar em ser resignadamente paciente, em sacrificar com alegria a própria vontade à vontade d'Aqueles que sabem mais e sempre conduzem corretamente. Não existe coisa tal como o querer pessoal na vida do Espírito. Assim o discípulo pode alegremente sacrificar sua própria felicidade pessoal, quando Eles encontram ocasião de trabalhar para os outros através dele. Ele pode sentir às vezes que foi como que esquecido quando estiver sozinho, mas ele sempre Os encontrará ao seu lado quando houver trabalho a ser feito. Períodos de noite devem se alternar com os de dia, e certamente é bom que ocasionalmente sobrevenha a escuridão quando ela afeta só a nós mesmos, mesmo que nossa dor pessoal deva ser com isso intensificada. Sentir Sua presença e influência é de fato o dom mais divinal que se pode imaginar, mas mesmo isso devemos ser desejosos de sacrificar, se renunciando ao que consideramos o mais elevado e melhor o bem final do mundo for de obtenção mais fácil.

Tente, e perceba a beleza do sofrimento, quando o que o sofrimento faz é só tornar a pessoa mais apta para o trabalho. Certamente jamais devemos anelar a paz se na luta o mundo puder ser ajudado. Tente, e sinta que embora a treva pareça estar em toda sua volta, ainda assim ela não é real. Se algumas vezes Eles se ocultam em uma Maya [ilusão - NT] de indiferença aparente, é apenas para conceder Suas bênçãos com maior abundância quando a estação for propícia. As palavras não ajudam muito quando a escuridão é opressiva, ainda que o discípulo deva tentar manter inabalada sua fé na proximidade dos Grandes Seres, e sentir que embora a luz seja temporariamente retirada da consciência mental, mesmo assim ela cresce dia a dia no interior sob a Sua sábia e misericordiosa dispensação. Quando a mente se torna novamente sensível, ela reconhece com surpresa e alegria como o trabalho espiritual foi feito sem que se tivesse consciência alguma dos detalhes. Nós conhecemos a Lei. No mundo espiritual noites de maior ou menor horror seguem o dia, e aquele que é sábio, reconhecendo que a treva é o fruto de uma lei natural, deixa de se incomodar com isso. Podemos descansar certos de que a escuridão, por sua vez, se dissipará. Lembre sempre que detrás da mais espessa fumaça sempre existe a luz dos Pés de Lótus dos Grandes Senhores da Terra. Fique firme e jamais perca a fé n'Eles, e então não haverá nada a temer. Podem e devem haver provações, mas você deve estar certo de que conseguirá suportá-las. Quando a sombra que caiu como uma mortalha sobre a Alma se retira, então somos capazes de ver quão realmente evanescente e ilusória ela era. Mesmo assim esta sombra, enquanto perdura, é real o bastante para levar a ruína para muitas almas nobres que ainda não adquiriram força suficiente para suportá-la.

A vida e o amor espirituais não se esgotam quando são dispendidos. A doação apenas acrescenta ao reservatório e o torna mais rico e intenso. Tente, e seja tão feliz e contente quanto puder, porque na alegria está a verdadeira vida espiritual, e a tristeza é apenas o resultado de nossa ignorância e falta de visão clara. Assim, você deve resistir, até onde puder, ao sentimento de tristeza: ele anuvia a atmosfera espiritual. E embora você não possa evitar inteiramente sua chegada, mesmo assim você não deve ceder completamente a ele. Pois lembre-se de que no verdadeiro coração do universo existe a Beatitude.

O desespero não deveria ter lugar nenhum no coração do discípulo devoto, pois ele enfraquece a fé e a devoção, e assim abre espaço para que atuem os Poderes das Trevas. Este sentimento é um feitiço lançado por eles para torturar o discípulo e se possível tirar alguma vantagem para si mesmos com esta ilusão. Aprendi com a mais amarga das experiências que a autoconfiança é praticamente inútil e mesmo decepcionante em testes desta natureza, e o único modo de escapar incólume destas ilusões é devotar-se completamente a Eles. A razão para isso, também, é bem simples. A força, a fim de ser eficaz em sua oposição, deve estar no mesmo plano onde atua o poder a ser combatido. Mas como estes problemas e ilusões não vêm do eu, o eu é impotente contra eles. Procedendo como procedem dos Seres Tenebrosos, eles só podem ser neutralizados pelos Irmãos Brancos. Portanto é necessário, em nome da segurança, entregarmo-nos - entregar nossos eus separados - e sermos libertos de toda Ahamkara [ilusão da separatividade, ou o conceito de um eu particular - NT].

Sabendo como nós sabemos que a Sociedade Teosófica - ou, a este respeito, qualquer movimento de alguma importância - está sob a observação e guarda de Poderes imensamente mais sábios e superiores do que nossos próprios pequenos 'eus', não precisamos nos preocupar muito com o destino final da Sociedade, mas podemos ficar descansados e contentes com o cumprimento consciencioso e diligentemente de nosso dever para com ela, fazendo a parte que nos cabe de acordo com o melhor de nossa luz e habilidades. A preocupação e a solidão têm, sem dúvida, suas próprias funções na economia da Natureza. Nos homens comuns elas obrigam o cérebro a funcionar, e os músculos a se mover, e se não fosse por isso o mundo não faria metade do progresso que tem feito nos planos físico e intelectual. Mas em certo estágio da evolução humana elas são substituídas por um senso de dever e um amor à Verdade, e a clareza de visão e ímpeto para trabalhar obtidos assim jamais podem ser conseguidos por qualquer quantidade de energia molecular e vigor nervoso. Portanto desvencilhe-se de todo desânimo, e com sua Alma voltada para Fonte de Luz, continue trabalhando para aquele grande objetivo para o qual você está aqui, seu coração abraçando toda a humanidade, mas perfeitamente resignado quanto ao resultado de seus esforços. Assim nossos Sábios têm ensinado, assim exortou Shri Krishna a Arjuna no campo de batalha, e assim devemos direcionar nossas energias.

Meus próprios sentimentos a respeito do sofrimento do mundo são precisamente os mesmos que os seus. Não há nada que me doa mais do que a cega e frenética maneira com que a vasta maioria de nossos irmãos persegue os prazeres dos sentidos, e a visão completamente vazia e errônea que têm da vida. A visão desta ignorância e loucura enternecem meu coração muito mais do que as dificuldades físicas que eles suportam. E embora a nobre prece de Rantideva me comovesse profundamente anos atrás, com o vislumbre que desde então me foi concedido ter a respeito da natureza das coisas, considero os sentimentos do Buda muito mais sábios e transcendentais. E embora eu pudesse alegremente sofrer agonias para livrar um discípulo da tortura a que ele é sujeito, tendo considerado as causas assim como as derradeiras conseqüências do sofrimento de um discípulo, minha dor por ele não tem nem metade da intensidade daquela que experimento a respeito da miséria daqueles pobres ignorantes que sem consciência alguma pagam a mera penalidade por suas más ações passadas.

As funções do intelecto são meramente a comparação e o raciocínio; o conhecimento espiritual está muito além desta esfera. Provavelmente você em seu ambiente atual está bem farto de sutilezas intelectuais, mas o mundo é, no fim das contas, apenas uma escola, uma academia de treinamento, e nenhuma experiência, por mais dolorosa ou ridícula, é desprovida de uso ou valor para o homem que pensa. Os males por que passamos só fazem nos tornar mais sábios, e os próprios disparates que cometemos nos são de muita valia para o futuro. Assim, não precisamos nos queixar de nada, por mais indesejável que seja externamente.

O Karma, como foi ensinado no Gita e no Yoga Vasishta, significa atos e volições que procedem de Vanasa, ou desejo. É deixado bem claro naqueles códigos de ética que nada que é feito com um puro senso de dever, nada que é empreendido com um sentimento de "obrigação", como se diria, pode macular a natureza moral daquele que o faz, mesmo que ele esteja equivocado em sua concepção de dever e adequação. O erro, é claro, deve ser expiado com sofrimento, que deve se proporcional às conseqüências do erro; mas certamente não pode degradar o caráter ou macular o Jivatma (o Eu Individualizado).

É bom usarmos todos os eventos da vida como lições a serem transformadas em vantagens, e a dor causada pela separação de amigos que amamos pode ser usada assim. O que são espaço e tempo no plano do Espírito? Ilusões do cérebro, meros nadas, que adquirem aspecto de realidade pela impotência da mente, o invólucro que aprisiona o Jivatma. O sofrimento meramente nos dá um impulso novo e mais potente de vivermos completamente no Espírito. No fim, da dor virá boa vontade para todos nós, de modo que não devemos resmungar. Antes, sabendo que para os discípulos não pode acontecer nada que não seja da vontade de seus Senhores, devemos olhar para cada incidente doloroso como um passo em direção ao progresso espiritual, como um meio para aquele desenvolvimento interno que nos capacita a servi-Los, e com isso à Humanidade, de um modo melhor.

Se apenas pudermos servi-Los, se através de todas as tormentas e conflagrações nossas Almas se voltarem para os seus Pés de Lótus, o que importam a dor e os sofrimentos que elas impõem à nossa casca temporária? Entendamos um pouco o significado interno destes sofrimentos, destas vicissitudes das circunstâncias externas - entendamos como tamanha dor suportada significa muito mau Karma esgotado, muito poder de serviço adquirido, quão boa lição aprendida - não serão estes pensamentos suficientes para nos sustentar através de qualquer quantidade destas misérias ilusórias? Quão doce é sofrer quando se sabe e se tem fé! Quão diferente da miséria do ignorante, do cético, e do descrente. Quase poderíamos desejar que todo o sofrimento e miséria do mundo fossem nossos a fim de que o restante de nossa raça pudesse ser livre e feliz. A crucificação de Jesus simboliza esta fase na mente do discípulo. Você não pensa o mesmo? Somente esteja sempre firme na fé e na devoção, e não se desvie do caminho sagrado do Amor e da Verdade. Esta é a sua parte - o resto será feito por você pelos Senhores Misericordiosos a quem você serve. Você já sabe de tudo isso, e se eu falo sobre isso é apenas para fortalecê-lo em seu conhecimento; pois amiúde esquecemos de nossas melhores lições, e em tempos de aflição o dever de um amigo é mais o de lembrar a você suas próprias palavras, antes do que introduzir novas verdades. Foi assim que Draupadi freqüentemente consolou seu sábio esposo Yudhisthira, quando terrível infortúnio por um momento abalava sua usual serenidade, e assim também o próprio Vasishtha teve de ser acalmado e confortado quando assolado pela dor da morte de seus filhos. Não é verdadeiramente inexplicável o lado Maya deste mundo? Quão belo e romântico de um lado, e quão terrível e desgraçado de outro! Sim, Maya é o mistério de todos os mistérios, e quem entendeu Maya terá encontrado sua própria unidade com BRAHMAN - a Suprema Felicidade e a Luz Suprema.

A impressionante figura de Kali em cima de Shiva prostrado é uma ilustração da utilidade - do uso superior - da Raiva e do Ódio. A figura negra representa a Raiva; com a espada também significa proezas físicas; e toda a imagem significa que enquanto o homem tem raiva e ódio e força física, ele as deve usar para a supressão das outras paixões, para o massacre dos desejos da carne. Isso também representa o que realmente acontece quando pela primeira vez a mente se volta para a vida superior. Como ainda estamos carentes de sabedoria e equilíbrio mental, então matamos nossos desejos com nossas paixões; dirigimos nossa raiva contra nossos próprios vícios, e assim os suprimimos; também empregamos nosso orgulho contra as tendências indignas do corpo e da mente, e assim subimos o primeiro degrau na escadaria. Shiva prostrado mostra que quando a pessoa está engajada em uma batalha destas, ela não presta atenção ao seu princípio mais elevado, Atma - antes, na verdade ela o pisoteia, e não é senão quando ela mata o último inimigo de seu Eu que ela passa a reconhecer sua verdadeira posição quanto ao Atma durante a luta. Assim, Kali só encontra Shiva aos seus pés quando ela mata o último Daitya [demônio - NT], a personificação de Ahamkara, e então ela fica azul em sua fúria insana. Enquanto as paixões não tiverem sido todas subjugadas, devemos usá-las para sua própria supressão, neutralizando a força de uma com a de outra, e só assim podemos matar logo nosso egoísmo, e obter o primeiro vislumbre de nosso verdadeiro Atma - Shiva em nós - o qual ignoramos enquanto o desejo se agita no coração.

Podemos muito bem colocar sempre de lado nosso desejo pessoal míope a fim de servi-Los fielmente; é minha experiência que só seguindo a Sua orientação a pessoa evita o perigoso precipício para onde estava se dirigindo inconscientemente. Na hora parece difícil romper com nossas preferências pessoais, mas no final, de tal sacrifício resulta apenas alegria. Não há treino melhor do que os poucos anos da vida de uma pessoa quando ela, por agudo desapontamento, é conduzida a procurar abrigo debaixo dos benditos Pés dos Senhores, pois não há em parte alguma outro lugar para descanso. E então cresce no discípulo um hábito de pensar sempre que seu único refúgio está n'Eles, e sempre que ele não pensa n'Eles ele se sente miserável e abandonado. Assim, pela própria escuridão do desespero se acende nele uma luz que depois jamais empalidecerá. Aqueles cujos olhos penetram as distâncias do futuro longínquo, que estão veladas para nossos olhos mortais, têm feito e farão o que é melhor para o mundo. Devem ser sacrificados os resultados imediatos e as satisfações temporárias, se havemos de assegurar sem chance de fracasso o atingimento do objetivo. Quanto mais desejarmos criar as chances de sucesso interior, menos devemos ambicionar colheitas rápidas. Só pela dor podemos chegar à perfeição e à pureza; só pela dor podemos nos tornar servos adequados daquela Órfã [a Humanidade - NT] que incessantemente grita por alimento espiritual. A vida só vale a pena se for sacrificada aos Seus Pés.

Alegremo-nos que tenhamos oportunidades de servir à grande Causa através de sacrifícios pessoais, pois cada sofrimento pode ser usado por Eles para levar a pobre e equivocada Humanidade para um pequeno degrau acima. Qualquer dor que um discípulo possa sofrer é um penhor para um ganho correspondente que advém ao mundo. Ele deveria, portanto, sofrer calado e alegre, uma vez que ele vê um pouco mais claramente do que a cega mortalidade pela qual sofre. No decorrer de toda a evolução existe uma lei que é dolorosamente evidente, mesmo aos olhos do mais raso principiante: que nada realmente digno de se possuir pode ser ganho sem um sacrifício correspondente.

Quem renuncia a toda noção de eu, e faz de si mesmo um instrumento para as Divinas Mãos trabalharem através, não precisa ter medo nenhum das provas e dificuldades do mundo físico. "Como indicares, assim trabalharei". Este é o modo mais fácil de se ultrapassar a esfera do Karma individual, pois aquele que oferece todas as suas capacidades aos Pés dos Senhores não cria Karma para si; e então, como promete SHRI KRISHNA: "Tomo sobre Mim mesmo as suas contas". O discípulo não precisa levar em consideração os frutos de suas ações. Assim ensinou o grande Mestre Cristão: "Não vos preocupeis com o dia de amanhã".

Não permita que impulsos guiem a conduta. O entusiasmo pertence aos sentimentos, e não à conduta. O entusiasmo na conduta não tem lugar algum no verdadeiro Ocultismo, pois o Ocultista deve sempre ser autocontido. Uma das coisas mais difíceis na vida do Ocultista é manter o equilíbrio sempre, e este poder provém da verdadeira percepção espiritual. O Ocultista tem de viver mais uma vida interna do que uma externa. Ele sente, percebe, sabe mais e mais, mas demonstra menos e menos. Mesmo os sacrifícios que ele tem de fazer pertencem mais ao mundo interno do que ao externo. Na devoção religiosa comum todos os sacrifícios e forças de que a natureza da pessoa é capaz são usados no apego ao externo, em vencer ilusões e tentações no plano físico. Mas na vida do Ocultista eles têm de ser usados para propósitos maiores. Deve-se considerar as proporções, e subordinar o externo. Em uma palavra, jamais ser ostensivo. Assim como Hamsa [cisne mítico dos hindus, representa a Sabedoria sagrada - NT] tendo diante de si água e leite misturados, toma só o leite e deixa a água, do mesmo modo o Ocultista extrai e retém a vida e quintessência de todas as várias qualidades, ao passo que rejeita as cascas onde elas estão escondidas.

Como as pessoas podem supor que os Mestres devessem interferir na vida a atos das pessoas, e duvidam de Sua existência, ou questionam Sua indiferença moral, pelo fato de Eles não interferirem? O povo pela mesma razão questiona a existência de qualquer Lei moral neste Universo, e argumenta que a existência de iniqüidades e práticas infames entre a humanidade vai contra a suposta existência de uma Lei assim. Por que eles esquecem que os Mestres são Jivanmuktas [almas libertas, emancipadas da matéria - NT] e trabalham com a Lei, identificam-Se com a Lei, e de fato são o próprio espírito da Lei? Mas não há necessidade de nos afligirmos a este respeito, pois o tribunal a que nos submetemos em assuntos de consciência não é a opinião pública, mas nosso próprio Eu Superior. São batalhas como estas que purificam o coração e elevam a alma, e não as lutas furiosas às quais nossas paixões, ou mesmo a "justa indignação" e o que é chamado de "nobre ultrajamento", nos impelem.

O que são para nós problemas e dificuldades? Não são tão benvindos como os prazeres e facilidades? Pois não são eles nossos melhores treinadores e educadores, e nos enchem de lições salutares? Não nos obrigam a nos movermos mais tranqüilamente através de todas as mudanças e vicissitudes da sorte? E não seria um grande descrédito para nós se falhássemos em preservar a tranqüilidade mental e equilíbrio de ânimo, coisa que devia ser sempre a marca da disposição do discípulo? Seguramente ele deveria permanecer sereno em meio a todas as tormentas e tempestades. Este é um mundo louco, enfim, se a pessoa olha só para sua mera exterioridade, e mesmo assim, quão enganador é em sua loucura! É a própria insanidade da loucura quando o doente é ignorante de sua condição - antes, quando acredita-se perfeitamente saudável. Oh, se a harmonia e música que reinam na Alma das coisas não nos fossem perceptíveis, a nós, cujos olhos foram abertos para esta completa sandice que penetra a casca externa, quão intolerável a vida nos seria! Você não acha que seria pouco agradecido mantermo-nos descontentes quando obedecemos aos desejos de nossos Senhores e cumprimos nosso dever? Você deveria ter não apenas paz e contentamento, mas também alegria e vivacidade, quando serve Aqueles cujo serviço é nosso mais alto privilégio e cuja memória é nossa mais verdadeira delícia.

Que Eles jamais nos abandonarão é tão certo quanto a Morte. Mas nos cabe nos aproximar d'Eles com devoção verdadeira e profunda. Se nossa devoção for verdadeira e profunda, não há a menor chance de nos afastarmos de Seus santos Pés. Mas você sabe o que significa devoção verdadeira e profunda. Você sabe tanto quanto eu que nada menos do que a completa renúncia à vontade pessoal, a resoluta aniquilação do elemento pessoal no homem, pode constituir uma Bhakti verdadeira e genuína. É só quando toda a natureza humana está em perfeita harmonia com a Lei Divina, quando não há uma só nota discorde em qualquer parte do sistema, quando todos os pensamentos idéias, fantasias, desejos, emoções, voluntários ou involuntários, vibram em resposta e em completa consonância com o "Grande Alento", que se atinge o verdadeiro ideal de devoção, e não antes. Só nos livramos da chance de fracasso quando atingimos este estágio de Bhakti, pois só ele pode assegurar progresso perpétuo e sucesso indubitável. O discípulo não falha por falta de cuidado e amor de parte dos Grandes Mestres, mas a despeito disso, e por sua própria perversidade e fraqueza internas. E não podemos dizer que a perversidade seja impossível em uma pessoa que ainda acalenta em si a idéia de separatividade - nutrida ao longo de éons de pensamento ilusório e corrupção, e ainda não completamente extirpada.

Não devemos nos iludir de nenhuma forma. Algumas verdades são de fato amargas, mas a atitude mais sábia é conhecê-las e enfrentá-las. Ficarmos em um paraíso fantasioso significa apenas excluirmos o verdadeiro Eliseu. É verdade que se nós deliberadamente pararmos para descobrir se temos ou não ainda algum traço de separatividade ou personalismo em nós, ou qualquer desejo de nos contrapormos ao curso natural dos eventos, podemos falhar em encontramos algum motivo, alguma razão, para tal auto-afirmação ou desejo. Sabendo e acreditando como nós fazemos que a idéia de isolamento é mero produto de Maya, que a ignorância e todo desejo pessoal surgem apenas deste sentimento de isolamento, e que eles são a raiz de toda nossa miséria, não podemos senão desprezar estas falsas e ilusórias noções quando meditarmos sobre elas. Mas se analisamos os verdadeiros fatos, e vigiarmos a nós mesmos o dia todo, e observamos os vários comportamentos de nosso ser, variando com as diferentes circunstâncias, chegaremos a uma conclusão bem diversa, e descobriremos que a verdadeira realização de nosso conhecimento e crença em nossa vida é ainda um evento muito distante, e surge por apenas um breve momento aqui e ali, quando estamos inteiramente esquecidos do corpo ou do ambiente material, e estamos completamente arrebatados na contemplação do Divino - antes, quando estamos mergulhados na própria Deidade.

Para nós, através da suprema misericórdia de nossos Senhores, as coisas na Terra são um pouco mais claras e mais inteligíveis do que para o homem do mundo, e este é o motivo de tão avidamente querermos devotar todas as nossas energias ao seu serviço. Toda atividade - caridade, benevolência, patriotismo, etc - será, no dizer jubilosamente mofino do cínico, mera troca, uma mera questão de dar e receber. Mas o aspecto mais nobre que mesmo este ridicularizado, a probidade mercenária - considerado estritamente e aplicado a etapas mais elevadas de vida - apresenta ao olho superior, está além do alcance do zombeteiro superficial; e assim ele ri e troça da virtude, chamando-a de mercantil, e o mundo tolo e leviano, ávido por um pouco de divertimento, ri com ele e o considera um sujeito esperto e animado. Se olharmos para a superfície deste nosso esplêndido orbe, nada além de tristeza e opressão aparecerá diante de nossas almas, e o desespero paralisará todos os esforços de melhoria de suas condições. Mas olhando por debaixo, vemos como todas as inconsistências se dissolvem, e tudo parece belo e harmonioso, e o coração desabrocha e se enche de alegria, e liberalmente abre seus tesouros para o universo em torno. Desta maneira, não precisamos desfalecer diante de qualquer visão terrível que surgir, nem precisamos lamentar a loucura e cegueira dos homens entre os quais nascemos.

Há leis morais fixas, assim como há leis físicas uniformes. Estas leis morais podem ser violadas pelo homem, dotado como é de sua individualidade e da liberdade que isso envolve. Cada violação se torna uma força moral na direção oposta àquela em que a evolução está seguindo, e é inerente ao plano moral. E pela lei de reação cada qual tem a tendência de evocar a operação da lei correta. Mas quando estas forças opositoras se acumulam e adquirem uma dimensão gigantesca, a força reacional necessariamente se torna violenta e resulta em revoluções morais e espirituais, em guerras santas, em cruzadas religiosas, e coisas assim. Expanda esta teoria, e você entenderá a necessidade do aparecimento de Avataras [encarnações divinas - NT] sobre a Terra. Quão fáceis se tornam as coisas quando os olhos da pessoa se abrem; mas quão incompreensíveis elas parecem quando a visão espiritual está fechada, ou é apenas vaga e primitiva. A Natureza, em sua infinita generosidade, providenciou para o homem, nos planos externos, símiles exatos de suas funções internas, e verdadeiramente aqueles que têm olhos para ver podem ver, e aqueles que têm ouvidos para ouvir podem ouvir.


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