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FUNDAMENTOS DA
FILOSOFIA ESOTÉRICA

Ao escrever seus livros, Madame Blavatsky tinha como principal objetivo atrair a atenção do mundo ocidental para os ensinamentos da tradição-Sabedoria, a Ciência Sagrada do Oriente. Ela afirmava repetidamente a antigüidade e universalidade destes ensinamentos, conhecidos desde os primeiros séculos de nossa era como Teosofia. Para si mesma reivindicava apenas o papel de escritora e transmissora.

A maneira como encarava sua tarefa está claramente expressa no Prefácio de sua obra máxima, A Doutrina Secreta, publicada em 1888:

Estas verdades não são de modo algum expostas com o caráter de revelação; nem a autora tem a pretensão de se fazer passar por uma reveladora de tradições místicas agora tornadas públicas pela primeira vez na história. A matéria contida nesta obra pode ser encontrada distribuída pelos milhares de volumes que encerram as escrituras das grandes religiões Asiáticas e das primitivas religiões Européias- oculta sob hieróglifos e símbolos, e até então desapercebida por causa desse véu. O que aqui se cogita é reunir as mais antigas doutrinas e com elas formar um conjunto harmônico e contínuo.

O trabalho de reunir e publicar todos os escritos de Madame Blavatsky está quase terminando, alcançando já 19 ou 2O substanciais volumes. O compilador desta Coletânea de Escritos (Collected Writtings), seu sobrinho-neto Boris de Zirkoff, informa ao leitor que o primeiro artigo escrito por ela foi uma carta publicada no Daily Graphic de Nova York, em 3O de outubro de 1874. Em 1877 sua primeira grande obra, Ísis Sem Véu, foi publicada em dois grandes volumes. Foi seguida onze anos mais tarde pelos dois volumes de A Doutrina Secreta. Seus últimos livros, A Voz do Silêncio e A Chave para a Teosofia, foram publicados em 1889. Se nos lembrarmos de suas freqüentes e longas viagens e de sua péssima saúde, com períodos de extrema gravidade, essa enorme produção literária em menos de dezessete anos, e em uma língua diferente do seu idioma natal, chega a parecer miraculosa. É de se notar que apesar de alguns artigos e cartas ainda aguardarem publicação na Coletânea de Escritos, os grandes livros têm sido publicados continuamente por mais de cem anos, desde que se passou a primeira edição.

Em meio a um volume tão grande de material, com tópicos que vão desde o simbolismo bíblico até a teoria darwiniana, da investigação da flora e da fauna antediluviana até citações de textos sagrados do Hinduísmos e da Cabala, bem como de filósofos, teólogos e cientistas do Séc. XIX, seria difícil, senão impossível, para o leitor extrair a estrutura essencial do sistema teosófico. Porém, a própria Madame Blavatsky vem em socorro do estudante, dispondo os princípios que baseiam esse sistema em parágrafos numerados em várias partes do texto. A compilação destas afirmações, aqui apresentada, tem a intenção de servir como um "fio de Ariadne" através do vasto labirinto de informações, descrições, explanações, críticas, comentários e instruções pessoais que constituem sua quase inesgotável dádiva à posteridade.

Por onde deve o estudante começar? Um grupo de dedicados membros da Sociedade Teosófica, que estudavam seriamente A Doutrina Secreta, se reunia à volta de Madame Blavatsky em Londres, durante seus últimos anos, questionando-a e insistindo por maiores esclarecimentos sobre os ensinamentos. Felizmente para nós, a maior parte destas instruções orais foi anotada e publicada mais tarde nas Atas da Loja Blavatsky (Transactions of the Blavatsky Lodge), que formam hoje a segunda metade do Volume X da Coletânea de Escritos. Além disso, existem algumas notas, poucas mas valiosas, escritas na época por um membro do grupo, o Comandante Robert Bowen, e tornadas públicas cerca de quarenta anos mais tarde por seu filho, Capitão P.G. Bowen. Publicadas inicialmente em 1932 na revista Theosophy in Ireland, desde então estas notas têm saído na forma de um livreto intitulado Madame Blavatsky sobre Como Estudar Teosofia, reproduzido aqui no Apêndice A.

Nestas notas aprendemos não só a maneira como, segundo o ponto de vista dela, devemos iniciar o estudo, que atitudes e expectativas tomar, como também em que ordem devemos colocar as afirmações essenciais antes de abarcar a obra completa. Além disso, ela coloca diante do estudante as idéias básicas que ele deve manter em mente durante todo o tempo. A apresentação destas idéias, junto com as seções da obra para as quais ela pede atenção especial, formam a maior parte da presente coleção.

Ísis Sem Véu é reconhecidamente uma compilação difusa e desordenada, revelando a extraordinária erudição de uma mulher que não havia tido educação formal e cuja biblioteca ambulante parece não ter consistido de mais do que duas ou três dúzias de volumes. É uma massa de curiosidades, informações e comentários críticos sobre um vasto leque de assuntos e de um conhecimento profundo sobre a tradição oculta em suas muitas formas; mas o material está apresentado em um tom confuso e às vezes agudamente polêmico, o que reafirma sua posição dentro daquela época. No fim do Volume II* Madame Blavatsky resume em dez itens numerados os elementos essenciais do ensinamento que ela buscou apresentar ao leitor. Ainda que essa tenha sido sua primeira tentativa de expor ordenadamente os princípios fundamentais da filosofia esotérica enunciados em sua obra, essa relevante passagem é deixada por último em nossa compilação porque, como se verá, ela não tinha naquela época delimitado claramente os princípios gerais e o material secundário, Isto é: a aplicação dos princípios aos casos particulares. Ao falar de seus instrutores ocultos ela os chamava de Mestres, porque foi dele que, como afirma explicitamente na Chave para a Teosofia, ela derivou todo o conhecimento que tinha do sistema teosófico. Contudo, ela tinha liberdade total para utilizar o conhecimento recebido da melhor maneira que pudesse, organizando o material e desenvolvendo a habilidade literária à medida em que o colocava por escrito.

Na preparação das passagens para essa compilação foram consultadas as três edições de A Doutrina Secreta em uso atualmente na língua inglesa, por ordem de edição: Primeira Edição de 1888; Terceira Edição de 1893; e Edição de Adyar em seis volumes. Como nosso objetivo aqui é apresentar os ensinamentos básicos da forma mais fácil possível, fizemos alguma modificação quanto ao uso da pontuação, letras maiúsculas e itálicos, onde julgamos adequado, para facilitar a compreensão do texto. Cada extrato é precedido por uma nota introdutória e no Apêndice B colocamos um Glossário.

* Na edição original em inglês (N.E.)

A listagem das idéias que devem ser reconhecidas como fundamentais para o sistema teosófico é até certo ponto arbitrária. Assim vemos que Madame Blavatsky apresenta ao estudante de Teosofia três proposições fundamentais; quatro idéias básicas; um resumo de seis pontos numerados; cinco fatos provados e os dez itens essenciais de Ísis Sem Véu. Ainda assim, acima e além de todas as listas e numerações de princípios, deve haver sempre a afirmação do UNO - a Realidade sem nome da qual e na qual todas as coisas têm seu ser. Como não pode haver qualquer compreensão de Teosofia sem uma constante referência a esta Unidade fundamental, a afirmação clara da Unidade foi colocada em primeiro lugar na seleção dos textos.

Ianthe Hoskins

NOTA

A filosofia esotérica enfatiza que existe uma Realidade única por trás do multi-aspectado mundo de nossas experiências, a fonte e a causa de tudo que foi, é e será. O grande exponente da tradição Védica, Sri Sankarãchãrya, afirma com bastante simplicidade: não importa a forma dada à argila moldada, a realidade do objeto permanece sempre sendo a argila, seu nome e sua forma sendo apenas aparências transitórias. Assim também todas as coisas, tendo se originado do Uno Supremo, são por isso o Supremo em sua natureza essencial. Desde o mais elevado até o mais inferior, do mais vasto ao mais diminuto, os infinitos fenômenos do universo são o Uno, revestido pelo nome e pela forma.

O ensinamento da Unidade fundamental é o ponto principal do sistema teosófico. Conclui-se, assim, que nenhuma doutrina baseada numa dualidade última, do espírito e da matéria separados eternamente, de Deus e do homem como essencialmente distintos, do bem e do mal como realidades eternas, pode ter lugar na Teosofia.

A LEI UNA FUNDAMENTAL

A unidade radical da essência última de cada parte constitutiva dos elementos compostos da Natureza, desde a estrela ao átomo mineral, desde o mais elevado Dhyãn Chohan ao mais humilde dos infusórios, na completa acepcão da palavra, quer se aplique ao mundo espiritual, intelectual ou físico - esta é a lei una fundamental na Ciência Oculta.

The Secret Doctrine I,12O / I,145 / I,179. (Na edição da Pensamento; I,169)

NOTA

Durante as instruções orais dadas a seus estudantes em Londres e registradas nas notas do Comandante Bowen (ver Apêndice A), Madame Blavatsky repetiu muitas vezes que o estudo de A Doutrina Secreta não poderia levar a um quadro completo e final do universo. Destina-se, afirmou, a CONDUZIR À VERDADE. Ela então delineou quatro idéias básicas que o estudante não deveria nunca perder de vista, como auxílio à compreensão progressiva. Como foram dadas espontaneamente, estas idéias estão apresentadas em uma linguagem mais simples do que nas grandes obras, e podem, portanto, servir de preparação para a fraseologia mais complexa das afirmações completas.

QUATRO IDÉIAS BÁSICAS

Observe as seguintes regras:

Não importa o que se estude na DS, a mente deve manter com firmeza as seguintes idéias como base de sua ideação:

(a) A UNIDADE FUNDAMENTAL DE TODA A EXISTÊNCIA. Essa unidade é algo completamente diferente da noção comum de unidade - como quando dizemos que uma nação ou um exército está unido, ou que este planeta está unido a outro por linhas de força magnética, ou algo semelhante. O ensinamento não é esse, e sim o de que a existência é UMA COISA, não uma coleção de coisas colocadas juntas. Fundamentalmente existe UM Ser, que possui dois aspectos: positivo e negativo. O positivo é o Espírito, ou CONSCIÊNCIA; o negativo é a SUBSTÂNCIA, o sujeito da consciência. Esse Ser é o Absoluto em sua manifestação primária. Sendo absoluto, nada existe fora dele. É o SER TOTAL. É indivisível, pois de outro modo não seria absoluto. Se fosse possível separar-lhe uma parte, o restante não poderia ser absoluto, pois surgiria imediatamente a questão da COMPARAÇÃO entre ele e a parte separada, e a Comparação é incompatível com a idéia de absoluto. Conseqüentemente, é evidente que essa EXISTÊNCIA ÚNICA, ou Ser Absoluto deve ser a Realidade existente em cada forma que existe.

O Átomo, o Homem, o Deus são, separadamente ou em conjunto, o Ser Absoluto em última análise; e isto é a sua INDIVIDUALIDADE REAL. Este é o conceito que se deve manter sempre no fundo da mente para servir de base para toda concepção que surgir do estudo da DS. No momento em que esquecemos disso (o que é fácil acontecer quando estamos envolvidos com um dos muitos aspectos intrincados da Filosofia Esotérica) sobrevém a idéia da SEPARAÇÃO e o estudo perde seu valor.

(b) A segunda idéia a manter com firmeza é a de que NÃO EXISTE MATÉRIA MORTA. O mais ínfimo átomo está vivo. E não poderia ser de outra forma, pois cada átomo é fundamentalmente por si mesmo o Ser Absoluto. Por isso não existe coisa tal como "espaços" de Éter ou Akasha, ou chame como quiser, no qual os anjos e os elementais se divertem como trutas na água. Isso é o que se pensa usualmente. O verdadeiro conceito é o de que cada átomo de substância, não importa de que plano, é ele mesmo uma VIDA.

(c) A terceira idéia a manter é a de que o Homem é o MICROCOSMO. Assim sendo, todas as Hierarquias dos Céus existem nele. Mas em verdade não existe nem Macrocosmo nem Microcosmo, mas UMA EXISTÊNCIA. O grande e o pequeno só existem como tais quando vistos por uma consciência limitada.

(d) A quarta e última idéia é aquela expressa no Grande Axioma Hermético que, na verdade, resume e sintetiza todas as outras:

Como o Interno assim é o Externo; como o Grande, assim é o Pequeno; como é acima, assim é abaixo; só exis

te UMA VIDA E UMA LEI e o que atua é o ÚNICO. Nada é Interno, nada é Externo; nada é GRANDE, nada é Pequeno; nada é Alto, nada é Baixo na Economia Divina.

Deve-se buscar relacionar com essas idéias básicas qualquer coisa que se estude na DS.

A Doutrina Secreta e Seu Estudo (Ver Apêndice A)

NOTA

Nas notas de Bowen, Madame Blavatsky adverte o estudante de que "a primeira coisa a fazer, mesmo que leve anos, é alcançar alguma compreensão dos 'Três Princípios Fundamentais' dados no Proêmio" - o magistral prelúdio de A Doutrina Secreta. Os três princípios são apresentados com igual ênfase sobre sua importância primordial, e no final Madame Blavatsky afirma novamente que estas são as idéias fundamentais da tradição teosófica.

A Doutrina Secreta é em grande parte um comentário sobre algumas estâncias selecionadas de uma antiga obra, o Livro de Dzyan. Segundo o uso moderno, o título do livro de Madame Blavatsky é sempre colocado em itálico, enquanto que as referências à antiqüíssima filosofia esotérica são deixadas, como na edição original, Doutrina Secreta, com iniciais maiúsculas*.

Nesta edição em português também as palavras estrangeiras estão em itálico (N.T.).

TRÊS PROPOSIÇÕES FUNDAMENTAIS

Antes que o leitor passe a considerar as Estâncias do

Livro de Dzyan, que constituem a estrutura da presente obra, é absolutamente necessário que conheça os poucos conceitos fundamentais que formam a base e interpenetram todo o sistema de pensamento, ao qual sua atenção está sendo convidada. Estas idéias básicas são poucas em número, mas de sua clara percepção depende a compreensão de tudo o que se segue. Portanto, não é necessário escrúpulos para pedir ao leitor que se familiarize com elas desde o início, antes de começar a leitura da obra.

A Doutrina Secreta estabelece três proposições fundamentais:

I. Um PRINCÍPIO Onipresente, Eterno, Sem limites e Imutável, sobre o qual toda especulação é impossível, porque transcende o poder da concepção humana, e porque somente o diminuiria qualquer expressão ou comparação humana. Está fora dos limites e do alcance do pensamento, e segundo as palavras do Mandukya, é "impensável e impronunciável".

Para que os leitores percebam mais claramente estas idéias, devem começar com o postulado de que há Uma Realidade Absoluta anterior a todo Ser manifestado e condicionado. Esta Causa Infinita e Eterna, obscuramente formulada no "Inconsciente" e no "Incognoscível" da filosofia européia corrente, é a Raiz sem Raiz de "tudo quanto foi, é ou será". Acha-se, naturalmente, desprovida

de toda classe de atributos e permanece essencialmente sem qualquer relação com o Ser manifestado e finito. É "Seidade" (*), mais propriamente do que Ser (Sat em sânscrito), e está fora do alcance de todo pensamento ou especulação.

Esta Seidade é simbolizada na Doutrina Secreta sob dois aspectos. Por um lado, o Espaço Abstrato Absoluto, que representa a pura subjetividade, aquilo que nenhuma mente humana pode excluir de qualquer conceito e nem conceber como existente por si só. Por outro lado, o Movimento Abstrato Absoluto, que representa a Consciência Incondicionada. Mesmo os nossos pensadores ocidentais já demonstraram que a consciência é inconcebível para nós sem a mudança, e aquilo que melhor simboliza a mudança é o movimento, sua característica essencial. Este último aspecto da Realidade Una é simbolizado também pelo termo "O Grande Alento", símbolo sugestivo o bastante para necessitar de mais elucidação. Assim, o primeiro axioma fundamental da Doutrina Secreta é este metafísico UM ABSOLUTO - SEIDADE - que a inteligência finita simboliza como a Trindade teológica.

Parabrahman, a Realidade Una, o Absoluto, é o campo da Consciência Absoluta; ou seja, aquela Essência que está fora de toda relação com a existência condicionada, e da qual a existência consciente é um símbolo limitado. Mas quando, em pensamento, vamos além desta (para nós) Absoluta Negação, surge o dualismo, no contraste de Espírito (ou Consciência) e Matéria, Sujeito e Objeto.

(*) Be-ness no original N.T.).

O Espírito (ou Consciência) e a Matéria, no entanto, não devem ser considerados como realidades independentes, mas sim como as duas facetas ou aspectos do Absoluto, Parabrahman, que constituem a base do Ser condicionado, seja subjetivo ou objetivo.

Considerando esta tríade metafísica como a Raiz da qual procede toda manifestação, o Grande Alento assume o caráter de Ideação Pré-cósmica. Ele é o foras et origo (fonte e origem) da Força e de toda consciência individual, e provê a inteligência diretora no vasto esquema da evolução cósmica. Por outro lado, a Substância-Raiz Pré-cósmica (Mulaprakriti) é o aspecto do Absoluto que serve de fundamento a todos os planos objetivos da natureza.

Assim como a Ideação Pré-cósmica é a raiz de toda consciência individual, também a Substância Pré-cósmica é o substrato da matéria em seus vários graus de diferenciação.

Portanto, se verá com clareza que o contraste entre estes dois aspectos do Absoluto é essencial para a existência do Universo Manifestado. Separada da Substância Cósmica, a Ideação Cósmica não poderia manifestar-se como consciência individual, já que é somente por meios de um veículo (upadhi em sânscrito) de matéria que a consciência surge como "Eu sou Eu", sendo necessária uma base física para focalizar um raio da Mente Universal a um certo grau de complexidade. Por sua vez, separada da Ideação Cósmica, a Substância Cósmica permaneceria como abstração vazia, e nenhuma manifestação de Consciência poderia seguir-se.

O Universo Manifestado é, portanto, permeado pela dualidade, a qual vem a ser, por assim dizer, a própria essência de sua EX-istência como manifestação. Mas assim como os pólos opostos de Sujeito e Objeto, de Espírito e Matéria, são apenas aspectos da Unidade Una, na qual estão sintetizados, assim também no universo manifestado existe "aquilo" que une o Espírito à Matéria, o Sujeito ao Objeto.

Este algo, desconhecido atualmente pela especulação Ocidental, é chamado Fohat pelos ocultistas. É a "ponte" através da qual as Idéias que existem no Pensamento Divino imprimem-se sobre a Substância Cósmica, como "leis da Natureza". Fohat é assim a energia dinâmica da Ideação Cósmica; ou então, considerado sob seu outro aspecto, é o meio inteligente, o poder direcionador de toda manifestação, o "Pensamento Divino" transmitido e feito manifesto por meio dos Dhyan Chohans, os Arquitetos do mundo visível. Assim, do Espírito ou Ideação Cósmica se origina nossa Consciência; da Substância Cósmica os vários veículos em que esta Consciência se individualiza e atinge a auto-consciência ou consciência reflexiva; enquanto Fohat, em suas várias manifestações, é o elo misterioso entre Mente e Matéria, o princípio vivificador que eletriza cada átomo para dar-lhe vida.

O seguinte resumo oferecerá ao leitor uma idéia mais clara:

1. O ABSOLUTO: o Parabrahman dos vedantinos ou a Realidade Una, SAT, que é ... ao mesmo tempo Absoluto Ser e Não-Ser.

2. A primeira manifestação, o Logos impessoal e, em filosofia, não-manifestado, o precursor do "manifestado"...

3. Espírito-Matéria, VIDA; o "Espírito do Universo?, Purusha e Prakriti, ou o segundo Logos.

4. Ideação Cósmica, MAHAT ou Inteligência, a Alma Universal do Mundo; o Noumeno Cósmico da Matéria, a base das operações inteligentes na e da Natureza... A REALIDADE UNA; seus aspectos duais no Universo condicionado.

Além disso, a Doutrina Secreta afirma:

II. A Eternidade do Universo in toto, como plano sem limites, periodicamente "cenário de Universos Inumeráveis, manifestando-se e desaparecendo incessantemente", chamados "estrelas que se manifestam", e "centelhas da Eternidade". "A Eternidade do Peregrino" é como um abrir e fechar de Olhos da Auto-Existência (Livro de Dzyan). "O aparecimento e desaparecimento de Mundos é como o fluxo regular das marés."

Esta segunda afirmação da Doutrina Secreta é a universalidade absoluta daquela lei de periodicidade, de fluxo e refluxo, de decadência e crescimento, que a ciência física tem observado e registrado em todas as esferas da Natureza. Uma alternância tal como dia e noite, vida e morte, sono e vigília, é um fato tão perfeitamente universal e sem exceção que será fácil compreender de que forma vemos neles uma das Leis absolutamente fundamentais do Universo.

Afirma também a Doutrina Secreta:

III. A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma Suprema Universal, sendo esta última um aspecto da Raiz Desconhecida; e a peregrinação obrigatória de todas as Almas, centelhas daquela, através do Ciclo de Encarnação (ou de "Necessidade") de acordo com a lei cíclica e cármica durante todo o período. Em outras palavras, nenhuma Buddhi puramente espiritual (Alma divina) pode ter uma existência (consciente) independente, antes que a centelha emanada da Essência pura do Sexto Princípio Universal, ou seja, da ALMA SUPREMA, tenha (a) passado por todas as formas elementares pertencentes ao mundo fenomenal daquele Manvantara, e (b) adquirido a individualidade, primeiramente por impulso natural, e depois pelos esforços planejados e induzidos por si mesmo e regulados por seu Karma, ascendendo assim por todos os graus de inteligência, desde o Manas inferior até o superior; do mineral e planta ao Arcanjo (Dhyani-Buddha) mais sublime. A Doutrina central da Filosofia Esotérica não admite para o homem nenhum privilégio ou dom especiais, salvo aqueles adquiridos por seu próprio Ego, por esforço e mérito pessoais, através de uma longa série de metempsicoses e reencarnações. Por isso dizem os hindus que o Universo é Brahman e Brahmã; porque Brahman está em todos os átomos do Universo, sendo os seis princípios da natureza a expressão - os aspectos diversamente diferenciados - do SÉTIMO e UNO, a única Realidade no Universo, seja cósmico ou microcósmico; e também porque as ermutações psíquicas, espirituais e físicas do Sexto (Brahmã, o veículo de Brahman), no plano da manifestação e da forma, são considerados, por antífrase metafísica, como ilusórias e "mayávicas". Porque embora a raiz de todos os átomos individualmente, e de todas as formas coletivamente, seja este Sétimo Princípio ou a Realidade única, em sua aparência manifestada, fenomenal e temporal, tudo isso é tão-somente uma ilusão passageira de nossos sentidos.

.Tais são os conceitos fundamentais em que se apóia a Doutrina Secreta.

The Secret Doctrine I, 13-2O / I,42-48 / I,79-85. (Na edição da Pensamento: I,81-87)

NOTA

O estudo das Três Proposições Fundamentais, adverte Madame Blavatsky, deve ser seguido pelo dos itens numerados no Resumo, no final do Vol. I (parte I). Parece que sua intenção era reunir os aspectos essenciais da Doutrina Secreta apresentados até ali em alguns parágrafos ordenados. Ela começa, porém, no primeiro parágrafo numerado, com a referência à seção Introdutória da obra, onde reúne uma enorme série de evidências que estabelecem, sem qualquer dúvida, a existência de uma tradição esotérica. Além disso, no sexto parágrafo numerado, ela se recusa a se limitar a uma mera recapitulação e acrescenta uma considerável quantidade de informações sobre aquelas Hierarquias de Seres por cujo intermédio "O Universo é construído e guiado". Ainda assim, ela retorna mais de uma vez à lei fundamental de todo o sistema, a Unidade essencial da existência.

SEIS ITENS NUMERADOS

A autora destas afirmações tem que se preparar de antemão para encontrar grande oposição, e mesmo a negação do que afirma nesta obra. Não que exista qualquer pretensão de infalibilidade ou de exatidão perfeita em todos os detalhes do que se diz aqui. Existem os fatos, e eles não podem ser negados. Mas, devido às dificuldades intrínsecas dos assuntos tratados, e às limitações quase insuperáveis da língua inglesa, como de todos os demais idiomas europeus, para a expressão de certas idéias, é mais do que provável que a autora não tenha conseguido apresentar as explicações em sua melhor e mais clara forma; no entanto, tudo quanto podia ser feito, sob as mais adversas circunstâncias, o foi, e isto é o máximo que se pode exigir de qualquer escritor.

Recapitulemos, e a partir da vastidão dos assuntos expostos se demonstrará quão difícil, senão impossível, é fazer-se plena justiça a eles.

1. A Doutrina Secreta é a Sabedoria acumulada das Idades, e a sua cosmogonia por si só é o mais estupendo e elaborado de todos os sistemas; mesmo velado, como se encontra no exoterismo dos Puranas. Mas tal é o poder misterioso do simbolismo oculto que os fatos que ocuparam gerações inumeráveis de videntes e profetas iniciados, para serem ordenados, registrados e explicados através das desconcertantes séries do progresso evolutivo, se encontram todos registrados em umas poucas páginas de

signos geométricos e hieróglifos. O olhar iluminado daqueles videntes penetrou o próprio cerne da matéria e registrou a alma das coisas, ali onde um simples profano, por sábio que fosse, somente perceberia o trabalho externo da forma. Mas a ciência moderna não crê na "alma das coisas", e, portanto rejeitará todo o sistema da antiga cosmogonia. É inútil dizer que o sistema em questão não é fantasia de um ou de vários indivíduos isolados; que é um arquivo ininterrupto, cobrindo milhares de gerações de videntes cujas respectivas experiências eram levadas a efeito para comprovar e verificar as tradições, transmitidas oralmente de uma raça antiga a outra, sobre os ensinamentos dos Seres superiores e exaltados que velaram sobre a infância da humanidade; que durante longas eras, os "Homens Sábios" da Quinta Raça, pertencentes ao grupo salvo e resgatado do último cataclisma e das transformações dos continentes, passaram suas vidas aprendendo, e não ensinando. Como o faziam? É respondido: comprovando, testando e verificando em cada esfera da Natureza as antigas tradições, por meio das visões independentes de grandes Adeptos; ou seja, dos homens que aperfeiçoaram ao mais alto grau possível seus organismos físicos, mentais, psíquicos e espirituais. Não era aceita a visão de qualquer Adepto, até ser confrontada e confirmada pelas visões de outros Adeptos - obtidas de modo que se mostrassem como evidência independente - e após séculos de experiência.

2. A Lei fundamental desse sistema, o ponto central do qual tudo emergiu; ao redor de e para o qual tudo gravita, e do qual depende toda sua filosofia, é a SUBSTÂNCIA PRINCÍPIO, Divina, Una e Homogênea, a Causa Radical única.

... Uns poucos, cujas lâmpadas resplandeciam mais, foram guiados de causa em causa à nascente secreta da Natureza, e descobriram que deve existir um Princípio primeiro

É chamada Substância-Princípio porque se converte em "substância" no plano do universo manifestado: uma ilusão, enquanto continua sendo um "princípio" no ESPAÇO abstrato, visível e invisível, sem começo nem fim. É a Realidade onipresente e impessoal, porque contém tudo e cada uma das coisas. Sua impessoalidade é o conceito fundamental do sistema.' Está latente em todos os átomos do universo, e é o próprio universo.

3. O universo é a manifestação periódica desta Essência Absoluta desconhecida. Chamá-la "essência" é, no entanto, pecar contra o próprio espírito da filosofia. Porque embora o nome possa ser derivado, neste caso, do verbo esse, "ser", AQUILO não pode identificar-se com um ser de nenhuma espécie concebível pelo intelecto humano. AQUILO é melhor descrito não como sendo Espírito ou Matéria, mas ambas as coisas a uma só vez. Parabrahman e Mulaprakriti são Um em realidade, se bem que sejam dois no conceito universal do manifestado, inclusive no conceito do Logos Uno, sua primeira manifestação, na qual ... AQUILO surge do ponto de vista objetivo como Múlaprakriti, e não como Parabrahman; como seu véu, e não como a Realidade Una oculta por trás, a qual é incondicionada e absoluta.

4. O Universo, com cada uma das coisas que contém, é chamado MAYA porque tudo nele é temporário; desde a vida efêmera de um pirilampo até a do sol. Comparado com a eterna imutabilidade do UNO, e com a invariabilidade daquele Princípio, o universo, com suas formas efêmeras em perpétua transformação, deve ser necessariamente, para a mente de um filósofo, não mais do que um fogo-fátuo. No entanto, o Universo é suficientemente real para os seres conscientes que nele vivem, os quais são tão ilusórios quanto ele mesmo.

5. Cada uma das coisas no universo, em todos os seus reinos, é CONSCIENTE; ou seja, é dotada de uma consciência de um tipo próprio e em seu próprio plano de percepção. Nós humanos devemos nos lembrar que, somente porque nós mesmos não percebemos qualquer sinal de consciência nas pedras, por exemplo, nem por isso temos o direito de dizer que não existe nenhuma consciência nelas. Não existe coisa tal como matéria "morta", ou "cega", como tampouco existe lei "cega" ou "inconsciente". Tais idéias não encontram lugar entre os conceitos da Filosofia Oculta. Esta jamais se detém ante aparências superficiais, e para ela possuem mais realidade as essências noumênicas do que suas contrapartes objetivas; nisso se parece com o sistema dos Nominalistas medievais, para quem as universais eram as realidades, e as particulares existiam somente nominalmente e na imaginação humana.


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