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Mensagem 166
De: "Jeronimo"
Data: Ter Jan 30, 2001 5:59 pm
Assunto: Filosofia e Sabedoria


Filosofia e Sabedoria


Josef Pieper
(Tradução de Dora Incontri. Philosophie und Weisheit,
é um resumo do discurso ao receber o doutorado honoris
causa da Catholic University of America - Washington)

Nos dias de hoje, em que a sentença de Hegel sobre a Filosofia, como "compreensão do absoluto" foi totalmente abolida, tornando-se por isso impensável, e em que por outro lado está sempre mais atuante a tentação de uma resignação agnóstica, pretendendo fazer valer o empirismo científico e "exato" como única possibilidade do conhecimento humano, há uma necessidade vital de se recuperar e manter viva uma visão - talvez desde sempre - ameaçada de esquecimento. Uma visão que exclui igualmente a hybris (soberba) e a resignação. Refiro-me ao significado da palavra Filosofia - tomada no seu sentido original por Platão e dificilmente localizável no tempo - que diz: ninguém é sábio senão Deus, mas o homem pode procurar amorosamente essa sabedoria e alcançar a verdade, portanto, ser philosophos. Quem pensa no significado último do ato de filosofar, praticado em sua seriedade existencial, não pode evitar falar da sabedoria divina - e ao mesmo tempo, se é cristão pensar que essa sabedoria não é um "atributo" de Deus, mas que Ele mesmo, pelo seu próprio ser, é essa sabedoria. Com isso, de forma súbita e talvez inesperada, o conceito de "Filosofia" ganha um novo significado. Entretanto, essa "novidade" não vem afirmar que o filosofar se move sobre a base da Teologia. Seu olhar permanece ainda e sempre focalizado na experiência da realidade com que nos defrontamos - obviamente naquela postura que os gregos chamaram de theoria, um contemplar o mundo com uma única intenção: a verdade, constituída da realidade, que se mostra, na medida do possível, como ela é. Theoria significa uma atitude livre da prática orientada ao "para quê", em que não se percebe nem um sopro daquela intenção proclamada por Descartes de tornar o homem pelo conhecimento "senhor e proprietário da natureza" (maître et possesseur de la nature).

Com razão já se disse que uma observação, nesse sentido "teorética" da realidade, só pode ser executada pelo homem que compreende o mundo como criação. Esse elemento de reverência e afirmação, que abriga em si o conseqüente conceito de "teorético", espantosamente parece ter sido captado pelos romanos, quando traduziram o termo grego theoria pela palavra latina contemplatio. Contemplação significa assim (o que talvez apenas se tornou inteiramente claro em seu sentido cristão): um olhar amoroso, o olhar algo que se ama. O amor descortina aí uma nova possibilidade ao conhecimento. Como dizia um místico esquecido, aliás com uma concisão insuperável: "ubi amor, ibi oculus", onde está o amor, aí se abre um olho. Pela afirmação amorosa, forma-se uma posibilidade de conhecimento, até então nunca percebida - uma concepção que parece nos abrir ao pensamento um caminho para o infinito.

Algo semelhante sucede se tentarmos interpretar mais precisamente uma expressão popular, cujo sentido se mostra tão difícil de traduzir, mas que se relaciona igualmente ao nexo existente entre amar e olhar. Todo mundo sabe o que significa dizer de jovens pais: que eles nunca estão suficientemente satisfeitos em olhar a criança recém-nascida. "Não se cansam se olhar" (em alemão: "Sich nicht satt sehen können"). Com isso, exprime-se por um lado o extremo encantamento, por outra uma negação - a de que o olhar permanece insaciável, o desejo do amor, intranqüilo. Essa curiosa expressão afirma assim ambas as coisas ao mesmo tempo. A questão é a de que (mesmo que não tenhamos consciência disso) todo desejo amoroso de olhar, no fundo, talvez tenha em mira algo que está além do visível.

Sobre isso o poeta Konrad Weiß, aprofundando mais a questão, lavrou esta sentença supreendente, provocante, onde se relaciona a aparente contradição da contemplação. A sentença é a seguinte: "A contemplação não se aquieta até que ela ache o objeto do seu ofuscamento". Isso quer dizer: a busca amorosa da sabedoria - que é o próprio Deus - só encontra paz quando a luz se faz ao seu olhar - uma luz que, ao mesmo tempo, ofusca e faz feliz.

Je.



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