OS SETE ASPECTOS DO VEGETARIANISMO
À LUZ DO OCULTISMO
PREFÁCIO
Quando uma publicação sobre um assunto especifico surge aos nossos olhos, geralmente tratamos de associar imediatamente o tema em questão com o autor ou o grupo (associaçÃo, entidade etc. ) que o mesmo representa.
Por ser escrita por um membro da Sociedade Teosófica e publicada pela mesma entidade, poderá parecer à primeira vista que o presente trabalho tem, por assim dizer, um caráter "doutrinário".
Para estar em coerência com os dizeres "NÃO HÁ RELIGIÃO SUPERIOR À VERDADE" os quais estão subscritos ao símbolo desta Sociedade, sua característica mais importante é plena liberdade de pensamento entre os membros ou simpatizantes.
E sob este ponto de vista que o autor apresenta este trabalho, como fruto de diversas pesquisas que abrangem as áreas cientifica, filosófica e religiosa, além de uma série de considerações encontradas em diversas obras ocultistas.
Cabe assim ao leitor refletir sobre os sete aspectos em que o tema do vegetarianismo é focalizado e tirar suas próprias conclusões. Queremos, assim, esclarecer que o objetivo desta publicação não é fazer com o leitor se torne vegetariano, mas apenas que compreenda quais os motivos que levam uma parte da humanidade, desde as mais remotas eras até aos nossos dias atuais, ao redor de todo o mundo, a não alimentar-se com carne.
Entretanto, o objetivo só pode ser alcançado desde que o coração e a mente do leitor estejam sincera e apaixonadamente empenhados na busca da Verdade Eterna que flui em todos nós.
MST José Salvador Caballero
INTRODUÇÃO
Pelo fato de vivermos no assim chamado mundo ocidental, recebemos, através de nossos pais e educadores, uma série de idéias, crenças e posturas ante a vida, as quais constituem os alicerces da assim chamada cultura judaico-cristã.
Uma das crenças disseminadas em nossa civilização é a do domínio do homem sobre a natureza.
Existe uma passagem no livro bíblico de Gênesis que, quando mal compreendida, pode levar a conclusões errôneas sobre os direitos do homem sobre os seres da natureza. Ei-la:
"Disse-lhes também Deus: Eis aí que vos dei EU todas as ervas, que dão suas sementes sobre a terra; e todas as árvores , que tem as suas sementes em sí mesmas, cada uma segundo a sua espécie, para vos servirem de sustento a vós, e a todos os animais da terra , a todas as aves do céu. e tudo que tem vida e movimento sobre a terra, para terem de que se sustentar. "
(Gen. 1, 29-3O )
Se for mal interpretada, esta declaração pode dar a impressão de que os animais devem servir de alimentos ao homem, quando notamos com clareza que as ervas e sementes devem servir de sustento a nós, e a todos os animais da terra, aves e tudo o que possui vida.
Por outro lado, no mesmo livro citado, encontramos a passagem: "Sustentai-vos de tudo o que tem vida, e movimento: Eu vos deixei todas estas coisas quase como os legumes e ervas. Excetuo-vos somente A carne misturada com sangue, da qual eu vos defendo que não comais. "
(Gen. 9, 3-4)
Neste caso, encontra-se explicitas a alimentação carnívora, porém com algumas restrições.
No Novo Testamento, entretanto, encontramos a seguinte recomendação: "Não queiras destruir a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas na verdade são limpas; mas é mau para o homem, que come com escândalo. Bom é não comer carne nem beber vinho, nem coisa em que teu irmão tenha tropeço, ou se escandalize, ou se enfraquece. "
(Rom. 14, 2O -21)
Notamos, assim, que as Escrituras Sagradas não fornecem uma postura decisiva a este respeito, visto que se observam contradições marcantes entre o Velho e o Novo Testamento.
Conforme vimos, o tema será apresentado também sob o aspecto religioso, mas não ficará restrito às Escrituras Sagradas que nos são mais familiares, posto que existem diversas religiões guiando a humanidade à União com o Pai Celeste.
A abordagem do tema em questão é diferente das convencionais, conforme o leitor poderá observar.
A forma mais comum, que podemos chamar clássica, consiste em provar uma idéia, mostrando que a anterior é errada, que a nova ajusta-se melhor à realidade. Basicamente, esta linha mestra de estabelecer modelos da realidade é atualmente muito utilizada e conhecida como "método científico".
Embora o método seja exato quanto à sua estrutura formal, pode apresentar em alguns casos a inconveniência de encaixar-se num esquema dualista, quando então, o que determina os objetivos de uma investigação da verdade (podemos chamá-la pesquisa) passa a ser alicerçado sobre as opiniões, que por sua vez podem ter origem em crenças ou condicionamentos culturais.
Quando isto ocorre, o método perde o valor, por não se aprofundar em busca de uma Verdade Universal, permanecendo assim num circulo vicioso de crenças pessoais, tais como "eu acho que", "eu gosto de", "eu creio que" etc.
A abordagem ocultista utiliza o que poderíamos chamar de método das semelhanças ou analogias. Neste caso, os argumentos partem das analogias que observamos nos diversos planos em que a Consciência Universal se manifesta, tanto neste mundo visível como no invisível.
Estas semelhanças ocorrem pelo fato do Universo ser governado por Leis Universais e imutáveis.
Não é o objetivo desta obra abordar explicitamente as leis acima relacionadas, nem tampouco os planos da Natureza, mas sempre que for necessário, haverá uma referência seguida das colocações que se fizerem mais convenientes.
Os três primeiros aspectos abordados, são a primeira vista um tanto quanto abstratos, mas devem ser compreendidos como introdução aos três últimos, que são essencialmente concretos.
O quarto aspecto atua como mediador entre os abstratos e concretos.
* Físico e Presidente da Loja Teosófica Fraternidade.
ÍNDICE
PREFÁCIO E INTRODUÇÃO
1º ASPECTO - VONTADE, AUTODETERMINAÇÃO, LIBERDADE
2º ASPECTO - AMOR UNIVERSAL - CONSCIENTIZAÇÃO - SABEDORIA
3º ASPECTO - PENSAMENTO ABSTRATO - COMPREENSÃO - FILOSOFIA
4º ASPECTO - HARMONIA - EQUILÍBRIO - ORDEM
5º ASPECTO - CONHECIMENTO CONCRETO - CIÊNCIA - VERDADE
6º ASPECTO - SENTIMENTO - BONDADE - COMPAIXÃO
7º ASPECTO - AÇÃO - RITUAL - SACRIFÍCIO
CONCLUSÃO
| 
