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OS SETE PRINCÍPIOS
DO HOMEM

Pesquisadores atraídos para Teosofia por sua doutrina central de fraternidade entre os homens, e pelas esperanças que ela traz de conhecimento mais amplo e de crescimento espiritual, podem ser repelidos quando fazem sua primeira tentativa de entrar mais em contato com ela, por causa dos - para eles - nomes estranhos e embaralhantes que fluem facilmente dos lábios de Teosofistas reunidos em conferência.

Eles ouvem um emaranhado de Âtmâ-Buddhi, Kâma-Manas, Tríade, Devachan, e sabe-se lá o que mais, e sentem de imediato que para eles a Teosofia é um estudo por demais abstruso. Mas poderiam ter-se tornado Teosofistas muito bons, não tivesse seu entusiasmo inicial sido esfriado com a ducha dos termos Sânscritos. Neste Manual o confuso emaranhado será tratado com mais moderação, e só poucos nomes Sânscritos serão colocados diante do pesquisador.

De fato, o uso destes termos se tornou geral entre os Teosofistas porque a língua portuguesa não tem equivalentes para eles, e uma frase longa e obscura tem de ser usada em seu lugar para a idéia ser transmitida integralmente. O problema inicial de se aprender estes nomes tem sido preferido do que o problema contínuo de usar-se frases descritivas aproximativas - "Kama", por exemplo, sendo mais curto e mais preciso do que "parte passional e emocional de nossa natureza".

De acordo com o ensino Teosófico o homem é um ser sétuplo, ou, na terminologia usual, tem uma constituição setenária. Colocando de outra forma, a natureza do homem tem sete aspectos, pode ser estudada de sete diferentes pontos de vista, é composta de sete princípios. O modo melhor e mais claro de todos pelo qual imaginar o homem é considerá-lo como uno, o Espírito ou Eu [Self, no original - NT] Verdadeiro; este pertence à mais alta região do universo, e é universal, é o mesmo para todos; é um raio de Deus, uma centelha do fogo divino. Isto vai se tornar um indivíduo, refletindo a perfeição divina, um filho que cresce à semelhança de seu pai.

Para este propósito o Espírito, ou Eu Verdadeiro, veste-se com roupa após roupa, cada uma pertencendo a uma região definida do universo, e capacitando o Eu para entrar em contato com aquela região, ganhar conhecimento dela, e trabalhar nela. Assim ele ganha experiência, e todas as suas potencialidades latentes são gradualmente transformadas em poderes ativos. Estas roupagens, ou invólucros, são distinguíveis umas das outras tanto teórica como praticamente.

Se um homem for observado pela clarividência, cada uma é distinguível ao olhar, e são separáveis entre si durante a vida física ou na morte, de acordo com a natureza de cada invólucro particular. Quaisquer palavras que possam ser usadas, o fato permanece o mesmo - de que ele é essencialmente sétuplo, um ser em evolução, parte de cuja natureza já se manifestou, parte permanecendo latente no presente, até onde concerne à vasta maioria da humanidade. A consciência do homem é capaz de funcionar através de tantos destes aspectos quantos tiverem nele já evoluído até a atividade.

Esta evolução, durante o presente ciclo do desenvolvimento humano, tem lugar em cinco dentre sete dos planos da natureza. Os dois planos superiores - o sexto e o sétimo - exceto nos casos mais excepcionais, não serão atingidos por homens desta humanidade neste ciclo atual, e podem ser portanto deixados de lado para nosso objetivo presente.

Entretanto, como tem surgido alguma confusão sobre os sete planos por causa da diferença de nomenclatura, são dados dois diagramas no final deste tratado, mostrando os sete planos como eles existem em nossa divisão do universo, em correspondência com os planos mais vastos do universo como um todo, e também a subdivisão dos cinco em sete, como são representados em parte de nossa literatura.

Um "plano" é meramente uma condição, um estágio, um estado; de modo que poderíamos descrever o homem como disposto pela sua natureza, quando esta natureza está plenamente desenvolvida, para existir conscientemente em sete diferentes condições, ou sete diferentes estágios, em sete diferentes estados; ou tecnicamente, em sete diferentes planos de existência.

Tomando um exemplo facilmente verificável: um homem pode ser consciente no plano físico, isto é, em seu corpo físico, sentindo fome e sede, e a dor de um golpe ou corte. Mas deixemos o homem ser um soldado no coração da batalha, e sua consciência estará centrada em suas paixões e emoções, e ele pode sofrer um ferimento sem perceber, sua consciência estando fora do plano físico e agindo no plano das paixões e emoções: quando passa a excitação, a consciência voltará ao físico, e ele "sentirá" a dor de seu ferimento.

Deixemos o homem ser um filósofo, e enquanto ele ponderar sobre algum intrincado problema ele perderá toda a consciência das necessidades de seu corpo, das emoções, do amor ou do ódio; sua consciência passará ao plano do intelecto, estará "abstraído", isto é, afastado das considerações pertinentes à sua vida corporal, e fixo no plano do pensamento.

Assim um homem pode viver nestes diversos planos, nestas diversas condições, sendo uma ou outra parte de sua natureza posta em atividade em cada momento dado; e um entendimento do que é o homem, de sua natureza, seus poderes, suas possibilidades, será alcançado mais facilmente e assimilado de maneira mais útil se ele for estudado ao longo destas linhas claramente definidas, do que se ele for deixado sem análise, um mero feixe confuso de qualidades e estados.

Também tem sido considerado conveniente, a respeito da vida mortal e imortal do homem, reunir estes sete princípios em dois grupos - um contendo os três princípios superiores e portanto chamado de Tríade, o outro contendo os quatro inferiores, destarte chamado Quaternário. A Tríade é a parte imortal da natureza humana, o "espírito" e alma da terminologia Cristã; o Quaternário é a parte mortal, o "corpo", do Cristianismo.

Esta divisão em corpo, alma e espírito é usada por São Paulo, e é aceita em toda a cuidadosa filosofia Cristã, embora geralmente ignorada pela massa do povo Cristão. No linguajar comum, alma e corpo constituem o homem, e as palavras espírito e alma são usadas intercambiavelmente, com muita confusão de pensamento como resultado.

Esta vagueza é fatal para qualquer visão clara sobre a constituição do homem, e o Teósofo pode bem apelar para o filósofo Cristão contra o Cristão casual não-pensador se for acusado de estar fazendo distinções difíceis de entender. Nenhuma filosofia digna do nome pode ser apresentada mesmo em sua feição mais elementar sem fazer alguma demanda à inteligência e à atenção do eventual aprendiz, e cuidado no uso dos termos é uma condição para todo o conhecimento.

PRINCÍPIO I

O Corpo Físico Denso

O corpo físico denso do homem é chamado o primeiro de seus sete princípios, já que certamente é o mais óbvio. Construído de moléculas materiais, no sentido geralmente aceito do termo - com seus cinco órgãos sensoriais - os cinco sentidos - seus órgãos de locomoção, seu cérebro e sistema nervoso, seu aparato para desempenhar as várias funções necessárias para a continuidade de sua existência, há pouco a ser dito sobre este corpo físico em um esboço tão breve como este sobre a constituição do homem.

A ciência ocidental está quase pronta para aceitar a visão Teosófica de que o organismo humano consiste de inumeráveis "vidas", que constituem as células. H.P.Blavatsky diz sobre isto: "A ciência ainda não foi longe o bastante para concordar com a doutrina Oculta que nossos corpos, assim como os dos animais, plantas e pedras, são também constituídos de tais seres (bactérias, etc): os quais, com exceção das espécies maiores, nenhum microscópio pode detectar..."

Sendo os constituintes físicos e químicos idênticos em todos os seres, a ciência química pode bem dizer que não existe diferença alguma entre a matéria que compõe o touro e a que forma o homem. Mas a doutrina Oculta é muito mais explícita: Não só os componentes químicos são os mesmos, mas as mesmas vidas infinitesimais invisíveis compõe os átomos dos corpos da montanha e da margarida, do homem e da formiga, do elefante e da árvore que o protege do sol. Cada partícula - seja chamada orgânica ou inorgânica - é uma vida.

Cada átomo e molécula no universo dá tanto a vida como a morte a estas formas (Doutrina Secreta, vol. I, p. 281 [as páginas de referência dizem respeito à edição inglesa - NT]). Os micróbios [do grego, literalmente: pequenas vidas - NT] assim "perfazem o corpo material e suas células", sob a energia construtiva da vitalidade - uma frase que será explicada quando chegarmos a tratar da "vida", como o Terceiro Princípio, e com estes micróbios como parte dela. Quando a "vida" já não é suprida, os micróbios "são deixados agir livremente como agentes destruidores", e eles decompõem e desintegram as células que construíram, e então o corpo de desfaz.

A consciência puramente física é a consciência das células e das moléculas. A ação seletiva das células, extraindo do sangue o que precisam, rejeitando o que não precisam, é um exemplo de sua autoconsciência. O processo continua sem a ajuda de nossa consciência ou volição. Assim o que é pelos fisiologistas chamado de memória inconsciente é a memória da consciência física, na verdade inconsciente para nós, até que tenhamos aprendido a transferir nossa consciência cerebral para lá.

O que sentimos não é o que as células sentem. A dor de um ferimento é sentida pela consciência cerebral, agindo, como dissemos, no plano físico; mas a consciência da molécula, assim como a do agregado de moléculas que chamamos células, leva-as celeremente a reparar os tecidos danificados - ações de que o cérebro é inconsciente - e sua memória as faz repetir a mesma ação repetidas vezes, mesmo quando já se tornou desnecessária.

Daí as cicatrizes nos cortes, quelóides, calosidades, etc. O estudante pode encontra muitos detalhes sobre este assunto em tratados de fisiologia. A morte do corpo físico denso ocorre quando a retirada da energia vital controladora deixa os micróbios seguirem seu próprio rumo, e as muitas vidas, já não mais coordenadas, separam-se e fragmentam as partículas das células do "homem de barro", e o que chamamos decomposição se apresenta.

O corpo se torna um torvelinho de vidas sem controle, sem regulação, e sua forma, que resultava de sua correlação, é destruída pela exuberante energia das suas vidas individuais. A morte é só um aspecto da vida, e a destruição de uma forma material é apenas um prelúdio para a construção de outra.

PRINCÍPIO II

O Duplo Etérico

Linga-Sharira, corpo astral, corpo etérico, corpo fluídico, duplo, fantasma, doppelganger, homem astral - estes são alguns dos muitos nomes que têm sido dados ao segundo princípio na constituição do homem. O melhor nome é Duplo Etérico, porque este termo designa somente o segundo princípio, sugerindo sua constituição e aparência: enquanto que os outros nomes têm sido usados algo genericamente para descrever corpos formados de matéria um pouco mais sutil do que a que afeta nossos sentidos físicos, sem considerarmos a questão de se outros princípios estão ou não envolvidos em sua construção. Doravante usarei apenas este nome.

O duplo etérico é formado de matéria mais rarefeita ou mais sutil do que a que é perceptível pelos nossos cinco sentidos, mas ainda é matéria pertencendo ao plano físico, ao qual seu funcionamento é restrito. É o estado da matéria que está logo depois de nossos "sólido, líquido e gasoso", que formam as porções densas do plano físico.

Este duplo etérico é a duplicata ou contraparte exata de nosso corpo físico denso ao qual pertence, e é separável dele, embora incapaz de ir muito longe. Em seres humanos normalmente saudáveis a separação é difícil, mas em pessoas conhecidas como médiuns físicos ou materializadores, o duplo etérico desliza para fora sem qualquer grande esforço. Quando separado do corpo denso ele é visível para o clarividente como uma réplica exata, unida a ele por um fio delgado.

Tão estreita é a união física entre os dois que um ferimento infligido ao duplo etérico aparecerá como uma lesão no corpo denso, um fato conhecido sob o nome de repercussão. A. d'Assier, em seu trabalho bem conhecido, traduzido para o inglês pelo Coronel Olcott, o Presidente-Fundador da Sociedade Teosófica, sob o título Posthumous Humanity - apresenta vários casos (vide pp. 51-57) nos quais a repercussão teve lugar.

A separação do duplo etérico do corpo denso geralmente é acompanhada de um considerável decréscimo na vitalidade do último, ficando o duplo mais vitalizado à medida que a energia no corpo denso diminui. Diz o Cel. Olcott (p. 63):

"Quando o duplo etérico é projetado por um perito treinado, até o corpo parece entorpecido, e a mente fica em um estado de estupor [brown study, no original - NT]; os olhos não têm expressão de vida, o coração e os pulmões atuam fracamente, e muitas vezes a temperatura cai bastante. É muito perigoso fazer qualquer ruído ou pancada repentinos na sala, em tais circunstâncias; pois o duplo, sendo por reação instantânea trazido de volta ao corpo, faz o coração contrair-se convulsivamente, e a morte pode mesmo ser causada".

No caso de Emilie Sagée (citado nas pp. 62-65), percebeu-se que a menina parecia pálida e exausta quando o duplo era visível: "quanto mais nítido o duplo e mais material a aparência, a pessoa realmente material estava efetivamente enfraquecida, sofrendo e lânguida; quando ao contrário, a aparência do duplo enfraquecia, a paciente era vista recuperar a força".

Esta fenômeno é perfeitamente compreensível para o estudante Teosófico, que sabe que o duplo etérico é o veículo do princípio vital, ou vitalidade, no corpo físico, e que sua saída parcial deve portanto diminuir a energia que com este princípio atua nas moléculas mais densas.

Os clarividentes, como a Vidente de Prévorst, dizem que podem ver o braço ou perna etéricos ligados a um corpo de onde o membro denso foi amputado, e d'Assier assinala a este respeito: "quando eu estava absorvido nos estudos fisiológicos, freqüentemente era atraído por um fato singular. Às vezes acontece de uma pessoa que perdeu um braço ou perna experimentarem certas sensações nas extremidades dos dedos. Os fisiologistas explicam esta anomalia postulando haver no paciente uma inversão de sensibilidade ou de lembrança, que os faz localizar na mão ou no pé a sensação com que somente o nervo do coto é afetado... Confesso que estas explicações me pareciam artificiosas e jamais me satisfizeram. Quando estudei o problema do duplo do homem, a questão das amputações recorreu à minha mente, e me perguntei se não seria mais simples e lógico atribuir a anomalia de que falei à duplicata do corpo humano, que por sua natureza fluida pode escapar à amputação" (loc. cit., pp. 103-104).

O duplo etérico desempenha um grande papel nos fenômenos espiritas. Novamente aqui o clarividente pode nos ajudar. Um clarividente pode ver o duplo etérico escapando pelo lado esquerdo do médium, e é isso o que aparece amiúde como um "espírito materializado", facilmente moldado em várias formas pelas correntes de pensamento dos presentes, e ganhando força e vitalidade à medida que o médium mergulha em transe mais profundo. A condessa Wachtmeister, que é clarividente, diz que tem visto o mesmo "espírito" reconhecido como o de um parente próximo ou amigo por diferentes assistentes, cada qual vendo-o de acordo com suas expectativas, enquanto que aos seus olhos era o mero duplo do médium.

Então de novo H.P.Blavatsky me disse que quando estava na fazenda de Eddy, observando a notável série de fenômenos lá produzidos, ela deliberadamente moldou o "espírito" que aparecia à semelhança de pessoas conhecidas dela e de ninguém mais presente, e os outros viram as formas que ela produziu pelo poder de sua própria vontade, moldando a plástica matéria do duplo do médium.

Muitos dos movimentos de objetos que ocorrem em tais sessões, e em outras ocasiões, sem contato visível, são devidos à ação do duplo etérico, e o estudante pode aprender como produzir tais fenômenos à vontade. São bastante comuns: a mera projeção da mão etérica não é mais importante do que a projeção da contraparte densa, e nem mais ou menos miraculosa. Algumas pessoas produzem estes fenômenos inconscientemente, simples derrubamento fortuito de objetos, produção de ruídos, e assim por diante: eles não têm controle sobre seus duplos etéricos, e eles apenas pairam em sua vizinhança próxima, como um bebê tentando caminhar.

Pois o duplo etérico, como o corpo denso, possui somente uma consciência difusa pertencente às suas partes, e não dispõe de nenhuma mentalidade. Tampouco serve como veículo de mentalidade, quando desvinculado de sua contraparte densa.

Isto nos conduz a um ponto interessante. Os centros da sensação estão localizados no quarto princípio, que pode ser dito formar uma ponte entre os órgãos físicos e as percepções mentais; impressões do universo físico agem sobre as moléculas materiais do corpo físico denso, colocando em vibração as células constituintes dos órgãos de sensação, ou nossos "sentidos".

Estas vibrações, por sua vez, colocam em movimento as moléculas materiais mais rarefeitas do duplo etérico, nos órgãos sensoriais correspondentes de sua matéria mais fina. Destes, as vibrações passam para o corpo astral, ou quarto princípio, logo a ser considerado, onde estão os centros de sensação correspondentes.

Daí estas sensações são propagadas à ainda mais rarefeita matéria do plano mental inferior, de onde são refletidas de volta até, chegando às moléculas materiais dos hemisférios cerebrais, se tornarem nossa "consciência cerebral". Esta sucessão inter-relacionada e inconsciente é necessária para a atuação normal da consciência como a conhecemos.

No sono ou no transe, natural ou induzido, os dois primeiros e o último estágios geralmente são omitidos, e as impressões iniciam no e voltam ao plano astral, e assim não deixam qualquer traço na memória cerebral; mas o psíquico natural ou treinado, o clarividente que não precisa de transe para o exercício de seus poderes, é capaz de transferir sua consciência do plano físico para o astral sem perda de continuidade, e pode impressionar a memória cerebral com o conhecimento obtido no plano astral, retendo-o assim para uso.

A morte significa para o duplo etérico exatamente o mesmo que para o corpo físico denso: a ruptura de suas partes constituintes, a dissipação de suas moléculas. O veículo da vitalidade, que anima o organismo corpóreo como um todo, escapa do corpo quando chega a hora da morte, e é visto pelo clarividente como uma luz violeta, ou uma forma violeta, pairando sobre a pessoa moribunda, ainda ligado ao corpo físico pela fina linha de que falamos antes. Quando esta linha se rompe, exala-se o último alento, e os presentes murmuram: "morreu".

O duplo etérico, sendo de matéria física, permanece nas redondezas do cadáver, e é o "espectro", ou "aparição", ou "fantasma", algumas vezes visto no momento da morte e logo após por pessoas perto do local onde a morte ocorreu. Ele desintegra-se lentamente pari passu com sua contraparte densa, e seus restos são vistos por sensitivos em cemitérios e campos santos como luzes violeta pairando sobre as tumbas.

Eis uma das razões que tornam a cremação preferível ao enterro como modo de descarte do envelope físico do homem; o fogo dissipa em poucas horas as moléculas que doutra forma ficariam livres somente no lento curso da putrefação gradual, e assim devolve rapidamente aos seus próprios planos os materiais densos e etéricos, prontos para uso mais uma vez na construção de novas formas.

PRINCÍPIO III

Prâna, a Vida

Todos os universos, todos os mundos, todos os homens, todos os brutos, todos os vegetais, todos os minerais, todas as moléculas e átomos, tudo o que existe, está mergulhado em um grande oceano de vida, vida eterna, vida infinita, vida incapaz de aumento ou decréscimo. O universo é apenas vida em manifestação, vida feita objetiva, vida diferenciada.

Mas cada organismo, seja minúsculo como uma molécula ou vasto como um universo, pode ser pensado como se apropriando para si mesmo um pouco da vida, como encarnando em si mesmo como sua própria vida algo desta vida universal.

Imagine uma esponja viva, se expandindo na água que a banha, a cerca, a penetra; existe a água, ainda o oceano, circulando em cada passagem, enchendo cada poro; mas podemos pensar no oceano fora da esponja, ou na parte do oceano apropriado pela esponja, distinguindo-os em pensamento se quisermos fazer asserções sobre cada um distintamente.

Assim cada organismo é uma esponja banhando-se no oceano da vida universal, e contendo dentro de si um pouco daquele oceano como seu próprio alento vital.

Na Teosofia nós distinguimos esta vida capturada sob o nome de Prâna, alento, e chamamo-lo de o terceiro princípio na constituição do homem. Para falarmos com mais precisão, o "alento da vida" - o que os hebreus denominavam Nephesh, ou o alento da vida soprado nas narinas de Adão - não é só Prâna, mas Prâna e o terceiro princípio conjuntos. São estes dois juntos que fazem a "centelha vital" (Dout. Sec., vol. I, p. 262), e são o "alento de vida no homem, assim como na besta ou no inseto, ou na vida física, material" (ibid., nota da p. 263).

É o "alento da vida animal no homem - o sopro da vida instintiva no animal" (ibid., diagrama na p. 262). Mas neste momento estamos interessados somente no Prâna, na vitalidade como o princípio animante em todos os animais e corpos humanos. Desta vida é veículo o duplo etérico, agindo, a bem dizer, como meio de comunicação, como ponte, entre Prâna e o corpo denso.

O Prâna é explicado na Doutrina Secreta como tendo por sua subdivisão mais baixa os micróbios da ciência; estas são as "vidas invisíveis" que constróem as células físicas (vide ant., pp. 8-9); estas são as "incontáveis miríades de vidas" que constróem os "tabernáculos de argila", os corpos físicos (Dout. Sec., vol. I, p. 245). "A ciência, vagamente percebendo a verdade, pode encontrar bactérias e outros seres infinitesimais no corpo humano, e ver nelas somente, visitantes ocasionais e anormais a quem as doenças são atribuídas.

"O ocultismo - que discerne uma vida em cada átomo e molécula, seja em um mineral ou no corpo humano, no ar, fogo ou água - afirma que todo nosso corpo é feito de tais vidas; em relação a elas as menores bactérias dos microscópios são, como comparação, como um elefante em relação ao menor dos infusórios" (ibid., p. 245). As "vidas ígneas" são as controladoras e dirigentes destes micróbios, destas vidas invisíveis, e "indiretamente" constróem, isto é, constróem controlando e dirigindo os micróbios, os construtores imediatos, suprindo-os com o que é necessário, agindo como a vida destas vidas; as "vidas ígneas", a síntese, a essência do Prâna, são a "energia construtiva vital" que possibilita aos micróbios construírem as células físicas.

Um dos comentários arcaicos resume o assunto em frases sucintas e luminosas: "Os mundos, o profano, são feitos dos elementos conhecidos. Na concepção de um Arhat, estes mesmos elementos são coletivamente uma vida divina; distributivamente, no plano das manifestações, são os inumeráveis e incontáveis crores [um crore = dez milhões] - de vidas.

"Só o fogo é UM, no plano da Realidade Única; no da manifestação, por isso ilusório, de existência, suas partículas são vidas ígneas que vivem e têm seu ser às expensas de cada outra vida que consomem. Por isso eles são chamados Os Devoradores... Toda coisa visível neste universo foi feita de tais vidas, desde o homem primordial consciente e divino, até os agentes inconscientes que constróem a matéria... Da Vida Única, informe e incriada, procede o universo de vidas (Dout. Sec., vol. I, p. 269).

Assim como neste universo, também no homem, e em todas as vidas incontáveis, toda esta vitalidade construtiva, tudo isso é resumido pelo Teosofista como Prâna.

PRINCÍPIO IV

O Corpo de Desejo

Estudando nosso homem atingimos agora o princípio algumas vezes descrito como a alma animal, no linguajar Teosófico Kâma Rûpa, ou o corpo de desejo. Ele pertence, em constituição, ao segundo plano, o astral, e nele atua. Ele inclui todo o corpo de apetites, paixões, emoções e desejos, que se juntam, em nossa classificação psicológica ocidental, sob o nome de instintos, sensações, sentimentos e emoções, e são tratados como uma subdivisão da mente.

Na psicologia ocidental a mente é dividida - pela escola moderna - em três regiões principais: sentimentos, vontade, intelecto. Os sentimentos são divididos de novo em sensações e emoções, e estas são divididas e subdivididas em numerosas classes. Kâma, ou desejo, inclui todo o grupo de "sentimentos", e poderia ser descrito como nossa natureza passional e emocional.

Todas as necessidades animais, como a fome, a sede, o desejo sexual, reúnem-se aqui; todas as paixões, como o amor (em seu sentido inferior), o ódio, a inveja, o ciúme. É o desejo por experiência senciente, por experiência de alegrias materiais - "a luxúria da carne, a luxúria dos olhos, o orgulho da vida".

Este princípio é o mais material em nossa natureza, é o único que nos ata pesadamente à vida terrena. "Não é matéria constituída molecularmente, pelo menos não como o corpo humano, o Sthûla Shârira, isto é, o mais grosseiro de todos nossos 'princípios', mas na verdade é o princípio médio, o verdadeiro centro animal; daí ser nosso corpo apenas sua concha, o fator e meio irresponsáveis através dos quais a besta em nós tem toda sua vida" (Dout. Sec., vol. I, pp. 280-81).

Unido à parte inferior de Manas, a mente, como Kâma-Manas, se torna a inteligência cerebral humana normal, e este seu aspecto será considerado brevemente. Tomado em si mesmo, constitui o bruto em nós, o "macaco e o tigre" de Tennyson, a força que mais provoca nossa ligação à terra e sufoca em nós todas as mais altas aspirações pelas ilusões dos sentidos.

Kâma unido a Prâna é, como vimos, o "sopro da vida", o princípio vital senciente difundido em cada partícula do corpo. É, portanto, a séde da sensação, é aquilo que possibilita aos órgãos de sensação funcionarem. Já assinalamos que os órgãos físicos dos sentidos, os instrumentos corpóreos que entram em contato imediato com o mundo externo, estão diretamente relacionados aos órgãos de sensação no duplo etérico (vide ant., p. 14).

Mas estes órgãos seriam incapazes de funcionar se Prâna não os fizesse vibrar em atividade, e suas vibrações permaneceriam apenas vibrações, movimento no plano material do corpo físico, se Kâma, o princípio de sensação, não traduzisse a vibração em sentimento. Na verdade, o sentimento é a consciência no plano Kâmico, e quando um homem está sob o domínio de uma sensação ou uma paixão, o Teosofista diz que ele está no plano Kâmico, significando com isso que sua consciência está funcionando naquele plano.

Por exemplo, uma árvore pode refletir os raios da luz, isto é, vibrações etéricas, e estas vibrações atingindo o olho externo estabelecerão vibrações nas células nervosas físicas; estas serão propagadas como vibrações aos centros físico e astral, mas não haverá visão da árvore até que a séde da sensação seja alcançada, e Kâma nos possibilite perceber.

A matéria do plano astral - incluindo aquela chamada de essência elemental - é o material de que é composto o corpo de desejo, e são as propriedades peculiares desta matéria que a habilitam para servir como o invólucro no qual o Eu pode ganhar experiência da sensação (Falar da constituição da essência elemental nos levaria longe demais para um tratado básico).

O corpo de desejo, ou corpo astral, como é freqüentemente chamado, tem a forma de uma mera massa nevoenta durante os primeiros estágios de evolução, e é incapaz de servir como um veículo independente de consciência. Durante o sono profundo ele escapa do corpo físico, mas permanece perto dele, e a mente em seu interior está quase tão desperta quanto o corpo. Contudo, ele está sujeito a ser afetado por forças do plano astral similares à sua constituição, o que dá origem a sonhos de um tipo sensorial.

Em um homem de desenvolvimento intelectual mediano o corpo de desejo já se tornou mais altamente organizado, e quando separado do corpo físico é visto assemelhando-se à sua forma e características; mesmo então, entretanto, não é consciente de seu entorno no plano astral, mas encapsula a mente como uma concha, dentro da qual a mente pode funcionar ativamente, embora ainda não capaz de usá-lo como um veículo independente de consciência.

Só no homem altamente desenvolvido o corpo de desejo se torna inteiramente organizado e vitalizado, um veículo de consciência no plano astral tanto quanto o corpo físico o é no plano físico.

Após a morte, a parte superior do homem permanece por um tempo no corpo de desejo, e a duração de sua estadia depende da comparativamente grosseria ou delicadeza de seus constituintes. Quando o homem escapa dele, ele ainda persiste por algum tempo como uma "concha" e quando a entidade defunta é de um tipo baixo, e durante a vida terrena possuía uma mentalidade restrita à natureza passional, alguns de seus restos se fundem com a concha.

Ela então possui uma consciência de ordem muito inferior, tem astúcia bruta, não possui consciência - uma entidade totalmente deplorável, freqüentemente descrita como um "fantasma". Paira a esmo, atraída a todos os lugares em que os desejos animais são encorajados e satisfeitos, e é colhida nas correntes daqueles cujas paixões animais são fortes e irrefreadas.

Médiuns de um tipo inferior inevitavelmente atraem estes visitantes eminentemente indesejáveis, cuja vitalidade decadente é reforçada em suas salas de sessão, que apanham reflexos astrais, e assumem o papel de "espíritos desencarnados" de uma ordem inferior. E isso não é tudo; se em tal sessão houver presente algum homem ou mulher de desenvolvimento igualmente baixo, o fantasma será atraído para aquela pessoa, e pode ligar-se a ele ou ela, e assim pode estabelecer correntes entre o corpo de desejo da pessoa viva e o corpo de desejo moribundo da pessoa morta, gerando resultados do tipo mais deplorável.

A persistência maior ou menor do corpo de desejo como uma concha ou fantasma depende do maior ou menor desenvolvimento da natureza animal ou passional na personalidade em extinção. Se durante a vida terrena a natureza animal foi alimentada e permitiu-se-lhe que corresse livre, se as partes intelectual e espiritual do homem foram negligenciadas ou sufocadas, então, como as correntes foram dispostas fortemente na direção da paixão, o corpo de desejo persistirá por um longo período depois de o corpo da pessoa morrer.

Ou ainda, se a vida terrena foi cortada subitamente por acidente ou por suicídio, o elo entre Kâma e Prâna não será facilmente rompido, e o corpo de desejo estará fortemente vivificado. Se, por outro lado, o desejo foi conquistado e governado durante a vida terrena, se foi purificado e treinado na subserviência da natureza humana superior, então haverá apenas pouco para energizar o corpo de desejo e ele rapidamente se desintegrará e dissolverá.

Permanece um outro fato, terrível em suas possibilidades, que pode afetar o quarto princípio, mas não pode ser entendido claramente até que o quinto princípio tiver sido estudado.

O QUATERNÁRIO

Ou os Quatro Princípios Inferiores

(Diagrama do Quaternário; transitório e mortal; vide Dout. Sec., vol. I, p. 262. O duplo etérico aqui é chamado Linga Sharira, um nome agora descartado em conseqüência da confusão causada pelo emprego de um termo filosófico hindu bem conhecido de um modo inteiramente novo. Antes de sua partida H.P.B. instou seus pupilos a reformarem a terminologia, que tem sido reunida por demais descuidadamente, e estamos tentando cumprir seu desejo).

Estudamos assim o homem quanto à sua natureza inferior, e atingimos o ponto em sua senda evolutiva em que ele é acompanhado pelo bruto. O quaternário, considerado isoladamente, antes de ser afetado pelo contato com a mente, é meramente um animal inferior; ele espera a chegada da mente para tornar-se homem.

A Teosofia ensina que através de idades passadas o homem foi construído só lentamente, etapa por etapa, princípio por princípio, até que constituiu-se como um quaternário, vigiado pelo Espírito mas não em contato com ele, à espera daquela mente que sozinha poderia habilitá-lo a progredir mais, e entrar em união consciente com o Espírito, cumprindo assim o verdadeiro objetivo de sua existência.

Esta evolução eônica, em sua lenta progressão, é acelerada através da evolução pessoal de cada ser humano; cada princípio evoluiu sucessivamente no curso das eras no homem na terra, aparecendo como parte da constituição de cada homem no ponto de evolução alcançado em cada momento dado, permanecendo latentes os demais princípios, esperando sua manifestação gradual.

A evolução do quaternário, até atingir o ponto em que progresso ulterior seria impossível sem a mente, é descrita em eloqüentes sentenças nas estâncias arcaicas em que é baseada a Doutrina Secreta de H. P. Blavatsky (O alento é o Espírito para o qual o tabernáculo humano deve ser construído; o corpo grosseiro é o corpo físico denso; o espírito de vida é Prâna; o espelho de seu corpo é o duplo etérico; o veículo de desejos é Kâma):

"O Alento precisou de uma forma; os Pais a deram. O Alento precisou de um corpo grosseiro; a Terra o moldou; o Alento precisou do Espírito da Vida: os Lhas Solares o sopraram na sua forma. O Alento precisou de um Espelho de seu Corpo; 'Nós lhe daremos o nosso', disseram os Dhyânis. O Alento precisou de um Veículo de Desejos; 'Já o tem', disseram os Drenadores das Águas. Mas o Alento necessita de uma Mente para abarcar o Universo; 'Não podemos dá-la', disseram os Pais, 'Jamais a tive', disse o Espírito da Terra. 'A forma seria consumida se eu lhe desse a minha', disse o Grande Fogo... O homem permanecia um Bhûta (fantasma) vazio e inconsciente".

Assim é o homem pessoal sem a mente. O quaternário sozinho não é o homem, o Pensador, e é como Pensador que o homem realmente é homem. Mas neste ponto deixemos o estudante descansar, e refletir sobre a constituição humana, até onde ele pôde chegar. Pois este quaternário é a parte mortal do homem, e é distinguida na Teosofia como a personalidade. Esta precisa ser compreendida muito clara e definidamente, se a constituição do homem há de ser entendida, e se o estudante for ler tratados mais avançados com inteligência.

Na verdade, para fazer a personalidade humana ela ainda tem de ser trazida sob os raios da mente, e ser iluminada por ela como o mundo o é pelos raios do sol. Mas mesmo sem estes raios já é uma entidade claramente definida, com seu corpo denso, seu duplo etérico, sua vida e seu corpo de desejo ou alma animal. Tem paixões, mas não razão; tem emoções, mas não intelecto; tem desejos, mas não vontade racionalizada; ela espera a vinda de seu monarca, a mente, o toque que a transformará em homem.

PRINCÍPIO V

Manas, o Pensador, ou a Mente

Chegamos à parte mais complicada de nosso estudo, e algum pensamento e atenção são necessários do leitor para que obtenha mesmo uma idéia elementar da relação mantida pelo quinto princípio com os outros princípios no homem.

A palavra Manas vem do Sânscrito man, a raiz do verbo pensar; é o Pensador em nós, do qual se fala vagamente no ocidente como mente. Pedirei ao leitor considerar Manas como o Pensador antes que como mente, porque a palavra Pensador sugere alguém que pensa, isto é, um indivíduo, uma entidade. E é exatamente esta a idéia Teosófica sobre Manas, pois Manas é o indivíduo imortal, o "Eu" real, que se veste repetidamente de personalidades transientes, mas ele perdura para sempre.

Ele é descrito na Voz do Silêncio na exortação endereçada ao candidato à iniciação: "Persevera como alguém que perdura para sempre. Tuas sombras (personalidades) vivem e se dissipam; aquilo que em ti viverá para sempre, aquilo que em ti conhece, pois é conhecimento, não é da vida passageira; é o homem que era, que é, e que será, para quem a hora nunca soará" (p. 31). H.P.Blavatsky o descreveu mui claramente em A Chave da Teosofia: "Tente imaginar um 'Espírito', um ser celestial, seja chamado de um nome ou de outro, divino em sua natureza essencial, embora não puro o bastante para ser um com o TODO, e tendo, a fim de obter isso, que purificar sua natureza para finalmente alcançar aquela meta.

"Ele pode fazê-lo somente passando individual e pessoalmente, isto é, espiritual e fisicamente, através de todas as experiências que existem no universo múltiplo ou diferenciado. Tem, portanto, depois de ter ganho tal experiência nos reinos inferiores, e tendo que ascender mais alto e ainda mais alto com cada degrau na escada do ser, que passar através de todas as experiências nos planos humanos.

"Em sua vera essência é Pensamento, e é, portanto, chamado em sua pluralidade de Mânasaputra, 'os Filhos da Mente (universal)'. Este 'Pensamento' individualizado é o que os Teosofistas chamam de o verdadeiro Ego humano, a entidade pensante aprisionada em uma caixa de carne e ossos. Ele é seguramente uma entidade espiritual, não é matéria (isto é, não matéria como a conhecemos, no plano do universo objetivo) - e tais entidades são os Egos encarnantes que animam o agregado de matéria animal chamada humanidade, e cujos nomes são Manasa ou mentes" (A Chave da Teosofia, pp. 183-184 da ed. inglesa).

Esta idéia pode ser tornada ainda mais clara talvez com uma rápida olhada na evolução do homem no passado. Quando o quaternário havia sido lentamente desenvolvido, era uma boa casa sem um dono, e estava vazia esperando a vinda daquele que havia de residir lá.

O nome Mânasaputra (os filhos da mente) cobre muitos graus de inteligência, desde os poderosos "Filhos da Chama" cuja evolução humana já ficou muito para trás, até aquelas entidades que obtiveram a individualização no ciclo precedente ao nosso, e estavam prontas para se encarnar nesta terra a fim de completar sua etapa humana de evolução.

Algumas inteligências super-humanas encarnaram como guias e instrutores de nossa humanidade infante, e se tornaram fundadores e regentes divinos de antigas civilizações. Grande número das entidades mencionadas acima, que já haviam desenvolvido algumas faculdades mentais, fizeram sua morada no quaternário humano, no homem sem mente. Estas eram os Mânasaputra reencarnantes, que se tornaram proprietários das molduras humanas já então evoluídas na terra, e estes mesmos Mânasaputras, reencarnando era após era, são os Egos Reencarnantes, o Manas em nós, o indivíduo perdurável, o quinto princípio no homem.

Através das idades sucessivas o restante da humanidade recebeu do mais alto Mânasaputra sua primeira faísca de mente, um raio que estimulou ao crescimento o germe da mente latente dentro de si, tendo assim a alma humana ali seu nascimento no tempo. São estas diferenças de idade, como podemos dizer, no início da vida individual, da especialização do Espírito Divino eterno em uma alma humana, que explicam as enormes diferenças na capacidade mental encontrada em nossa humanidade atual.

A multiplicidade de nomes dados a este quinto princípio provavelmente tendeu a aumentar a confusão em seu redor nas mentes dos muitos que estão começando a estudar Teosofia.

Mânasaputra é o que chamamos o nome histórico, o nome que sugere a entrada na humanidade de uma classe de almas já individualizadas em certo ponto da evolução; Manas é o nome comum, descritivo da natureza intelectual do princípio; o Indivíduo ou "Eu", ou Ego, lembra o fato de que este princípio é permanente, não morre, é o princípio individualizante, separando-se em pensamento de tudo o que não é ele mesmo, o Sujeito oposto ao Objeto, na terminologia ocidental; o Ego Superior o coloca em contraste com o ego pessoal, do qual logo diremos algo.

O Ego Reencarnante enfatiza o fato de que é o princípio que reencarna continuamente, e assim une em sua própria experiência todas as vidas passadas na Terra. Há vários outros nomes, mas estes não serão encontrados em tratados elementares.

Estes de acima são os nomes mais freqüentemente encontrados, e não há nenhuma dificuldade real a seu respeito, mas quando são usados intercambiavelmente, sem explicação, o infeliz estudante é capaz de arrancar seus cabelos de aflição, espantando-se com quantos princípios ele possui, e com que relação eles guardam entre si.

Devemos agora considerar Manas durante uma única encarnação, que servirá como protótipo para todas, e começaremos quando o Ego foi atraído - por causas estabelecidas antes em vidas terrenas prévias - à família em que há de nascer o ser humano que servirá como seu próximo tabernáculo (Não trato aqui da reencarnação, uma vez que esta grande e essencialíssima doutrina da Teosofia deve ser exposta em separado).

O Pensador, então, espera a construção da "casa da vida" que ele vai ocupar; e agora surge uma dificuldade; sendo ele mesmo uma entidade espiritual vivendo no plano mental, ou terceiro de baixo para cima, um plano muito mais elevado do que o do universo, não pode influenciar as moléculas de matéria grosseira de que é feita sua moradia pela ação direta, sobre elas, de suas partículas muito mais sutis.

Deste modo, ele projeta parte de sua própria substância, que se reveste de matéria astral, e então, com a ajuda da matéria etérica, penetra todo o sistema nervoso da criança ainda não-nascida, para formar, à medida que o aparato físico amadurece, o princípio pensante no homem. Esta projeção de Manas, dita seu reflexo, sua sombra, seu raio, e de muitos outros nomes descritivos e alegóricos, é o Manas inferior, em contraste com o Manas superior - sendo Manas, durante cada período de encarnação, dual.

Sobre isto, diz H.P.Blavatsky: "Uma vez aprisionado, ou encarnado, sua essência (o Manas) se torna dual; quer dizer, os raios da Mente divina eterna, considerados como entidades individuais, assumem um atributo duplo que são (a) suas mentes essenciais, inerentes, características, anelantes pelo céu (Manas superior), e (b) a qualidade humana de pensamento, ou cogitação animal, racionalizada devido à capacidade superior do cérebro humano, o Manas que tende a Kâma, ou Manas inferior" (A Chave da Teosofia, p. 184).

Agora devemos voltar nossa atenção a este Manas inferior somente, e ver que parte ele tem na constituição humana.

Ele está mergulhado no quaternário, e podemos considerá-lo como segurando Kâma com uma mão, enquanto que com a outra segura em seu pai, o Manas superior. Se há de ser completamente arrastado para baixo por Kâma e separado da Tríade à qual por sua natureza pertence, ou se irá triunfante carregar de volta à sua fonte as experiências purificadas de sua vida terrestre - é o problema vital apresentado e resolvido em cada encarnação sucessiva.

Durante a vida terrena, Kâma e o Manas inferior estão unidos, e são amiúde chamados convenientemente de Kâma-Manas. Kâma supre, como vimos, os elementos animais e passionais; o Manas inferior os racionaliza, e acrescenta as faculdades intelectuais; de modo que temos a mente cerebral, a inteligência cerebral, isto é, Kâma-Manas funcionando no cérebro e no sistema nervoso, usando o aparato físico como seu órgão no plano material.

No homem estes dois princípios estão interligados durante toda a vida, e raramente agem separados, mas o estudante deve perceber que "Kâma-Manas" não é um princípio novo, mas o entrelaçamento do quarto com a parte inferior do quinto.

Assim como com uma chama podemos acender um pavio, e a cor da chama do pavio que arde dependerá da natureza do pavio e do líquido em que estiver embebido, igualmente em cada ser humano a chama de Manas acende o cérebro e o pavio Kâmico, e a cor da luz deste pavio dependerá da natureza Kâmica e do desenvolvimento do aparato cerebral.

Se a natureza Kâmica for forte e indisciplinada, poluirá a pura luz Manásica, emprestando-lhe uma tonalidade opaca e sujando-a com desagradável fumaça. Se o aparato cerebral for imperfeito ou subdesenvolvido, embotará a luz e impedirá sua radiação para o exterior.

Como foi claramente assertado por H.P.Blavatsky em seu artigo Gênio: "O que chamamos 'as manifestações do gênio' em uma pessoa são somente os esforços mais ou menos bem sucedidos do Ego de impor-se sobre o plano externo à sua forma objetiva - o homem de barro - na vida diária factual deste último.

Os Egos de um Newton, um Ésquilo ou um Shakespeare são da mesma essência e substância do que os Egos de um parvo, um ignorante, um louco, ou mesmo um idiota; e a auto-afirmação de seus gênios animantes depende da construção psicológica e material do homem físico. Nenhum Ego difere de outro em sua essência e natureza primordial e original.

O que faz de um mortal um grande homem e de outro uma pessoa vulgar e estúpida é, como se disse, a qualidade e constituição do invólucro ou moldura física, e a adequação ou não do cérebro e corpo em transmitir e dar expressão à luz do homem interno real; e esta aptidão ou inépcia é, por sua vez, o resultado do Karma.

"Ou, para usarmos outro paralelo, o homem físico é o instrumento musical, e o Ego é o artista que o toca. A potencialidade de perfeita melodia de som está no primeiro - o instrumento - e nenhuma habilidade do último pode despertar uma harmonia impecável a partir de um instrumento quebrado ou malfeito.

"Esta harmonia depende da fidelidade de transmissão, por palavra ou ato, ao plano objetivo, do pensamento divino impronunciado nas verdadeiras profundezas da natureza interna ou subjetiva do homem. O homem físico pode - para seguir o exemplo - ser um Stradivarius inestimável, ou uma rabeca barata e rota, ou também uma média entre os dois extremos, nas mãos do Paganini que o anima" (Lucifer, novembro de 1889, p. 229).

Tendo em mente estas limitações e idiossincrasias (limitações e idiossincrasias devidas à ação do Ego em vidas terrenas anteriores, seja bem lembrado) impostas sobre as manifestações do princípio pensante pelo órgão através do qual ele tem de funcionar, teremos pouca dificuldade em acompanhar a atuação do Manas inferior no homem; a habilidade mental, a força, finura e sutileza intelectuais - tudo isso são suas manifestações; elas podem chegar até onde o que é chamado gênio, de que H.P.Blavatsky fala como "um gênio artificial, o florescimento da cultura e da agudeza puramente intelectual". Sua natureza freqüentemente é demonstrada pela presença de elementos Kâmicos nele, de paixão, vaidade e arrogância.

O Manas superior apenas raramente pode manifestar-se no presente estágio da evolução humana. Ocasionalmente um clarão daquelas regiões mais altas ilumina a penumbra em que vivemos, e só tais clarões é o que o Teosofista chama de gênio verdadeiro; "Vêde em toda manifestação de gênio, quando combinada com a virtude, a inegável presença do exilado celeste, o Ego divino cuja gaiola és, oh homem de matéria".

Pois a Teosofia ensina "que a presença no homem de vários poderes criativos" - chamados gênio em sua coletividade - é devida não a um acaso cego, nem a qualidades inatas através de tendências hereditárias - embora aquilo que é conhecido como atavismo possa freqüentemente intensificar estas faculdades - mas a uma acumulação de experiências individuais antecedentes do Ego em sua vida ou vidas anteriores.

Pois a onisciência em sua essência e natureza ainda requer a experiência, através de suas personalidades, das coisas da Terra, terrenamente no plano objetivo, a fim de aplicar a fruição daquela experiência abstrata a elas. E, acrescenta nossa filósofa, o cultivo de certas aptidões através de uma longa série de encarnações passadas deve culminar finalmente, em uma ou outra vida, em uma florada como gênio, em uma ou outra direção" (Lucifer, novembro de 1889, pp. 229-30). Pois para a manifestação do gênio verdadeiro, pureza de vida é uma condição essencial.

Kâma-Manas é o eu pessoal do homem; já vimos que o quaternário, como um todo, é a personalidade, a "sombra", e o Manas inferior dá o toque individualizante que faz a personalidade reconhecer-se como "eu". Torna-se intelectual, reconhece-se como separada de todos os outros eus; iludida pela separação que sente, não percebe uma unidade além de tudo que é capaz de sentir.

E o Manas inferior, atraído pela vividez das impressões da vida material, empolgado pelo borbulhar das emoções, paixões e desejos Kâmicos, atraído pelas coisas materiais, cego e surdo pelas vozes tempestuosas por entre as quais é mergulhado - o Manas inferior é capaz de esquecer a glória pura e serena de seu lugar de origem, e jogar-se na turbulência que lhe dá arroubos em vez de paz.

E, seja lembrado, é este Manas bem inferior que concede o derradeiro toque de deleite aos sentidos e à natureza material; pois o que é a paixão que não pode nem antecipar nem lembrar, onde está o êxtase sem a força sutil da imaginação, as delicadas cores da fantasia e do sonho?

Mas pode haver cadeias ainda mais fortes e restritivas, atando o Manas inferior pesadamente à Terra. Elas são forjadas de ambição, de desejo por fama, seja por aquela do poder do homem de estado, ou da suprema realização intelectual. Enquanto qualquer trabalho for executado por causa do amor, do aplauso, ou mesmo do reconhecimento de que o trabalho é "meu" e não de outrem; enquanto permanecer nas câmaras mais remotas do coração algum sutilíssimo anelo de ser reconhecido como separado de todos; enquanto isso durar, por mais grandiosa que seja a ambição, por mais vasta a caridade, por mais excelsa a conquista, Manas estará manchado de Kâma, e não será puro como sua fonte.


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