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O PLANO DEVACHÂNICO
OU
O MUNDO CELESTE

Suas Características e Habitantes

C. W. Leadbeater

Segunda Edição Revista e Ampliada

The Theosophical Publishing Society Londres - Benares 1902

 

ÍNDICE

INTRODUÇÃO


-O lugar do plano mental na evolução
-Dificuldades de expressão

CARACTERÍSTICAS GERAIS


-Uma formosa descrição
-A bem-aventurança do Mundo Celeste - Sua intensa vitalidade
-Um novo método de cognição
-Ambiente - A linguagem cromática dos anjos
-As grandes ondas
-Os mundos celestes superior e inferior
-A ação do pensamento - A formação de elementais artificiais
-Formas-pensamento
-Os sub-planos
-Os registros do passado

HABITANTES

Humanos


-Encarnados - Adeptos e seus discípulos
-Os adormecidos ou em transe
-Os desencarnados - Sua consciência
-As qualidades necessárias para a vida celeste
-Como um homem chega à vida celeste pela primeira vez
-Os céus inferiores, com exemplos de cada
-A realidade da vida celeste
-A renúncia ao céu
-Os mundos celestes superiores

Não-humanos


-A essência elemental
-O que é
-A velação do Espírito
-Os reinos elementais
-Como a essência evolui
-O reino animal
-Os Devas
-Suas Classes

Artificiais


-Artificiais

CONCLUSÃO


-Os planos ainda mais elevados

Prefácio

Poucas palavras são necessárias ao enviarmos este livreto para o mundo. É o sexto de uma série de Manuais concebidos para atender a demanda do público por uma exposição simples dos ensinamentos Teosóficos. Alguns têm lamentado que nossa literatura seja ao mesmo tempo por demais abstrusa, demasiado técnica, e muito cara para o leitor comum, e é nossa esperança que esta presente série possa ter sucesso ao suprir uma necessidade muito real. A Teosofia não é só para os instruídos; é para todos. Talvez entre aqueles que nestes opúsculos obtiverem seu primeiro vislumbre de suas doutrinas, possa haver uns poucos que serão conduzidos por eles a penetrar mais fundamente em sua filosofia, sua ciência e sua religião, enfrentando seus problemas mais abstrusos com o zelo do estudante e o ardor do neófito. Mas estes Manuais não são escritos só para os estudantes ávidos, a quem nenhumas dificuldades iniciais podem atemorizar; são escritos para os ocupados homens e mulheres do mundo cotidiano, e procuram tornar claras algumas das grandes verdades que fazem a vida mais fácil de suportar e a morte mais fácil de enfrentar. Escrito por servos dos Mestres que são os Irmãos Mais Velhos de nossa raça, eles não terão nenhum outro objetivo senão servir nossos semelhantes.

Nota do Autor

Uma vez que pesquisas posteriores revelaram que o termo 'Devachan' é etimologicamente inexato e enganador, o autor teria preferido omiti-lo inteiramente, e publicar este manual sob o título mais simples e mais descritivo de 'O Plano Mental'. Os editores lhe informam, entretanto, que esta alteração causaria dificuldades em matéria de copyright, e produziria confusão de vários modos, de modo que ele se rende aos seus desejos.


INTRODUÇÃO

No manual anterior uma tentativa foi feita de descrever em alguma extensão o plano astral - a parte inferior do vasto mundo invisível em meio do qual vivemos e nos movemos desapercebidamente. Neste livreto deve ser assumida a tarefa ainda mais difícil de tentar dar alguma idéia do estágio logo acima daquele - o plano mental ou mundo celeste, freqüentemente chamado em nossa literatura de Devachan ou Sukhâvati.

Mesmo assim, ao chamarmos este plano de mundo celeste, nós tencionamos claramente implicar que ele contém a realidade que fundamenta todas as melhores e mais espirituais idéias do céu que têm sido propostas em várias religiões, ainda que não deva ser considerado de modo algum somente deste ponto de vista. É um reino da natureza, que tem excepcional importância para nós - um vasto e esplêndido mundo de vida vívida no qual estamos vivendo agora assim como nos períodos entre as encarnações físicas. É somente nossa falta de desenvolvimento, só as limitações impostas sobre nós por esta roupagem de carne, que nos impede de percebermos plenamente que toda aquela glória dos altos céus está ao redor de nós aqui e agora, e que influências provenientes daquele mundo estão sempre agindo sobre nós se apenas as entendermos e as acolhermos. Impossível como isso possa parecer ao homem do mundo, é a mais corriqueira das realidades para o ocultista; e para aqueles que ainda não captaram esta verdade fundamental podemos apenas repetir o conselho dado pelo instrutor Budista: 'Não vos lamenteis nem choreis nem oreis, apenas abride vossos olhos e vêde. A luz está toda à vossa volta, se somente tirardes a venda de vossos olhos e olhardes. É tão maravilhoso, tão belo, tão superior a tudo que o homem tem sonhado ou pelo qual tem rezado, e é para todo o sempre'. (A Alma de uma Pessoa, pg. 163)

É absolutamente necessário para o estudante de Teosofia perceber esta grande verdade, de que existem na natureza vários planos ou divisões, cada um com sua própria matéria de um apropriado grau de densidade, que em cada caso interpenetra a matéria do plano imediatamente inferior ao seu. Deveria ser ainda entendido claramente que o emprego dos termos 'superior' e 'inferior' com relação a estes planos não se refere de qualquer modo à sua posição (uma vez que ocupam o mesmo espaço), mas somente ao grau de rarefação da matéria de que são respectivamente compostos, ou (em outras palavras) à extensão na qual sua matéria é subdividida - pois toda matéria de que sabemos alguma coisa é essencialmente a mesma, e difere apenas no grau de sua rarefação e na rapidez de suas vibrações.

Segue-se, portanto, que falar de um homem como passando de um desses planos para outro não implica nunca nenhum tipo de movimento no espaço, mas simplesmente, uma mudança de consciência. Pois cada homem tem em si mesmo matéria pertencente a cada um desses planos, um veículo correspondente a cada um, no qual ele pode atuar no plano quando aprender como isso pode ser feito. Assim pois passar de um plano a outro é alterar o foco da consciência de um dos veículos para outro, usar para cada momento o astral, ou o corpo mental em vez do físico. Pois naturalmente cada um destes corpos responde unicamente às vibrações de seu próprio plano; e assim enquanto a consciência do homem estiver focalizada em seu corpo astral, ele perceberá somente o mundo astral, exatamente como enquanto nossa consciência está usando só os sentidos físicos nós não percebemos nada senão o mundo físico - ainda que ambos estes mundos (e muitos outros) existam e estejam em plena atividade ao nosso redor todo o tempo. Na verdade, todos esses planos juntos constituem realmente um todo vivo e poderoso, mesmo que nossos débeis poderes sejam capazes de observar somente uma parte muito pequena dele a cada vez.

Quando consideramos esta questão de localização e interpenetração devemos permanecer em guarda contra possíveis mal-entendidos. Deveria ser compreendido que nenhum dos três planos inferiores do sistema solar são co-extensivos a ele exceto no que se refere a uma condição particular da subdivisão mais alta ou atômica de cada um. Cada globo físico tem seu plano físico (incluindo sua atmosfera), seu plano astral, e seu plano mental, todos interpenetrando-se mutuamente, e portanto ocupando a mesma posição no espaço, mas todos inteiramente à parte entre si e não se comunicando com os planos correspondentes de nenhum outro globo. É só quando nos elevamos aos níveis mais elevados do plano búdico que encontramos uma circunstância, de algum modo, comum a todos os planetas de nossa cadeia.

Não obstante isso, há, como foi dito acima, uma condição da matéria atômica de cada um desses planos que é cósmica em sua extensão; de forma que os sete sub-planos atômicos de nosso sistema, tomados à parte dos restantes, podem ser ditos constituindo um plano cósmico - o mais baixo, algumas vezes chamado cósmico-prakrítico. O éter interplanetário, por exemplo, que parece estender-se por todo o espaço - de fato deve ser assim, pelo menos até a estrela mais distante visível, de outro modo nossos olhos físicos não poderiam perceber a estrela - é composto de átomos físicos ultérrimos em sua condição normal e não comprimida. Mas todas as formas inferiores e mais complexas do éter existem somente (até onde se sabe hoje) em conexão com os vários corpos celestes, agregadas em seu redor como está sua atmosfera, ainda que provavelmente se estendendo consideravelmente além de suas superfícies.

Precisamente o mesmo é verdadeiro em relação aos planos astral e mental. O plano astral de nossa própria terra a interpenetra e à sua atmosfera, mas se estende por alguma distância para além da atmosfera. Pode ser lembrado que este plano era chamado pelos gregos de mundo sublunar. O plano mental por sua vez interpenetra o astral, mas se estende ainda mais no espaço do que o anterior.

Só a matéria atômica de cada um destes planos, e mesmo esta só em uma condição inteiramente livre, é co-extensiva ao éter interplanetário, e conseqüentemente uma pessoa não pode passar de planeta para planeta mesmo de nossa própria cadeia em seu corpo astral ou mental, mais do que o pode em seu corpo físico. No corpo causal, quando altamente desenvolvido, esta façanha é possível, ainda que mesmo então de modo algum com a facilidade e rapidez com que isso pode ser feito no plano búdico por aqueles que conseguiram elevar sua consciência àquele nível.

Uma clara compreensão destes fatos evitará a confusão que muitas vezes tem sido feita por estudantes entre o plano mental de nossa Terra e aqueles de outros globos de nossa cadeia que existem no plano mental. Deve ser compreendido que os sete globos de nossa cadeia são globos reais, ocupando posições definidas e separadas no espaço, não obstante o fato de que alguns deles não estão no plano físico. Os globos A, B, F e G estão separados de nós e entre si da mesma exata maneira que o estão Marte e a Terra; a única diferença é que onde esta possui planos físico, astral e mental próprios, os globos B e F não têm nada abaixo do plano astral, e os A e G, nada abaixo do mental. O plano astral de que tratamos no Manual V e o plano mental que logo vamos considerar são aqueles próprios desta Terra somente, e não têm nada a ver com aqueles dos outros planetas.

O plano mental sobre o qual tem lugar a vida celeste é o terceiro dos cinco grandes planos aos quais a humanidade está no presente relacionada, tendo abaixo o astral e físico, e acima o búdico e nirvânico. É o plano onde o homem, exceto se em um estágio extraordinariamente primitivo de seu progresso, despende de longe a maior parte de seu tempo durante o processo de evolução; pois, fora o caso dos inteiramente não-desenvolvidos, a proporção da vida física em relação à celestial raramente é muito maior que um para vinte, e em alguns casos de pessoas bastante boas poderia por vezes cair para um para trinta. É, de fato, a verdadeira e permanente morada do Ego reencarnante ou Alma do homem, cada descida à encarnação constituindo meramente um breve embora significativo episódio em sua carreira. Portanto é bem aproveitado o tempo que devotamos ao seu estudo, por tanto tempo e com todo o cuidado que sejam necessários para adquirir uma compreensão do mesmo tão completa quanto seja possível para nós, enquanto encerrados no corpo físico.

Infelizmente há dificuldades práticas insuperáveis no caminho de qualquer tentativa de transpor os fatos deste terceiro plano da natureza em palavras - naturalmente, pois amiúde consideramos as palavras insuficientes para expressar nossas idéias e sentimentos mesmo neste plano mais inferior. Leitores de O Plano Astral lembrarão que lá foi assinalada a impossibilidade de veicular qualquer noção adequada das maravilhas daquela região para aqueles cuja experiência ainda não havia transcendido o mundo físico; alguém poderá apenas dizer que cada observação feita lá a respeito desta circunstância se aplica com força decuplicada ao esforço que está diante de nós nesta seqüência daquele tratado. Não somente a matéria que deveremos tentar descrever é muito mais remota que a astral desta a que estamos acostumados, mas a consciência daquele plano é tão imensamente mais larga do que qualquer coisa que possamos imaginar aqui embaixo, e suas verdadeiras condições tão inteiramente diferentes, que quando instado a descrevê-la nas palavras ordinárias o explorador sente-se numa extrema impotência, e pode apenas confiar que a intuição de seus leitores suplementará as inevitáveis imperfeições de sua descrição.

Para tomarmos apenas um dos muitos possíveis exemplos de nossas dificuldades, pareceria como se neste plano mental o espaço e o tempo não existissem, pois eventos que aqui embaixo se desenrolam em sucessão e em lugares distantemente separados, apareceriam lá como se ocorrendo simultaneamente e no mesmo ponto. Este pelo menos é o efeito produzido na consciência do Ego, ainda que haja circunstâncias que apóiem a suposição de que a absoluta simultaneidade seja atributo de um plano ainda mais elevado, e que esta sensação no mundo celeste é só o resultado de uma sucessão tão rápida que os intervalos de tempo infinitesimalmente diminutos são indistinguíveis, como ocorre no bem conhecido experimento óptico de voltearmos uma vareta cuja extremidade está em brasa, o olho recebe a impressão de um contínuo anel de fogo se a vareta for girada mais rápido que dez vezes por segundo; não porque um anel contínuo realmente exista, mas porque o olho humano comum é incapaz de distinguir como separadas quaisquer impressões similares que se sigam em intervalos menores que a décima parte do segundo.

Como quer que seja, o leitor prontamente compreenderá que na tentativa de descrever uma condição de existência tão totalmente dessemelhante daquela da vida física como esta que temos de considerar, será impossível evitar dizermos muitas coisas que serão parcialmente ininteligíveis e podem mesmo parecer de todo inacreditáveis àqueles que não tiverem pessoalmente experimentado esta vida mais alta. Que isso deva ser assim, como eu disse, é inevitável, de modo que os leitores que se consideram incapazes de aceitar o relato de nossas investigações devem simplesmente esperar por uma noção mais satisfatória do mundo celeste até quando sejam capazes de o examinar por si mesmos: posso apenas repetir a declaração anteriormente feita em O Plano Astral de que todas as precauções razoáveis foram tomadas para assegurar a exatidão. Neste caso como no outro, podemos dizer que 'nenhum fato, velho ou novo, foi incluído neste tratado a menos que tenha sido confirmado pelo testemunho de pelo menos dois investigadores treinados e independentes dentre nós, e que foram passados como corretos por estudantes mais velhos cujo conhecimento é necessariamente muito maior que o nosso. É esperado, portanto, que este relato, ainda que não possa ser considerado completo, possa ser acreditado como confiável até onde se propõe.'

A organização geral do manual precedente será seguida até onde possível neste também, de modo que aqueles que o desejarem fazer poderão comparar os dois planos estágio por estágio. O título 'Cenário', entretanto, seria inapropriado para o mundo mental, como veremos mais adiante; de modo que o substituiremos pelo título que segue.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Talvez o método menos insatisfatório de abordarmos este assunto superlativamente difícil será o de mergulharmos diretamente em meio à coisa e fazermos a tentativa (mesmo que destinada a falhar) de descrever o que um discípulo ou estudante treinado vê quando pela primeira vez o mundo celeste se desvenda diante dele. Eu usei a palavra discípulo cautelosamente, pois a não ser que um homem esteja nesta relação com um dos Mestres de Sabedoria, há apenas pouca chance de ser capaz de passar para esta gloriosa terra de bem-aventurança em plena consciência, e retornar à Terra com clara recordação do que viu lá. Daí que nenhum 'espírito' convencional jamais transmitiu nada além de trivialidades extremamente baratas pela boca do médium profissional; lá nenhum clarividente comum jamais chegou, ainda que algumas vezes os melhores e mais puros tenham lá entrado quando durante o transe mais profundo escaparam ao controle de seus mesmerizadores - e mesmo então raramente trouxeram mais que uma débil lembrança de uma intensa mas indescritível bem-aventurança, geralmente colorida pelas suas convicções religiosas pessoais.

Quando uma alma partiu, recolhendo-se dentro de si mesma após o que chamamos morte, e chegou àquele plano, nem os pensamentos lamentosos de seus amigos entristecidos nem os apelos dos círculos espíritas poderão jamais trazê-la de volta para a comunhão com a Terra física até que todas as forças espirituais que houver posto em ação em sua vida recente tiverem frutificado ao máximo, e ela estiver mais uma vez pronta para tomar sobre si novas roupagens de carne. Nem, mesmo se pudesse retornar, seu relato de sua experiência daria qualquer idéia verdadeira daquele plano, pois, como veremos em breve, só aqueles que entram em plena consciência desperta são capazes de se mover lá com liberdade e sorver ao máximo a deslumbrante glória e beleza que o mundo celeste tem a oferecer. Mas tudo isso será explicado mais completamente mais tarde, quando tratarmos dos habitantes deste reino celestial.

Uma Formosa Descrição

Numa carta antiga de um eminente ocultista a seguinte bela passagem foi dada, como citação de memória. Nunca fui capaz de descobrir de onde foi tirada, ainda que pareça ser uma outra versão, consideravelmente expandida, da que aparece em Catena of Buddhist Scriptures, de Beal, pg. 378.

'Nosso Senhor o Buda disse: Milhares de miríades de sistemas de mundos além deste há uma região de bem-aventurança chamada Sukhâvati. Esta região é circundada por sete séries de balaustradas, sete séries de vastas cortinas, sete séries de árvores balouçantes. Esta mansão sagrada dos Arhats é governada pelos Tathâgatas e é possuída pelos Bodhisattvas. Tem sete lagos preciosos, no meio dos quais jorram águas cristalinas possuidoras de sete e mais uma distintas qualidades e propriedades. Este, oh Sâriputra, é o Devachan. Sua divina flor udambara lança uma raiz na sombra de cada Terra, e flori para todos os que a encontram. Aqueles renascidos nesta região bendita - os que cruzaram a ponte dourada e chegaram às sete montanhas douradas - estes são veramente felizes; para eles não há mais sofrimento ou tristeza neste ciclo.'

Mesmo que veladas sob o opulento imaginário do Oriente, podemos facilmente detectar nesta passagem algumas das características principais que apareceram mais proeminentemente nas referências de nossos modernos investigadores. As 'sete montanhas douradas' podem ser apenas as sete subdivisões do plano mental, separadas uma da outra por barreiras impalpáveis, ainda que reais e efetivas lá como 'sete séries de balaustradas, sete séries de vastas cortinas, setes séries de árvores balouçantes' poderiam ser aqui: os sete tipos de águas cristalinas, tendo cada uma suas propriedades e qualidades distintas, representam os diferentes poderes e condições mentais pertencentes a eles respectivamente, enquanto a qualidade única que têm em comum é a de concederem àqueles lá residentes a maior intensidade de felicidade que são capazes de experimentar. Sua flor de fato 'lança uma raiz na sombra de cada Terra', pois de cada mundo o homem encontra o céu correspondente, e a felicidade de que nenhuma língua pode falar é o botão que desabrocha para todos os que viveram de modo a se prepararem para obtê-lo. Pois eles terão 'passado a ponte dourada' sobre a correnteza que divide este reino do mundo do desejo; para eles a luta entre o superior e o inferior é finda, e para eles, portanto, 'não há mais sofrimento ou tristeza neste ciclo', até quando uma vez mais o homem aprontar-se para a encarnação, e o mundo celeste uma vez mais for deixado para trás por algum tempo.

A Bem-Aventurança do Mundo Celeste

Esta intensidade de bem-aventurança é a primeira grande idéia que deve formar uma base para todas as nossas concepções da vida celeste. Não é apenas que estamos tratando de um mundo no qual, pela sua própria constituição, o mal e a tristeza são impossíveis; não é só um mundo no qual toda criatura é feliz; os fatos neste caso vão muito além de tudo isso. É um mundo onde cada ser, pelo simples fato de estar lá, deve estar desfrutando da mais alta felicidade espiritual de que é capaz - um mundo cujo poder de resposta às suas aspirações é limitado somente pela sua capacidade de aspirar.

Aqui pela primeira vez começamos a captar algo da verdadeira natureza da grande Fonte de Vida; aqui pela primeira vez captamos um distante vislumbre daquilo que o Logos deve ser, e do que Ele tenciona que sejamos. E quando a estupenda realidade disso explode ante nossa atônita visão, não podemos senão sentir que, com este conhecimento da verdade, a vida jamais poderá nos olhar como antes. Não podemos senão nos maravilharmos da desesperada inadequação de todas as idéias mundanas do homem sobre a felicidade; de fato, não podemos evitar perceber que a maioria delas está absurdamente invertida e é de impossível realização. E que na maior parte ele realmente voltou as costas para a verdadeira meta que procura. Mas aqui pelo menos há verdade e beleza, transcendendo em muito tudo o que cada poeta sonhou; e na luz de sua glória superior todas as outras alegrias empalidecem e se apagam, irreais e insatisfatórias.

Algum detalhe disso tudo deveremos tentar esclarecer mais tarde; o ponto a ser enfatizado agora é que este radioso senso, não só de bem-vinda ausência de todo o mal e discórdia, mas de persistente, irresistível presença de júbilo universal, é a primeira e mais impressionante sensação experimentada por quem entra no mundo celeste. E ela jamais o abandona enquanto lá permanece; qualquer trabalho que possa estar fazendo; quaisquer ainda mais altas possibilidades de exaltação espiritual que possam surgir diante dele à medida que aprenda mais das capacidades deste novo mundo em que se encontra, o estranho, indescritível sentimento de inexprimível deleite pela mera existência em tal reino sobrepuja tudo mais - esta apreciação do extravasante júbilo dos outros sempre lhe é presente. Nada na Terra se assemelha; nada o pode figurar; se alguém pudesse imaginar a livre vida da criança elevada à nossa experiência espiritual e então intensificada muitos milhares de vezes, talvez alguma tênue sombra de uma idéia disso poderia ser insinuada; e mesmo tal comparação ficaria miseravelmente aquém daquilo que está além das palavras - a tremenda vitalidade espiritual deste mundo celeste.

Um modo pelo qual esta intensa vitalidade se manifesta é a extrema rapidez de vibração de todas as partículas e átomos de sua matéria mental. Como proposição teórica estamos todos cientes de que mesmo aqui no plano físico nenhuma partícula de matéria, mesmo fazendo parte do mais denso dos corpos sólidos, jamais está parada por qualquer momento; não obstante, quando pela abertura da visão astral isso deixa de ser para nós uma teoria de cientistas, mas torna-se um fato real e sempre presente, percebemos a universalidade da vida de um jeito e numa largueza que era de todo impossível antes; nossos horizontes mentais se expandem, e começamos mesmo a ter vislumbres de possibilidades na natureza que para aqueles que ainda não podem ver devem parecer o mais desvairado dos sonhos.

Se este é o efeito de adquirir a mera visão astral, e aplicando-a à mera matéria densa, tente imaginar o resultado produzido na mente do observador quando, tendo deixado este plano físico para trás e estudado profundamente a vida muito mais intensa e as vibrações infinitamente mais rápidas do astral, encontra um novo e transcendente sentido se abrindo dentro de si, que desvenda ao seu olhar deslumbrado um outro e ainda mais elevado universo, cujas vibrações são muito mais aceleradas que as da luz de nosso plano físico o são em relação às do som - um universo onde a onipresente vida que pulsa incessante em volta e dentro de nós é de uma espécie toda diferente, é como se tivesse sido elevada a uma potência enormemente mais alta.

Um Novo Método de Cognição

O próprio sentido, pelo qual se torna apto para conhecer tudo isso, não é a menor das maravilhas deste mundo celestial; já não ouve e vê e sente através de órgãos separados e limitados, como faz aqui embaixo, nem tem mesmo as imensamente expandidas capacidades de visão e audição que possuía no plano astral; no lugar deles ele sente em si um estranho e novo poder que não é nenhum daqueles, mas os inclui todos e muito mais - um poder que o habilita no momento em que se depare com qualquer coisa ou pessoa não só a vê-la e senti-la e ouvi-la, mas a saber tudo instantaneamente sobre ela por dentro e por fora - suas causas, seus efeitos, e suas possibilidades, pelo menos até onde concerne a este plano e tudo o que está abaixo. Ele descobre que para ele pensar é realizar; lá não há nunca dúvida, hesitação, ou retardo acerca desta ação direta do sentido superior; se pensa em algum lugar, lá está; se num amigo, aquele amigo surge diante dele. Já nenhum mal-entendido pode surgir, já não pode ser enganado ou iludido por nenhuma aparência externa, pois cada pensamento e sentimento do seu amigo se desvelam como num livro aberto diante dele neste plano.

E se for afortunado bastante para ter entre seus amigos um outro cujo sentido superior esteja aberto, sua relação é duma perfeição além de toda concepção terrena. Pois para eles não há distância ou separação; seus sentimentos já não podem ser ocultos ou na melhor das hipóteses só parcialmente expressos por palavras desajeitadas; pergunta e resposta são desnecessárias, pois as imagens-pensamentos são lidas assim que se formam, e o intercâmbio de idéias é tão rápido quanto o seu nascimento fulgurante na mente.

Todo o conhecimento é deles para a pesquisa - todo, isto é, o que não transcende mesmo este plano elevado; o passado do mundo lhes está tão aberto como o presente; os indeléveis registros na memória da natureza estão sempre à sua disposição, e a história, seja antiga ou moderna, se desenrola diante de seus olhos à sua vontade. Já não estão mais à mercê do historiador, que pode estar mal-informado, e deve ser mais ou menos parcial; eles podem estudar por si mesmos qualquer incidente no qual estejam interessados, com a absoluta certeza de ver 'a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade'. Se são capazes de permanecer nos níveis mais altos do plano, a longa série de suas vidas pregressas se desenrola diante deles como um pergaminho; eles vêem as causas kármicas que os fizeram ser como são; vêem o karma que ainda resta à sua frente para ser trabalhado antes que 'a longa e triste conta seja encerrada', e assim percebem com infalível certeza seu exato lugar na evolução.

Se for perguntado se podem ver o futuro tão claramente quanto o passado, a resposta deve ser negativa, pois esta faculdade pertence a um plano ainda mais alto, e ainda que neste plano mental a previsão lhes seja em grande medida possível, já não é perfeita, porque onde quer que na rede do destino interfira a mão do homem desenvolvido, sua vontade poderosa pode introduzir novos fatores, e alterar o padrão da próxima vida. O caminho do homem comum não-desenvolvido, que não tem praticamente nenhuma vontade própria digna desse nome, amiúde pode ser previsto com clareza suficiente, mas quando o Ego ousadamente toma seu futuro em suas próprias mãos, a previsão exata se torna imposssível.

Ambiente

As primeiras impressões, então, do discípulo que entra neste plano mental em plena consciência serão de intensa bem-aventurança, indescritível vitalidade, poder enormemente aumentado, e a perfeita segurança que deles advém; e quando faz uso de seu novo sentido para examinar as adjacências, o que ele vê? Ele se encontra no meio do que lhe parece ser um universo inteiro de luz e cores e sons eternamente cambiantes, como jamais terá chegado a imaginar em nenhum de seus mais altos sonhos. Veramente é verdadeiro aqui embaixo que 'o olho não viu, nem o ouvido escutou, sequer o coração do homem terá chegado a imaginar' as glórias do mundo celeste: e o homem que o experimentou uma vez em plena consciência considerará o mundo com olhos largamente diversos para sempre daí em diante. Pois sua experiência é tão dessemelhante de tudo o que conhecemos no plano físico que ao tentar colocá-la em palavras qualquer um se vê aflito por um curioso senso de desvalia - de absoluta incapacidade, não só de lhe fazer justiça, pois disso perde-se toda esperança desde o início, mas mesmo de dar alguma idéia de tudo isso àqueles que por si mesmos não o viram.

Que um homem se imagine, com o sentimento de intensa felicidade e poder enormemente aumentado já descritos, flutuando em um mar de luz viva, rodeado por todas as variedades concebíveis de beleza de cor e forma - o todo mudando com cada onda de pensamento que emite de sua mente, e sendo em verdade, como logo irá descobrir, somente a expressão de seu pensamento na matéria do plano e em sua essência elemental. Pois aquela matéria é da mesmíssima classe que aquela de que o próprio corpo mental é composto, e portanto quando aquela vibração de partículas do corpo mental a que chamamos pensamento ocorre, ela imediatamente se difunde para a matéria mental circundante, e nela suscita vibrações correspondentes, enquanto que na essência elemental ela se espelha com absoluta exatidão. Pensamentos concretos naturalmente tomam a forma dos objetos, enquanto que idéias abstratas usualmente aparecem como todos os tipos de perfeitas e formosíssimas formas geométricas; mas em relação a isso deve ser lembrado que muitos pensamentos que para nós cá embaixo são pouco mais que a mais aérea das abstrações, se tornam fatos concretos neste plano superior.

Será pois verificado que neste mundo mais alto qualquer um que desejar devotar-se por algum tempo a um pensar tranqüilo, e abstrair-se do ambiente, poderá realmente viver em um mundo próprio sem a possibilidade de interrupção, e com a vantagem adicional de ver todas as suas idéias (e suas conseqüências, plenamente desenvolvidas) passando num tipo de panorama perante seus olhos. Se, entretanto, desejar em vez observar o plano em que se encontra, ser-lhe-á necessário suspender mui cuidadosamente seu pensamento durante este período, para que suas criações não possam influenciar a prontamente impressionável matéria ao seu redor, e destarte alterando todas as condições até onde lhe dizem respeito.

Este manter a mente em suspenso não deve ser confundido com o esvaziamento da mente tendo em mira aquilo a que muitas das práticas do Hatha Yoga se direcionam: neste caso a mente é bloqueada numa absoluta passividade a fim de que não possa, por qualquer pensamento próprio, oferecer resistência à entrada de qualquer influência externa que possa acontecer aproximar-se - uma condição muito próxima da mediunidade; enquanto que no primeiro caso a mente está tão agudamente alerta e positiva quanto pode estar, mantendo seus pensamentos por ora em suspenso meramente para evitar a intrusão de fatores pessoais na observação que deseja fazer.

Quando o visitante do plano mental consegue pôr-se nesta posição ele descobre que mesmo já não sendo um centro ele mesmo de radiação de toda aquela maravilhosa pletora de luz e com, forma e som, que eu tão inutilmente tentei figurar, ela de todo modo não deixou de existir; ao contrário, suas harmonias e cintilações estão até mais grandiosas e mais plenas do que nunca. Especulando por uma explanação deste fenômeno, ele começa a perceber que toda esta magnificência não é meramente uma inútil ou fortuita demonstração - alguma espécie de aurora boreal devachânica; ele descobre que tudo aquilo tem um significado - um significado que ele mesmo pode entender; e logo capta o fato de que o que ele está testemunhando com tamanho êxtase de deleite é simplesmente a gloriosa linguagem cromática dos Devas - a expressão do pensamento ou a conversação de seres muito superiores a ele na escala evolutiva. Pela experiência e pela prática ele descobre que também pode usar este novo e belo modo de expressão, e com esta descoberta propriamente entra na posse de uma outra grande porção de sua herança neste reino celestial - o poder de manter diálogo com, e aprender de, seus excelsos habitantes não-humanos, de quem trataremos mais completamente quando chegarmos a discorrer sobre esta parte de nosso assunto.

A esta altura já terá se tornado evidente o motivo pelo qual foi impossível devotar uma seção deste estudo ao cenário do plano mental, do modo como foi feito no caso do astral; pois de fato o plano mental não tem nenhum cenário propriamente dito exceto aquele que cada indivíduo escolhe construir para si mesmo através de seu pensamento - a menos na verdade que levemos em conta o fato de que o vasto número de entidades que estão continuamente passando diante dele são elas mesmas em muitos casos objetos da mais transcendente beleza. Por mais difícil que seja expressar em palavras as condições desta vida superior talvez fosse uma melhor descrição dos fatos dizer que qualquer cenário possível existe lá - que não há nada concebível de formosura na Terra ou no céu ou no mar que não exista aqui com uma plenitude e intensidade além de todo o poder de imaginação; mas que além de todo esse esplendor de viva realidade cada homem vê somente aquilo que é capaz de ver - aquilo para o que seu desenvolvimento durante as vidas terrestre e astral o capacitou a responder.

As Grande Ondas

Se o visitante desejar levar sua análise do plano ainda além, e descobrir como seria quando inteiramente imperturbado pelo pensamento ou conversação de qualquer de seus habitantes, ele pode fazê-lo formando em volta de si uma poderosa concha através da qual nenhuma destas influências possa penetrar, e então (é claro que mantendo sua própria mente perfeitamente tranqüila como antes) examinando as condições que existem dentro desta concha.

Se ele levar a cabo este experimento com cuidado suficiente, descobrirá que o mar de luz tornou-se - não estático, pois suas partículas continuam com suas vibrações intensas e rápidas, mas - como que homogêneo; pois que aquelas maravilhosas fulgurações de cor e constantes mudanças de forma já não têm lugar, mas que ele é capaz de perceber agora uma outra e inteiramente diferente série de pulsações regulares que os outros fenômenos mais artificiais haviam previamente obscurecido. Estas são evidentemente universais, e nenhuma concha que o poder humano pudesse fazer as anularia ou afastaria. Elas não provocam nenhuma alteração de cor, não assumem nenhuma forma, mas fluem com irresistível regularidade através de toda a matéria do plano, para dentro ou de novo para fora, como as exalações e inalações de alguma grande respiração além de nosso conhecimento.

Há diversas séries delas, claramente discerníveis uma da outra pelo volume, pelo período de vibração, e pelo tom da harmonia que carregam, e mais grandiosa do que todas pulsa uma grande onda que parece o verdadeiro batimento cardíaco do sistema - uma onda que, partindo de centros desconhecidos em planos ainda mais subidos, derrama sua vida através de todo nosso mundo, e então remonta em sua maré tremenda Àquele de quem proveio. Vem numa longa curva ondulante, e o seu som é como o murmúrio do mar; e nela mesmo e através dela durante todo o tempo lá ecoa um poderoso e retumbante cântico de triunfo - a verdadeira música das esferas. O homem que alguma vez tiver ouvido este glorioso canto da natureza jamais o esquece; mesmo aqui em seu lúgubre plano físico de ilusão ele o ouve sempre como uma espécie de subtom, mantendo sempre diante de sua mente a força e a luz e o esplendor da vida real acima.

Se o visitante for puro de coração e de mente, e tiver chegado a certo grau de desenvolvimento espiritual, é-lhe possível identificar sua consciência com o fluxo desta onda estupenda - imergir seu espírito nela, e deixar que o leve direto à sua fonte. Digo que isso é possível; mas não é prudente - a menos, de fato, que seu Mestre esteja a seu lado para resgatá-lo no exato momento do poderoso abraço; doutro modo sua força irresistível o arrastaria para planos cada vez mais altos, cujas esmagadoras glórias seu Ego ainda não é capaz de suportar; ele perderia a consciência, sem certeza de quando ou onde ou como recuperá-la. É verdade que o objetivo último da evolução humana é atingir a unidade, mas ele deve conquistar esta meta final com plena e perfeita consciência como um rei vitorioso arrebatando triunfante sua herança, e não mergulhar na absorção em um estado de nula inconsciência bem pouco diferente da aniquilação.

Os Mundos Celestes Superior e Inferior

Tudo o que tentamos até agora indicar nesta descrição pode ser tomado como aplicando-se às subdivisões mais baixas do plano mental; pois este domínio da natureza, exatamente como o astral, ou o físico, tem suas sete subdivisões. Destas as quatro inferiores são chamadas nos livros de rûpa ou planos de forma, e estes constituem, o Mundo Celeste Inferior, no qual o homem comum passa sua longa vida de bem-aventurança entre uma encarnação e a próxima. Os outros três planos são denominados arûpa ou sem forma, e constituem o Mundo Celeste Superior, onde atua o Ego reencarnante - o verdadeiro domicílio da Alma do homem. Estes nomes Sânscritos têm sido dados porque nos planos rûpa cada pensamento assume uma certa forma definida, enquanto que nas subdivisões arûpa ele se expressa de um modo inteiramente diferente, como a seguir explicaremos. A distinção entre estas duas grandes divisões do plano - a rûpa e a arûpa - é profundamente marcada; na verdade, vai tão longe que requer o uso de diferentes veículos de consciência.

O veículo apropriado ao mundo celeste inferior é o corpo mental, enquanto aquele do mundo celeste superior é o corpo causal - o veículo do Ego reencarnante, no qual ele passa de vida para vida durante todo o período evolucionário. Uma outra enorme distinção é a de que naquelas quatro subdivisões inferiores algum grau de ilusão ainda é possível - não realmente para a entidade que permanece acima deles em plena consciência durante a vida, mas para a pessoa não desenvolvida que passa para lá depois do que os homens chamam de morte. Os mais elevados pensamentos e aspirações que ele gerou durante sua vida terrena se agregam então à sua volta, e criam uma espécie de concha em seu redor - um tipo de mundo subjetivo só seu; e nele ele vive sua vida celeste, percebendo apenas debilmente ou nada percebendo das glórias verdadeiras do plano que existe lá fora, e, na verdade, comumente supondo que o que ele vê é tudo o que há para ver.

Mas estaríamos laborando em erro considerando esta nuvem de pensamentos como uma limitação. Sua função é capacitar o homem a responder a certas vibrações - não isolá-lo dos outros. A verdade é que estes pensamentos que cercam o homem são os poderes pelos quais ele usufrui da abundância do mundo celeste. Este próprio plano mental é um reflexo da Mente Divina - um reservatório de extensão infinita do qual a pessoa que desfruta do céu é capaz de fazer uso exatamente de acordo com o poder de seus próprios pensamentos e aspirações gerados durante as vidas física e astral.

Mas no mundo celeste superior esta limitação já não existe; é verdade que mesmo aqui há muitos Egos que só leve e sonhadoramente estão cônscios de seu entorno, mas até onde podem ver, eles vêem verdadeiramente, pois o pensamento já não assume as mesmas formas limitadas que assumia no plano abaixo.

A Ação do Pensamento

A precisa condição mental dos habitantes humanos destes vários subplanos será naturalmente muito mais completamente tratada na sua seção correspondente; mas uma compreensão da maneira pela qual o pensamento age nos níveis superior e inferior respectivamente, é muito necessária para um acurado entendimento destas grandes divisões pois que talvez seja útil retomar em detalhe alguns dos experimentos feitos por nossos exploradores na tentativa de lançar luz sobre este assunto.

Num período de investigação anterior se tornou evidente que no plano astral bem como no mental havia presente uma essência elemental muito distinta da mera matéria do plano, e que era, se possível, ainda mais instantaneamente sensível aqui à ação do pensamento do que havia sido naquele mundo inferior. Mas aqui no mundo celeste tudo era substância-pensamento, e portanto não só a essência elemental, mas a própria matéria do plano era diretamente afetada pela ação da mente; daí se tornou necessário fazer uma tentativa de distinguir estes dois efeitos.

Depois de vários experimentos menos concludentes foi adotado um método que deu uma idéia bem mais clara dos diferentes resultados produzidos, um investigador permaneceu na subdivisão mais baixa para emitir as formas-pensamento, enquanto outros ascenderam ao nível imediatamente superior, para serem capazes de observar o que estava se passando de cima, e assim evitando muitas possibilidades de confusão. Nestas circunstâncias foi tentado o experimento de enviar-se um pensamento afetuoso e auxiliador para um amigo ausente num país distante.

O resultado foi muito notável: uma espécie de concha vibratória, formada da matéria do plano, irradiou-se em todas as direções ao redor do operador, correspondendo exatamente ao círculo que se forma na água parada de uma poça quando uma pedra é atirada nela, exceto que esta era uma esfera de vibração se estendendo em muitas dimensões em vez de meramente sobre uma superfície plana. Estas vibrações, como aquelas no plano físico, ainda que muito mais gradualmente, perdiam intensidade à medida que se estendiam para longe de sua fonte, até que a uma enorme distância pareciam se exaurir, ou pelo menos se tornavam fracas demais para serem perceptíveis.

Assim cada um no plano mental é um centro de pensamento irradiante, ainda que todos os raios emitidos se cruzem em todas as direções sem interferirem um com outro no mais mínimo grau, exatamente como o fazem aqui embaixo os raios de luz. Esta expansiva esfera de vibrações era multicolorida e opalescente, mas suas cores também empalideciam com a distância.

O efeito na essência elemental do plano, entretanto, foi inteiramente diferente. Neste o pensamento imediatamente chamou à existência uma forma distinta semelhante à humana, de uma só cor, ainda que exibindo muitas nuances desta cor. Esta forma relampejou instantaneamente através do oceano para o amigo a quem o bom voto tinha sido dirigido, e lá tomou para si essência elemental do plano astral, e assim se tornou um elemental artificial comum daquele plano, esperando, como explicado no Manual V, por uma oportunidade de derramar sobre ele sua carga de influência auxiliadora. Ao assumir aquela forma astral o elemental mental perdeu muito de seu fulgor, mesmo que sua brilhante cor rosada fosse ainda nitidamente visível dentro da concha de matéria inferior que construiu, demostrando que assim como o pensamento original animou a essência elemental de seu próprio plano, aquele mesmo pensamento, mais sua forma de elemental mental, funcionou como alma do elemental astral - desse modo seguindo estritamente o método pelo qual o próprio espírito primordial se reveste de véus sobre véus em sua descida através dos vários planos e subplanos de matéria.

Experimentos ulteriores ao longo de linhas similares revelaram o fato de que a cor do elemental projetado variava de acordo com o caráter do pensamento. Como foi dito acima, o pensamento de forte afeição produziu uma criatura de brilhante cor rosada; um intenso desejo de cura, projetado para um amigo doente, chamou à vida um adorável elemental branco-prateado; enquanto um concentrado esforço mental para estabillizar e fortificar a mente de uma pessoa deprimida e desesperada resultou na produção de um formoso mensageiro de coruscante amarelo-dourado.

Em todos estes casos será notado que, além do efeito de cores e vibrações irradiantes produzidas na matéria do plano, uma força definida em forma de um elemental era enviada para a pessoa a quem o pensamento era direcionado; e isso invariavelmente ocorria, com uma notável exceção. Um dos operadores, ainda na subdivisão mais baixa do plano, dirigiu um pensamento de intenso amor e devoção para o Adepto que é seu instrutor espiritual, e imediatamente foi notado pelos observadores de cima que o resultado foi de certo modo inverso do que havia acontecido nos casos anteriores.

Deveria ser pressuposto que um discípulo de um dos grandes Adeptos esteja sempre conectado com seu Mestre por uma constante corrente de pensamento e influência, que se expressa no plano mental como um grande raio ou fluxo de deslumbrante luz de todas as cores - violeta e ouro e azul; e poderia talvez ter sido esperado que o devotado, amoroso pensamento do discípulo enviasse uma vibração especial ao longo dessa linha. Em vez disso, o resultado foi uma súbita intensificação das cores desta corrente de luz, e um muito nítido efluir de influência espiritual, em direção ao discípulo; de modo que se tornou evidente que quando um estudante volta seu pensamento para seu Mestre, o que realmente acontece é a vivificação de sua conexão com o Mestre, abrindo assim um caminho para um derramamento adicional de força e ajuda para ele a partir dos planos mais altos. Pareceria que o Adepto é, como de fato é, tão carregado de influências que sustentam e fortalecem, que qualquer pensamento que intensifica a atividade do canal de comunicação com ele não lhe manda nenhuma corrente, como o faria usualmente, mas simplesmente abre uma porta mais larga através da qual o grande oceano de seu amor encontra vazão.

Nos níveis arûpa a diferença de efeitos do pensamento é muito acentuada, especialmente no que diz respeito à essência elemental. A perturbação causada na mera matéria do plano é similar, ainda que grandemente intensificada nesta forma muito mais refinada de matéria; mas na essência nenhuma forma é jamais criada, e o método de atuação é inteiramente modificado. Em todas as experiências nos planos inferiores foi descoberto que o elemental alcançou a pessoa em que pensamos, e esperou uma oportunidade favorável de descarregar sua energia seja sobre seu corpo mental, o astral, ou mesmo seu corpo físico; aqui o resultado é uma espécie de relampejante fulguração da essência a partir do corpo causal do pensador direto para o objeto de seu pensamento; pois enquanto o pensamento nas divisões inferiores é sempre dirigido à mera personalidade, aqui influímos no Ego reencarnante, no próprio homem verdadeiro, e se sua mensagem faz alguma referência à personalidade só a alcançará a partir de cima, através da instrumentalidade de seu veículo causal.

Formas-Pensamento

Naturalmente os pensamentos visíveis neste plano não são de modo nenhum definidamente direcionados para alguma outra pessoa; muitos são simplesmente jogados a flutuar a esmo, e a diversidade de forma e cores encontradas entre estes é praticamente infinita, de modo que o seu estudo é uma ciência em si, e uma ciência fascinante. Qualquer coisa como uma descrição detalhada mesmo que só das suas classes principais ocuparia muito mais espaço que o que dispomos; mas uma idéia dos princípios pelas quais tais classes poderiam ser agrupadas pode ser tirada de um extrato de um mui esclarecedor trabalho sobre o assunto escrito pela Sra. Besant no Lucifer (a versão antiga de The Theosiphical Review) de setembro de 1896. Lá ela enuncia os três grandes princípios subjacentes à produção de formas-pensamento que são emitidas pela ação da mente - que (a) a qualidade do pensamento determina sua cor, (b) a natureza do pensamento determina sua forma, (c) a precisão do pensamento determina a clareza de seu desenho. Dando exemplos do modo como a cor é influenciada, ela continua:

'Se os corpos astral e mental estão vibrando sob a influência da devoção, a aura será banhada de azul, mais ou menos intenso, belo e puro de acordo com a profundidade, elevação, e pureza do sentimento. Numa igreja tais formas-pensamento podem ser vistas surgindo, mas em sua maioria não muito definidamente delineadas, apenas massas evolventes de nuvens azuis. Amiúde a cor é escurecida por mistura de sentimentos egoístas, quando o azul é mesclado de marrons perdendo assim seu brilho puro. Mas o pensamento devocional de um coração altruísta é muito adorável na cor, como o azul profundo de um céu estival. Através de tais nuvens de azul freqüentemente irrompem estrelas douradas de grande luminosidade, jorrando para cima como uma chuva de centelhas.

'Raiva dá origem ao vermelho, de todas as tonalidades desde o vermelho-tijolo até o escarlate brilhante; a raiva furiosa se mostrará como relâmpagos de opaco vermelho escuro por entre escuras nuvens marrons, enquanto que a raiva de uma nobre indignação é dum escarlate vívido, de modo nenhum desgracioso de ver, ainda que provoque um arrepio desagradável.

'A afeição gera nuvens de tons rosa, variando desde o violáceo opaco, onde o amor é animal em sua natureza o rosa-vermelho é tingido de marrom quando egoísta, ou de verde opaco quando ciumento, até as mais refinadas nuances de delicado cor-de-rosa como os primeiros rubores da aurora, quando o amor se torna purificado de todo elemento egoísta, e flui em amplos, cada vez mais largos círculos de generosa e impessoal ternura e compaixão para com todos os necessitados.

'O intelecto produz formas-pensamento amarelas, a razão pura dirigida a objetivos espirituais surge como um amarelo muito delicado e belo, enquanto se usado para objetivos mais pessoais ou mesclado com ambição contém laivos mais profundos de laranja, claro e intenso.' (Lucifer, vol. XIX, pg. 71)

Deve é claro ser mantido em mente que as formas-pensamento astrais bem como mentais são descritas na declaração acima, alguns dos sentimentos mencionados precisando de matéria do plano inferior bem como do superior para poderem ter expressão. Alguns exemplos são dados das belas formas de flores e conchas às vezes assumidas pelos nossos mais nobres pensamentos; e uma referência especial é feita ao caso não incomum em que o pensamento, tomando forma humana, é passível de ser confundido com uma aparição:

'Uma forma-pensamento pode assumir a forma de seu emissor; se uma pessoa quer fortemente estar presente nalgum lugar especial, visitar uma pessoa particular, e ser vista, tal forma-pensamento pode assumir sua própria imagem, e um clarividente presente no local desejado veria o que provavelmente tomaria como o seu amigo em corpo astral. Tal forma-pensamento pode veicular uma mensagem, se isso formar parte de seu conteúdo, estabelecendo no corpo astral da pessoa alcançada vibrações como as suas, e estas passadas adiante pelo corpo astral até o cérebro, onde seriam traduzidas num pensamento ou frase. Tal forma-pensamento, novamente, poderia trazer ao seu emissor, pela conexão magnética entre eles, vibrações impressas sobre si mesma.

A íntegra do artigo de onde estes extratos são retirados deveria ser mui cuidadosamente estudada por aqueles que desejam captar esta seção verdadeiramente complexa de nosso assunto, pois, com a ajuda de ilustrações belamente executadas em cor que o acompanham, possibilita, àqueles que ainda não são capazes de ver por si mesmos, aproximarem-se muito mais de uma percepção do que são em verdade as formas-pensamento do que qualquer coisa anteriormente escrita.

Os Subplanos

Se for perguntada qual é a diferença real entre a matéria dos vários subplanos do plano mental, não será fácil responder a não ser em termos muito gerais, pois este desafortunado escriba esgota seus adjetivos nessa malsucedida tentativa de descrever o plano inferior, e então já não possui nada para falar dos outros. O que, de fato, pode ser dito, exceto que sempre que ascendemos o material se torna mais fino, as harmonias mais plenas, a luz mais viva e transparente? Há mais sobretons no som, mais nuances delicadas nas cores ao subirmos, mais e mais cores novas aparecem - matizes inteiramente desconhecidos da visão física; e tem sido poética mas verdadeiramente dito que a luz do plano inferior é treva no plano acima. Talvez esta idéia se torne mais simples se em pensamento partirmos do ápice em vez de do fundo, e tentarmos perceber que naquele subplano mais alto encontraríamos sua respectiva matéria animada e vivificada por uma energia que também flui para baixo como a luz vem de cima - de um plano que jaz além ainda do mental. Então se descermos à segunda subdivisão veríamos que a matéria de nosso primeiro subplano se há tornado a energia deste - ou, para falarmos com mais precisão, que a energia original, mais a vestimenta de matéria do primeiro subplano com a qual se revestiu, ainda é a energia animadora da matéria deste segundo subplano. Do mesmo modo, na terceira divisão descobriríamos que a energia original terá se velado duas vezes na matéria deste terceiro e segundo subplanos pelos quais passou; assim que na hora em que chegarmos à nossa sétima subdivisão teríamos nossa energia encerrada ou velada seis vezes, e por isso muito mais fraca e menos ativa. Este processo é exatamente análogo à velação do Âtma, ou Espírito primordial, em sua descida como essência monádica a fim de energizar a matéria dos planos do cosmos, e como isso ocorre freqüentemente na natureza, poupará ao estudante muito trabalho se ele tentar se familiarizar com esta idéia (Vide Ancient Wisdom, de Annie Besant, pg. 54 e notas de rodapé).


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