Data: Ter Jan 16, 2001 9:37 pm
Assunto: O Julgamento
O Julgamento
Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam,
pois ele tinha um lindo cavalo branco...
Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
"Este cavalo não e um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se
pode vender uma pessoa, um amigo?". O homem era pobre, mas jamais
vendeu o cavalo.
Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira.
A aldeia inteira se reuniu, e disseram: "Seu velho estúpido!
Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor
vendê-lo. Que desgraça!". O velho disse:
"Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não esta na
cocheira.
Este é o fato, o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça
ou de uma benção, não sei, porque este é apenas um julgamento.
Quem pode saber o que vai se seguir?".
As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um
pouco louco.
Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou.
Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta.
E não apenas isso ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens
consigo.
Novamente, as pessoas se reuniram e disseram: "velho, você estava
certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma
benção".
O velho disse: "vocês estão se adiantando mais uma vez.
Apenas digam que o cavalo esta de volta... quem sabe se é uma
benção ou não?
Este é apenas um fragmento.
"Você lê uma única palavra de uma sentença - como pode julgar
todo o livro."
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente
sabiam que ele estava errado.
Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos
selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e
fraturou as pernas.
As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram:
"você tinha razão novamente.
Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na
sua velhice ele era seu único amparo.
Agora você está mais pobre do que nunca."
O velho disse: "vocês estão obcecados por julgamento. Não se
adiantem tanto.
Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se
isso e uma desgraça ou uma benção.
A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca...e aconteceu que,
depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os
jovens da aldeia foram forçados a se alistar somente o filho do
velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas.
A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era
uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais
voltaria.
Elas vieram até o velho e disseram: "você tinha razão, velho -
aquilo se revelou uma benção.
Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você.
Nossos filhos foram-se para sempre."
O velho disse: "vocês continuam julgando.
Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a
entrar para o exército e que meu filho não foi.
Mas somente Deus sabe se isso e uma benção ou uma desgraça." Não
julgue, porque dessa maneira jamais se tornará uno com a
totalidade.
Você ficará obcecado com fragmentos, pulará para as conclusões a
partir de coisas pequenas.
Quando você julga você deixa de crescer.
Julgamento significa um estado mental estagnado.
E a mente deseja julgar, porque estar em um processo é sempre
arriscado e desconfortável.
Na verdade, a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina e
outro começa: Um pouco mais alto. Aqueles que não julgam estão
satisfeitos simplesmente em viver o momento presente e de nele
crescer...