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OS SONHOS

O QUE SÃO E COMO SÃO CAUSADOS

~ C.W. Leadbeater ~


 Tradução de Ricardo A. Frantz


Primeira Edição em 1898

Terceira Edição revista e ampliada em 1903

Quarta Edição em 1918

Conteúdo
Capítulo  
1 Introdução
2 O Mecanismo
3 O Ego
4 A Condição de Sono
5 Os Sonhos
6 Experiências sobre o Estado Onírico
7 Conclusão


Capítulo 1

Introdução

Muitos dos assuntos com que entramos em contato em nossos estudos Teosóficos são tão distantes das experiências e interesses da vida cotidiana, que ao mesmo tempo em que nos sentimos inclinados para eles por uma atração que cresce em progressão geométrica à medida que os conhecemos e entendemos melhor, ainda somos conscientes, no fundo de nossas mentes, por assim dizer, de um vago senso de irrealidade, ou pelo menos de impraticidade, quando tratamos deles. Quando lemos sobre a formação do sistema solar, ou mesmo sobre os anéis e rondas de nossa cadeia planetária, não podemos senão sentir que, por interessantes que sejam como estudos abstratos, úteis por nos mostrarem como o homem tornou-se o que vemos que é, não obstante se relacionam só indiretamente com a vida que estamos vivendo aqui e agora.

Nenhuma objeção deste tipo, contudo, pode ser lançada contra nosso assunto atual: todos os leitores destas linhas já sonharam - provavelmente muitos deles têm o hábito de sonhar com freqüência; e podem portanto estar interessados numa tentativa de elucidação do fenômeno onírico com da ajuda da luz que lhes lançam as investigações ao longo de linhas Teosóficas.

O método mais conveniente pelo qual podemos ordenar as várias ramificações de nosso assunto talvez seja o seguinte: primeiro, considerarmos muito cuidadosamente o mecanismo - físico, etérico e astral - por meio do qual impressões são transmitidas à nossa consciência; segundo, vermos como a consciência por sua vez afeta e utiliza este mecanismo; terceiro, verificarmos a condição tanto da consciência como de seu mecanismo durante o sono; e quarto, pesquisar como os vários tipos de sonho que o homem experimenta são portanto produzidos.

Como escrevo principalmente para estudantes de Teosofia, posso sentir-me livre para usar, sem explicação detalhada, os termos Teosóficos usuais, com os quais seguramente posso presumir que estejam familiarizados, uma vez que de outra forma meu livreto excederia em muito seus limites planejados. Se este, porventura, cair nas mãos de alguém para quem o uso ocasional destes termos constitui uma dificuldade, só posso desculpar-me, e indicar-lhe para estas explicações preliminares qualquer trabalho Teosófico básico, como The Ancient Wisdom (A Sabedoria Antiga), ou Man and his Bodies (O Homem e seus Corpos), de A. Besant.

Capítulo 2

O Mecanismo

I - Físico

Primeiro, então, tratemos da parte física do mecanismo. Temos em nossos corpos um grande eixo de matéria nervosa [a medula espinhal - NT], terminando no cérebro, e, deste, uma rede de feixes nervosos se irradia em todas as direções pelo corpo. É pelas vibrações destes feixes nervosos, de acordo com a teoria da ciência moderna, que se transmitem todas as impressões externas ao cérebro, e este, ao receber estas impressões, as traduz em sensações ou percepções; de modo que se eu colocar minha mão sobre algum objeto e eu percebê-lo quente, não é realmente a minha mão que sente, mas sim meu cérebro, que está agindo em função de informações transmitidas a ele pelas vibrações correndo ao longo de suas linhas telegráficas, os feixes nervosos.

Também é importante ter em mente que todos os feixes nervosos do corpo são iguais em constituição, e que o feixe especial que chamamos de nervo óptico - que veicula ao cérebro impressões feitas sobre a retina ocular, e assim nos possibilita ver - difere dos feixes nervosos da mão ou do pé somente pelo fato de que longas eras de evolução o especializaram para receber e transmitir mais prontamente um restrito conjunto de vibrações rápidas que nos são visíveis como luz. A mesma observação serve para nossos outros órgãos sensoriais; os nervos auditivo, olfativo ou o gustativo diferem um do outro e do restante só por esta especialização: são essecialmente os mesmos, e todos fazem seu respectivo trabalho exatamente da mesma forma, pela transmissão de vibrações ao cérebro.

Já este nosso cérebro, que é portanto o grande centro de nosso sistema nervoso, é muito prontamente afetado por leves variações em nossa saúde geral, e mais especialmente por qualquer condição que envolva uma alteração na circulação do sangue através dele. Quando o fluxo sangüíneo nos vasos da cabeça é normal e regular, o cérebro (e, portanto, todo o sistema nervoso) fica livre para funcionar de um modo ordenado e eficiente; mas qualquer alteração em sua circulação normal, seja em quantidade, qualidade, ou velocidade, imediatamente produz um efeito correspondente no cérebro, e através dele nos nervos de todo o corpo.

Se, por exemplo, o cérebro for suprido de sangue em excesso, ocorre a congestão dos vasos, e imediatamente se produz uma irregularidade em sua ação; se houver escassez, o cérebro (e, por conseguinte, o sistema nervoso) se torna primeiro irritável e então letárgico. A qualidade do sangue fornecido também é de grande importância. Ao percorrer o corpo ele tem duas tarefas principais a desempenhar - suprir de oxigênio e nutrição os diferentes órgãos do corpo; e se ele for incapaz de desempenhar adequadamente qualquer uma destas funções, uma certa desorganização se seguirá.

Se o suprimento de oxigênio ao cérebro for deficiente, ele se torna sobregarregado de dióxido de carbono, e bem logo aparecem o embotamento e a letargia. Um exemplo comum disto é a sensação de apatia e sonolência que freqüentemente acomete quem se encontra em uma sala mal-ventilada e apinhada de gente; devido ao esgotamento do oxigênio na sala pela respiração contínua de um número tão grande de pessoas, o cérebro não recebe sua provisão devida, e destarte se torna incapaz de trabalhar como deve.

Também a velocidade com que este sangue corre pelos vasos afeta a ação do cérebro; se for acelerada, produz febre; se lenta demais, também provoca letargia. É óbvio, portanto, que nosso cérebro (através do qual, lembremo-nos, todas as impressões devem passar) pode ser mui facilmente perturbado e mais ou menos estorvado no devido desempenho de suas funções por causas aparentemente triviais - causas às quais provavelmente não daríamos nenhuma atenção sequer em nossas horas de vigília - as quais nos passariam inteiramente despercebidas durante o sono.

Antes que prossigamos, deve ser assinalada uma outra peculiaridade deste mecanismo físico, qual seja, sua notável tendência de repetir automaticamente vibrações às quais está costumado a responder. É a esta propriedade do cérebro que devem ser atribuídas todas aquelas manias corporais e tiques que são inteiramente independentes de nossa vontade, e amiúde tão difíceis de dominar; e, como logo veremos, ela desempenha uma parte ainda mais importante durante o sono do que durante a vida desperta.

II - Etérico

Não é só através do cérebro de que tratamos até agora, contudo, que impressões podem ser recebidas pelo homem. Quase exatamente coextensivo a ele e interpenetrando sua forma visível está o seu duplo-etérico (antigamente chamado na literatura Teosófica de linga-sharira), e este também possui um cérebro que não é menos físico que o outro, ainda que composto de matéria em um estado mais rarefeito que o gasoso.

Se o examinarmos através das faculdades psíquicas o corpo de um recém-nascido, o encontraremos permeado não só de matéria astral de todos os graus de densidade, mas também de diferentes graus de matéria etérica; e se tivermos o trabalho de rastrear estes corpos internos até sua origem, veremos que é do astral que o duplo-etérico - o molde sobre o qual o corpo físico é construído - é formado pelos agentes dos Senhores do Karma, enquanto a matéria astral foi sendo reunida pelo Ego que desce - não conscientemente, é claro, mas automaticamente - ao atravessar o plano astral, e é, de fato, meramente o desenvolvimento naquele plano de tendências cujas sementes permaneceram latentes em si durante suas experiências no mundo celestial, porque naquele nível era impossível que pudessem germinar por falta do grau de matéria necessário à sua expressão.

Já este duplo-etérico freqüentemente tem sido chamado de veículo do éter vital ou força vital humana (chamado prana em Sânscrito), e qualquer um que tenha desenvolvido as faculdades psíquicas pode ver exatamente como isso se passa. Verá o princípio de vida solar quase incolor, ainda que intensamente ativo e luminoso, que constantemente é derramado na atmosfera terrestre pelo Sol; verá como a parte etérica de seu baço, no exercício de sua maravilhosa função, absorve esta vida universal, e a especializa em prana, de modo que possa ser mais prontamente assimilado por seu corpo; como ele então passa para todo o corpo, percorrendo todos os feixes nervosos como diminutos glóbulos de adorável luz rosada, fazendo com que a exuberância de vida e saúde e atividade penetre em cada átomo do duplo-etérico; e como, quando as partículas rosadas foram absorvidas, o éter vital excedente finalmente se irradia do corpo em todas as direções como luz branco-azulada.

Se examinar mais detidamente a ação deste éter vital, logo terá razão para crer que a transmissão de impressões ao cérebro depende antes de seu fluxo regular ao longo da porção etérica dos feixes nervosos do que sobre a mera vibração das partículas de sua porção mais densa e visível, como se supõe costumeiramente. Tomaria muito de nosso espaço detalharmos todas as experiências onde esta teoria se fundamenta, mas a indicação de uma ou duas dentre as mais simples será suficiente para mostrar as linhas que seguem.

Quando o frio deixa um dedo inteiramente enregelado, este é incapaz de sentir; e o mesmo fenômeno de insensibilidade pode prontamente ser produzido à vontade por um mesmerizador, que por meio de uns poucos passes sobre o braço de seu paciente o colocará num estado em que pode ser picado por uma agulha ou queimado com a chama de uma vela sem experimentar a menor sensação de dor. Agora, por que o paciente não sente nada em nenhum dos casos- Os feixes nervosos ainda estão lá, e mesmo que no primeiro caso possamos argumentar que sua ação foi paralisada pelo frio e pela ausência de sangue nos vasos, certamente esta não pode ser a razão no segundo caso, onde o braço matém sua temperatura normal e o sangue circula como sempre.

Se pedirmos ajuda a um clarividente, seremos capazes de obter algo mais próximo de uma explicação real, pois ele nos diria que a razão pela qual o dedo congelado parece morto, e o sangue é incapaz de circular pelos vasos, é que o róseo éter vital já não está passando ao longo dos feixes nervosos; pois devemos lembrar que mesmo que a matéria na condição etérica seja invisível à visão ordinária, ainda assim é puramente física, e, portanto, pode ser afetada pela ação do frio ou do calor.

No segundo caso ele nos diria que quando o mesmerizador faz os passes pelos quais torna o braço do sujeito insensível, o que ele realmente faz é inserir seu próprio éter nervoso (ou magnetismo, como freqüentemente é chamado) no braço, deslocando temporariamente o do paciente. O braço ainda está quente e vivo, porque ainda há éter vital passando por ele, mas uma vez que não é mais o éter vital especializado do próprio paciente, e portanto não está em relação com seu cérebro, ele não veicula nenhuma informação a este cérebro, e por conseguinte não há sensação nenhuma no braço. Parece evidente a partir disto que mesmo não sendo absolutamente o éter vital em si que faz o trabalho de veicular impressões externas ao cérebro do homem, sua presença, porém especializado pelo próprio homem, é certamente necessária à devida transmissão ao longo dos feixes nervosos.

Agora exatamente como cada alteração na circulação sangüínea afeta a receptividade da matéria cerebral mais densa, e assim modifica a confiabilidade das impressões derivadas dele, também a condição da porção etérica do cérebro é afetada por qualquer alteração no volume ou velocidade destas correntes de vida.

Por exemplo, quando a quantidade de éter nervoso especializado pelo baço por alguma razão cai para abaixo da média, são sentidas imediatamente debilidade e fraqueza físicas, e se, sob estas circunstâncias, também acontecer de aumentar a velocidade de sua circulação sangüínea, o homem se tornará hiper-sensível, altamente irritável, nervoso, e talvez até mesmo histérico, enquanto que em tais condições ele freqüentemente está mais sensível a impressões físicas do que normalmente estaria, e assim amiúde ocorre que a pessoa padecendo de má saúde veja aparições ou tenha visões que são imperceptíveis a seu vizinho mais robusto. Se, de outra parte, o volume e a velocidade do éter vital forem ambos reduzidos ao mesmo tempo, o homem experimenta um langor intenso, se torna menos sensível a influências externas, e tem a sensação geral de estar fraco demais para importar-se com o que quer que lhe aconteça.

Deve ser lembrado também que a matéria etérica de que falamos e a matéria mais densa, ordinariamente reconhecida como pertencente ao cérebro, são ambas realmente partes de um só e mesmo organismo físico, e que, portanto, nenhuma pode ser afetada sem que imediatamente se produza alguma reação na outra.

Conseqüentemente não poderá haver nenhuma certeza de que as impressões transmitidas através deste mecanismo serão corretas a não ser que ambas suas porções estejam funcionando de modo absolutamente normal; qualquer irregularidade em qualquer das partes pode muito rápido embotar ou perturbar sua receptividade de modo a produzir imagens borradas ou distorcidas do que quer que se lhe apresente. Mais ainda, como logo explicaremos, é infinitamente mais fácil ocorrer tais aberrações durante o sono do que na vigília.

III - Astral

Um outro mecanismo ainda que devemos levar em conta é o corpo astral, freqüentemente chamado corpo de desejo. Como seu nome implica, este veículo é composto exclusivamente de matéria astral, e é, de fato, a expressão do homem no plano astral, assim como o seu corpo físico é sua expressão nos níveis inferiores do plano físico.

Na verdade, poupará muitos problemas ao estudante de Teosofia se ele aprender a considerar estes diferentes veículos simplesmente como a manifestação real do Ego nos seus respectivos planos - se ele entender, por exemplo, que é o corpo causal (às vezes chamado de ovo áurico) que é o veículo real do Ego reencarnante, e é habitado por ele enquanto permanece no plano que é seu domicílio verdadeiro, os níveis superiores do plano mental: mas que quando ele desce aos níveis inferiores ele deve, a fim de ser capaz de atuar ali, revestir-se de sua matéria, e aquela matéria que ele então atrai constitui seu corpo mental. Similarmente, descendo ao plano astral, a partir de sua matéria ele forma seu corpo astral ou de desejo, mantendo, é claro, os outros corpos; e em uma descida ulterior até este plano o mais inferior de todos, o corpo físico é formado no meio do ovo áurico, que assim engloba o homem inteiro.

Este veículo astral é ainda mais sensível a impressões externas do que os corpos denso e etérico, pois ele mesmo é a sede de todos os desejos e emoções - a única ponte pela qual o Ego pode recolher experiências da vida física. Ele é peculiarmente suscetível à influência de correntes de pensamento que passem, e quando a mente não o está controlando ativamente, está perpetuamente recebendo estímulos de fora, e avidamente lhes respondendo.

Este mecanismo também, como os outros, é mais prontamente influenciável durante o sono do corpo físico. Muitas observações evidenciam este fato, um bom exemplo delas é o caso recentemente trazido ao escritor, no qual um homem que havia sido um bêbado estava descrevendo as dificuldades no caminho de sua recuperação. Ele declarou que após um longo período de total abstinência ele havia conseguido destruir inteiramente o desejo físico por álcool, de modo que quando acordado ele sentia viva repulsa por ele; mas afirmou que freqüentemente sonhava que estava bebendo, e naquele estado de sonho ele sentia o antigo e horrível prazer desta degradação.

Portanto, aparentemente durante o dia seu desejo era mantido sob controle através da vontade, e formas-pensamento fortuitas ou elementais passageiros não eram capazes de causar qualquer impressão sobre ele; mas quando o corpo astral era liberado no sono, escapava, em alguma medida, do domínio do Ego, e sua extrema suscetibilidade natural se reafirmava tanto que de novo respondia prontamente a estas influências deletérias, e se imaginava experimentando mais uma vez os desgraçados deleites da orgia.

Capítulo 3

O Ego

Todas estas diferentes partes do mecanismo são em verdade apenas instrumentos do Ego, mesmo que seu controle sobre elas ainda seja muitas vezes muito imperfeito; pois deve ser lembrado sempre que o próprio Ego é uma entidade em evolução, e que no caso da maioria de nós ele dificilmente é mais que um germe do que um dia há de ser.

Uma estância no Livro de Dzyan nos diz: "Os que receberam apenas uma centelha permaneceram destituídos de entendimento: a centelha ardia fracamente"; e Madame Blavatsky explica que "aqueles que receberam apenas uma centelha constituem a média da humanidade que deve adquirir sua intelectualidade durante a atual evolução manvantárica." (A Doutrina Secreta, II, 167). No caso da maioria aquela centelha ainda está bruxuleante, e se passarão muitas eras antes que seu moroso crescimento a leve ao estágio de chama firme e brilhante.

Sem dúvida há algumas passagens na literatura Teosófica que parecem implicar que nosso Eu Superior não necessita de evolução, já sendo perfeito e divinal em seu próprio plano; mas onde quer que tais expressões sejam usadas, qualquer que possa ser a terminologia empregada, devem ser consideradas como aplicando-se exclusivamente ao Atma, o verdadeiro deus interior, que certamente está muito além da necessidade de qualquer tipo de evolução de que possamos saber algo.

O Ego reencarnante indubitavelmente evolui, e o processo de sua evolução pode ser mui claramente observado por aqueles que desenvolveram a visão clarividente ao ponto necessário para perceber o que existe nos níveis superiores do plano mental. Como antes assinalamos, é da matéria daquele plano (se podemos nos aventurar a dizer que aquilo ainda é matéria) que o comparativamente perene corpo causal é composto, o qual carregamos de nascimento para nascimento até o fim da etapa humana da evolução. Mas mesmo que cada ser individualizado deva necessariamente ter um tal corpo - uma vez que é a sua posse que caracteriza a individualização - sua aparência não é de modo algum idêntica em todos os casos. De fato, no homem comum subdesenvolvido ele é quase imperceptível, mesmo por aqueles que têm a visão que lhes desvenda os segredos daquele plano, pois não passa então de uma simples película incolor - apenas capaz, ao que parece, de manter-se unida e constituir uma individualidade reencarnante, mas nada além disso. (Vide Man, Visible and Invisible [O Homem Visível e Invisível], deste autor, pranchas V e VII).

Mas tão logo o homem comece a desenvolver-se em espiritualidade, ou mesmo em intelecto superior, uma mudança acontece. O indivíduo real então começa a ter um caráter próprio persistente, à parte daquele moldado em cada uma de suas personalidades pelo treinamento e circunstâncias ambientais; e este caráter mostra-se pelo tamanho, cor, luminosidade e definição do corpo causal, exatamente como a personalidade se mostra no corpo mental, porém aquele veículo superior naturalmente é mais sutil e mais formoso. (Vide ibid., prancha XXI).

Num outro aspecto, ainda, felizmente difere dos corpos abaixo de si, pois em quaisquer circunstâncias normais nenhum mal de nenhum tipo pode manifestar-se nele. O pior dos homens comumente só pode manifestar-se naquele plano como uma entidade inteiramente subdesenvolvida; seus vícios, mesmo que continuem vida após vida, não podem poluir aquele veículo superior; podem apenas tornar mais e mais difícil o desenvolvimento em si das virtudes opostas.

De outra parte, a perseverança ao longo de linhas corretas logo se apresenta no corpo causal, e no caso de um discípulo que tenha feito algum progresso na Senda da Santidade, constitui uma visão maravilhosa e adorável, além de toda a concepção terrena. (Vide ibid., prancha XXVI); enquanto que o de um Adepto é uma magnificente esfera de luz viva, cuja glória radiosa nenhuma palavra pode jamais descrever. Quem ao menos uma vez tiver contemplado um espetáculo sublime como este, e puder também ter visto ao redor de si indivíduos em todos os estágios de desenvolvimento entre este e o de película incolor das pessoas comuns, jamais pode ter alguma dúvida sobre a evolução do Ego reencarnante.

A noção que o Ego tem de seus intrumentos, e, portanto, sua influência sobre eles, naturalmente é pequena nos estágios iniciais. Nem sua mente nem suas paixões estão completamente sob controle; de fato, o homem comum não faz quase o menor esforço para controlá-las, mas permite-se ser arrastado de cá para lá sob o império de seus desejos ou pensamentos mais inferiores. Conseqüentemente, no sono as diferentes partes do mecanismo que mencionamos são muito inclinadas a agir quase inteiramente por sua própria conta a despeito do homem real, e o estágio de seu desenvolvimento espiritual é um dos fatores que devemos levar em conta ao considerarmos a questão dos sonhos.

Também é importante que compreendamos a parte que o Ego desempenha na formação de nossa concepção dos objetos externos. Devemos lembrar que o que as vibrações dos feixes nervosos apresentam ao cérebro são só impressões, e é o trabalho do Ego, agindo através da mente, classificar, combinar e rearranjá-las.

Por exemplo, quando olho pela janela e vejo uma casa e uma árvore, instantaneamente as reconheço pelo que são, ainda que a informação realmente veiculada a mim pelos meus olhos fique muito aquém de tal reconhecimento. O que realmente ocorre é que certos raios de luz - isto é, correntes de éter vibrando em certas freqüências específicas - são refletidas pelos objetos e atingem a retina de meu olho, e os feixes nervosos sensíveis devidamente levam estas vibrações ao cérebro.

Mas qual é a história que eles têm para contar- Toda a informação que eles realmente transmitem é que em certa direção há certos padrões de cores variados definidos por contornos mais ou menos nítidos. É a mente que a partir de suas experiências prévias é capaz de decidir que um dado objeto branco retangular é uma casa, e outro verde arredondado é uma árvore, e que provavelmente têm tal e tal tamanho, e estão a tal e tal distância de mim.

Uma pessoa que, tendo nascido cega, obtém sua visão por meio de uma cirurgia, por algum tempo não sabe o que são os objetos que vê, nem pode avaliar a distância que está deles. O mesmo é verdadeiro com relação a um bebê, pois muitas vezes ele pode ser visto tentando alcançar objetos interessantes (como a Lua, por exemplo) que estão muito além de seu alcance; mas à medida que cresce, aprende inconscientemente, por exeperiência repetida, a julgar instintivamente a distância e tamanho prováveis da forma que vê. Mesmo pessoas adultas podem prontamente enganar-se a respeito da distância e portanto do tamanho de um objeto não-familiar, especialmente se visto sob luz fraca ou inconstante.

Vemos, portanto, que a mera visão de modo nenhum é suficiente para a percepção acurada, mas que a discriminação do Ego atuando através da mente deve ser trazida a elaborar o que é visto; e mais ainda vemos que esta discriminação não é um instinto mental inerente, perfeito desde o início, mas é o resultado da comparação inconsciente de numerosas experiêmcias - pontos que devem ser cuidadosamente mantidos em mente quando passarmos à próxima seção de nosso assunto.

Capítulo 4

A Condição de Sono

A investigação clarividente dá abundantes testemunhos do fato de que quando um homem cai em sono profundo os princípios superiores de seu veículo astral quase invariavelmente se desprendem do corpo e pairam em sua vizinhança imediata. De fato, este processo de desprendimento é o que usualmente chamamos "dormir". Considerando o fenômeno dos sonhos, portanto, temos de guardar na mente este rearranjo, e ver como isto afeta tanto o Ego como seus vários mecanismos.

No caso que iremos analisar, então, presumimos que nosso paciente esteja em sono profundo, o corpo físico (incluindo a porção mais fina dele que muitas vezes é chamada de duplo-etérico) deitado tranqüilamente na cama, enquanto o Ego, em seu corpo astral, flutua com a mesma tranqüilidade perto dele. Qual seria, nestas circunstâncias, a condição e consciência destes diversos princípios-

I - O Cérebro

Quando o Ego durante este tempo abre mão do controle de seu cérebro, não se torna inteiramente inconsciente, como poderíamos esperar. É evidente a partir de várias experiências que o corpo físico têm uma espécie de vaga consciência própria, muito distinta da do Eu real, e distinta também do mero agregado de consciência de suas células individuais.

Este escritor por diversas vezes observou um efeito desta consciência ao acompanhar a extração de um dente com anestesia de gás. O corpo emitiu um grito confuso, e ergueu as mãos em direção à boca, mostrando claramente que em alguma extensão havia sentido a extração; mas quando o Ego reassumiu sua posição vinte segundos depois, ele declarou que não havia sentido absolutamente nada da operação. É claro que estou ciente de que tais movimentos são costumeiramente atribuídos à "ação reflexa", e que as pessoas têm o hábito de aceitar esta declaração como sendo uma explicação verdadeira - não vendo que do modo como é empregada aqui constitui uma mera frase e não explica nada.

Esta consciência, então, tal como é, ainda está agindo no cérebro físico enquanto o Ego flutua sobre ele, mas seu nível é muito inferior, é claro, do que à do próprio homem, e conseqüetemente todas aquelas causas que mencionamos acima como passíveis de afetar a ação do cérebro são agora capazes de influenciá-lo em uma extensão muito maior. A mais leve alteração no suprimento sangüíneo agora produz graves irregularidades de funcionamento, e é por isso que a indigestão, já que afeta o fluxo de sangue, tão amiúde seja causa de sono agitado ou de pesadelos.


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