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A Gnosis da Mente

 

Alberto Brum de Souza

 

Os filósofos herméticos, os discípulos de Hermes Trismegisto, falam da antiga fé egípcia como sendo a religião da mente, que é, ao mesmo tempo, a pura Filosofia e a verdadeira Ciência.

 

Blavatsky com G.R.S.MeadEste tema é desenvolvido por G.R.S. Mead, o último secretário pes­soal de H.P. Blavatsky e um brilhante pesquisador, no seu livro The Gnosis of the Mind, que foi o primeiro volume de uma série chamada 'Echoes from the Gnosis' e do qual destaco alguns extratos, acrescentan­do notas e comentários.

 

"Na Religião da Mente não há oposição do coração e cabeça. Não é só um culto do intelecto, não é só um culto da emoção.  É a senda da Devoção e Gnose inseparavelmente unidas".

 

O genuíno hermetismo reunia a busca mística (bakti) com a busca intelectual (jnana). E não existia oposição entre Religião e Ciência, como veio a ocorrer mais tarde. A transmutação da consciência, o buscar a luz e o experimentar a Realidade se complementavam.

 

Gnosis não é meramente conhecimento, como o sentido literal desta palavra grega indica. Gnosis é percepção espiritual, é a Sabedoria que é fruto do autoconhecimento. Já o gnosticismo é somente uma parte, um departamento de algo maior que inclui o conhecimento especulativo, mas que estende-se até a identificação com a "essência das-coisas-que-são" — termo usado por Pitágoras ao referir-se a Gnosis.

 

No capítulo O Significado de Gnosis do livro 'Quests Old and New', G.R.S. Mead esclarece este ponto, enfatizando que "Gnosis não é co­nhecimento intelectual".

 

"Gnosis é, necessariamente, gnosis de alguma coisa, mas de quê?". Com base em antigos textos, diz o autor que "a resposta dada pela maioria de nossas fontes é idêntica: ela é finalmente gnosis de Deus"2. Nisto há uma identificação com Clemente de Alexandria, nas Stromatas, que diz que Gnosis é o "conhecimento científico de Deus".

 

Na literatura trismegística Gnosis é chamada de "a religião da Mente".  Mas deve ser entendida a palavra "mente" como a Mente Divina. No aspecto cósmico e metafísico Hermes ou Thot é Mercúrio, o deus da Sabedoria, o "Logos de Deus".

 

A religião da Mente também é a "verdadeira Filosofia" ou o "amor à Sabedoria", o que sugere uma forma elevada de misticismo. No Poimandres a Mente Divina é chamada de Amor Divino. O amor à Sa­bedoria é imprescindível, como diria Pitágoras, para se chegar à "Sa­bedoria do Amor" ou, substituindo-se o termo, à "Sabedoria do Amor Divino".

 

H.P. Blavatsky, na Doutrina Secreta, indica que a "Sabedoria do Amor" ou Filosofia "significa atração e amor por algo oculto e subja­cente nos fenômenos objetivos, e o conhecimento de tudo isso"3! Assim, Filosofia implica amor e assimilação à Divindade. Encontramos, aqui, uma relação com a palavra Teosofia (Sabedoria Divina). Este termo surgiu a partir da Escola Neoplatônica de Alexandria e foi usado por Clemente de Alexandria. Salienta G.R.S. Mead que "Theosophia é somente um posterior e mais preciso termo para designar a extensão de idéias as quais foram reunidas no tempo de Pitágoras pela palavra Filosofia".

 

"A Gnosis da Mente é de uma natureza espiritual, pois ela é operada pelo princípio espiritual no homem"5"! Num texto hermético lemos que a gnosis da Mente é a "visão das coisas divinas". Mead acrescenta que "Gnosis não é conhecimento sobre alguma coisa, mas comunhão, co­nhecimento de".  Este é o grande objetivo, conhecer "Deus" — a Reali­dade em nós. Em um outro texto de origem gnóstica, o 4º Evangelho, cujo manuscrito original surgiu junto à primitiva comunidade Joanina (Qumran), lemos que "Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade" (4,24). Em outra passagem é dada a sugestão: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (8,32) — instrução no mais autêntico estilo gnóstico.

 

Isto sugere que a Mente é o instrumento e ao mesmo tempo é o "mistério dos mistérios", pois a Mente é o verdadeiro homem.

 

"A Mente não é somente aquilo que conhece, mas também o objeto de todo o conhecimento. Ela cria-se a si mesma para autoconhecer-se."6

 

Nos diz a Filosofia Esotérica que a Mente (Manas) é o veículo da alma espiritual (Buddhi) e um reflexo de Mahat (a mente universal). Ela é "o Grande Iniciador, é o Mestre de todos os domínios". Desse modo, é mais clara a afirmação do autor quando diz que a Gnosis "inicia, con­tinua e termina no conhecimento do próprio Eu, o reflexo do Conhecimento do Ser Uno".

 

O "conhece-te a ti mesmo" é a essência do trabalho do aspirante à Gnosis. E o genuíno gnosticismo é a Filosofia Esotérica, gerada pela experiência e compreensão de Mentes Superiores. Então, não é errado dizer-se que a "religião da Mente" é a verdadeira Filosofia e a verdadei­ra Ciência. Na Doutrina Secreta, H.P. Blavatsky diz que Gnosis é "a Ciência do Eu Superior" e o neoplatônico Jâmblico, em sua obra Sobre os Mistérios, refere-se à Teurgia como "a Ciência Sagrada". Mas não é só Ciência e Filosofia, também é Religião-Sabedoria.

 

     Sendo a Mente "o verdadeiro homem", sua meta é ser pura consciên­cia e "seu destino final é tornar-se a Mônada das mônadas, ou a Mente de Deus". Por isso, alguém só é gnóstico quando "renasce" em espírito e inicia a Senda que o conduz à identificação com a Mente Una.

 

    A manifestação histórica dessa Sabedoria, que floresceu especialmen­te entre os séculos I a.C. e II d.C., conhecida como "Gnosticismo" foi um mero reflexo. Apresentou-se como Gnose Hermética ou Gnose Cristã e "pode-se aprender muito comparando-se a Teosofia dos gnósticos herméticos com a Teosofia dos gnósticos cristãos", porém são fragmentos da genuína Gnosis — "ela é a única salvação para o homem — a Gnosis de Deus".

 

    Não é a crença, a fé ou o simples conhecimento o que importa. O fundamental é a comunhão interior, o religar da Mente individual com a Mente universal, a capacidade do homem "transcender os limites da dualidade que faz dele homem e tornar-se uma consciência divina".

 

    Este é o "Caminho para a Montanha" ou para o Olimpo e "a ignorân­cia de Deus é o verdadeiro ateísmo".

 

 

NOTAS E BIBLIOGRAFIA

 

1 — O objetivo desta coleção era servir de introdução ao estudo da literatura gnóstica mais adiantada, da qual se destacam duas obras de sua autoria: Thrice-Greatest Hermes — studies in Hellenistic Theosophy and Gnosis (1906 — reeditado em 1978 por Hermes Press, detroit, USA) e Fragments of a Faith Forgotten (1900 — reeditado por University B00ks, New York, 1968).

2 — Editora G. Bell and Sons, Londres, 1913, p. 182.

3 — Ed. Pensamento, vol. V, p. 255.

4 — Extracts from the Vâhan, publicado por The Theosophical Publishing Society, Londres, 1904, p 336.

5 — Quests Old and New, p. 184.

6 — The Gnosis of the Mind, Theosophical Publishing Society, Londres, 1906, p. 15.

 

Logos, Nº15, Revista do Centro Teosófico de Pesquisas


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