AS ORIGENS DO RITUAL NA IGREJA E NA MAÇONARIA
Helena Petrovna Blavatsky
Parte XIII (FINAL)
Prestemos alguns momentos de atenção às assembléias dos "Construtores do Templo Superior" nos primeiros tempos do Cristianismo. Ragon nos mostrou plenamente a origem dos seguintes termos:
a) "A palavra 'Missa' vem do latim MESSIS - 'colheita', donde o nome de MESSIAS, aquele que faz amadurecer as colheitas - 'Cristo-Sol'.
b) A palavra 'Loja', da qual se servem os maçons, fracos sucessores dos Iniciados, toma sua raiz em LOGA (LOKA em sânscrito), uma localidade e um MUNDO; e do grego LOGOS - a Palavra, um discurso, cujo pleno significado é: um local onde certas coisas são discutidas".
c) As reuniões dos LOGOS dos Maçons, PRIMITIVOS INICIADOS, acabaram sendo chamadas SYNAXIS, 'assembléias' de Irmãos, com o fim de rezar e celebrar a Ceia (refeição), onde eram utilizadas somente as oferendas não manchadas de sangue, tais como os frutos e cereais. Logo depois essas oferendas foram chamadas HOSTIAE, ou HOSTIAS puras e sagradas, em contraste com os sacrifícios impuros (como os prisioneiros de guerra, HISTES, donde o francês HOSTAGE - ÔTAGE ou REFÉM), e porque as oferendas consistiam de frutos da colheita, as primícias de MESSIS. Já que nenhum Padre da Igreja menciona, como certos sábios o teriam feito, que a palavra missa vem do hebreu MISSAH (OBLATUM, oferenda), esta explicação é tão boa quanto a outra. (Para um estudo profundo da palavra Missah e Mizda, ver os GNOSTICOS, de King, p. 124 e seguintes).
A palavra SYNAXIS tinha seu equivalente entre os gregos na palavra AGYRMOS (reunião de homens, assembléia). Referia-se à Iniciação nos Mistérios. As duas palavras, SYNAXIS e AGYRMOS (14) caíram em desuso, e a palavra MISSA prevaleceu e ficou.
Desejosos como estão os teólogos de velar pela sua etimologia, diremos que o termo "Messias" (Messiah) deriva da palavra latina MISSUS (Mensageiro, o Enviado). Mas, se assim é, essa palavra poderia também ser aplicada ao Sol, o mensageiro anual, enviado para trazer nova vida à terra e à sua produção. A palavra hebraica Messiah, MASHIAH (o ungido, de Mashah, ungir) dificilmente poderia ser aplicada no sentido eclesiástico, ou seu emprego ser justificado como autêntico, tanto quanto a palavra latina MISSAH (missa) não deriva da outra palavra latina MITTERE, MISSUM, "enviar" ou "reenviar". Porque o serviço da comunhão, seu coração e sua alma, se fundamenta na consagração e oblação da HÓSTIA (sacrifício), um pão ázimo (fino como uma folha) representando o corpo de Cristo na Eucaristia, e sendo feito de flor de farinha, é um desenvolvimento direto da colheita ou oferendas de cereais.
Ainda mais, as missas primitivas eram Ceias (ou último alimento do dia), simples refeição dos romanos, em que eles "faziam abluções", eram ungidos e se vestiam do SENATORY, e foram transformadas em refeições consagradas à memória da última ceia de Cristo.
No tempo dos apóstolos, os judeus convertidos se reuniam em seus SYNAXIS para ler os Evangelhos e suas correspondências (Epístolas). São Justino (ano 150 de nossa era) nos diz que essas Assembléias solenes eram feitas nos dias chamados "sun" (o dia do Senhor, e em latim, DIES MAGNUS). Nesses dias, havia o canto dos salmos, a "colação" do batismo com água pura e o ÁGAPE da Santa Ceia "com água e o vinho". Que tem a ver essa combinação híbrida das refeições romanas pagãs, erigidas em mistério sagrado pelos inventores dos dogmas da Igreja, com o MESSIAH hebreu, "aquele que deve descer às profundezas" (ou Hades), ou com o Messias (que é a sua tradução grega)? Como demonstrou Nork, JESUS JAMAIS FOI UNGIDO, NEM COMO GRANDE SACERDOTE, NEM COMO REI, e é por isso que seu nome MESSIAS não pode derivar da palavra equivalente hebraica, ainda mais que a palavra "ungido" ou "untado de óleo", termo homérico, é CHRI e CHRIO, ambos significando UNTAR O CORPO DE ÓLEO (ver Lúcifer, 1887: THE ESOTERIC MEANING OF THE GOSPELS - O Significado Esotérico dos Evangelhos).
As frases seguintes de um outro maçom de grau elevado, autor da SOURCES DES MESURES, resumem em algumas linhas esse "imbroglio" secular: "O fato é , diz ele, que existem DOIS MESSIAS: um, descendo por sua própria vontade ao abismo para a salvação do mundo (15) - é o Sol despojado de SEUS RAIOS DE OURO e coroado de raios negros como espinhos (simbolizando essa perda); o outro, o MESSIAS triunfante, que alcançou o ÁPICE DO ARCO DO CÉU, personificado pelo LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ. Em ambos os casos, ele tem a cruz...
Nas AMBARVALIAS, festas romanas dadas em honra de Ceres, o ARVAL, assistente do Grande Sacerdote, vestido de branco imaculado, colocava sobre a HOSTIA (a oferenda do sacrifício) um bolo de trigo, água e vinha; provava o vinho das libações e dava-o a provar aos outros. A OBLAÇÃO (ou oferenda) era então erguida pelo Grande Sacerdote. Tal oferenda simbolizava os três reinos da natureza: o bolo de trigo (o reino vegetal), o vaso do sacrifício ou CÁLICE (o reino mineral) e o PAL (a estola) do Hierofante, uma de cujas extremidades pousava sobre o cálice contendo o vinho da oblação. Essa estola era feita de pura lã branca de tosão de cordeiro.
Os padres modernos repetem gesto por gesto os atos do culto pagão. Eles erguem e oferecem o pão para a consagração; benzem a água que deve ser posta no cálice, e em seguida vertem o vinho, incensam o altar, etc., etc... e, voltando ao altar, lavam os dedos, dizendo: "Eu lavarei minhas mãos entre o Justo e rodearei teu altar, Ó Grande Deusa!" (Ceres). Assim o fazem porque o antigo sacerdote pagão assim o fazia, e dizia: "Eu lavo minhas mãos (com água lustral) entre o Justo (os irmãos completamente iniciados) e rodeio teu altar, ó Grande Deusa! (Ceres)".
O Grande Sacerdote fazia três vezes a volta ao altar, levando as oferendas, erguendo acima de sua cabeça o cálice coberto com a extremidade de sua estola feita de lã de cordeiro, branca como a neve...
A vestimenta consagrada, usada pelo Papa, PALLIUM, TEM A FORMA DE UMA MANTA FEITA DE LÃ BRANCA, COM UM GALÃO DE CRUZES PÚRPURAS. Na Igreja grega, o Padre cobre o cálice com a extremidade de sua estola pousada sobre seu ombro.
O Grande Sacerdote da antiguidade repetia três vezes durante o serviço divino seu "O Redemptor Mundi" a Apolo - o Sol; seu "Mater Salvatoris" a Ceres - a Terra; seu Virgo Partitura à Virgem Deusa, etc... pronunciando SETE COMEMORAÇÕES TERNÁRIAS. (Ouvi, ó maçons!). O número ternário tão reverenciado na antiguidade, como em nossos dias, é pronunciado sete vezes durante a Missa; temos três INTROITO, três KYRIE ELEISON, três MEA CULPA, três AGNUS DEI, três DOMINUS VOBISCUM, verdadeiras séries maçônicas. Acrescentemos-lhes os três ET CUM SPIRITU TUO, e a missa cristã nos oferecerá as mesmas SETE COMEMORAÇÕES TRÍPLICES.
Paganismo, Maçonaria, Teologia, tal é a trindade histórica que governa o mundo SUB-ROSA.
Podemos terminar com uma saudação maçônica, e dizer: Ilustre dignitário de Hiram Abif, Iniciado e "Filho da Viúva": o Reino das Trevas e da ignorância desaparece rapidamente, mas há regiões ainda inexploradas pelos sábios e que são tão negras quanto a
noite do Egito.
FRATRES SOBRII ESTOTE ET VIGILATE.
F I N I S
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