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  • John King: Um Pedaço Não Digerido da Literatura Teosófica

    John King: Um Pedaço Não Digerido da Literatura Teosófica
    Marina Cesar Sisson
    (Membro da Sociedade Teosófica no Brasil desde 1977)
    (Artigo publicado originalmente no Informativo HPB n° 03, out./99)


    John King é um personagem da história teosófica que é muito pouco conhecido e muito pouco compreendido. A grande maioria das biografias e estudos sobre a ST e a Madame apenas o mencionam rapidamente, como se sua importância fosse completamente marginal. Isto acontece porque ele é um personagem muito controvertido, que às vezes parece ser um elemental brincalhão manipulado por HPB, outras vezes parece ser o espírito de um pirata desencarnado, e ainda em outras ocasiões parece ser um membro da Hierarquia. Decifrar John King, mostrando sua verdadeira identidade e a importância de seu papel, não é uma tarefa fácil. Como Spierenburg escreveu: "Na literatura teosófica, John King é um pedaço não digerido ["an undigested lump"]. Temos que admitir isso." (TH, p. 168). Neste Informativo HPB n° 3 vamos começar a examinar o personagem John King, mostrando alguns aspectos de sua participação na vida de Olcott e da Velha Senhora.

    John King: Ele é Meu Único Amigo

    A falta de maiores informações sobre John King pode ser exemplificada por sua pequeníssima menção na volumosa obra biográfica de Sylvia Cranston. Este livro, que no original tem 648 páginas, usa somente um parágrafo para falar sobre John King: "Quem é o John King mencionado acima? Como HPB foi ordenada a não revelar, de início, que os fenômenos que ocorriam em sua presença eram realizados por ela mesma, ela tinha que atribui-los a alguém, e John King, um nome familiar nos círculos espíritas, foi o escolhido. Isto satisfez a Olcott, que ainda era um espírita convicto. Ele próprio comenta: "(...) Não me fizeram de início acreditar que eu estava lidando com espíritos desencarnados; e não me apresentaram um disfarce para dar batidas e escrever, e produzir para mim formas materializadas sob o pseudônimo de John King?" O nome era também usado por HPB nesta época como um despiste para seus instrutores e seus agentes. "Pouco a pouco", Olcott acrescenta, "HPB me fez saber da existência de adeptos orientais e seus poderes, e me deu, por meio de um grande número de fenômenos, as provas de seu próprio controle sobre as forças da natureza [até então] atribuído a John King." (Cranston, p. 132) Ou seja, nos dá a entender que era a própria Madame a autora de quase todos os fenômenos que ela atribuía a John King. E que, ocasionalmente, embora de uma forma não explicada por Cranston, John King também poderia estar servindo como um disfarce para os instrutores de HPB. Entretanto, especialmente quando estudamos o período em que HPB morou em Filadélfia, logo nos damos conta que este personagem provavelmente era o verdadeiro autor dos fenômenos e que, certamente, estava muito longe de ser uma figura marginal, tanto na vida de HPB, quanto na de Olcott. Uma demonstração disso é o depoimento que a Madame deu, numa carta para Aksakov, onde ela manifestou sua imensa gratidão a John King pela mudança em sua vida: "Além disso, o espírito John King gosta muito de mim, e eu gosto mais dele do que de qualquer outra coisa na terra. Ele é meu único amigo, e se estou em dívida com alguém pela mudança radical em minhas idéias sobre a vida, meus esforços e assim por diante, é tão somente com ele. Ele me transformou, e eu estarei endividada com ele, quando eu 'for para o andar de cima', por não ter que viver, talvez por séculos, na escuridão e no desalento." (Solovyoff, p. 247) Outra demonstração clara da importância de John King é dada por Olcott: "Pouco a pouco, HPB me fez saber da existência de adeptos orientais e seus poderes, e me deu, por meio de um grande número de fenômenos, as provas de seu próprio controle sobre as forças da natureza. De início, como já comentei, ela os atribuiu a "John King", e foi através de sua mencionada amizade que eu primeiro entrei em correspondência pessoal com os Mestres. (...) Alguns, como Damodar e HPB, primeiro os viram em visões quando ainda eram jovens; alguns os encontraram sob estranhos disfarces nos locais mais improváveis; eu fui apresentado a eles por HPB através do meio que minhas experiências anteriores poderiam tornar mais compreensível, um pretenso "espírito" que incorporava em médiuns. John King trouxe quatro dos Mestres à minha atenção, dos quais um era um Copta, outro era um representante da escola neoplatônica de Alexandria; outro - um muito elevado, um Mestre dos Mestres, por assim dizer - era um Veneziano; e outro um filósofo inglês, desaparecido da vista dos homens, porém não morto. O primeiro foi meu primeiro Guru..."(ODL, p. 17-19) Como se poderia conceber como tendo uma importância pequena na vida de HPB, um ser com quem ela diz estar em dívida "pela mudança radical em minhas idéias sobre a vida, meus esforços e assim por diante"? Como poderia ter uma importância menor alguém que "trouxe quatro dos Mestres" à atenção de Olcott? É claro que sua importância não é marginal, mas sim decisiva!

    "Mensageiro e Servo - Nunca Igualado - dos Adeptos Vivos"

    Em novembro de 1874, quando Olcott voltou para Nova Iorque após a investigação na fazenda dos Eddy, onde conheceu HPB, ele foi ao apartamento dela. Lá HPB realizou sessões onde ocorriam batidas na mesa e mensagens soletradas, vindas principalmente de uma inteligência invisível que se auto denominava "John King", sobre o qual ele fala: "Este pseudônimo tem sido familiar a freqüentadores de sessões mediúnicas, por todo o mundo, nos últimos quarenta anos. Foi ouvido pela primeira vez em 1850 na 'sala de espíritos' de Jonathan Koons, de Ohio, onde ele dizia ser o chefe de uma tribo ou tribos de espíritos. Mais tarde, ele disse que era a alma penada de Sir Henry Morgan, o famoso bucaneiro, e como tal ele se apresentou a mim. Mostrou-me sua face e sua cabeça coberta por um turbante, em Filadélfia, durante minhas investigações (...). Ele tinha uma caligrafia singular, e usava expressões não usuais do inglês antigo." (ODL I, p. 10) Na época, Olcott realmente convenceu-se que John King era um espírito desencarnado. Porém, com o passar dos anos, e com maiores conhecimentos da filosofia do Ocultismo e dos poderes de HPB, ele entendeu que, embora os fenômenos fossem reais, não eram realizados por um espírito desencarnado. Olcott, então, passou a achar que existiam vários John King, entre os quais um elemental que HPB usava como instrumento no treinamento dele: "Ela manteve a ilusão por meses - pela distância dos anos, não consigo me lembrar exatamente quantos - e eu vi muitos fenômenos feitos, conforme se afirmava, por John King. (...) Ele era primeiro, John King, uma personalidade independente; depois era John King, mensageiro e servo - nunca igualado - dos adeptos vivos e, finalmente, era um elemental, puro e simples, empregado por HPB..." (ODL, I, p. 11) Naturalmente, é o segundo John King, "mensageiro e servo - nunca igualado - dos Adeptos vivos" que mais nos interessa. É este John King a quem Jinarajadasa se refere ao dizer que: "As cartas do Mestre Serapis [para Olcott] várias vezes mencionam John King". (LMW, 2nd S, p. 8). Nestas cartas, diz Jinarajadasa, "John é 'John King'." (HPB Speaks, I, p. 5)

    John King e a Fraternidade de Luxor

    A primeira carta que Olcott recebeu veio da "Fraternidade de Luxor", em nome de Tuitit Bey. Não se sabe exatamente a data desta carta mas, pelo seu conteúdo, pode-se inferir que foi em torno de maio 1875. Nesta carta o Irmão "John" já aparece como um elo entre Olcott e a Hierarquia: "Irmã Helena é uma servidora valente e de toda a confiança. Abra vosso espírito à convicção, tenha fé e ela vos conduzirá ao Portão Dourado da verdade. (...) Nosso bom irmão 'John' na verdade agiu impetuosamente, mas sua intenção foi boa. Filho do Mundo, se vós de fato a eles ouvis, então TENTE. "Irmão 'John' trouxe três de nossos Mestres para vos olhar após a sessão. Vossas nobres exortações em favor de nossa causa agora nos dão o direito de vos deixar saber quem eram: SERAPIS BEY (Seção de Ellora), POLYDORUS ISURENUS (Seção de Salomão), ROBERT MORE (Seção de Zoroastro) (...) Por Ordem do Grande \ TUITIT BEY "Observatório de Luxor, Manhã de terça-feira, Dia de Marte." (HPB Speaks, I, p. 8) Há também uma carta de HPB para Olcott que certamente acompanhou a carta de Tuitit Bey, pois nela a Madame explica como a carta de T.B. havia sido escrita. Ela também confirma que esta era a primeira carta dos Mestres que Olcott estava recebendo. Nesta carta a Madame escreve: "Eu a recebi neste exato momento. Tenho o direito e ousei segurar por algumas horas a carta enviada a você por Tuitit Bey, pois somente eu devo responder pelos efeitos e resultados das ordens de meus Chefes. (...) A mensagem foi ordenada em Luxor, um pouco depois da meia noite, entre segunda e terça-feira. Escrita [em] Ellora, na aurora, por um dos secretários neófitos, e muito mal escrita. Eu quis me certificar com T.B. se ainda era sua vontade que ela fosse enviada num tal estado de rabiscos humanos, uma vez que ela era direcionada para alguém que recebia uma tal coisa pela primeira vez." (HPB Speaks, I, p. 1) Então, ela revela que sua opinião era que, ao invés desta carta, Olcott deveria receber um pergaminho mágico para que, tendo um fenômeno concreto em suas mãos, ele pudesse dissipar um pouco das dúvidas que os truques de "John" certamente estavam lhe causando: "Minha sugestão era deixá-lo ter um de nossos pergaminhos, no qual o conteúdo aparece (materializado) sempre que você põe seus olhos sobre ele para lê-lo, e desaparece a cada vez, assim que você tiver terminado, pois, como respeitosamente inferi, você um pouco antes tinha ficado confuso com os truques de John e talvez sua mente, apesar de sua crença sincera, precisasse do reforço de alguma prova mais substancial." (HPB Speaks, I, p. 2) Porém, Tuitit Bey foi contra isto, respondendo que: "Uma mente que procura as provas da Sabedoria e Conhecimento em aparências externas, como nas provas materiais, não é merecedora de ser introduzida nos grandes segredos do 'Livro da Sophia Sagrada'. Aquele que nega o Espírito e o questiona com base em sua roupagem material, a priori nunca o conseguirá. Tente." (HPB Speaks, I, p. 2) Após alertar Olcott para a repreensão de T.B., HPB lhe aconselha a ir com calma no Caminho da busca da Sabedoria, pois nem sempre "John" estaria a postos para socorrê-lo, evidenciando mais uma vez o papel de John King como um instrutor neste Caminho: "Agora meu conselho para você, Henry, um conselho de amigo: não voe alto demais, batendo seu nariz nos caminhos proibidos do Portão Dourado sem alguém para lhe guiar; pois John não estará sempre lá para pegá-lo a tempo pelo colarinho e traze-lo a salvo para casa. O pouco que eles fazem por você é maravilhoso para mim, pois eu nunca os vi tão generosos desde o início. (...) Eu sou uma pobre iniciada, e sei que maldição a palavra 'Tente' se provou em minha vida, e o quão freqüentemente eu tremi e temi não compreender bem suas ordens, e trazer punição sobre mim, tanto por levá-las longe demais, quanto por não levá-las longe o bastante." (HPB Speaks, I, p. 3) Os fatos acima narrados nos mostram que John King não pode, de modo algum, ser considerado como um personagem de menor importância, tanto na vida de HPB, quanto na de Olcott e, por extensão, em todo o início do movimento teosófico contemporâneo. Tendo isto em mente, examinaremos vários episódios que ilustram a abrangência de seu envolvimento e de sua influência.

    John King como Advogado de HPB

    Em junho de 1874, HPB entrou numa sociedade com a Sra. Clementine Gerebko com o objetivo de explorar uma fazenda em Northport, Long Island, a qual já pertencia a esta senhora. A Madame entrou com 1.000 dólares e, pelo contrato firmado, todo o resultado das plantações, criação de aves domésticas ou qualquer outro produto gerado na fazenda seria dividido igualmente, assim como todas as despesas. HPB foi morar na fazenda mas logo entrou em litígio com a Sra. Gerebko, e voltou para Nova Iorque, buscando judicialmente ter seu dinheiro de volta. A firma de advogados Bergen, Jacobs e Ivins de Nova Iorque representou HPB no caso, que foi a julgamento em 26 de abril de 1875. HPB ganhou a ação, recebendo 1.146 dólares e as custas. Naquela época, Long Island, onde ocorreu o julgamento, era distante do Brooklyn, pois os meios de transporte eram muito limitados. Como o inglês de HPB ainda era muito pobre, ela deu seu depoimento em francês, tendo um intérprete. Por duas semanas o juiz, os advogados, os escrivães, clientes e intérpretes se hospedaram num hotelzinho. (CW, I, p. 84) Charles Flint, em seu livro "Memories of an Active Life", relata as circunstâncias do julgamento. Antes da audiência, Ivins havia combinado com a Madame os pontos que ela deveria enfatizar em seu depoimento, e o que ela deveria evitar. Entretanto, na hora de seu depoimento, HPB começou a seguir uma linha de argumentação bem oposta àquela que seus advogados haviam combinado com ela, para desespero dos mesmos. Quando eles reclamaram com ela, perguntando o porquê disso, ela respondeu que "... seu 'conhecido', a quem ela chamava de Tom [John] King, ficou de pé ao seu lado (invisível a todos exceto para ela mesma) e lhe ditou o seu depoimento." (CW, I, p. 85) HPB confirma esta ajuda de John King numa carta para seu amigo general Lippitt, dizendo que: "Eu ganhei mais uma ação judicial, e talvez possa recuperar $5.000 do que perdi. John me ajudou na minha ação judicial, isto é certo, mas ele fez uma coisa muito feia, embora não do ponto de vista do 'Summerland' [morada dos espíritos], mas sim de acordo com o código de honra humano, terreno." (HPB Speaks, I, p. 90) É provável que a "coisa muito feia" a que ela está se referindo seja uma briga ocorrida entre os dois advogados, aparentemente insuflada por John King, pois ela escreve ao general Lippitt: "... Sr. John, em seu ardente desejo de me ajudar, levou seu zelo longe demais. Ouça o que aconteceu. Após o veredicto, Marks, o advogado da acusada, me insultou, dizendo que eu havia ganho a causa através da falsificação de certos documentos. Se eu tivesse ignorado o insulto, tudo estaria bem, mas eu não o fiz, e chamei meu advogado para testemunhar o insulto. Meu advogado chamou Marks de um m[aldito] perjuro, um judeu e um mentiroso. O outro devolveu o cumprimento, e meu advogado, instigado por John (pois ele diz que não pode entender como ele fez isso), agarrou-o pelo pescoço e, jogando-o no chão, lhe deu a mais espetacular surra para o deleite da audiência e dos jurados, pois isso ocorreu na Sala da Corte, bem diante do nariz do juiz." (HPB Speaks, II, p. 175) Após o julgamento, HPB deixou a cidade e escreveu várias cartas a Ivins, perguntando sobre o andamento do processo e, finalmente, o deixou atônito com uma carta onde ela fazia uma previsão da decisão da Corte. Confirmando sua previsão, a corte lhe deu ganho de causa baseando-se em argumentos muito semelhantes aos que ela havia antecipado em sua carta.

    John King em Filadélfia

    Mas é principalmente do período em que a Madame estava casada com Betanelly, morando em Filadélfia, que temos o maior número de registros sobre os fenômenos produzidos por John King, e que fazem dele uma figura tão controvertida. Estes registros aparecem nas cartas de HPB, de Olcott e de Betanelly para o general Lippitt. Betanelly escreve: "Não há fim para estas maravilhas. Embora eu seja um espírita há apenas 5 meses, eu tenho visto e testemunhado mais manifestações de espíritos, e vejo mais delas a cada dia, do que muitos outros viram em suas longas vidas. Não tenho tempo, nem espaço, para lhe contar tudo que J.K. faz conosco mas, se contado, daria a mais notável história jamais escrita sobre manifestações de espíritos." (HPB Speaks, I, p. 60) Diz ainda Betanelly que durante o dia John King "...apenas dá batidas e circula pela casa. Mas à noite ele se materializa e caminha pela casa assustando os empregados." (HPB Speaks, I, p. 95) Betanelly conta também um episódio em que John King queria que ele e a Madame lhe dessem $50 cada um, conforme ele relata: "John sempre lhe pede dinheiro. Algumas vezes ela [HPB] lhe dá, outras não, então ele rouba, e depois aparece e lhe conta para provocá-la. Ele pediu a ela $50, mas ela não lhe deu, porque ele não disse a razão. Então ele me pediu, e me disse que se eu lhe prometesse os $50, ele faria um homem, que me devia $500, me pagar. Então ele disse à Madame B., e barganhou com ela, que se ele conseguisse $100 de um homem que devia a ela, e não queria pagar, ela teria que lhe dar $50. John manteve sua palavra e, no sábado, ela recebeu $100 do homem, sem lhe pedir, e eu recebi os meus $500. John disse que 'psicologizou' aos dois; e isto deve ter acontecido, pois ele conseguiu o dinheiro. Ela deu a John $50 e os meus $50, ele disse, eu devo a ele, e pagarei quando ele me pedir. Nós colocamos o dinheiro na escrivaninha de John, sua mesa particular, com seus papéis e correspondências, que ninguém na casa ousa tocar, pois ele pregará suas peças." (HPB Speaks, I, p. 94) É interessante atentarmos para o fato de que o poder, presença e influência de John King eram tão intensos que ele até mesmo possuía sua escrivaninha particular, onde precipitava suas correspondências. A Madame relata ao general Lippitt que John King se correspondia diretamente com várias pessoas, entre elas Olcott. Não há notícias do paradeiro destas cartas. HPB escreve: "Você ouviu falar do fenômeno que John fez para Olcott? Ele realmente lhe escreveu uma longa carta e, ao que parece, ele próprio postou-a, e nela contou-lhe alguns segredos maravilhosos. Ele é um ótimo sujeito, o meu John." (HPB Speaks, I, p. 63) "Ele mostra-se tão poderoso que ele mesmo, de fato, escreve cartas sem a ajuda de qualquer médium. Ele se corresponde com Olcott, com Adams, com três ou quatro senhoras que eu nem mesmo conheço; vem e me conta 'o bom divertimento que ele teve com eles', e como ele os iludiu. Eu posso lhe dar o nome de dez pessoas com quem ele se corresponde." (HPB Speaks, I, p. 85) A moça que trabalhava na casa era uma médium e muitas vezes "... ela gritou na escada ao encontrar 'John King' nos degraus ou no corredor, com sua poderosa figura vestida de branco, contando que ele 'a olhou de forma penetrante', com seus negros olhos de fogo. E mais de uma vez viu perto de mim, como ela contou aos meus visitantes." (HPB Speaks, I, p. 242) Certa vez John King assustou-a terrivelmente quando chegou a correspondência, pois ele: "... abriu cada uma delas antes que o carteiro tivesse tempo de entregá-las. Minha empregada, que é magnificamente mediunística - talvez tanto quanto ela é estúpida - e que passa todo o dia em transe desmaterializando tudo na cozinha, entrou correndo em meu quarto, meio chorando e tão assustada que estava muito pálida, me dizendo que 'aquele amigo espírito, grandão, de barba preta, rasgou e abriu os envelopes bem na mão dela' e, então, eu li sua carta [de Lippitt]." (HPB Speaks, I, p. 83) David Dana era um médium encarregado das sessões no "Clube dos Milagres" que Olcott criou (Meade, p.140), e estava passando algum tempo na casa da Madame, juntamente com uma amiga francesa de HPB, a Sra. Magnon (HPB Speaks, I, p. 83). Neste período, HPB teve uma séria doença, passando alguns dias completamente fria e desacordada. Enquanto isso John King "tomava conta" da casa de sua "amada Ellie" (HPB). Recuperada, a Madame descreveu o ocorrido, fazendo uma brincadeira com o "king" de John King, que em inglês significa "rei": "Agora, com relação a John King, aquele rei dos traquinas condenados ["king of mischievous reprobates"]. O que ele fez aqui pela casa, enquanto eu estava doente, na cama, a ponto de morrer, três volumes não poderiam expressar! (...) O fato é que nunca se sabe o que ele pode fazer logo a seguir. (...) Ele rouba tudo na casa; outro dia, na época em que eu estava tão doente, ele trouxe $10 para Dana; pois Dana havia lhe escrito de manhã em seu quarto, secretamente, pedindo-lhe o dinheiro (Dana o conhece há 29 anos). Ele trouxe $10 para o Sr. Brown; trouxe um anel de rubi para a Sra. Magnon, o qual ela havia perdido há meses (se tinha perdido ou se ele havia sido roubado, eu não sei) para 'recompensá-la', ele disse, pois ela havia tomado conta de 'sua amada Ellie' (pobre ego) ..." (HPB Speaks, I, p. 83-85) Outros detalhes da maneira intrigante como John King agia e - o que é mais desconhecido e surpreendente - de sua ascendência sobre a Madame, nos são por ela mesma revelados: "Ele me ama, eu sei, e faria por mim mais do que por qualquer outra pessoa; [ainda assim] veja as peças que ele me prega quando contrariado: à menor coisa que eu não faça como ele gostaria que eu fizesse, ele começa a se fazer de velho Harry, fazendo travessuras - e que travessuras. Ele me xinga horrivelmente, me chama dos nomes mais assombrosos, 'nunca antes ouvidos'; vai aos médiuns e lhes inventa histórias sobre mim, dizendo-lhes que feri seus sentimentos, que sou uma mentirosa maliciosa, uma ingrata e assim por diante (...). Ele falsifica a letra das pessoas e cria problemas nas famílias; 'ele desaparece e aparece rápida e inesperadamente' como algum Deus ex machina infernal; ele está em todo lugar ao mesmo tempo, e mete seu nariz nos negócios de todo mundo. Ele me prega as mais inesperadas peças - algumas vezes peças perigosas; me indispõe com as pessoas e, então, vem rindo e me conta tudo o que fez, se gabando e me provocando." (HPB Speaks, I, p. 85-86) "Há alguns dias ele queria que eu fizesse algo que eu não queria fazer, pois eu estava doente e não achava aquilo correto; [então] ele jogou em mim um cáustico pedaço de pedra 'infernale', que estava chaveado num porta-jóias dentro das gavetas, e queimou minha sobrancelha direita e minha bochecha. E, na manhã seguinte, quando minha sobrancelha se tornou preta como o azeviche, ele riu e disse que eu parecia uma 'bela moça espanhola'. Agora vou ficar marcada pelo menos por um mês. Sei que ele me ama, eu sei disso, ele é devotadamente ligado a mim, mas me xinga da maneira mais vergonhosa, o miserável criador de problemas ["wicked wretch"]. Ele escreve longas cartas para as pessoas sobre mim, faz elas acreditarem nas coisas mais horríveis e, então, se gaba disso! (HPB Speaks, I, p. 86) Todo este comportamento - tão atípico - pode nos fazer acreditar que a hipótese de Olcott, de que havia três John Kings, é a explicação mais plausível. Esta é, de fato, uma hipótese muito conveniente, pois assim, as ações que condenamos, ou que não entendemos, passam a ser atribuídas a um "Diakka", isto é, a um espírito que "experimenta um prazer insano em pregar peças, em fazer truques ilusivos, em personificar papéis contraditórios" (Isis, I, p. 219). Contudo, a própria HPB já descarta esta hipótese, ao escrever ao general Lippitt que: "Suas idéias e as minhas sobre o mundo dos espíritos são duas coisas diferentes. Meu Deus! Você talvez pensará: 'John é um Diakka', 'John é um espírito mau, um espírito brincalhão e malicioso', mas ele não é nem um pouco isso." (HPB Speaks, I, p. 87) Além disso, tal hipótese não é sustentável logicamente quando consideramos que, nesta época, a Madame já havia desenvolvido extraordinariamente seus poderes psíquicos e, mesmo assim, o "espírito" John King, "rei dos traquinas", sem dúvida, exercia um grande poder e influência sobre ela. Com ele, ela nada podia fazer, nem mesmo prever suas travessuras, como ela atesta: "Atualmente, por exemplo, a natureza me dotou muito generosamente com a segunda visão, ou dons clarividentes, e eu geralmente posso ver o que eu estiver ansiando ver; mas eu nunca posso pressentir suas travessuras, ou ficar sabendo delas, a menos que ele próprio venha e me diga." (HPB Speaks, I, p. 87) Com relação ao grau de desenvolvimento psíquico alcançado por HPB, sua irmã, Vera Jelihosvsky comenta que, de 1866 em diante: "... HPB não é mais vítima de 'influências', as quais, sem dúvida, teriam triunfado sobre uma natureza menos forte do que a dela; mas, ao contrário, é ela quem submete estas influências - sejam elas quais forem - à sua vontade." (Sinnett, p. 152) HPB confirmou este domínio quando escreveu para um familiar: "Agora [1866] nunca mais estarei submetida a influências externas. (...) Os últimos vestígios de minha fraqueza psíco-física se foram, para nunca mais voltar. Eu estou isenta e purificada daquela horrível atração por mim dos espectros errantes e afinidades etéreas. Eu estou livre, livre, graças ÀQUELES a quem eu agora bendigo a cada hora de minha vida." (Sinnett, p. 152) Deste modo, fica claro que o desenvolvimento psíquico que a Madame possuía era tal que jamais permitiria que um espírito desencarnado tivesse tanto poder e influência sobre ela. E um elemental - um mero servo seu na produção de fenômenos - certamente também não teria qualquer ascendência sobre ela. Por mais difícil que nos seja "digerir" o comportamento do "rei dos traquinas condenados", dos três John Kings descritos por Olcott, devemos concluir que o John King do período em que ela viveu em Filadélfia, e de quem HPB afirmou estar em dívida "pela mudança radical em minhas idéias sobre a vida", só pode ser o "mensageiro e servo - nunca igualado - dos Adeptos vivos".

    Bibliografia

    Blavatsky, H.P. H. P. Blavatsky Collected Writings, vol. I. TPH, Wheaton, 1977.
    Blavatsky, H.P. H.P.B. Speaks, vol. I. Ed. by C. Jinarajadasa. TPH, Adyar, 1986.
    Blavatsky, H.P. H.P.B. Speaks, vol. II. Ed. by C. Jinarajadasa. TPH, Adyar, 1986.
    Blavatsky, H.P. Isis Unveiled, Theosophy Company, Los Angeles, 1982.
    Cranston, Sylvia. HPB: The Extraordinary Life and Influence Of Helena Blavatsky, Founder of the Modern Theosophical Movement. G.P. Putnam's Sons, New York, 1994.
    Gomes, M. The Dawning of the Theosophical Movement. TPH, Wheaton, 1987
    Jinarajadasa, C. (ed.) Letters from the Masters of the Wisdom, 2nd Series. TPH, Adyar, 1973.
    Meade, M. Madame Blavatsky, The Woman Behind the Myth. G.P.Putnam's Sons, New York, 1980.
    Olcott, H.S. Old Diary Leaves, vol. I. TPH, Adyar, 1974.
    Sinnett, A.P. Incidentes in the Life of Madame H.P. Blavatsky, 1886. Kessinger Publ.Co., Montana.
    Solovyoff, V.S. A Modern Priestess of Isis, Longmans, Green, and Co., London, 1895.
    Spierenburg, H.J. Theosophical History, Vol. 1, n° 7, July 1986.
    Taylor, N.C. Theosophical History, Vol. 3, n° 3, July 1990.

    O Informativo HPB tem por objetivo compartilhar o resultado de estudos e pesquisas sobre HPB, realizados nos últimos anos.

    Comentários, sugestões ou perguntas são bem vindos e devem ser encaminhados para a autora:

    Marina Cesar Sisson
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