De: "Osmar de Carvalho"
Data: Qua Jan 17, 2001 5:16 am
Assunto: Re: [loja-virtual] Mediunidade
Mediunidade
Caros Amigos da Lista Teosófica,
Madame Blavastk foi médium? A Teosofia aceita a mediunidade?
Um abraço
Alfredo
Saudações, Alfredo!
Gostei de ver! Essa foi bem um hook no fígado... ughh...
Vamos ver se saímos dessa a contento.
Bem se Blavatsky foi médium é a típica pergunta onde cabem muito bem um sim e um não, o que transforma a resposta num koan zen.
Acho que Blavatsky não foi uma médium no sentido "kardecista popular", se é que podemos inventar um termo assim. Basta ler o que ela escreveu sobre o tema em seu Glossário Teosófico para vermos o que ela mesma achava sobre o assunto:
MEDIUM: É um ser diametralmente oposto ao Adepto [ou Mestre]. O médium é um instrumento passivo de influências estranhas, enquanto o Adepto exerce de modo ativo seu poder sobre si mesmo e sobre todas as potências inferiores. (Ísis Sem Véu, II, 588) Na mediunidade, o indivíduo, por ser passivo, está exposto à influência de qualquer entidade astral que se encontre nas imediações. Normalmente, é inconsciente; não sabe o que se faz através de seu organismo nem quem o faz; não recorda nada ao despertar de sua espécie de sono. Seu estado é aquele de uma verdadeira obsessão. Por outro lado, os melhores médiuns físicos são pessoas doentes, neuróticas, histero-epiléticas ou, o que ainda pior, propensas a algum vício anormal. A Mediunidade, tal como praticada atualmente, é talvez um dom menos desejável do que a túnica de Neso. (Ísis Sem Véu, I, 488-489 ed. inglesa)
Bom, se a própria Blavatsky fez constar este comentário no seu Glossário, acho que ela não se sentiria bem em receber o epíteto de "médium" dentro deste sentido.
No entanto... todavia... porém... temos que convir que Blavatsky foi, desde seu nascimento uma "psíquica" com amplos poderes paranormais. Só para clarificar o termo que usei, vejamos o que consta sobre ele no Glossário:
PSIQUISMO: (do grego psyché) - Termo atualmente usado para designar, de modo vago, todo tipo de fenômenos mentais, isto é, a mediunidade, a sensibilidade superior, a receptividade hipnótica, aprofecia inpirada, a simples clarividência na luz astral e a verdadeira vidência divina; numa palavra, tal termo compreende toda fase e manifestação dos poderes e das faculdades da alma humana e da alma divina.
No passado pré-cristão, e pós também, um indivíduo para ser denominado "Teosofista" tinha que necessariamente possuir alguns destes atributos acima mencionados, de modo que pudesse ter uma experiência direta da Sabedoria Divina, ou Teosofia.
A biografia de Blavatsky mostra que a mesma foi treinada no sistema do budismo tibetano para ter uma perfeita conexão psíquica com seus instrutores mesmo à distância assombrosas. Poderíamos chamar isso "mediunidade"? Acho impróprio o termo, mas algum comentarista mais afoito poderia se dar a licença de usá-lo, que é inadequado em magnitude.
Como disse na mensagem para o Jeronimo, somos "fetos cósmicos" com nossos Ovos-áuricos mais ou menos abertos para o Cosmos. Blavatsky com certeza tinha uma avenida de percepção muito mais larga que a nossa, e devido a este psiquismo "superior" se permitiu que a Doutrina Secreta dos Mestres fosse em parte transmitida ao mundo em Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta.
Você pergunta se "A Teosofia aceita a mediunidade?" Primeiramente temos que verificar que inexiste uma "Doutrina Teosófica", diferentemente de outras doutrinas, que nós, teosofistas, tenhamos que aderir. Desta forma, o que podemos comentar é o que os pensadores membros da Sociedade Teosófica comentaram sobre o fato. Cada membro tem total liberdade para concordar ou discordar destes comentários, com perfeita liberdde de pensamento.
Em suma, como já mencionei Blavatsky, à partir dela inúmeros escritores teosóficos se manifestaram contrários à mediunidade inferior, por se tratar de um processo de "prostituição áurica", e perniciosa por destruir o corpo etérico dos médiuns, que muitas vezes canalizam "coisas" que nem desencarnados são, como "cascões astrais" e "elementais".
Em lugar desta mediunidade inferior, se tem sugerido o desenvolvimentos dos poderes latentes no ser humano, que são a sua amplitude cognitiva, a capacidade de interiorização e contato com o Eu Superior e as realidades internas. Os poderes psíquicos não devem ser o objetivo desta busca, mas o seu surgimento se faz no direto esforço da ampliação da consciência. Isto se dá comumente nas linhas do Yoga, e pelos meios teúrgicos conhecidos.
Geralmente o que se recomenda é que o indivíduo não seja apenas um "intermediário", mas sim um ser plenamente "individualizado" e principalmente altruista em seu serviço ao mundo. Estas são as recomendações do ocultismo ligado à Grande Fraternidade Branca, cujos Mestres são os protetores da Luz para este planeta.
Fraternal abraço!
Osmar de Carvalho
Coordenador da Loja Teosófica Virtual