Índice
Prefácio
Parte I
DO IRREAL AO
REAL
Capítulo I
O
Bebê
Capítulo II
Do nascimento aos 10
anos
Capítulo III
Os Princípios da
Educação
Capítulo IV
Dos 10 aos 20
anos
Capítulo V
Dos 20 aos 40 anos
Capítulo VI
Dos 40 aos 80 anos
Parte II
Os Três Caminhos
Capítulo VII
O Caminho da
Vontade
Capítulo VIII
O Caminho do
Conhecimento
Capítulo IX
O Caminho
do Amor
Prefácio
Este livro é o segundo da série contendo os ensinamentos recebidos pelo
Anjo que inspirou o volume intitulado A
Fraternidade de Anjos e Homens.
Talvez alguns considerem estes ensinamentos como inteiramente
impraticáveis, de qualquer modo eu os ofereço ao estudo porque creio que eles
contém muito que é valioso e significativo nos dias de hoje, quando a mudança da
consciência da raça está considerando inadequados os velhos métodos de educação,
e novos estão sendo procurados em toda parte.
Os erros e deficiências deste livro são devidos à minha pouca
competência em receber o ensino do Anjo em toda sua claridade e beleza; minha
esperança é que lampejos da luz de sua sabedoria possam encontrar caminho
através da escuridão de minhas limitações e possam servir para iluminar as
mentes receptivas, em particular aquelas encarregadas de conduzir as crianças da
nova era.
Somente pinceladas gerais são esboçadas neste volume, oferecido
agora no alvorecer de um novo dia na evolução da consciência da raça humana;
ensinos mais detalhados podem ser esperados à medida que o Sol atinja seu
zênite, pois então as consciências humana e angélica estarão unidas para formar
um esplêndido canal para o poder, a sabedoria, e o conhecimento dAquele que é a
fonte única de tudo isso.
Os veículos de consciência humanos terão, lá, atingido um grau de
refinamento e responsividade pelo qual os novos poderes resultantes daquela
fusão possam ser adequadamente expressos.
O Anjo sugeriu indicar-se os princípios mais importantes e as
influências ideais através dos quais o homem possa capacitar-se para desenvolver
em plena perfeição as qualidades divinas das quais todo ser humano é herdeiro;
daí o título: ?Sêde Perfeitos!?
Geoffrey Hodson
Nota do
Tradutor
Será importante manter em mente, durante a leitura deste livro,
que o termo ?forma? (em inglês, form), é largamente utilizado em dois
sentidos, intercambiáveis: o primeiro, significando ?corpo?; o segundo,
significando ?matéria?, além do significado óbvio de ?formato, aparência?. O
Autor entende o plano das formas como
o dos objetos e corpos visíveis e
perceptíveis aos sentidos comuns (os cinco sentidos corporais, mais as emoções e
os pensamentos), e o plano de vida ou
plano da alma, sem forma definida, de
pura vida e luz, do qual usualmente somos inconscientes e que preenche e
vivifica o primeiro, seu reflexo manifesto aos sentidos grosseiros.
O Autor postula que o acesso, conhecimento e domínio do plano
invisível da alma é possível graças ao despertar e exercício das faculdades
divinas latentes em cada ser. Considera o homem um ente complexo, composto de
vários corpos, alguns pertencentes aos mundos da forma (corpos físico, emocional
e mental, constituindo o eu inferior), e outros aos mundos sem forma (corpo
espiritual, Ego ou Eu Superior, encarnação da Luz Infinita, ou do Pai Eterno, da
qual é parte inseparável e com a qual perfaz uma só vida, no oceano de luz onde
todas as outras vidas estão unificadas). De modo semelhante, o Autor declara que
o próprio Pai possui um Eu Superior: Deus, pura e simplesmente, entendido na
acepção de Supremo Criador de toda a realidade visível e invisível. Assim, o
homem seria um ente vivo nestes vários planos, mas consciente e ativo apenas,
usualmente, nos mais inferiores, com os quais se identifica e se confunde. Em
última análise, para o Autor, todo homem, visto ser ?uma centelha da Chama
Única?, é um Deus em embrião, evoluindo gradativamente até sua expressão plena.
É parte deste ensino, também, o conceito de reencarnação, ou seja, a evolução
das almas através da utilização de inúmeros corpos, num aperfeiçoamento
progressivo e resultando numa auto-expressão cada vez mais perfeita e mais
completa.
Desde o início, como o título já indica, este ensino objetiva
transformar os homens comuns em avataras, em outros
Cristos, em salvadores de mundos, em mestres espirituais, reconquistando a
herança divina que o Autor afirma ser o natural de todos os seres. Para o leitor
ocidental, como é assumido no prefácio, tal expectativa pode ser considerada
absurda, deslocada, ou no mínimo excessivamente otimista, dentro da perspectiva
de uma única ? e breve ? existência, o que é a concepção mais usual no Ocidente.
Alguns lhe darão pouco crédito, ainda, por não admitirem outras premissas
básicas onde se fundamentam os ensinos apresentados, quais sejam: a
multiplicidade dos corpos constituintes do homem, a existência (mesmo que em
tese) de mundos outros além deste visível, ou a existência de Deus e de um plano
divino para o mundo. São obstáculos ao pleno aproveitamento deste material, mas
há que se reconhecer e respeitar a diversidade de constituição de cada homem,
derivada de múltiplas situações sociais, religiosas, culturais, físicas,
psíquicas e tantas outras que temos presentemente. Outros mais pragmáticos terão
dificuldade em penetrar os significados objetivos além do véu de imagens
simbólicas que utiliza em sua linguagem exaltada e altamente poética. Para estes
o proveito deste livro pode ser escasso.
Recomendamos, assim, que o leitor se entregue à leitura destas
lições com o espírito aberto, como se se deixasse levar por uma música nova e
talvez exótica, mas quem sabe
estranhamente familiar, deixando que suas mais puras motivações aflorem e
se mesclem ao que vai lendo, e procurando vibrar em uníssono com as idéias que
se apresentam. Maior proveito advirá se procurar aprofundar mais tarde o que leu
em meditações particulares, e se, mesmo a título de curiosidade, procurar
praticar alguma das inúmeras sugestões de estudo e exercício que o autor sugere.
Mesmo tomando-se tais ensinos como uma alegoria, seja do progresso
da alma através das eras, seja da evolução da consciência da humanidade através
das sucessivas civilizações, muita coisa pode ser motivo para reflexões
individuais proveitosas, e muitos pontos, convencendo-nos de seu valor ético ou
moral, senão espiritual, podem ser aplicados mesmo a partir de agora. Frutos
notáveis e inesperados podem assim ser obtidos, e muito melhoramento pode ser
implementado na vida cotidiana, muitos relacionamentos podem ser aperfeiçoados,
muitos equívocos podem ser corrigidos, e mesmo se a meta última - o homem
perfeito e divino - descrito nos capítulos referentes às idades maduras, não for
atingida, qualquer esforço empreendido na direção do aperfeiçoamento pessoal
e/ou do grupo não terá sido vão: nossa própria vida terá sido enriquecida,
teremos trazido algum progresso, conforto e alívio a irmãos mais necessitados, e
outros poderão ter-se inspirado em nosso esforço em direção a um estilo de vida
mais elevado, mais pleno de amor, fraternidade e
altruísmo.
Ricardo Frantz
PARTE
I
DO IRREAL AO REAL
Capítulo
I
O Bebê
O bebê é um símbolo de um universo recém-nascido; seu primeiro
alento é como o alento de Deus soprando sobre a face das águas, e, seu primeiro
choro, a música da voz de Deus, o som da Palavra Criadora. O primeiro alento e o
primeiro choro do bebê são as mensagens divinas que ele traz de Deus ao homem, a
coisa mais celestial sobre a face da Terra e, de todas, a mais próxima do
Divino. O bebê vem do passado e passa pelo ventre materno em sua caminhada para
o futuro. Ao nascer, o passado brilha todo em seu redor, como a glória do sol
poente; o futuro ele tem em suas mãos. Passado, presente e futuro formam a
trindade de sua Chama Divina.
O bebê nasce com o intuito de unir passado, presente e futuro. O
objetivo de toda vida humana é conhecer passado, presente e futuro como uma
unidade; tudo deve ser subordinado ao cumprimento deste
destino.
Até o nascimento o bebê está nas mãos de Deus, que tudo arranjou
para o cumprimento daquele destino. Ao nascer a criança é liberada das mãos de
Deus e entregue nas mãos do homem; o homem deve conduzi-la de volta a Deus. A
razão para esta peregrinação, o motivo deste aprisionamento voluntário na carne
é que ela possa aprender a maneira de vir de Deus e, através dos mundos
materiais, voltar para Deus.
A diferença entre a saída e o retorno é que, à medida que ela
avança, as mãos de Deus a sustentam; à medida que ela retorna, suporta a si
mesma. Crescendo, a lição que a pessoa aprende é a de liberar o poder divino que
abriga em si, para que possa conduzir-se sozinha. Tendo aprendido, entrega-se
novamente nas mãos que a trouxeram para cá, mãos que, invisíveis, a guardaram e
que ela agora enche com preciosas dádivas de ouro, incenso e mirra, símbolos da
Trindade interna, cujo poder tríplice ela usou para conquistar o mundo material,
traduzindo-o em vontade, amor e pensamento; estes são os poderes através dos
quais reina absoluta sobre todos os mundos da forma.
Tendo cumprido seu destino, finalmente ajoelha-se diante do trono
de seu Pai; os dons com que seu Pai a enviou, aquelas jóias preciosas,
profundamente ocultas em seu coração, agora são refulgentes raios de vida,
brilhando faiscantes da coroa que porta sobre sua régia cabeça. Permanece à
direita de seu Pai, não mais uma criança, não mais um homem, mas criança e homem
crescidos em Deus, o verdadeiro Eu do Pai. Este é o propósito, objetivo e
finalidade de tudo o que sucede ao bebê; a isso, tudo seja
subordinado.
À medida que a criança, símbolo do universo recém-nascido, vai
caminhando ao longo de sua estrada predestinada, seu progresso e seu crescimento
devem ser garantidos pela sabedoria da vida interna, e não cerceada por poderes
externos. Ao contrário do que já foi ensinado por antigas tradições, Deus não
interfere. Ele, que preencheu com vida a forma, conhece que nenhum mal pode
sobrevir àquela vida, ocorra o que quer que seja à forma. Ele auxilia
continuamente a partir de dentro pelo impulso rítmico do batimento de Seu
coração. Ciclicamente, em certas épocas da vida humana e universal, Ele introduz
poder adicional, ilumina com nova luz, acelera a evolução com um impulso de Sua
vontade. Assim Ele estimula a Alma Universal, sabendo que no devido tempo o
impulso encontrará expressão na forma.
Assim deveriam os pais cultivar a criança, procurando sempre
iluminar e reforçar a alma, e deixando-a livre para usar o poder que lhe é
acrescentado para adquirir domínio sobre as formas. Desta maneira ambos os pais
deveriam concentrar seu auxilio sobre a alma na criança. Ao corpo, deixe-se
fazer tudo por si mesmo, exceto o que seu estado infantil, pouco desenvolvido,
impeça. Toda a tendência em direção à auto-suficiência deveria ser procurada,
reforçada e incentivada, o ideal consistindo em dispensar auxílio em todas as
coisas e circunstâncias assim que possível.
A criança não poderá desenvolver-se no mundo se tolhida por
excesso de orientação ou intimidada por excesso de cuidados. Mesmo se no início
cair, deixai-a levantar sozinha, evitando-se procurar secar as lágrimas infantis
muito de pronto, assim acostumando-a cedo
a caminhar sozinha, interferindo apenas quando um real perigo
anunciar-se. Não é bom estimular o desenvolvimento de hábitos rígidos, ou de
pequenas manias infantis, pois limitam a alma ao criar modos de comportamento
que a força-vida se acostumará a seguir e que tomarão a forma de um caráter
pessoal muito prematuramente.
Recordando
sua própria infância, os pais encorajarão o bebê a ser observador, instituindo
cedo na vida o cultivo de suas aptidões e do conhecimento, para que o professor
encontre rico material sobre que trabalhar, quando a criança venha a ele para
tornar-se aluno.
A liberdade é o maior
dos dons que os pais podem dar à alma, para ajudá-la em sua tarefa de dominar a
técnica de viver aprisionada na forma; liberdade de mente, de sentimento e de
ação. Em cada berçário esta deveria ser a regra: que a criança seja livre.
Liberdade de corpo, não sufocado por roupagem pesada que impeça o contato de sua
pele com o ar; liberdade de espojar-se e pular e caminhar sempre que surgir o
impulso. Liberdade de sentimento, não regulamentado por um amor excessivamente
personalista, nem enclausurado por qualquer sentimento de posse sobre seu corpo.
Antes, deveriam os pais ser imbuídos de um amor tal que, mesclado com
reverência, reconhece o privilégio da paternidade, o privilégio de receber este
maravilhoso mensageiro diretamente das mãos de Deus. Liberdade de mente, para
que o corpo mental possa crescer de acordo com o padrão da alma, livre dos
preconceitos e limitações dos conhecimentos adquiridos pelos mais idosos nos
mundos da forma.
Possa assim o Eu Superior da criança
encontrar um caminho livre de obstáculos à plena expressão das inúmeras
faculdades que acumulou em muitos nascimentos e mortes anteriores. Para o homem,
possa a paternidade ser uma fonte inesgotável de alegria, um campo para o
serviço altruísta, e uma experiência que enriquecerá o tesouro de sua própria
alma.
Capítulo
II
Do nascimento aos 10
anos
Os períodos da vida humana,
do nascimento à morte, são divididos em décadas. Durante cada período um tipo especial de
vida deveria ser vivida, adaptada exatamente às necessidades do corpo e mente em
desenvolvimento.
A primeira década deveria ser devotada inteiramente ao
crescimento; cada experiência deveria conduzir à expansão da mente, do
sentimento e do corpo. A força vital está-se
derramando em toda sua abundância no tríplice homem que se está formando, que
nada impeça seu fluxo. Cada célula deve recebê-la, assim cada órgão pode ser
estimulado e cada sentido desenvolvido ao máximo. Durante este período a criança
deve representar uma encarnação da força vital; mais tarde, ela representará a
encarnação da mente e, por fim, a encarnação do espírito. A exuberância do poder
vital é a característica dominante nesta primeira década e dá à criança seus
períodos de atividade incansável, a conduz ao exercício e ao uso de suas
emergentes faculdades, para que mais tarde ela possa adquirir uma elasticidade
pujante nos músculos e tendões. Nenhum limite deveria ser imposto a esta ativa
auto-expressão; à criança deveria ser permitido cansar-se, e então dormir ao ar
livre até que sua força vital estivesse renovada.
Os primeiros dez anos consistem em ciclos alternados de atividade
e descanso, sua duração sendo governada apenas pelas necessidades da vida
interna em efervescência. A criança deveria poder brincar até o cansaço, então
que pudesse dormir até revigorar-se, e então brincar de novo; brincadeira e
descanso, os dois companheiros dos primeiros dez anos, formam, com a
alimentação, uma trindade essencial.
A Natureza desempenha um papel especial nesta fase, e deveria ser
a única mestra da criança até a idade dos dez anos. As lições que aprenderá da
Natureza são duas: observar e expressar. Nenhuma pressão deveria ser feita no
sentido de fazê-la memorizar ou catalogar. A criança não deveria ser instada a
repetições ou decorebas, pois a repetição embota o cérebro impondo um limite ao
poder de observação, à capacidade de compreensão e à aquisição de novas
experiências; restringe a um único canal a energia que deve estar livre para
expressar-se através de qualquer canal que o pensamento, sentimento e ação
possam proporcionar. A regra para a
primeira década é permitir que a força vital flua livre e desobstruída, e que se
use influência externa apenas para protegê-la de
perigos.
O corpo em crescimento não deveria ser vestido pesadamente, a
roupa deveria ser leve, permitindo à força vital ter sua parte na geração de
calor. A única pressão sobre a pele deve ser a do próprio peso do corpo da
criança, e o movimento dos membros deve ser deixado livre. Cabeça, mãos e pés
deveriam ser deixados descobertos, assim como o pescoço e garganta, estes são
pontos vitais durante os primeiros anos. A criança, tanto quanto possível,
deveria ser deixada viver o quanto possível fora de
casa.
Todas as crianças têm uma afinidade natural pelas árvores, cuja
força vital elas absorvem e cujo verdor é benéfico ao crescimento. A criança
deveria ser ensinada a amar as árvores e a considerá-las suas amigas; os
animaizinhos, seus companheiros de folguedos, e as velhas árvores, verdadeiros
pais divinos.
As árvores podem ser os mestres da criança; delas aprenderá tudo o
que precisa saber sobre nascimento e morte, sobre força e retidão, sobre serviço
amparador e sobre equilíbrio; sobre sujeição a uma força que, uma vez ereta, não
pode ser curvada; sobre sementes e sua transformação; sobre pássaros e insetos
que compartilham com ela o serviço das árvores. Ela deveria ser deixada dormir
em redes suspensas em seus ramos, com ar e vitalidade fluindo livremente em seu
redor. Ela deveria brincar em torno dos troncos, galhos e folhas, e deixar que
eles a protegessem da chuva. Junto aos seus guardiães humanos e seus amigos
invisíveis, as árvores são suas companhias mais valiosas. Em primeiro lugar a
criança deveria se aproximar delas como a seres vivos conscientes, amigos que a
conhecem bem e falam-lhe através de ramos dançarinos e folhas sussurrantes;
deixai-a aprender sozinha a interpretar essa linguagem. Ao mesmo tempo, a
necessidade de luz solar deve ser mantida em mente. Nestes anos a criança se
beneficiará da companhia de animais e de outras crianças de sua idade. Nenhuma
criança deveria ser mantida afastada destes três: árvores, animais e outras
crianças.
Nenhum limite deveria ser imposto ao jogo de sua imaginação,
exceto na correção de falseamento deliberado no terreno dos fatos concretos. Ela
deveria ser ensinada apenas a observar. Não há necessidade alguma em encher sua
pequena mente com nomes e palavras, nem tampouco em estimular a tomada de
conclusões; ela deveria ser deixada livre para fazer isso por si mesma. Que sua
mente possa mergulhar no conhecimento, e não que o conhecimento seja introduzido
nela: confie-se na intuição infantil e na orientação do seu Eu Divino, que fará
todo o necessário a respeito de tudo o que ela
observar.
A vida humana e o amor que a cercam tendam a torná-la impessoal.
Desde o início ela deve aprender que, junto com as árvores, os pássaros e os
outros animais, ela é apenas uma parte do esquema, uma unidade que não é mais
importante que as outras. A maior qualidade de caráter que poderia emergir
durante os primeiros dez anos é a da impessoalidade; possa ela conservá-la ao
longo de toda sua existência, pois será protegida de muitas
tristezas.
O afeto pela criança deve manifestar-se sob forma de sábio e
cuidadoso amor, e, acima de tudo, autocontrole em tudo o que lhe diz respeito.
Em nenhuma ocasião deve receber a impressão de que é especialmente favorecida,
mesmo quando doente. O pensamento deve ser de que todas as coisas necessárias
serão providenciadas, as quais devem ser consideradas meios de curar a doença
antes que privilégios especiais concedidos à criança. Ela deve ignorar o
significado de privilégio pessoal.
As únicas
diretrizes que deveriam nortear sua vida nos primeiros anos são aquelas ditadas
pela consideração do bem-estar da comunidade; a isso ela prontamente deve
submeter-se; ela rápido aprenderá isso, se ensinada a observar este traço nos
animais, árvores e pássaros. A necessidade de estabelecer limites, se surgir,
deveria sempre ser direcionada à salvaguarda do bem comum; sua atuação deveria
ser julgada correta ou equivocada de acordo com este princípio.
Assim os primeiros dez anos deveriam transcorrer em crescimento,
observação e no tornar-se impessoal. Isto obtido, ela estará apta a
aprender.
Capítulo
III
Os Princípios da
Educação
O princípio pelo qual a
educação da criança deveria ser guiado é que todo o conhecimento está disponível
tão logo ela se torne capaz de adquiri-lo. Assim, a escolarização deveria ter
como objetivo o treiná-la a adquirir conhecimento, qualquer conhecimento que ela
necessitar. O conhecimento em si, como um objeto de aprendizado, não é o escopo
da educação; o objetivo é o desenvolvimento da capacidade de aprender e de
adquirir sabedoria.
A educação deveria ser acompanhada de meditação. Meditação deveria
ser considerada como algo progressivo por natureza, levando-se em conta a idade
da criança e os níveis de consciência alcançados. Ela não pode ser educada até
que os canais através dos quais obtêm-se o conhecimento estejam abertos; eles
somente podem ser abertos através da meditação.
Os níveis de consciência,
suas características, os veículos que eles utilizam, e os modos através dos
quais a consciência pode ser focalizada à vontade sobre qualquer um deles, devem
tornar-se familiares ao estudante nos primeiros anos de sua vida escolar. Os
princípios e leis da ciência natural devem ser estudados e aplicados à vida e à
consciência, a fim de que o escolar logo possa descobrir que sua própria
natureza e a do mundo onde vive são regidos por leis
exatas.